Capítulo 109
2466palavras
2022-07-25 06:11
Quando voltamos para pista de dança, todos estavam reunidos. Os olhares foram irônicos.
- Enfim... – disse Lorraine quando o viu colocando meu corpo na frente do dele enquanto enlaçava minha barriga e descansava a cabeça no meu ombro, olhando para eles.
- Lorraine não sabia do plano. – ele falou no meu ouvido. – Ou acabaria com tudo.
Eu ri:
- Sei bem... Ela é muito fiel a mim para compactuar com isso.
Ele se esfregou em mim e senti sua ereção nas minhas costas. Sorri e virei para ele, o abraçando com força:
- Eu gosto quando você fica assim... – falei no ouvido dele.
- Acho que a noite ainda não acabou para nós, rainha do drama.
- Espero que não... Pois para mim isso foi apenas o começo.
Ele beijou meu pescoço e apertou minha bunda de encontro a ele.
- Isso é sexo explícito. – disse Lorraine.
- Ah, e o que você fez no carro não era. – reclamei.
- Não era na frente de uma multidão. – ela se defendeu.
- Juliet adora um holofote. – observou Nicolas ironicamente.
Eu comecei a rir. A noite foi agradável. Na verdade, perfeita. Bem melhor do que eu esperava. Antes de irmos embora, vimos Cadu e sua esposa, sentados no bar. A mulher era bonita e eu até senti pena dela. Ou não... Cadu era estranho. Sempre soube que eu gostava dele e pouco se importava. Acho que fim ele falava muito e fazia pouco. Nunca tentou se aproveitar de mim.
Chegamos em casa quando o dia já estava amanhecendo.
- Dorme comigo? – ele pediu no meu ouvido.
- Foi só sexo... – falei.
Ele me olhou tento.
- E amor. – completei sorrindo, deixando que ele respirasse normalmente.
- Na sua casa ou na minha?
- Na sua.
Larguei-o e avisei para as minhas amigas:
- A casa é de vocês. A geladeira está cheia de comida. Tem doces no meu quarto. – entreguei a chave da porta.
- Pode me dar o número do seu motorista? – pediu Dani, tendo bebido mais do que costumava beber.
- Nem pensar... Ele está quase comprometido.
Val e Alissa abraçaram ela e a ajudaram a entrar. Lorraine e Felipe já haviam entrado. Ficamos nós dois, sozinhos.
- O sol nascendo. – ele disse, me abraçando.
- Obrigada por ter trazido minhas amigas.
- Juliet, você sabe que tudo que eu puder fazer para deixá-la feliz, eu vou fazer. Mas parece às vezes que nada adianta... Uma hora ou outra você volta ao passado e tenta acabar com sua alegria e felicidade.
Olhei nos olhos dele e confessei, sentindo meu coração doendo:
- Nick, eu ainda não me perdoei pela morte da minha mãe...
- Juliet, você nunca teve culpa.
- Eu poderia ter ouvido você... E nada teria acontecido da forma como aconteceu.
- Você não poderia ter impedido a morte dela.
- Se eu nunca tivesse aceitado falar com Simon ele não teria ido atrás dela. Eu tenho certeza que ele a importunou... E ela ficou nervosa. Minha mãe era uma mulher saudável.
- Talvez não tenha sido assim. Quem sabe era para acontecer desta forma.
- Tudo poderia ter sido diferente... – falei sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
- Não poderia. – ele limpou as minhas lágrimas. – Era para ser assim. O tempo passou. Você precisa ficar aqui, no presente e pensar no seu futuro. Olga sempre a amou mais do que qualquer coisa. Ela não gostaria de vê-la assim, ou mesmo se culpando por algo que você não teve culpa. Eu tentei alertá-la e você não ouviu... Porque você era jovem. Não tínhamos a mesma cabeça de hoje. Eu poderia ter me oferecido para ir com você... Já que eu desconfiava das reais intenções dele. Eu poderia ter falado com Otto, nós poderíamos ter ido atrás dele e ter impedido você de dar o dinheiro. Acha que eu nunca me questionei quanto a tudo que houve e como poderia ter sido se qualquer um de nós tivesse agido diferente? Mas hoje eu aceito que passou e que era para ter sido como foi. Não é possível voltar no passado, rainha do drama. Mas o futuro está na nossa frente... E ele pode ser tudo que a gente deseja.
- Por que você é assim comigo? Por que você sempre acreditou em mim, mesmo quando eu não acreditava? Por que você é tão perfeito?
Ele me apertou contra ele:
- Eu não sou perfeito. Sabia que eu já tive vontade bater em você, de verdade?
Eu comecei a rir:
- Ei, estou falando sério. E não era na sua bunda que eu tinha vontade de bater.
- Nick, você acha que a gente vai ficar junto para sempre algum dia?
- Não acho, eu tenho certeza. Lembra que a gente prometeu isso... O tempo todo que estivemos juntos?
- Está falando do casamento aos trinta anos?
- Não... Estou falando do “ontem, hoje e sempre”.
- Se eu for uma idiota e não estiver lá quando a gente fizer trinta anos, você promete que vai me buscar, onde eu estiver?
- Eu prometo. Encontrarei você se não estiver lá... Seja onde for.
- Mas eu pretendo estar lá... – alisei o rosto dele. – Independente do que acontecer com a gente nestes anos que ainda temos.
- A primeira vez que eu beijei você, eu decidi que beijaria você por toda a minha vida.
- Por que demorou tanto para me beijar, seu idiota?
- Porque queria que você estivesse completamente louca por mim.
- Eu estava há muito tempo... Juro que quase desisti algumas vezes.
- Mais uma vez, me perdoe por ter tentado magoar você usando Simon.
- Nick, me prometa que vamos colocá-lo na cadeia.
- Eu prometo, rainha do drama.
Entramos na casa dele e fomos para o quarto. Tomamos um banho e nos deitamos abraçados, com nossos corpos enlaçados e nus. Alisei as costas dele e disse, com minha cabeça aninhada ao seu peito:
- Quero acordar assim, me sentindo segura e sabendo que você sempre estará aqui, comigo.
Ele alisou meus cabelos:
- E eu quero você na minha cama todos os dias, meu amor. O que falta para você ficar definitivamente nela?
- Nada. – eu admiti.
Senti que ele sorriu. Fechei meus olhos e dormi, na certeza de que ele estaria ali quando eu acordasse.
Acordei sem saber exatamente que horas eram. Nicolas me segurava com tanta força que tive dificuldade de me desvencilhar dele. Tomei um banho e vesti uma camiseta dele. Sorri quando vi uma gaveta no armário dele cheia de calcinhas novas. Ele sabia exatamente tudo que eu precisava. Ele estava ainda adormecido. Desci até a cozinha.
- Senhora Welling? – falou a empregada ao me ver. – Que prazer vê-la aqui novamente.
- Oi, meninas.
- A mesa do café da manhã ainda está posta. A senhora Maria Emília ainda deve estar à mesa, em seu desjejum.
- Nem pensar que vou tomar café com a bruxa. – falei. – Só quero um copo de água e vou para casa. Tenho visitas.
Elas começaram a rir e me deram água gelada.
- Não quer mesmo comer nada?
- Não mesmo. Valeu.
Despedi-me delas e saí. Quando passei pela sala de jantar, encontrei Maria Emília Welling saindo. Ela me analisou desde os dedos dos pés até meus cabelos desarrumados.
- Achei que não voltaria. – ela disse.
- E eu achei que não mais estaria aqui quando eu voltasse.
- Esta é a minha casa.
- Engraçado... A minha também. – ironizei.
- Juro que parece que você tem quinze anos. Garota petulante.
- Sinceramente, eu não quero confusão com a senhora. Eu gosto do seu filho... Na verdade eu o amo. E quero que ele seja feliz... Comigo.
- Se quer que ele seja feliz, deixe-o em paz. Ele não pode ser feliz com você.
- Você nem me conhece... Como pode afirmar isso?
- Você o fez sofrer... Por anos.
- Seu marido também a fez sofrer, por anos. E ainda assim a senhora continuou com ele, não é mesmo? Como é fácil julgar os outros... E achar que se está acima de tudo.
- Não acredito que esteja dizendo isso para mim...
- Eu e Nicolas éramos jovens... Mas o que sentíamos um pelo outro sempre foi real. E intenso. Houve situações bem difíceis que passamos... E numa delas não tivemos maturidade para enfrentar. Então nos afastamos. Eu sofri e ele sofreu. Mas estamos tentando nos perdoar... E sermos felizes. Porque nos amamos ainda... Da mesma forma como quando nos vimos pela última vez, há seis anos atrás.
- Algum problema aí?
Ambas olhamos para Nicolas.
- Tudo bem, meu filho. Eu só estava convidando Juliet para me acompanhar no café da manhã. – ela disse.
Ele me encarou e me deu um beijo no rosto:
- Tudo certo?
- Aham... Eu vou para casa... Quero ficar um pouco com as meninas.
- Eu não vou atrapalhar seu dia com elas. Aproveitem o final de semana então.
- Pode vir conosco... Sem problemas.
Ele me abraçou e eu recostei a cabeça no seu peito.
- Sei que vocês devem estar cheia de segredos para compartilhar. – ele riu. – Mas as noites são minhas. Não abro mão.
- Trato aceito. – falei me afastando e olhando nos olhos dele.
- Vocês nem são casados para dormirem juntos assim. – ela se meteu.
- Somos adultos. – ele respondeu. – E donos da nossa própria vida.
- E viciados em sexo. – eu pisquei para ela. – Preciso ir, Nick. – dei um beijo nele. – Não tem noção do que o seu filho faz comigo...
- Sua depravada! Isso é coisa de dizer para minha mãe? – ele riu. - Vai assim, só com a minha camiseta?
- Sim. – confirmei. – E que mal tem sua mãe saber que você é bom de cama? Vai que ela ache que estou com você só pelo dinheiro e não também pelo sexo. – provoquei e saí logo em seguida.
Cheguei a tempo de tomar café da manhã com minhas amigas e à tarde fomos aproveitar a praia particular do resort. Desta vez foi realmente passeio das mulheres.
- Se eu disser que só vim uma vez nesta praia vocês acreditariam em mim? – perguntei enquanto admirava o mar tão azul que se confundia com o céu da mesma cor, não se sabendo onde começava um e terminava o outro.
- Eu viria todos os dias ver o mar se morasse neste lugar. – disse Dani. – Este lugar é realmente um Paraíso. Confesso que agora entendi o porque da escolha do nome.
- Não é que eu não goste do mar. Fiquei um bom tempo sem pisar na praia por causa das lembranças de Nicolas.
- Não queria lembrar dele enquanto esteve com Tom?
- Não... Queria deixá-lo engavetado, numa portinha dentro do meu cérebro, para lembrar só quando tivesse vontade. Mas vez ou outra alguma coisa me trazia recordações do que havíamos feito juntos e aquilo me deixava péssima. Então decidi tirar da minha vida tudo que pudesse trazer lembranças dele.
- Mas se eram boas, por que não querer lembrar? – perguntou Alissa.
- Doía o que poderia ter sido... E que não foi.
- Mas agora é. – disse Val. – Então você precisa esquecer tudo isso que passou.
- Você pretende ficar aqui com ele? – perguntou Lorraine.
- Eu não sei... Sinto que falta eu fazer alguma coisa na minha vida. Sabe quando você sente que tudo está certo, mas ainda assim falta algo?
- Não sei... Acho que você quer se punir, como sempre. – disse Alissa.
- Eu vivi minha adolescência atrás de garotos... Depois apareceu Nicolas e virou meu mundo de ponta cabeça... Então vivi tempos maravilhosos com ele. Eu sempre tive dúvidas de que carreira seguir, o que fazer no futuro. Depois minha mãe se foi... E tudo parece que ficou sem cor na minha volta. Otto escolheu o curso para mim na faculdade, baseado em algo que um dia eu falei... Mas sem ter certeza se era realmente o que queria. Passei seis anos da minha vida ao lado de um homem com o qual me anulei completamente, deixando de ser eu mesma e sendo exatamente o que ele queria que eu fosse. E quando vi, estava trabalhando numa coisa que eu fazia bem, mas que nunca tive certeza se era o que eu queria. Eu não sei se vocês entendem... Mas Nicolas é para sempre... Eu o amo e me vejo com ele no futuro. Aliás, não vejo meu futuro sem ele. Seria como mais uma vez não ser eu mesma, porque ele não estaria junto. Mas a vida não é só amor... Ou estar ao lado de quem se ama, casar e viver feliz para sempre. Hoje eu quero que ser feliz para sempre seja completo, entende? Nunca me vi sendo somente a esposa perfeita e feliz. Eu quero fazer algo importante... Algo que eu goste. E que infelizmente ainda não descobri o que é.
- Você fala profissionalmente? – questionou Val.
- Eu acho que sim. Será que me entendem?
- Eu entendo. – disse Val. – Eu sempre achei que teria um grande futuro... Brilhante.
- E você tem, amiga. – incentivou Alissa.
- Meus pais sempre apostaram em mim. E eu abri mão de muita coisa para alcançar meu objetivo profissional. E me anulei completamente quando fui morar com Adriano.
- Você não trabalhou neste tempo?
- Não... Ele achava que ele tendo dinheiro era suficiente. Por que eu precisaria sair de dentro de casa todos os dias? Isso implicava me arrumar e chamar a atenção de outros homens.
- Era tão ruim assim? Não imaginei que fosse desta forma. – falei.
- Sim... E não entendo como eu, que nunca aceitei tantas coisas na vida, fiquei tantos anos vivendo naquele inferno. Não houve um dia que não brigamos... E que ele não me diminuiu.
- Tom nunca me agrediu verbalmente... Nem fisicamente. Mas fazia coisas que eu não gostava e eu acabava aceitando. Quando eu tentava dizer que não queria mais, por estar esgotada, ele prometia mudar. Mas nunca mudou. Depois eu acabei me acostumando... Ele mentia que ia mudar e eu fingia que acreditava. Hoje eu não acredito em mudanças de personalidade ou mesmo caráter.
- E se não bastasse anos daquela vida mesquinha e horrível. – Val continuou. – Depois fui morar novamente com um homem igual... Em menor proporção, mas ciumento da mesma forma. Imaginem, meninas, ciúme justo de mim, que sempre fui a mais santa dentre todas nós.
- Isso é verdade. – admiti.