Capítulo 96
2652palavras
2022-07-24 08:04
Assim que Eliete chegou fomos para a sala de reuniões, que já estava cheia. Acionistas, secretárias e alguns membros do alto escalão do resort. Tom estava sentado também e me encarou quando eu entrei com Eliete. Respirei fundo e tentei agir normalmente. Assim que chegou o último acionista, no limite do horário combinado, Nicolas iniciou a reunião. Era sobre o novo comercial do resort que passaria na televisão e era bem importante, pois já estavam preparando a época da alta temporada, quando os turistas estavam de férias e costumavam movimentar ainda mais o local. Enquanto ele falava, Tom levantou, batendo suas mãos sobre a mesa com força e disse, me olhando seriamente:
- Por que você está usando uma parte do colar e Nicolas a outra?
Percebi a camisa de Nicolas com dois botões abertos, deixando aparecer parte do pingente pendurado no cordão. Na pressa por arrumar minha blusa depois que ele saiu da sala, o meu também havia ficado à mostra. Olhei para Nicolas, sem saber o que dizer, enquanto todos voltaram a atenção para nós dois, curiosos e ao mesmo tempo preocupados. Houve um momento de tensão e silêncio total na sala gigantesca.
- Nicolas, quando você ofereceu a venda de ações do resort para mim foi por causa dela, não é mesmo?
Nicolas demorou um pouco para responder. Olhou-me demoradamente e disse:
- Sim...
Tom riu ironicamente:
- Depois que cheguei aqui e vi que vocês dois se conheciam, logo cheguei à conclusão de quem você era, Nicolas Welling... O idiota, que ficava com a amiga sem graça dela.
- Tom... – eu tentei acalmá-lo. Não queria um escândalo na frente de todos. Mas pelo visto, se ele sabia quem Nicolas era desde o início, tudo que ele queria era mesmo discutir aquilo na frente de todo mundo.
- Acha mesmo que eu não me dei conta que era ele? – ele gargalhou. – O homem que comia você de quatro dando palmadas fortes na sua bunda. Sabiam que ela gosta de ser fodida assim? – ele levantou os braços, chamando a atenção de todos para si.
Nicolas foi imediatamente na direção dele, tentando agredi-lo, sendo impedido por alguns homens presentes, que o cercaram, não o deixando agir.
- Acalme-se, Welling, - disse um deles enquanto o empurrava para trás.
- Vagabunda... Mil vezes vagabunda. – disse Tom me olhando furiosamente.
Eu sabia que aquele não era o Tom com o qual eu vivi por cinco anos. Ou talvez fosse e eu nunca me dei conta, por não contrariá-lo, fazendo sempre o que ele queria.
Nem sei como, mas ele deu a volta na mesa tão rapidamente e me disse com fúria:
- Além de vagabunda, gosta de apanhar. Eu vou quebrar a sua cara, vadia.
Contraí-me sobre a cadeira e quando vi Nicolas estava em cima de mim com seu corpo, dando um soco em Tom, que revidou. E desta vez ninguém os segurou. Eles se agrediam aos socos. Vi sangue escorrendo da boca de Nicolas e comecei a gritar, enquanto todos olhavam horrorizados e sem agir:
- Façam alguma coisa... Chamem os seguranças.
Nisso os presentes parece que acordaram do choque com a cena e logo todos os seguranças do prédio estavam ali e os separaram.
- Tirem este homem daqui agora. – ordenou Nicolas com a camisa ensanguentada.
Por incrível que pareça, Tom não parecia tão machucado. Os seguranças o retiraram da sala enquanto ele gritava furioso:
- Eu sou dono desta porra e você não pode me impedir de voltar. Eu vou acabar com vocês dois.
Eliete encerrou a reunião, retirando todos da sala. Fui até Nicolas, me sentindo péssima ao ver os ferimentos dele. Sua boca estava cortada e o nariz machucado, ambos sangrando. Comecei a chorar desesperada ao vê-lo daquele jeito.
- Está tudo bem, rainha do drama. – ele me abraçou.
- Nick, foi culpa minha... Desculpe-me.
- Não foi sua culpa, Juliet. De onde você tirou isso? Mais cedo ou mais tarde ele saberia. Ou melhor, ele já sabia e fingiu não saber este tempo todo.
- Você precisa ir ao hospital...
- E quem vai me levar? Você com a perna quebrada? – ele riu, gemendo de dor e colocando a mão sobre a boca. – Caralho, isso dói... Acho que dói mais do que a saudade que eu sentia de você.
Eu ri, limpando as lágrimas:
- Como você consegue brincar numa situação desta?
- É só uns socos... Bem dados. – ele reclamou olhando o sangue nas mãos. – Ele bate forte.
- E não consegue levantar a sua moto. – eu ri, passando a mão no lábio dele e limpando o sangue. – Ele te acertou feio.
- Nicolas, acho melhor vocês irem embora. – disse Eliete. – Eu cuido de tudo aqui. Vá descansar.
- Ok, Eliete. Qualquer coisa me ligue, por favor. – ele não contestou.
- Pode deixar, sem problemas.
- Vamos ao hospital? – insisti.
- Nem pensar. – ele disse passando o braço sobre o meu ombro. – Vão achar que somos o casal mais idiota de Paraíso. – ele riu.
Eliete gargalhou e disse:
- Me desculpem... Mas imaginei a cena: Juliet engessada levando você... Seria engraçado.
- Muito... – ele disse rindo. – Casal explosivo... E totalmente limitado fisicamente.
Saímos da sala de reuniões, chamando a atenção de todos à nossa volta. Foi assim até chegarmos ao carro. A parte boa era que ninguém se atrevia a perguntar nada. A parte ruim era que logo toda a cidade saberia o que aconteceu e acreditariam ainda mais nos boatos sobre mim e Nicolas e nosso passado cheio de mentiras que inventavam por todos os lados.
- Vamos com Edu. – eu disse enquanto ia até o meu carro.
Assim que chegamos perto do carro, Edu apareceu e ficou olhando curioso para nós.
- Nem pergunte. – disse Nicolas abrindo a porta e sentando no banco de trás.
Edu me ajudou a sentar na frente, ao lado dele.
- Ei, você vai me deixar aqui sozinho, quase morto? – reclamou Nicolas.
- Minha perna não entra aí, Nick.
Tom ligou o carro e perguntou:
- Casa ou hospital, senhor Welling?
- Casa. – ele disse. – Foi só uma briguinha.
Eduardo riu e balançou a cabeça enquanto olhava para o chefe pelo espelho retrovisor central. Depois abriu o console e lhe entregou alguns lenços de papel.
- Obrigado. – Nicolas agradeceu, tentando estancar um pouco do sangue que já estava mais contido.
Assim que chegamos na casa dele, Nicolas me ajudou a descer do carro, impedindo que Edu o fizesse.
- Só mais quatro dias, Eduardo. – ele disse. – E estaremos todos livres deste gesso. – me deu um beijo no rosto, carinhosamente.
- Acho que o senhor levará um pouco mais de tempo para se recuperar. – ele ironizou.
- Tom deve ter ficado pior. – Nicolas falou.
- Pelo que eu vi, não senhor. – Edu retrucou. – Ele parecia bem melhor que o senhor.
- Ele me pegou desprevenido.
- Ah, Nick, eu tenho certeza que ele pegou você desprevenido. Mas isso não importa. Como eu disse, ele não consegue levantar a sua moto, então você é bem mais forte que ele. – tentei alegrá-lo.
- Amanhã não precisa buscar Juliet, Eduardo. Tiraremos o dia de folga. – ele disse, dispensando o motorista.
- Ok, até depois, então.
Edu saiu e Nicolas disse:
- Acha que quando ele ajudou você a sentar no banco viu que você estava sem calcinha?
- Ora, Nick, isso é coisa de você se preocupar neste momento?
- Claro, meu amor. Fiquei pensando isso o caminho inteiro.
- Não tinha nada melhor para pensar, como por exemplo, os problemas que teremos com Tom?
- Me preocupo primeiramente se o motorista viu qualquer coisa por baixo da sua saia.
- Meu Deus, esqueci a calcinha no lixo da minha sala... Eu ia tirar e...
- Ei, relaxa, está tudo bem.
- Não... Não está. Imagina a pessoa tirando o lixo e encontrando a minha calcinha. – abri a minha bolsa. – Vou ligar para Eliete.
Nicolas pegou o telefone da minha mão e perguntou:
- Vai ligar e dizer o que? “Eliete, tire uma calcinha do lixo da minha sala e coloque no do banheiro?” Sinceramente, melhor a pessoa que limpa ficar na dúvida do que realmente aconteceu do que Eliete ter a certeza, afinal, você olha para ela todos os dias.
Ele tinha razão. Ainda assim fiquei me sentindo péssima. Iria dar um jeito de retirar a calcinha depois da reunião, pois havia esquecido de fazer isso antes, mas foi tudo tão rápido que acabei esquecendo. Mais mal falada do que eu estava não ficaria. Afinal, todos ali já sabiam ou imaginavam algo sobre mim. E acho que em nenhuma hipótese eu era santa ou inocente.
- Vem, vamos entrar. Eu preciso de você. – ele disse.
- Vou cuidar de você, meu amor. – falei tocando o lábio dele.
Otto estava voltando caminhando de algum lugar. Eu digo de algum lugar porque ele passava o dia no resort. Assim que nos viu, ele falou:
- O que houve com vocês dois? Nicolas, parece que brigou na rua.
- Não, Otto, briguei na minha própria empresa.
- Me diga, por favor, que Tom ficou pior.
- Não. – eu disse tristemente.
- Vamos pegar ele nós dois, Nicolas. E quebrar a perna dele. – sugeriu Otto.
- Pai... Não deve incitar a violência.
- Eu posso apostar que ele tentou bater em você, Juliet.
- Sim. – disse Nicolas. – E você sabe muito bem o que ele merece. Não só tentou agredir fisicamente... Ele a agrediu verbalmente também.
- Sabíamos que isso aconteceria, mais cedo ou mais tarde. – lamentou Otto.
- E o pior é que ele sabia, Otto. – falou Nicolas. – E eu sempre imaginei que não tinha como ele não lembrar de mim, afinal, não foi só uma vez que nos vimos. Foram várias.
- E por que, mesmo sabendo do envolvimento de vocês, ele foi viajar e deixou Juliet dentro da sua casa? – Otto questionou, coçando a cabeça confuso.
- Exatamente... Por quê? Ele não teve nem pressa em voltar. Só se teve esperanças que ela sentisse sua falta enquanto estivesse fora...
- Não... Tom tem usado drogas com frequência... Não sei se ele pensa direito por estar sob efeito destas coisas. No dia que ele partiu, havia usado, porque eu vi e ele confirmou... Assim como hoje.
- Jantamos todos juntos esta noite? – sugeriu Nicolas. – Não quero ficar discutindo isso agora, meu amor.
- Pode ser. Tenho um jogo com uns amigos no resort e depois venho. Vou tomar um banho agora e tentar descansar um pouco. – disse Otto saindo.
- Ele nunca mais vai querer ir embora. – eu constatei em voz alta.
- E o que tem isso, meu bem? – Nicolas levantou meu queixo, fazendo encará-lo.
- Nick, vamos entrar. Você precisa de um banho e eu vou cuidar destes ferimentos.
- Estou louco para ser cuidado por você. – ele disse abrindo a porta e me empurrando para dentro enquanto me imprensava contra a parede interna.
- Nick... Você está machucado. Controle-se.
- Eu posso estar quebrado, mas agora o mundo todo já sabe sobre nós. E por esta parte vale qualquer coisa... Ficar com você sem me esconder.
Eu sorri e o abracei.
- Primeiro foi um tempo escondendo de suas amigas por causa de Val, agora por causa de Tom. Eu não quero mais esconder que estamos juntos, rainha do drama. Estou disposto a enfrentar tudo e todos.
- Você sempre esteve. – eu falei alisando o rosto dele. – Obrigada por me defender.
- Mal sabe ele que chamar você de vagabunda não a ofende.
Começamos a rir.
- Acha que eu sou anormal, Nick?
- Eu acho... E foi exatamente por isso que eu me apaixonei por você, “Vivian”. – ele sorriu e deu um beijo na ponta do meu nariz.
- Agora vamos, você precisa de um banho, “Edward”.
- Juntos? Aquele banho na banheira, cheio de espuma?
- Nem pensar... Não posso por causa do gesso, esqueceu?
- Porra de gesso.
Ele me pegou no colo para subir a escada:
- Nick, você não pode fazer isso.
- Não quebrei nada... Só o nariz talvez... – ele reclamou, fazendo careta.
- Não acredito que você apanhou de Tom... – lamentei.
- Ele me pegou desprevenido. Da próxima vez eu acabo com ele.
Eu ri:
- Ok... Vou esperar por este momento então.
Ele foi para o banho enquanto eu procurei uma calcinha minha no armário dele. Encontrei e tirei minha roupa. Fui até o banheiro. Ele estava com a cabeça e as mãos apoiadas na parede enquanto a água caía sobre seu corpo. Entrei no Box sem fazer ruídos e o abracei pelas costas.
Ele virou surpreso para mim:
- Juliet... Seu gesso.
- Não vai fazer diferença estes quatro dias. – falei deixando a água me molhar por inteiro.
- Acho que você não devia ter feito isso.
- Eu digo para o médico que foi sem querer.
- Sua mentirosa... – ele disse me dando um beijo leve na boca.
Analisei o corte, que havia sido maior por dentro da boca do que por fora. Acho que estava doendo. Toquei no nariz dele, que reclamou de dor.
- Está um pouco inchado, mas não quebrou. – eu disse o abraçando.
Envolvemos nossos corpos nus e molhados um no outro. Não podíamos nos beijar, porque a boca dele não permitia. Eu não podia me abaixar, por causa do gesso. Então não haveria sexo... Era um momento de amor... Puro amor... E tesão, quando ele ficou duro. Eu ri:
- Era só um abraço inocente de dois lesados fisicamente.
- Não estou de um todo lesado. – ele disse enquanto seus dedos entravam na minha fenda quente, me arrancando um gemido.
- Droga, Nick. Você acabou de brigar, está todo quebrado e ainda quer fazer sexo? Fizemos isso há algumas horas atrás...
- Você entra nua no chuveiro comigo e quer que eu só a observe? Está brincando.
Ele me virou de costas para ele e continuou me estimulando com seus dedos. Apoiei-me na parede com as mãos e ele me penetrou lentamente, enquanto suas mãos seguravam minha cintura de encontro a ele. Gemi quando ele parou e ficou fora de mim, só encostando, provocativo.
- Por que parou, Nick?
Ele apertou minha bunda com força e disse:
- Amanhã quero bater muito em você... Porque Tom disse na frente de todo mundo o quanto você sentiu falta de eu foder você do jeito que gosta... Do nosso jeito... Que só nós dois sabemos fazer. – ele lambeu delicadamente meu pescoço.
- Estarei esperando... – falei pegando o membro dele duro com as minhas mãos. – Mas por hora, me foda do jeito que estava fazendo... Quero gozar... Quero que goze dentro de mim, Nick... Porque você é o meu homem...
- E você minha mulher, minha amante, minha prostituta, minha namorada... E em breve minha esposa.
Ouvir aquilo dele fez-me queimar tanto por dentro quanto por fora. Uma mão dele segurou minha cintura com força e a outra segurou meus cabelos enquanto ele voltou para dentro de mim, me fodendo com força, com estocadas precisas e rápidas, fazendo em gemer de prazer. O som dos nossos corpos entravam em sintonia com o da água caindo sobre nós. Minha cabeça foi de encontro ao peito dele quando ele puxou ainda mais meus cabelos e gozou dentro de mim, falando o meu nome. Foi o suficiente para eu gozar pela força dele sobre mim e pela forma como me chamou. Virei-me e alisei o rosto dele:
- Amo você, senhor perfeito.
- E eu amo você, rainha do drama. – ele me abraçou.