Capítulo 95
2701palavras
2022-07-24 08:03
Nicolas demorou a falar, como se estivesse pensando nas palavras que usaria:
- Eu já contei para Joana que estávamos juntos. E ela não gostou, claro. Disse que se vingaria em você. Então creio... Que este seja o plano dela.
- Eu não tenho medo da loira siliconada. – confessei.
- Não quero que você sofra qualquer coisa por minha causa...
Sim, eu entendia muito bem o que ele queria dizer. Eu também não queria que ele sofresse em função de minha situação com Tom, ou fosse prejudicado de qualquer forma por minha causa. Mas que eu estava curiosa sobre o que a siliconada estava armando para mim, claro que estava. E o fato de Nick dizer “não vá”, me deixava com ainda mais vontade de ir. Joana poderia pensar que era forte. Mas eu era Juliet... E ela não sabia com quem estava lidando. Eu não era mais a mulher triste e destruída que chegou em Paraíso. Eu havia me recuperado... Quase completamente. Porque completa eu nunca estaria, pois faltava o mais importante: minha mãe. E ela nunca voltaria para mim.
- Tudo bem, Nick. – falei na certeza de que não faria o que ele pediu.
- Eu... Ainda tenho outra coisa para lhe contar.
Olhei para ele curiosa:
- Mais?
- Bem, não precisa ser hoje. Acho que posso esperar... – ele me deitou na cama e se ajoelhou sobre mim. – Porque não quero que nada estrague este momento mágico que estamos vivendo.
- Eu amo você, Nick.
Ele limpou minha boca com seu polegar e disse:
- Amo você, Juliet. Mesmo toda suja de pizza.
O próximo mês transcorreu conforme o planejado. Nicolas e eu conseguimos disfarçar perfeitamente nosso relacionamento. Para minha surpresa Tom ainda não havia ido embora. Uma semana antes de retirar o gesso eu voltei para a empresa a fim de concluir a revisão sobre a parte dele no Resort e tentar fazer com que ele fosse embora mais depressa. Neste tempo, enquanto trabalhava, tentava de toda forma não encontrar com Nick, pois poderíamos não nos conter. Ele ia diariamente na minha casa e quase sempre dormíamos juntos. O gesso nos impedia de muitas coisas e posições legais na hora do sexo. Por isso estávamos contando os dias para a retirada.
Eu ainda não havia conhecido o resort totalmente. Só fui mesmo com Edu. Sobre ele: entreguei a revisão dos documentos do negócio de sua mãe e confirmei que ela estava sendo descaradamente roubada pelo sócio. Eu achava que em breve ele estaria assumindo o negócio ou entrando de sócio com ela. Ele não mais me pagaria fazendo ciúme para Nicolas. No fim, ficamos amigos. Nos falávamos quase diariamente e por incrível que pareça, Nick deixou ele voltar a ser meu motorista.
Eu e Tom pouco nos vimos. Ele mandava mensagens diariamente, perguntando como eu estava e se desculpando. Eu respondia às vezes. Outras fingia que não havia visto. Ele veio me visitar poucas vezes e em todas eu tive quase certeza de que ele estava sob efeito de drogas. Então era praticamente impossível conversarmos. Eu simplesmente o ouvia e concordava com o que ele falava, com medo. Otto já não suportava mais tudo aquilo e queria fazer algo para impedi-lo de entrar na minha casa. Mas eu ainda achava que ele logo iria embora e tudo se resolveria por conta própria. Não queria criar uma situação ainda pior.
Otto realmente não iria embora enquanto eu não fosse. Ele já havia se aposentado e o resort fez muito bem para ele. Passava o dia na praia ou nos lugares que Nicolas indicava. E se sentia um verdadeiro hóspede com todos os privilégios possíveis. Ele conheceu novos amigos e passou a jogar golfe, que sequer conhecia, além de futebol e participar de maratonas de pesca. Até velejar e andar de iate ele ousou. E era o meu protetor, quando estava comigo, como um leão protegendo a cria. Mas ele ainda falava em encontrar Simon. Então eu creio que mais cedo ou mais tarde, ele faria isso. E eu não poderia impedir e talvez nem ficasse sabendo.
No terceiro dia que voltei para a empresa, Eliete me contou:
- Sabia que Edu me convidou para sair?
Soltei a caneta da minha mão e olhei atentamente para ela:
- Que boa notícia.
- Eu sempre achei ele lindo...
- Quem não acha? – eu ri. – Fico feliz por vocês.
- Vamos ver no que dá.
- No dia do luau não aconteceu nada entre vocês? Estavam tão juntos, achei que fosse rolar pelo menos um beijo.
- Não. Eu temia que ele ainda sentisse algo por você.
- Nunca houve sentimento, eu acho. Foi atração... E bem fraca.
Começamos a rir.
- Edu é lindo... Mas Nick é o amor da minha vida. Então sempre que ele estiver em um lugar, não haverá como outra pessoa me atrair, entende?
- E o senhor Panetiere? Ele tem estado muito focado nos negócios.
- Eu sei... Vou tentar resolver tudo o mais rápido possível para ele.
- Ele não é muito bem quisto aqui.
- Por quê?
- É inquieto... Quer às coisas para ontem... E às vezes fala em tom exagerado com os funcionários.
- Tom não costumava ser assim.
A porta se abriu. Era Nicolas:
- Temos uma reunião depois do meio dia, com todos os sócios.
- Mas isso estava na agenda? – perguntei.
- Sim... Já estava agendada há um bom tempo. Mas você ainda está se inteirando de tudo. Não se preocupe. É só assistir.
- Eu não passei para ela porque achei que Juliet não iria.
- Tom Panetiere exige que ela esteja presente. – ele suspirou.
- Ok.
Identifiquei “amo você” nos lábios dele, que não emitiram som.
Sorri e repeti o que ele disse. Ele fechou a porta e saiu.
- Vocês juntos são fofos. Parecem dois adolescentes.
- Pois então... Parece que voltamos exatamente de onde paramos, há seis anos atrás. Como se precisássemos resgatar cada parte que foi perdida neste tempo. E namorar escondido com quase 27 anos é bem estranho... E ao mesmo tempo excitante.
- Eu estava com o senhor Welling quando você estava fora. Ele está completamente mudado desde que você chegou em Paraíso. Ele até sorri por nada. Antes ele era muito sério e discreto.
- Nick sempre foi muito sensato e preocupado. Maduro demais para a idade dele. E eu sempre fui a garota que esqueceu de crescer. Ainda assim nos dávamos bem... E continua dando certo. O senhor perfeito é a razão e eu a emoção.
- Temos pouco mais de três horas antes da reunião. – Eliete olhou no relógio.
- E eu vou ao banheiro.
Atravessei o escritório até o local onde ficavam os banheiros femininos e masculinos. As portas de ambos davam uma de frente para outra. Assim que entrei no ambiente, encontrei Tom saindo. Encarei seus olhos avermelhados e brilhantes.
- Gatinha... Eu ia mesmo falar com você. – ele tentou me dar um beijo no rosto e eu me afastei abruptamente.
Ele ficou me olhando confuso e demorou a perguntar:
- O que... Houve com você?
- Eu não acredito que você está usando essa porra aqui, Tom.
- Não...
Deus, ele nem conseguia mais disfarçar:
- Usou aqui ou já veio assim de casa?
- Aqui...
Ele estava tão mal que até admitia para mim. Na verdade, ele nunca escondeu, desde que descobri. O máximo que ele tentava era dizer que não usava com frequência. O que eu já havia percebido que não era verdade, como as tantas outras coisas que ele dizia.
- Tom, eu não quero ver você no fundo do poço...
- Então não deveria ter me colocado nele...
- Não... Não me culpe por isso. Mesmo quando estávamos juntos, você usava essa porra. Na verdade, você sempre usou, não é mesmo? Desde quando, me conte... Eu tenho curiosidade.
- Faz um tempo... Antes de conhecer você eu já usava.
- Tom... Você precisa de ajuda.
- Não preciso, gatinha. Está tudo bem.
Alguém surgiu para usar o banheiro e eu o deixei ali, entrando no feminino. Senti meu coração doer por ele. Tom não era uma pessoa má. Fiquei muitos anos da minha vida ao lado dele. Mais tempo do que fiquei com Nicolas, inclusive. Não foi perfeito, tiveram momentos ruins, mas também tive momentos bons com Tom. Eu não queria perdê-lo para as drogas. Por que parece que aquilo me perseguia? Eu não tive um pai em função do vício, internado várias vezes e voltando para casa e retomando os velhos hábitos. Minha mãe tentou até o último momento ajudá-lo. Mas quando eu nasci, as coisas mudaram... E ela percebeu que não adiantava ficar querendo ajudá-lo se ele mesmo não queria se ajudar. Quando eu era adolescente, achava que ela devia ter tentado mais. Hoje eu achava que ela tentou além do que devia ajudá-lo. Meu verdadeiro pai não era só um viciado. Ele também era má pessoa, um ser humano desprezível, que roubou a própria filha sem nenhum tipo de remorso ou piedade.
Fui lavar minhas mãos e senti lágrimas escorrerem dos meus olhos. Olhei-me no espelho e as sequei, retocando minha maquiagem. Lembrar de Simon Dawson ainda doía dentro de mim. Será que doeria para sempre? Talvez Otto tivesse razão e procurar Simon e dizer tudo que estava entalado na minha garganta por 26 anos fosse a única solução para eu viver minha vida em paz e me perdoar.
Eliete pediu comida para mim e almocei na minha sala. Recebi uma mensagem de Nicolas enquanto comia. Tinha a foto de um prato com saladas e peixe e escrito: “Por aqui, namorado saudável”. Eu ri e mandei a foto da minha comida. Por um milagre eu estava comendo salada e frango grelhado. Isso porque pedi para Eliete providenciar algo para mim e ela trouxe aquilo. E para acompanhar tinha água sem gás. Se ela sabia que eu não comia nada saudável? Claro que sabia. Mas ela simplesmente disse:
- Você se alimenta muito mal, Juliet. Hora de mudar isso.
Então ela me entregou aquela comida, que fui obrigada a comer ou morreria de fome.
“Você está na sua sala?”
Digitei, com a boca cheia:
“Claro! Onde eu estaria almoçando com a perna quebrada?”
“Faltam quatro dias.” Ele respondeu, completando: “Quatro dias para eu te foder de quatro”.
Comecei a rir. A porta se abriu e ele entrou.
- Nick? O que você está fazendo aqui?
Ele sentou na minha frente, com seu prato de comida:
- Estamos praticamente só nós dois comendo sozinhos neste lugar. Vim lhe fazer companhia.
- Quatro dias então... – eu sorri ironicamente.
- Estou contando os dias para tirar seu gesso.
- Para o seu interesse, não é mesmo, senhor perfeito?
- Acho que é para o “nosso” interesse. – ele me encarou. – Duvido que você também não está esperando por este momento.
- Só de pensar já fico molhada. – provoquei.
Ele foi até a porta e girou a chave, trancando-a.
- Você prometeu que não... – eu disse, empurrando a cadeira para trás.
- Você não deveria ter provocado.
- Faltam quatro dias... – tentei dissuadi-lo.
- Pra comer você de quatro... Para fodê-la de outro jeito não há dia... E você sabe disso. – ele foi se aproximando enquanto a minha cadeira já estava na parede.
- Eu quero transar aqui, Nick... – falei enquanto levantava da cadeira com certa dificuldade. – Quero lembrar futuramente do que a gente fazia nos tempos do gesso.
Ele sentou na cadeira, me puxando para sentar nele, de costas. Suas mãos alcançaram meus seios sobre a blusa enquanto sua boca me enchia de beijos molhados pelo pescoço.
- Eu amo seu cheiro... – ele disse.
- Eu amo transar com você... – confessei.
- Você não é nada romântica. – ele riu, levantando minha blusa e abrindo meu sutiã, encontrando meus seios nus.
- Claro que sou... – falei enquanto pressionava minha bunda no membro dele, que já estava duro sob a calça.
Ele foi puxando minha saia, deixando um rastro de fogo com seus dedos ansiosos nas minhas pernas. Seus dedos encontraram minha calcinha úmida e ele começou a friccioná-los, fazendo movimentos circulares, me enlouquecendo. Coloquei meus braços para trás, enlaçando-o pelo pescoço, me apertando com força contra ele, enquanto minha cabeça ficava no seu ombro. Sua boca alcançou a minha e quando nos beijamos, um pouco desajeitados por causa da posição, ele enfiou dois dedos em minha fenda úmida e quente, me fazendo gemer. Ao longe eu via a praia e o vento soprando os coqueiros num dia lindo de sol. E eu estava ali, fazendo amor com Nicolas Welling, durante nosso intervalo de almoço. Mordi o lábio dele com força quando gozei nos seus dedos, sentindo meu coração bater intensamente.
Ele me levantou e abriu sua calça, me puxando para sentar nele com força, entrando cada centímetro dentro de mim. Nos movimentávamos num mesmo ritmo enquanto ele segurava meus seios e meu corpo se movia com a intensidade de suas mãos e seu corpo que me suspendia, fazendo-me encontrar seu pau duro, molhado e ansioso.
- Porra de gesso. – falei.
- Quatro dias... – ele disse quase sem voz.
Ele parou de repente, me deixando enlouquecida.
- O que houve, Nick?
- Não tenho preservativos aqui. Você tem?
- Claro que não...
Ele suspirou e disse:
- Me deve uma gozada.
- Não mesmo... Continue.
- Mas...
- Voltei a tomar anticoncepcional.
Ele beijou meu pescoço e disse:
- E eu já tenho os exames que você me pediu prontos.
- Jura? Você fez isso mesmo, Nick?
- O mais rápido que pude. – ele apertou meus seios.
- Então me foda Nick... E goza dentro de mim...
Não precisei pedir duas vezes. Ele continuou e gozamos juntos. Senti ele se derramar dentro de mim, como há muito tempo não acontecia. Fiquei sentada no colo dele, suada, e quase sem roupa: saia na altura da cintura, calcinha para o lado, só arredada para ele poder entrar, blusa para fora da saia e sutiã aberto.
- Como eu saio daqui? – falei lembrando da reunião que tínhamos logo em seguida.
- Usa a sua calcinha e joga fora. – ele sugeriu.
- E como vou na reunião?
- Sem calcinha... Daí você senta perto de mim e abre as pernas enquanto eu estiver falando na sua frente.
- Olha que eu faço mesmo, Nicolas Welling.
- Depois de Uma linda Mulher, vamos de Instinto Selvagem?
- Por que não? Você assistiu este também?
- Quem não assistiu Instinto Selvagem?
- Confesso que eu nem lembrava.
- Este assisti porque queria. Uma linda mulher assisti só por causa de você. – ele confessou.
- Amo você, senhor perfeito. – falei levando com dificuldade, sentindo tudo escorrer na minha calcinha.
Segui a dica dele e retirei-a, colocando no lixo. Ele me deu um longo beijo na boca e disse:
- Amo você.
Toquei o lábio dele e disse:
- Acho que isso vai ficar marcado.
- Um hematoma geralmente significa que você gozou. Quando casarmos acho que vão pensar que sofro violência doméstica.
Começamos a rir. Ele foi saindo na porta, quando perguntei:
- Ei, não vai terminar seu almoço?
- Já comi... – ele piscou. – E bem comido. Estou satisfeito.
- Bobo...
- Juliet, não invente de abrir as pernas para ninguém na reunião a não ser para mim.
- Pode deixar, chefe.
Antes que ele saísse, perguntei:
- Vai dormir lá em casa hoje?
- Não sei... Você quer que eu vá?
- Eu quero. Depois vai ser só quando tirar o gesso... Nosso grande dia.
- Vai querer que eu a pegue na esquina?
- Vou pensar se quero ser Juliet ou Vivian.
- Eu prefiro Juliet, aquela que gosta de uns bons tapas, deixando sua bunda totalmente vermelha.
- Ok... Então você terá Juliet. Louca pelas suas mãos na bunda dela.
- Estarei esperando ansioso. – ele olhou no relógio e abriu a porta. – Na sala de reuniões, em breve, Juliet. Não se atrase.
- Tudo bem, senhor Welling. Não me atrasarei. Obrigada pela companhia no almoço.