Capítulo 91
1857palavras
2022-07-24 08:02
Enquanto eu pensava em como acabar com Nicolas, o carro dele parou na minha frente e ele abaixou o vidro. Iria tripudiar em cima de mim ainda?
- Quanto custa o programa? – ele perguntou.
Olhei ao redor. Será que ele estava falando comigo mesma? Estaria ele passando bem?
- Quanto quer para dormir comigo? – ele insistiu.
- Você está mesmo falando comigo?
- Sim, prostituta numa esquina. – ele riu.
Olhei e vi que eu realmente estava numa esquina.
Comecei a gargalhar:
- Você vai mesmo fazer isso?
- Vou. – ele disse firmemente. – Tenho grana... Quanto você quer para me satisfazer por completo.
Corei e disse:
- Quero o cordão que você tem no pescoço.
Ele colocou a mão sobre o cordão:
- Isso é muito valioso, querida. Tem que valer a pena.
- Eu aposto que não se arrependerá.
- Ok, se eu não me arrepender, pago. Se me arrepender, não pago.
- Trato feito.
Ele empurrou a porta, sem deixar a direção e eu tentei entrar com dificuldade.
- Pode me ajudar? – pedi.
- Não mesmo. Estou pagando para você me satisfazer, mulher, não para ajudá-la. Já estou no prejuízo por pegar uma garota de programa quebrada.
- Não precisa levar tão a sério... – eu critiquei, com dificuldade para ajeitar minha perna.
Ele ligou o carro e começou a dirigir.
- Onde encontro um motel capenga como você?
Eu gargalhei:
- Ei, você está me humilhando, “cara”.
- E quero desconto... Ouvi dizer que é mais barato porque você não consegue dar de quatro.
- Já estou falada nas redondezas? Piranhas, vadias... Ciúme da concorrência.
- Você é nova por aqui?
- Sim... Bem mais nova do que a minha “amiga” que foi para sua casa.
- Hum... Toda sua classe já sabe do acontecido?
- Sim... Mas ouvi dizer que você é bom de cama.
- Sério? Que bom que sua “amiga” de classe mentiu.
- Com assim?
- Porque eu não comi ela.
- Mas... Ela disse que sim. E que foi bom. – falei confusa.
- Mentiu... Talvez tenha tido vergonha de dizer que não conseguiu me deixar de pau duro na hora H.
Encarei-o, sentindo meu coração bater mais forte.
- Não... Houve nada?
- Não chegamos ao final... Broxei pela primeira vez em toda a minha vida.
- Nick...
- Deixa eu terminar. Quer saber por que eu broxei, garota?
- Sim.
- Porque a mulher que eu amo estava no quarto ao lado.
Senti uma lágrima escorrendo imediatamente do meu olho. Sequei, antes que ele visse. Eu não tive palavras. Nick ainda me amava... Depois de seis anos.
- Eu ouvi dizer que ela nunca deixou de amar você... Nenhum dia.
Ele pegou na minha mão e apertou com força:
- Eu jamais conseguiria magoá-la. E embora eu não precisasse lhe dar satisfações, pois não tínhamos nenhum compromisso, eu sempre me senti ligado à ela e fazer sexo com uma prostituta, ao lado do quarto dela, seria como acabar com um dos desejos dela que ficou sem realizar há uns anos atrás.
- Ela se perguntou muitas vezes como você teve coragem...
- Avise que eu não tive... E até achei que foi ela que mandou a prostituta. Porque ela é muito louca às vezes.
Começamos a rir.
- Eu estava pensando em pagar alguém para matar você enquanto me deixou sozinha lá...
Ele me olhou:
- Você faria isso?
- Acho que sim. – confessei.
- Eu tentei voltar o mais rápido possível. Imaginei que você estaria furiosa.
- Estava...
- Mas... Acreditou que eu a deixaria ali?
- Eu fiquei confusa... Porque estava tudo indo bem. Mas acreditei realmente que tinha me abandonado lá, no meio da rua.
- Precisamos começar de novo, não é mesmo? E tentar confiar um no outro, como fazíamos.
- Eu concordo.
- Agora estou esperando pela noite com a melhor prostituta das redondezas. Você foi muito bem recomendada.
- Sério? Por quem?
- Um homem chamado Nick. Aliás, prazer, pode me chamar de senhor perfeito.
- Sou Vivian.
- Vivian? Eu acho que já vi este filme... – ele sorriu.
- Não me diga que você assistiu. Nunca imaginei isso...
- Eu tive uma namorada que queria se fazer passar por prostituta. Então assisti o filme para tirar umas ideias.
- Aposto que o desejo dela veio do filme... Um belo clichê.
- É sua primeira vez com um cliente, como no filme?
- Não. Sou muito experiente. Exceto numa coisinha que faz uns bons anos que não ponho em prática.
- Hum... Estou curioso... Tanto nisto quanto na vasta experiência que adquiriu nos seus anos de rua, Vivian.
Ajeitei-me no banco e abri o botão da calça dele, puxando o zíper vagarosamente enquanto o encarava no fundo dos olhos.
- Vamos começar com a parte que mais tenho saudade... E que guardei só para você.
- Fico lisonjeado... Terei que pagar mais caro por isso?
- Pode apostar, senhor perfeito.
Ele já estava duro, só com nossas palavras trocadas minutos antes. Umedeci meus lábios, excitada. Foram anos esperando por ele. E acho que alguma parte de mim sempre soube que nos encontraríamos novamente.
Comecei chupando lentamente, não colocando tudo de vez na minha boca. Aos poucos fui aprofundando e senti suas mãos delicadamente na minha cabeça enquanto ele se ajeitava e gemia. Eu gostava de fazer aquilo. Me dava um prazer extremo e me deixava completamente molhada. Senti a mão dele tentando levantar meu vestido longo, que logo estava enrolado na minha barriga. Ele alisava minhas pernas, passando para minhas coxas, internamente enquanto eu o chupava cada vez mais intensamente, passando minhas mãos sobre toda sua extensão, acompanhando os movimentos da minha boca. Ele parou o carro.
Parei e perguntei, sem levantar:
- Algum problema, senhor perfeito?
- Nenhum... Está maravilhoso. Mas se não parar posso bater o carro. E não quero matar a prostituta num acidente. Acho que vou usar você muitas outras vezes, Vivian.
- Pagando bem, pode usar. – falei voltando ao meu trabalho oral.
Ouvir os gemidos enlouquecidos dele e a forma como ele se mexia dentro de mim me deixavam louca de prazer. Eu queria que ele gozasse para mim... Dentro da minha boca. Eu era completamente alucinada quando fazia qualquer coisa com Nicolas. Só de pensar que estaríamos nos tocando logo em seguida, eu já delirava. E em pouco tempo ele gozou, intensamente, enlouquecidamente, enquanto meu nome saía vagaroso, num fio de voz da boca dele. Engoli tudo que ele tinha para me dar. E eu estava queimando onde as mãos dele alcançavam minha pele, quase alcançando minha umidade que extrapolava o tecido da calcinha.
Suas mãos ansiosas puxaram meu rosto e sua boca encontrou a minha sofregamente, num beijo louco de amor e luxúria. Seus lábios quase engoliam os meus e nossas línguas se tocavam com ânsia e prazer.
- Fiquei com medo que você não beijasse na boca... – ele disse puxando meu lábio inferior delicadamente com seus dentes.
- Não sou louca de não querer sua boca, senhor perfeito... – admiti.
- Vai me morder? – ele perguntou beijando meu pescoço, usando sua língua quente.
- Todinho... Cada pedaço.
- Posso dizer que te amo, prostituta?
- Claro que não. – eu ri e dei um tapa no braço dele.
Ele riu e voltou para a direção:
- Ok, vamos achar o motel... De beira de estrada.
- Ok.
- Vivian e Edward iam para um hotel de luxo. – ele lembrou.
- Eu não assistia só uma linda mulher... Meu lado romântico olhava filmes clichês. Mas eu também tinha um lado depravado que assistia muitos filmes pornôs.
- Então você juntou os dois num só desejo?
- Sim.
- Como se transar no banheiro de um bar e numa escada de emergência de um shopping fosse clichê. Qual a parte clichê dos seus desejos sexuais, rainha do drama?
- De clichê nos meus desejos, só você, senhor perfeito.
Ele parou o carro novamente, estacionando na calçada. Fiquei confusa:
- O que houve agora?
- Eu quero beijar você... Por meia hora, sem parar.
Eu sorri:
- Isso é um clichê.
E sim, nos beijamos por trinta minutos, sem parar, curtindo o nosso momento, sem pressa, sem compromisso, como se o mundo inteiro fosse somente nosso.
- Acho que estou apaixonado pela prostituta que peguei na rua há alguns minutos. – ele disse alisando meu rosto.
- E eu pelo homem que encontrei no bar... Há oito anos atrás... Que me olhou e ficou com minha amiga. – eu ri, balançando a minha cabeça.
- Ele sempre quis você... Mas acho que tive medo... De não aguentar a tempestade. Ele era um homem que só andava na chuva de guarda-chuva.
- É... Você foi meio devagar. Acho que eu descobri que estava apaixonada antes de você.
- Duvido...
- Quanto tempo perdido, Nick...
- Vamos recuperar cada segundo perdido... Eu prometo, rainha do drama... Ops, Vivian.
Começamos a rir. Então mais uma vez ele ligou o carro e partiu. No ritmo que estávamos talvez nem chegássemos ao motel.
- Lá se vai Paraíso. – ele disse. – Estamos chegando na próxima cidade. Tudo aqui gira em torno de resorts e hotéis de luxo. Vai ser difícil encontrar o que você procura.
- Tudo bem, senhor perfeito. Não se preocupe com isso.
- Claro que me preocupo. Vai me custar o cordão.
- Nick, por que você deixou o cordão quando partiu?
- Eu não sei... Parece que precisava me livrar de qualquer coisa que tivesse a ver com você.
- Foi horrível pegar aquilo...
- Juliet, eu sofri muito... Foram dias difíceis para mim. Perdi minha namorada e vi minha mãe sofrendo por meu pai, que nunca mereceu uma lágrima dela, entende? Você está com a perna quebrada... Ela quebrou a perna e o braço quando caiu. Vê-la gritando de dor foi a pior coisa que me aconteceu, eu acho. Foi tudo muito rápido. Eu não pensei... Eu só queria largar tudo e partir com ela.
- Eu entendo... Está tudo bem. Éramos tão jovens... Sabíamos o que queríamos, mas não como fazer dar certo.
- Eu queria você... E eu sempre soube disso.
- Eu também... E só de lembrar que um dia eu disse que você não fazia parte da minha família, me dói imensamente.
- Um posto de gasolina. – ele disse. – Pode ter algum lugar para dormir.
- Eu não quero um lugar para dormir. – aleguei.
- Modo de dizer... É que nem sei se dá para chamar de motel.
- Lembra do nosso primeiro motel?
- Depois da surpresa de aniversário... Com a nossa moto. Primeira vez que fodi você de quatro... E dei as tão sonhadas palmadas, com dor no meu coração.
- Sentiu dor no coração, Nick? Que fofo...
- Agora não sinto mais. Acho até que posso bater com a minha cinta.
- Acho que ia doer muito... Mas podemos testar.
- Você não vale nada, Juliet.
- Não mesmo... Quando o assunto é sexo com o senhor perfeito eu sou completamente insana e prostituta.