Capítulo 74
2334palavras
2022-07-18 05:22
Ele levantou a calça, tentou ajeitar seu pau ereto dentro dela e saiu, tranquilamente, como se nada tivesse acontecido.
Peguei um vaso que estava sobre uma pequena mesa e joguei-o na parede, quebrando em mil pedaços. Deitei na cama, com as pernas para fora, ainda me sentindo em chamas. Nicolas ainda me queria. O que fizemos ali foi intenso, como nos velhos tempos. Eu já não tinha certeza se devia desistir dele ou investir de vez. Nicolas me deixava incerta das decisões que eu devia tomar. Quando estava longe dele eu achava que era possível continuar longe. Mas quando estava perto, era como se meu mundo perfeito estivesse de volta. Eu sorri para mim mesma... Ser tocada por ele era a melhor coisa que existia no mundo. E eu sabia exatamente como fazê-lo provar do próprio veneno: ciúme. A rainha do drama e o senhor perfeito precisavam ficar juntos. Ou nenhum dos dois poderia ser feliz... Porque fomos feitos um para o outro.
Eduardo não estava na manhã seguinte no carro. O antigo motorista me levou até a gerência do Paradise.
Fui diretamente para minha sala. Nem bem sentei e Nicolas abriu a porta, junto de uma garota magra, cabelos escuros longos e lisos e estatura baixa, como a minha. Ela tinha olhos castanhos grandes, assim como os cílios longos. E usava óculos de grau redondo, que lhe dar um ar intelectual.
- Esta é Eliete. – ele avisou. – Ela retornou das férias e será sua secretária.
- Bom dia para você também, Nick. – olhei-o ironicamente. – Bem vinda, Eliete. Mas será minha secretária por pouco tempo. Em breve retorno para minha cidade.
- Duvido... – ele disse saindo.
- Nick?
Ele voltou, me encarando:
- Eu quero trocar meu motorista.
Ele arqueou a sobrancelha, curioso:
- Por qual motivo?
- Com quem eu falo para trocar?
- Eu resolvo isso. Ele fez algo para você? O que... – ele alterou um pouco a voz, mas se conteve. – O que aconteceu?
- Quero o motorista que levou para conhecer o Resort. Eduardo é o nome dele. Cobre folgas dos demais. Não tenho nada contra o motorista atual... Só prefiro o outro.
- E desde quando você se importa com quem dirige o carro?
- Desde ontem. – falei pegando a caneta e tentando ler uns papéis de cima da mesa, finalizando nossa conversa.
- Por que eu faria isso?
- Porque tenho parte nesta empresa. – olhei para ele. – Vai fazer isso ou eu mesma faço? Preciso ligar para Tom resolver? – questionei.
- Eduardo... – ele riu ironicamente. – Seria Cadu?
- Eu adoro quando você sorri... – confessei, quase sem querer. – A forma como sua boca se contrai faz algumas pequenas rugas ao redor. Eu acho tão lindo... E sexy.
Ele ficou corado e afrouxou um pouco a gravata, visivelmente incomodado. Eliete fitou-o e pude quase ver uma risada contida nela.
- Vou ver o que posso fazer. – ele disse.
- E não é Cadu. Se fosse, eu talvez nem estivesse mais aqui. – arqueei minhas sobrancelhas sarcasticamente.
Ele saiu, fechando a porta com força, dando estrondo.
Eliete deu um salto, assustada e me olhou confusa:
- Foda-se, Nick Welling. – falei fazendo sinal com dedo do meio para ela.
- Bem... Pelo visto vocês se conhecem bem já. – ela disse, rindo da minha atitude.
- Muito bem... Conheço Nick bem antes de ele aparecer em Paraíso. Quando ele era só um garoto que gostava de ficar com a melhor amiga. – confessei. – E ele era perfeito, acredite. Em nada lembrava este arrogante idiota.
- Eu estou à sua disposição, senhora...
- Só Juliet, por favor. – pedi.
- Ficarei na mesa à frente da sua sala e as ligações da sua sala a partir de agora passarão primeiro por mim. Filtrarei antes de passar para você.
- Ok. Eu nunca tive uma secretária. – falei me escorando na cadeira confortável. – Isso é chique.
Ela riu:
- Eu era secretária do senhor Welling. Mas assim que ele soube que você viria, mandou eu ajudá-la por aqui. Então acho que ele realmente se importa com você. E sinceramente, eu nunca o vi se importar com ninguém.
- Houve um tempo que ele se preocupava comigo mais do que eu mesma... Mas este tempo passou, infelizmente. – confessei. – Mas acho que seremos boas amigas, Eliete. Preciso mais de uma amiga do que de uma secretária neste lugar. Aliás, pedi para trocar o motorista porque foi o primeiro amigo que eu fiz.
- Que bom. Acho que ele não gostou muito da troca do motorista velho pelo novo. – ela riu.
- Mas ele não tem que gostar ou não de nada. Ele não manda em mim. Ei, você conhece Eduardo?
- Sim... Mas só de vista. E que vista. – ela disse se abanando com a mão.
Eu ri:
- Eu daria qualquer coisa para ver aquele peito sem camisa. – confessei.
- Acho que qualquer mulher tem este sonho.
Suspirei... Então Eduardo tinha algumas admiradoras perdidas pelo Resort.
- Já que você pelo visto conhece Nick muito bem, me responda uma coisa: ele namora Joana?
- Nick... – ela riu. – Estranho ouvir alguém chamá-lo assim. Mas eu não sei responder. Eles tem um relacionamento estranho. Se beijam, saem juntos, mas não passa disso.
- Definiria como amizade colorida?
- Talvez.
Fiquei pensando comigo mesma no que ela poderia significar para Nicolas.
- Ele nunca se envolveu com ninguém desde que está aqui. Pelo menos não sentimentalmente. Creio que nenhuma mulher que frequentou a casa dele tenha retornado no dia seguinte. Eu só as despacho. – ela sorriu. – Por ordem dele.
Nicolas entrou, sem bater. Olhou-me e perguntou:
- Ele foi seu motorista ou guia turístico ontem?
- As duas coisas... Que perfeito, não acha?
- Duvido que Tom gostaria de saber que ele almoçou com você e tomaram banho de chuva. Além do mais, ele estava em horário de trabalho.
- Conversou com ele?
- Pedi as imagens das câmeras.
Eu levantei e bati na mesa:
- Nick, não se meta na minha vida. Eu quero Eduardo. Eu exijo ele. Eu tenho parte das ações da porra deste resort. – gritei.
- Quer Eduardo? Exige Eduardo? – ele debochou. – Acho que já vi este filme.
- Nick, você está fazendo cena de ciúmes?
Ele olhou para Eliete e disse:
- Poderia se retirar, por favor?
- Claro senhor Welling. Senhora Welling, qualquer coisa é só me chamar. Estarei na minha mesa.
Nós dois olhamos para ela.
- Desculpe... Não é senhora Welling. – ela disse abaixando a cabeça. – Seria senhora Panetiere?
- Juliet. – corrigi. – A senhora Panetiere não existe mais. E a senhora Welling nunca existirá.
- Existirá... Só não será você. – ele retrucou.
Ela saiu, fechando a porta.
- Preferiria morrer a casar com você. – falei com raiva.
- Não parecia sentir isso ontem à noite.
- Nick , o que você quer de mim? – perguntei seriamente. – Me diga, por favor. Eu já não aguento mais este seu jogo de gato e rato. Se ainda tem mais alguma coisa para fazer sendo parte da sua vingança, acabe logo com isso. Não sei se resisto, mas posso tentar. Só não me mate aos poucos. Eu já estou muito ferida.
- Você continua a mesma imatura de sempre.
- Eu cresci tanto, Nicolas... Eu sofri tanto com as perdas naquele ano... E você me diz isso? Eu fui morar sozinha aos vinte anos. Eu fui roubada pelo meu próprio pai. Eu parei de estudar tentando me punir e me castigar pela decisão errada que tomei. No mesmo dia que minha mãe morreu, sem aviso, sem motivo, sem fazer nenhum sentido, você me deixou sem explicação. Sequer quis me ouvir. E eu fiquei completamente sozinha por um ano, tendo como base somente minha família, sendo que você e minha mãe eram o que eu tinha de mais importante. E agora você vem me falar de imaturidade? – respirei fundo para não chorar. – Saia da minha sala agora.
Antes que eu saísse na porta, ela disse:
- Eu te odeio, Nicolas. – e eu senti toda a dor nas palavras dela.
Eu tinha vontade de pegá-la nos meus braços e apertar ela com tanta força até quase esmagá-la junto ao meu corpo. Porque eu precisava dela tanto quanto ela de mim. No entanto, retirando o sarcasmo do lugar mais íntimo do meu ser, eu disse:
- Ontem você disse que me amava. Então creio que esteja mentindo sobre me odiar.
Saí da sala dela confuso, a contragosto. Eu queria feri-la, mas ao mesmo tempo meu coração sofria junto com ela. Eu não tinha dúvidas do amor que ela sentia por mim. Juliet me confessou por duas vezes que ainda existia sentimento da parte dela, inclusive tentando me convencer a ficar com ela. E Juliet não brincaria com aquele sentimento. Desde que éramos namorados, nunca me senti inseguro do amor dela. Eu fui embora muito mais por ela não ter ouvido ninguém e ficar cega pelo pai ausente até então do que por Tom. O que eu não entendia era porque ela ficou com ele...
Eu queria sentar, mas não conseguia. Minha cabeça doía, pois dormi pouco durante a noite, sentindo a presença dela tão próxima de mim no quarto ao lado. Tantas vezes fui até a porta, disposto a acabar com o que começamos antes. Mas então lembrava de tudo que houve no passado e não conseguia abrir a porta. Eu planejei fazê-la sofrer e brincar com ela como ela fez comigo. Mas quando olhava nos seus olhos, sentia Juliet tão confusa que quase desistia. Sim, ela havia mudado. Mas embora eu achasse a antiga Juliet hipócrita, dissimulada, convencida e vingativa... Eu gostava dela exatamente do jeito que era. A Juliet que estava ali era insegura, fraca, triste, incerta de tomada de decisões. O que, porra, ela fazia com Tom? Um drogado, bêbado, que todo mundo sabia que tinha mulheres esperando por ele em todos os cantos do mundo. A fama de Tom Panetiere o precedia. Ele não merecia Juliet. Mas e eu... Eu a merecia? Ela me merecia? Eu seria capaz de limpar meu coração para aceitá-la novamente algum dia?
Ela sofreu a perda da mãe. Eu sofri a dor da minha, quando foi jogada por meu pai bêbado da escada. Quando a vi no último degrau, chorando de dor, eu disse para mim mesmo que bastava. Eu dei um soco na cara dele e fiz as malas minhas e dela. Levei-a ao hospital e depois fomos embora. Eu nunca mais voltei... Porque não queria ver meu pai novamente. E não queria reencontrar Juliet. Sempre sonhei conhecer Paraíso e montar um negócio aqui. E tinha quase certeza de que a encontraria com o pai. Foi a oportunidade que esperei. Meu pai morreu alguns anos depois e fiquei com tudo que era meu por direito. Minha mãe me ajudou e então comecei o projeto do Paradise Resort. Nunca pensei que chegaria tão longe. Mas em nenhum momento, em todos estes anos, eu deixei de pensar nela.
Um ano antes de ela chegar, mandei investigar a vida dela. Eu achei que já estava curado dos meus sentimentos com relação à Juliet. E então fiz todo um plano para trazê-la para Paraíso. Fiz a proposta de sociedade para Tom, pois sabia que era ela quem tomava conta de tudo e certamente viria junto. Eu não achava que o casamento deles era perfeito, mas também nunca imaginei que ela tolerava tantas coisas da parte dele. Ela era a minha Juliet quando exigia refrigerante normal e brigava por batata frita. Mas eu não a reconhecia quando Tom a usava e ela aceitava sem dizer nada. Ela era a minha Juliet quando olhava nos meus olhos e brigava comigo, me provocando. Mas deixava de ser quando chorava por coisas tão pequenas, que a faziam sofrer tão intensamente. Ela era a minha Juliet quando eu sentia sua boca, seu gosto no meu, seu cheiro entrando nas minhas narinas, sua pele macia roçando no meu corpo. Mas deixava de ser quando eu imaginava ele a tocando, a fodendo de quatro enquanto deixava sua bunda vermelha de tapas, como ela gostava.
Minha vontade era entrar na sala dela, dizer-lhe umas boas verdades: ela havia sido horrível no passado, que eu queria me vingar dela, que a queria sofrendo, mesmo sabendo por tudo que ela já havia passado. Mas corria o risco de eu simplesmente a pegar no colo, deixar sua boca na altura da minha e enchê-la de beijos, como fazíamos. E fodê-la sem pressa, tocando lentamente cada parte dela, alisando sua pele a cada centímetro e vê-la gozar olhando profundamente dentro dos meus olhos.
Mas eu ainda tinha planos para ela. Precisa fazer tudo antes de Tom chegar, pois não sabia como seria depois. Não tinha certeza se ela realmente terminaria com ele. Entre todo meu amor, se escondia raiva e um desejo de vingança que me acompanhou por anos. Eu só temia que quando ela soubesse da verdade, eu a perdesse para sempre.
Eu fiz o vazamento no quarto dela, para trazê-la para mais perto de mim. Era para ter feito antes, mas estava incerto se a queria tão próxima ou não. Aquele era o meu castigo... Tê-la a poucos metros de mim e não poder tocá-la... Porque eu queria que ela sofresse por mim... Que o coração dela se despedaçasse de amor por Nicolas Welling, assim como o meu se despedaçou quando ela escolheu o vigarista otário Simon Dawson e entrou no carro de Tom sem se preocupar comigo. Eu tinha tantas dúvidas com relação à ela... Agora tinha mais o motorista para entrar no meu caminho. Não... Eu acabaria com ele antes que se envolvesse com ela. Eu achava não pertencer mais a Juliet, até reencontrá-la. E ela era minha... E sempre seria: ontem, hoje e para sempre minha.