Capítulo 42
1969palavras
2022-06-30 01:57
Depois do bolo e dos “mil obrigadas” que eu distribuí a eles, convidei Nicolas para irmos para o meu quarto.
Assim que entramos, sentei na minha cama e disse:
- Estou me sentindo ridícula com este pijama velho.
- Eu já disse que não me importo. Para mim você está perfeita.
Ele sentou ao meu lado e abriu a mochila, retirando uma caixa de presente de dentro.
- Não acredito que você comprou um presente para mim. – falei animada e curiosa.
- Você não consegue se conter, não é mesmo?
- Claro que não. Eu adoro receber presentes. E você nunca me deu um presente. – reclamei.
- Agora você até me deixou envergonhado. Comprei rapidamente antes de vir, depois que sua mãe me contou sobre a comemoração.
Eu ri:
- Não importa o que é... Se você está me dando, eu vou amar.
Ele me mostrou a caixa. Fui pegar e ele segurou com força, não deixando que eu retirasse da mão dele:
- Antes um beijo... De verdade.
- Não precisa pedir duas vezes.
Joguei-me em cima dele, fazendo com que Nicolas caísse sobre a cama. Poderia ser engraçado, mas quando nos tocávamos eu ficava literalmente em chamas. Não sabia quanto tempo mais poderia aguentar. O encarei antes de lhe dar um beijo. Sua língua entrou na minha boca e ele me envolveu em seus braços, me puxando para ainda mais perto. Nossos beijos ultimamente estavam sendo intensos e por vezes até violentos. Era como se a necessidade daquilo nos deixasse insanos. E eu adorava morder os lábios dele, deixando-o marcado para que lembrasse de mim quando eu estivesse longe. E assim o fiz. Ele soltou um gemido e eu desci meus lábios pelo pescoço dele, inalando seu cheiro masculino enquanto sentia ele endurecer debaixo de mim.
- Você não queria... Ver o presente? – ele falou ofegante.
- Queria... Mas ver você deste jeito é meu melhor presente. – eu disse mordendo levemente o lóbulo da orelha dele.
- Eu não vou aguentar deste jeito, Juliet.
- Então não aguente...
- Não podemos... Aqui...
- Eu gosto do risco... – falei levantando a camiseta dele e beijando sua barriga magra e bem definida.
Mordi o mamilo dele com força, fazendo-o dar um gemido de dor.
- Não me diga que você é sádica?
- Só um pouco... – falei mordendo o outro. – Mas estou marcando meu território... Para que quem veja saiba que é tudo meu.
- É tudo seu... E aposto que todo mundo sabe... – ele falou saindo debaixo de mim e me prendendo com os braços para cima enquanto se ajoelhava sobre mim.
Olhei profundamente naqueles olhos azuis que me faziam perder a sanidade por completo. E naquele momento eu tive certeza de que amava Nicolas. Não sei como aquilo aconteceu... Nem quando. Mas eu sabia que era um caminho sem volta. Ele era diferente de tudo que eu procurei por toda a minha vida... E de todos os garotos que eu gostei ou me envolvi. Ainda assim o sentimento chegou sem pedir passagem. E acho que era para ficar. Se não fosse para sempre, ele deixaria marcas profundas em mim.
- Eu quero fazer amor com você. – falei.
Nicolas estava corado e ofegante. Eu sentia seu membro duro roçando em mim. Mas ele desceu a boca até mim e mordeu meu lábio, como eu costumava fazer com ele, porém sem força, para não me machucar... E depois se afastou, indo até o banheiro.
Fiquei ali, com os braços acima da minha cabeça, do jeito que ele me deixou, olhando para o teto frustrada. Sério que ele estava me rejeitando?
Levantei rapidamente e fui até o banheiro, trancando a porta. Ele estava passando água no rosto. Encarou-me e disse:
- Você está louca?
Olhei seus lábios inchados e a boca com um pequeno corte.
- Está falando de eu ter mordido você? Desculpe-me...
- Não estou falando disto... Não podemos transar aqui... Com sua mãe e Otto podendo entrar a qualquer momento.
Eu ri sedutoramente e tirei minha blusa.
- Tem certeza?
Ele veio rapidamente e levantou meu corpo, me escorando na parede. Enlacei minhas pernas nele, para não cair. Ele me beijou do jeito que eu gostava, como se fosse engolir meus lábios de tanta vontade que tinha deles. Passei minhas mãos em seus cabelos lisos e finos, descendo lentamente até suas costas. Senti seu membro entre minhas pernas e fiquei completamente encharcada. Eu poderia fazer amor com ele ali mesmo... E não me importava que durasse cinco minutos ou menos. Ele se apertava contra mim e mesmo não sendo penetrada, eu sentia um prazer intenso e fora do comum, somente com sua língua sedenta dentro da minha boca.
- Juliet? – ouvimos a voz da minha mãe no meu quarto.
Nos soltamos imediatamente e eu quase caí do colo dele. Coloquei minha blusa rapidamente e fiquei sem saber o que fazer. Nos olhamos, ofegantes e com nossos rostos vermelhos.
- Filha, você está aí?
Não respondemos nada. Eu rezei para ela não tentar abrir a porta do banheiro. E deu certo. Ela acabou desistindo e saiu.
- Sobre isso que eu estava falando... – ele disse atordoado, voltando para a pia e jogando água no rosto.
Eu comecei a rir.
- Juliet, você é louca. – ele falou.
Abri a porta e fui para a cama, abrindo a embalagem que ele havia me dado. Era uma caixa com bombons artesanais, todos enfeitados e recheados com ganashe. Abri e provei o primeiro. Simplesmente perfeito. Coloquei tudo na boca, para afastar os pensamentos obscenos que se apossavam de mim. Ele voltou depois de alguns minutos, me dizendo ironicamente:
- Enquanto eu tento apagar o fogo você come os bombons?
- É minha forma de apagar o fogo. – aleguei. – Aliás, vá pensando numa forma de apagar meu fogo definitivamente, Nicolas Welling.
- É o que eu mais quero... Apagar seu fogo e ficar vivo depois disto. – ele disse colocando a mão sobre os lábios inchados.
- Nick, se você quiser, eu não mordo mais você. – falei seriamente.
- Tenho cara de quem não gosta disto? Creio que nunca esperei nada de normal vindo de você.
- Eu tenho vontade de morder você inteiro. – confessei.
Ele levantou e pegou a mochila.
- Eu lhe digo isso e você decide ir embora?
- Caralho, está cada vez mais difícil me conter perto de você.
- Eu não quero que você vá. – reclamei fazendo beicinho. – Como está o trabalho?
Ele me olhou:
- Quer mesmo falar sobre isso?
- Sim... Vamos falar de coisas despretensiosas.
- Bom... Estou gostando. – ele sentou de novo.
Dei um bombom na boca dele e peguei outro.
- Você vai comer tudo? – ele perguntou.
- Eu já disse que amo chocolate?
- Doces no geral... Acho que se eu casar com você vou ter o privilégio de ver você gordinha e com celulite.
- Daí você não vai mais me amar?
Ele me olhou. Fiquei totalmente arrependida do que eu disse. Não queria falar sobre amor com ele. Abaixei minha cabeça e disse:
- Amanhã vou encontrar as meninas, depois de algumas semanas sem nos vermos. Estou um pouco tensa...
- Eu vou amar você igual.
- Porque estou pensando em falar a verdade para Val e...
Olhei para ele, tentando entender se ouvi certo.
- Eu amo você, Juliet.
Fiquei com o chocolate derretido na boca, sem conseguir engolir. Meu coração bateu tão forte que eu duvido que algum dia alguém tenha conseguido chegar àqueles batimentos por minuto sem infartar.
- Você está aí? – ele perguntou, receoso.
Engoli o chocolate com dificuldade e confessei, sem dúvida alguma:
- Eu amo você, senhor perfeito. E a resposta é sempre... Sempre vou estar aqui para você.
Óbvio que minha mãe acabou atrapalhando nosso momento, ou não seria minha mãe:
- Gente, procurei vocês por toda parte. Onde estavam?
- Transando no banheiro. – eu disse ironicamente.
- Como você é inconveniente, Juliet. Assim deixa Nicolas envergonhado. Querido, você fica para dormir?
- Não! – nós dois dissemos ao mesmo tempo.
Ele pegou a mochila e colocou nas costas:
- Estou inclusive indo...
- Vou levá-lo até o portão. – falei colocando um casaco por cima do meu pijama velho e ridículo.
- Já está tão tarde, Nicolas. E amanhã é sábado. – dona Olga continuou.
- Ele precisa mesmo ir. – eu disse.
Ele se despediu de minha mãe e Otto e quando chegamos ao portão, ele disse:
- Vai falar com ela amanhã?
- Sim. – suspirei. – Não posso mais continuar mentindo.
- Não está mentindo. Só está ocultando.
- É a mesma coisa.
- Quer que eu venha amanhã?
- Acho que vou querer ficar sozinha depois de falar com elas. Preciso deste tempo...
- Ainda assim, estarei torcendo para que tudo dê certo, mesmo de longe. E lembre-se... Eu amo você. E me sinto bem por poder dizer isso agora... Sem guardar dentro de mim.
- Não sei quanto tempo isso vai durar, Nick... Mas eu quero que seja perfeito enquanto estivermos juntos.
- Como assim não sabe quanto tempo vai durar?
- Eu... Tenho medo. Tenho medo dos meus sentimentos por você... Tenho medo de perdê-lo... Tenho medo de você enjoar de mim... Tenho medo de...
Ele colocou o dedo sobre os meus lábios:
- Não continue, por favor. Eu não quero que tenha medo de amar... Muito menos do nosso amor. Olhe para mim... – eu o obedeci. – Nada vai dar errado. Eu jamais deixaria você... Nem gorda e com celulite.
Eu ri em meio ao nervosismo:
- Você sabe que isso vai acontecer, não é mesmo?
- E ainda assim eu vou amá-la...
Eu o abracei e falei:
- Eu nunca amei de verdade, Nicolas. Eu achava que tive o primeiro amor, o segundo, o terceiro... Sempre achei amar. Até você aparecer... E me mostrar que o que eu sentia nunca foi amor.
- Agora eu preciso ir, rainha do drama. Ou vou levá-la junto de mim e nunca mais devolvê-la aos seus pais.
Ele me deu repetidos beijos. Minha vontade era não deixá-lo partir... Nunca mais. Mas sabia que era preciso. Eu sempre aleguei falta de tempo para mim mesma quando acabava com meus namorados. Mas quando eu estava junto de Nicolas, tudo que eu queria era ficar com ele... O tempo inteiro.
No sábado à tarde me arrumei e fui encontrar minhas amigas no Shopping. Fazia mais de um mês que não nos víamos e nem nos falávamos.
Fui a última a chegar. Alissa, Val e Dani já estavam sentadas, conversando alto. Eu as ouvia da escada rolante. As abracei com força. Era muita saudade contida. Creio que foi o tempo que mais ficamos sem nos ver ou falar. Porque antes, mesmo nas férias, ficávamos umas nas casas das outras.
- E então, como estão os estágios? – perguntou Dani. – O meu horrível. – ela reclamou.
- Eu estou gostando muito do meu. – disse Val.
- Ah, não vale. Você sempre foi muito focada. – eu falei. – Certo que se daria bem.
- Eu estou achando pesado e cansativo... Mas vou até o fim. – Alissa confessou.
- Estamos pensando em fazer uma festa de formatura juntas, Juliet. O que acha? – perguntou Valquíria.
- Que ótima ideia. Quando planejaram isso?
- Eu e Alissa já tínhamos pensado há um tempo atrás. Então pensamos em falar com você e Dani. Foram muitos anos juntas... Nas horas boas e ruins.
- É como se um filme passasse na minha cabeça. – eu disse. – Tantas coisas que passamos juntas.
- E adivinha? Tenho novidades. – disse Alissa.
- Eu também. – falei sorrindo tensa. Era hora da verdade.