Capítulo 31
1861palavras
2022-06-18 03:56
Sim, eu literalmente perdi o controle. A peguei sem me importar com nada. Deixei Val e todo mundo sem entender. Mas eu não podia deixá-la fazer nada que pudesse se arrepender depois.
A intenção foi sim pagar para ver a reação dela. Mas eu não lembrei do quanto ela era impulsiva e intensa. Então foi um risco que eu corri. E agora não podia deixar tudo dar errado por minha culpa.
Ela não reclamou. Ficou ali, deitada no meu ombro, com a cabeça para baixo como se nada estivesse acontecendo. Eu sabia que ela estava bêbada porque havia contado exatamente cada copo que ela tomou. E me senti um pouco mal se eu fui o causador da bebedeira dela. Mas ao mesmo tempo ela merecia sofrer um pouco. Só um pouco, não muito. O problema é que ela era Juliet... Sempre dava a volta por cima e não deixava nada acabar com ela. Ela sempre queria se mostrar forte perante os outros, por mais destruída que estivesse por dentro.
Saí com ela pela porta e sua prima veio atrás de nós.
- Nicolas, o que houve? Ela está bem?
- Está ótima, acredite. – eu disse seguindo pela rua lateral do Manhattan.
- Aonde você vai com ela?
Eu parei. Não tinha mínima ideia do que faria com ela, praticamente morta nos meus braços.
- Não sei...
- Puta que pariu... Quando você vai dar o que ela quer?
Olhei para Lorraine confuso. Como assim? O que ela estava querendo dizer?
- Fode ela bem fodida que isso acaba. – ela disse tranquilamente.
- Você bebeu?
- Só um pouco. Mas fumei uns baseados. Mas lembrarei de tudo amanhã, caso queira que eu repita.
- Espero sinceramente que você não lembre o que falou da sua prima.
- Ela gosta de você... Não entendeu isso?
- E ainda assim queria ficar com meu amigo? – tentei justificar meu ato.
- Ei... Eu estou aqui. – Juliet falou. – E vou ficar com Pedro sim...
Eu bati na bunda dela, com força. Ela merecia. Eu já mencionei que a achava tóxica? E ainda assim eu queria me intoxicar completamente.
- Ai... – ela gritou. – Você está me batendo, Nick?
Dei outro tapa na bunda dela. Sim, a bunda dela estava na minha cara, pois eu continuava com ela nos meus ombros.
- Sim, porque você deveria ter apanhado da sua mãe quando pequena e não apanhou.
- Bate mais, Nick... Eu gosto. Com mais força.
Caralho, esta garota era insana. E acabava comigo. Mesmo quando eu achava que a tinha sob controle, ainda assim ela estava um passo a frente. Não havia como negar a mim mesmo: eu estava completamente louco por ela.
Lorraine gargalhou e acendeu um cigarro, se escorando na parede:
- Pois bem, Nick... O que vamos fazer com seu peso morto?
- Não estou morta... – ela falou. – Vamos, Nick... Bate na minha bunda.
- Acha mesmo que ela não quer ser fodida por você? – Lorraine perguntou ironicamente.
E como eu queria dormir com ela... Era o que eu mais queria. Jamais imaginei que uma garota louca, tóxica, intensa e que beijava todo mundo pudesse ser virgem. E muito menos que seria minha. O problema era conseguir encontrá-la sóbria numa noite. Eu jamais me aproveitaria dela bêbada. Mas estava ficando cada vez mais difícil me conter. Agora ela pedia para eu bater forte nela... Eu já havia sonhado com as marcas das minhas mãos e meus beijos na pele dela. Só que neste atual momento, os tapas não eram com sentido sexual... Eram como punição pelas coisas horríveis que ela fazia eu passar. Mas pelo visto ela queria minhas mãos na bunda dela tanto quanto eu.
- Não vou levá-la comigo. Meus pais estão em casa. – eu disse.
- Joga ela num táxi que eu levo ela para minha casa. – falou Lorraine. – Ela faria o mesmo por mim. Aliás, ela já fez. Livrou-me de algumas já.
Eu tirei ela dos meus ombros, pois começava a me cansar. E não queria machucá-la. A escorei na parede e fiquei na frente dela, a segurando com meu corpo. Ela passou os braços pelas minhas costas e deitou a cabeça no meu peito. Aquilo me deixava completamente refém dela. Ela não sabia, mas podia fazer comigo qualquer coisa que ela quisesse.
Quando vi Alissa e Val chegando preocupadas, fiquei na dúvida do que fazer ou como agir com ela agarrada a mim daquela forma.
- O que houve? – perguntou Alissa.
- Ela queria ficar com o amigo de Nicolas. Daí Nicolas não permitiu. Ela não obedeceu e o papai a pegou e deu uns tapas na bunda. – disse Lorraine sarcasticamente.
Jura que ela iria me deixar naquela situação? Eu não sei quem era pior: Juliet ou Lorraine. Devia ser mal de família. Sei que fiz errado com Val... Mas eu já havia feito. Não tinha como voltar atrás. Eu simplesmente a deixei sem dar explicações. E agora ela me encontrava abraçado com Juliet ali, na rua. Claro que Juliet justificaria depois que estava bêbada. Mas e eu? Teria justificativa? E eu queria me justificar?
- Eu... Preciso cuidar dela. – falei envergonhado, mas não tinha outras palavras.
- Precisa mesmo? – perguntou Val.
- Acha que ela está mal? – perguntou Alissa.
- Já vi ela pior. – disse Val. – Você volta? – ela me perguntou. – Ou pretende levá-la em casa?
Achei que ela foi irônica, mas não tive certeza. No entanto, fui sincero:
- Não volto.
- Ok. – ela disse dando meia volta e saindo.
Alissa foi com ela.
- Por que ninguém gosta de mim? – Juliet perguntou, do mesmo jeito como eu havia colocado-a ali, sem se mexer.
- Eu gosto de você. – falei instantaneamente, alisando seus cabelos.
- Puta que pariu, vocês são o casal mais louco e fofo que já vi na vida. Me dá até vontade de vomitar. – disse Lorraine. – Preciso de outro cigarro. Vocês dois estão me deixando nervosa. Isso até parece as novelas mexicanas que Juliet assiste.
- Nick, eu gosto de você também. – ela falou me apertando com força.
- Juliet, você realmente está bêbada? – perguntei um pouco desconfiado.
- Não... Estou fingindo... – ela disse. – Não sei o que vou lembrar amanhã... Mas tenho certeza que não vou esquecer que você gosta de mim... E que dá tapas na bunda como ninguém.
Caralho, algo me dizia que ela não estava bêbada. Estava fingindo.
*****************************************************************************
Eu sorri, sem que ninguém percebesse, pois eu estava com o rosto escondido nele. Sim, eu acho que ele gostava de mim. Ele ficou com ciúme... Deixou tudo por mim. Fiquei ali, sentindo seu cheiro gostoso e suas mãos macias alisando meus cabelos. Por que ele tinha que ser tão perfeito? Eu amava ele do jeitinho que ele era... Não mudaria nada... Amava? Deus, o que eu sentia por ele? Estava apaixonada por Nicolas de verdade? E era a primeira vez que eu estava gostando de alguém que realmente se importava comigo. Sinceramente, achei que isso nunca aconteceria na minha vida. Eu era o tipo de pessoa que escolhia as piores pessoas do mundo para gostar. Era um pouco masoquista às vezes... Gostava da adrenalina de sofrer um pouco e fazer tudo na arte da conquista. Mas com Nick era diferente. E ele batia na bunda como ninguém. Imaginei as mãos dele batendo na minha bunda enquanto ele me fodia de quatro e puxava meus cabelos. Era a cena mais comum dos filmes pornôs que eu assistia. Acho que minha virgindade não duraria muito tempo ao lado de Nicolas. Tudo que eu queria era “dar” para ele e sentir aquelas mãos grandes por todo meu corpo.
Assim que o táxi chegou, ele me colocou sentada no banco de trás.
- Fica bem, rainha do drama. – ele disse no meu ouvido.
- Obrigada por tudo, senhor Perfeito... Inclusive pelos belos tapas na minha bunda. Eu adorei. – falei piscando.
- Era como punição... Não era para você gostar.
- Mas eu gostei... – falei.
- Juliet, me diz que você está bêbada ou eu vou matar você.
- Eu estou bêbada, Nick. Até amanhã.
Eu fechei a porta e joguei um beijo para ele, que ficou me encarando incrédulo. Lorraine me olhou e começou a rir:
- Isso foi tudo uma simulação?
- Claro que sim... Ele já mandou eu vir de calça para isso.
- Como assim?
- Eu me finjo de bêbada e ele finge que acredita. E assim a gente brinca de dizer verdades.
- Vocês são completamente sem noção.
- Não precisa me levar para sua casa. Eu estou bem. Bebi bastante, estou um pouco tonta, mas posso dizer com cada detalhe tudo que aconteceu nesta noite.
- Acha que ele ficou com Val para fazer ciúme para você?
- Não sei... Até esqueci deste detalhe. Quando vi a cena de ciúme que ele fez foi como se eu esquecesse tudo que aconteceu antes. Acho que ele precisa de uma vingança do bem.
- Não faça Nick sofrer. Ele é muito gente boa. Eu já amo ele e quero na nossa família.
- Tem Val nisso tudo. Não pense que isso não me mata de preocupação. Sinceramente, não sei o que faço. Sim, eu estou louca por Nick... Admito. Mas tem minha amiga nisso tudo.
- Ela não gosta dele. Todo mundo sabe.
- Não importa... Temos um pacto. É complicado.
- Pacto o caralho. É a sua vida. É a vida dela. E a dele. Com trinta anos se você não tiver ficado com ele vai olhar para trás e perceber a idiota que você foi por causa de um pacto besta feito por garotas aos... Quantos anos?
- Quinze.
- Vocês vão ficar juntos... E vai além de beijos... Isso ficou bem claro para mim. Então, já vá pensando no que você vai falar para suas amigas puritanas, que gostam de garotos que nem sabem que elas existem e ainda são fiéis a eles.
- Lorraine, como você é cruel.
- Tô fodendo para as suas amigas. Se você não transar com Nicolas eu juro que mato você.
Olhei para ela confusa. Lorraine não tinha filtros. Ainda assim eu já disse que amo ela?
O taxista olhou pelo retrovisor. Era um homem mais velho, mais de sessenta anos provavelmente. Ele estava tendo a mesma reação que Otto teria se ouvisse o que falávamos.
Desci em casa e fui diretamente para o banho. Quando sai, secando meus cabelos, minha mãe estava arrumando minhas cobertas. Ela me deu um beijo e perguntou:
- E ai, ficou com Nicolas?
- Mãe! Você me deixa constrangida.
- Querida, estou esperando tanto por este dia.
- Entra na fila, mãe. Está difícil. – confessei.
- Então posso ter esperanças?
- Da minha parte... Talvez. – confessei para alegrá-la.
Ela me abraçou e bateu palmas:
- Já disse que adoro ele?
- Umas mil vezes. Assim como toda a torcida do Flamengo ama ele. – ironizei.
- E você está inclusa nisso?
- Eu sempre torci para o Flamengo. – brinquei.