Capítulo 25
2512palavras
2022-06-18 03:52
Continuamos com nossas carícias quentes. Deixei ele me tocar. Mas ele não era tão ousado, esta era a verdade. Falava muito, mas fazia pouco. Confesso que eu esperava mais. E se perder a virgindade com ele fosse frustrante? Até Tom fez mais que ele. Cadu só sabia passar a mão e dar lambidas aqui e ali. Fora o chupão que me deixaria marca. Porra, eu teria que dizer para ele arredar minha calcinha e fazer o serviço?
- Onde está Rodrigo? – ele perguntou olhando em volta.
Fiquei aturdida. Eu com o corpo em chamas e ele procurando Rodrigo? Por que eu fui gostar daquele idiota! Pior que olhei para ele e não consegui por um segundo parar de admirar aquele rosto branquinho e os olhos doces. Eu já disse que o sorriso dele era lindo?
Olhei em volta e vi Rodrigo junto com minhas amigas, conversando com Lorraine.
- Lá está Rodrigo. – apontei para meu grupo de amigas.
E Nicolas havia voltado. Mas estava sentado num banco alto próximo, numa mesa que só cabia alguns copos.
- Vamos lá?
Ele me pegou pela mão e foi abrindo passagem entre as pessoas. Como assim vamos lá? Não iríamos aproveitar nosso momento juntos? Eu não quero dividi-lo com esta gente toda. Eu quero só nós dois... Sem mais ninguém. Eu espero por você a minha vida inteira e é isso que recebo em troca?
E sim, passamos o restante do tempo ali, com minhas amigas, Nicolas e o amigo dele. Nicolas continuava sentado sozinho. Bebi mais uma dose de tequila e já estava um pouco tonta. Lorraine conversava animadamente com Rodrigo. Alissa já estava escorada na parede com seu acompanhante que era bastante simpático. Dani e Val continuavam dançando. Eu tinha certeza que Val não ficaria com Nicolas, pois a festa dela só foi no Lounge 191 porque ela tinha certeza de que Adriano estaria lá. Segui os olhos dela e avistei ele próximo da porta de entrada, com outros dois homens. Adriano era loiro e tinha os cabelos crescidos, mas não passavam dos ombros. Era bem magro e tinha olhos claros. Ele também gostava de surfar e era de uma família bastante rica e reconhecida na cidade. Minha amiga gostava dele secretamente há uns bons anos. Agora eu entendia o mau humor de Nicolas. Provavelmente tentou ficar com Val e ela não quis. Ou percebeu quem era seu rival: Adriano.
- Eu vou ao banheiro. – avisei Cadu.
Ele me deu um selinho e disse:
- Ok... Vê se não demora. – sorriu.
Claro que eu não demoraria. Faria xixi em segundos. Convidei Dani e Val para me acompanharem, mas só Dani foi. Val preferiu continuar ali.
- Não acredito que Cadu veio! – disse Dani.
- Pois então... Ele veio. – eu sorri e dei vários pulos de felicidade contidos, abraçando ela.
- Eu não fiquei feliz não, amiga.
- Eu sei que no fundo ficou.
- Fiquei com pena de Nicolas.
- De Nicolas? Como assim?
- Ele está bem abalado com tudo.
- Eu sei que ele deve ter visto o Adriano e agora ter certeza de quem Val gosta, não é mesmo? Provavelmente ela deu um fora nele e por isso o mau humor do Senhor Perfeito.
- Ele não falou com Val sobre ficar com ela, Juliet.
Olhei para ela um pouco surpresa. Como assim ele não tentou ficar com Val?
- Mas... Ela disse que agradeceria as flores. – falei.
- E agradeceu. E ele deu um beijo no rosto dela e desejou feliz aniversário.
- Eu não tenho culpa se não deu certo lance deles... O meu deu.
- Você é boba ou se faz?
Entrei na cabine assim que uma garota desocupou. Só havia três cabines individuais ali. Era pouco para um local com tantas mulheres. Por isso eu amava o Manhattan.
- Do que você está falando? – gritei para Dani do lado de dentro.
- Que seu “amigo” Nicolas gosta de você.
- Acho que está todo mundo louco... Só pode. Ele é meu amigo. Só isso.
Ela riu:
- Tudo bem... Não vou mais falar sobre isso. Você só enxerga o que quer, tipo Cadu.
Saí da cabine e enquanto lavava minhas mãos e retocava meu batom, perguntei:
- Qual a cisma de vocês com Cadu?
- Ele a faz sofrer.
- Ele não me faz sofrer. Eu gosto dele.
- Não gosta mesmo. Você é completamente obcecada por ele. Só isso.
- Não é obsessão.
- Acho que você tem algum tipo de problema, quanto a só gostar de homens que não se interessam por você. Passa tempos correndo atrás deles e quando finalmente consegue, desiste. Parece que não quer ser feliz, que tem medo de amar e ser amada. Não se dá uma chance.
Olhei para ela:
- É isso que pensa de mim, Dani?
- Passei por várias fases da sua vida, minha amiga. E sempre foi assim. Quando Cadu não for mais uma luta sua, desistirá dele.
- Talvez...
- Mas lembre-se que pode ser tarde demais para o outro.
- Do que você está falando?
- De Nicolas.
Revirei meus olhos e saí antes dela. Não entendia o motivo de ela e Lorraine insistir nesta história entre eu e Nicolas. Talvez queriam que nos envolvêssemos para esquecermos nossos amores. Mas eu sabia que era impossível. Tanto para mim quanto para ele.
Peguei uma tequila antes de voltar para o meu grupo de amigas e Cadu. Mas assim que cheguei lá não o vi. Procurei por onde meus olhos alcançavam e não o encontrei. Teria ido ao banheiro?
- Ju, o Cadu precisou ir embora. – falou Rodrigo no meu ouvido, em voz alta para ser ouvido.
- Como assim?
- Ele lhe deixou um beijo.
Olhei para ele desnorteada. Lorraine me olhou e não demonstrou nada. Ela estava tão chapada que nem sabia o que estava acontecendo, eu acho. E eu nem podia falar com minhas amigas, porque elas não me apoiariam. Elas já não gostavam de Cadu. Sabendo o que ele fez, o detestariam. Tomei um gole grande de tequila, que desceu queimando minha garganta. Eu ainda estava em choque com o ocorrido. Porra, o que eu poderia fazer para tirar Cadu de vez da minha vida? Acho que eu já começava a sofrer por ele... E aquele sentimento não estava mais sendo saudável. Fazia-me mal gostar dele. Doía gostar dele.
Nicolas continuava no mesmo lugar. Fui até ele, que me perguntou ironicamente:
- Problemas no paraíso, Juliet?
- Não existe paraíso. – me limitei a falar.
- Não entendo como você consegue beber isso. – ele falou.
Tomei o restante do copo tudo de uma vez, sentindo tudo queimar dentro de mim.
- É bom... Se tivesse mais eu deixava você provar. – falei.
- Já provei. É forte, é ruim...
- Ruim é a sua cerveja... E os meus sentimentos. – eu disse olhando para o nada.
- Eu avisei... Desde sempre.
- Acha que ele foi para a namorada? – perguntei ironicamente.
- Eu não quero que você sofra...
- Às vezes me parece que você quer isso.
- Por que eu quereria isso?
Suspirei e me escorei na parede. Peguei a cerveja dele e bebi no bico. Antes que eu acabasse ele retirou de mim.
- Chega!
Olhei-o ironicamente:
- Jura? Esqueci... Amigos servem para isso.
-Você só tem 18 anos. É assim que começa. Um porre aqui, outro ali... Quando menos perceber, está viciada.
- Falou o senhor Perfeito.
- Por que veio até mim? Pedir consolo? Por que não foi até suas amigas?
- Porque você parece mais meu amigo do que elas ultimamente.
Ele me olhou e não disse nada. Saí dali e voltei para o bar. Sentei numa banqueta e pedi Marguerita. Eu nunca havia provado. Assim que me entregou, o barman disse:
- Você vai gostar mais do que tequila.
Peguei a taça parecendo as de sorvete. A bebida era vermelha e assim que provei vi que parecia pedaços de gelo levemente derretidos. Era doce e ao mesmo tempo tinha o gosto do álcool. Mas era boa. Diferente. Eu poderia tomar mais algumas sem problema, pois parecia fraca. Repeti outra dose. Minha cabeça começou a girar e quando fui pedir a terceira não consegui pronunciar. Meu corpo começou a ficar mole e minhas pernas se recusavam a me obedecer. Então optei por continuar sentada como se estivesse tudo bem.
- Nick, precisamos ajudar Juliet. Ela está muito bêbada. – me disse Lorraine.
Olhei para Juliet, mal conseguindo segurar o próprio corpo de tão bêbada. Minha vontade era deixá-la ali, sozinha, até compreender o quanto ela estava errada com relação a tudo. Eu não lidava bem com pessoas bêbadas. Meu pai era um alcoólatra e minha vida um inferno em razão disso. Então fui me aproximar de uma garota que bebia pelos motivos mais fúteis que já vi em toda a minha vida. Ela sempre dizia que me odiava. Eu poderia facilmente odiá-la também. Ela era a pessoa não conseguia fazer nada certo. Me parecia que quanto mais a aconselhassem, pior era. Ela queria desafiar todo mundo, mostrar o quanto era capaz de tomar suas decisões por si própria. Mas ela não sabia. Era completamente imatura. Ainda assim eu me sentia completamente atraído por ela algumas vezes. Fui para a porra do Lounge 191 para ver Valquíria. E praticamente passei a noite toda cuidando de Juliet para que Cadu não fizesse nada de ruim com ela. Mas a própria presença dele era o que causava mais mal a ela. Se eu soubesse que ele estaria aquela noite, teria feito tudo para impedir ela de entrar ali... Poderia não ter pago a entrada de Lorraine, e elas teriam ido embora. E nada daquilo teria acontecido. Talvez eu não estivesse neste momento colocando os braços dela sobre meus ombros e levando-a sem conseguir andar um passo sem que eu a guiasse.
- Onde você vai levá-la? – perguntou Alissa, sua amiga, deixando o seu acompanhante e vindo até mim, preocupada com ela.
- Não podemos levá-la para casa. – disse Lorraine. – Minha tia mataria ela.
- Ela combinou de dormir na minha casa. Mas minha mãe ligaria imediatamente para tia Olga e diria a verdade. Então ela estaria morta da mesma maneira.
Olhei para ela, que não parecia estar atenta à nada que acontecia ali. Sequer sei se ela ouvia o que falávamos ou se sua cabeça só tinha Cadu. Por vezes eu duvidava se ela tinha inteligência ou se ela era só coração e emoção.
- Vou levá-la para minha casa. – falei sem me dar conta do motivo.
Eu não precisava me responsabilizar por ela. Era só uma amiga... Que eu conheci há pouco tempo, embora tivéssemos certa intimidade e conexão. Ainda assim eu me sentia o tempo todo responsável por ela. E não queria pensar muito sobre o motivo daquilo, pois se eu confirmasse minhas suspeitas poderia não gostar nenhum pouco.
- Você não pode levá-la para sua casa... – disse Alissa. – Ela terá problemas com dona Olga da mesma forma.
- Dona Olga não precisa saber. – eu disse. – Se souber, me resolvo com ela.
- Eu vou junto... – disse Lorraine.
Sim, tudo que eu precisava: uma bêbada e uma chapada. Minha noite seria perfeita. Mas meus pais não estavam em casa. Estavam viajando. Então eu preferi pensar que se fosse eu, Juliet faria o mesmo por mim.
- Nicolas, você me liga depois para avisar se está tudo certo?
Alissa anotou seu número num guardanapo e me entregou.
- Ok, eu aviso.
Dei minha carteira e pedi para Lorraine:
- Pague todas as comandas, por favor.
- Nick, você é perfeito...
Não, eu não era perfeito. E sinceramente, eu odiava quando alguém que não era “ela” me dizia aquilo. Só Juliet podia me chamar de Senhor Perfeito. Ninguém mais. Mas eu levaria Lorraine junto, ou Juliet me mataria no dia seguinte. Acho que ela me mataria do mesmo jeito, por ter tomado uma decisão sozinho, sem consultá-la. Mesmo que ela não estivesse em condições de ser consultada. Eu já havia visto ela beber demais, mas nunca a vi no estado que ela estava naquela noite.
Chamei um táxi e a coloquei atrás, comigo. Lorraine foi na frente. Para minha surpresa, Juliet deitou a cabeça no meu ombro e passou o braço sobre mim, se aconchegando ao meu corpo. Aquilo me deixou completamente confuso. Eu gostava de tê-la junto de mim. Lembrei-me imediatamente de quando ela me abraçou, tentando pegar o celular. Foi a primeira vez que senti que poderia me apaixonar por ela. Mas tentava dizer para mim mesmo que aquilo não estava acontecendo. Eu nunca quis me apaixonar justamente para não sofrer. E ela era completamente louca por Cadu. Eu digo louca porque eu duvidava que fosse amor.
Sempre gostei de garotas tranquilas e calmas. Porque eu era assim, centrado. Por isso gostei de Val desde a primeira vez. Porque ela tinha dentro de si a paz que eu queria e sempre procurei. Então de uma hora para outra aparecia uma garota como Juliet na minha vida. E cara, ela era completamente diferente de mim. E tinha tudo que eu não procurava e fugia. E ainda assim ela mexia comigo de uma forma que eu não conseguia explicar. Era como se eu precisasse estar sempre ao lado dela, evitando que ela cometesse suas “burradas”. E aos poucos Val começou a ser coadjuvante nesta história. Porque eu percebia que estar com Juliet era melhor que estar com qualquer outra pessoa. Porque ela era intensa, engraçada, me fazia rir e me divertir como há tempo eu não fazia. Ela desestruturava minha vida... E ao mesmo tempo eu sentia que a bagunça que ela fazia era exatamente o que eu queria.
- Senhor Perfeito... Diga-me que vai ficar tudo bem... – ela disse sem olhar para mim.
- Vai ficar tudo bem, Juliet. – eu respondi.
- Você vai me levar embora?
- Vou. – confirmei.
Lorraine olhou para trás e disse:
- Você é paciente. Acho que mais que as amigas dela.
- Alguém precisa ser. – me limitei a dizer.
Ela sorriu ironicamente. Eu sabia que ela achava que eu gostava de Juliet. Mas que porra, eu não devia satisfações a ninguém. Eu mesmo não sabia os meus sentimentos. Não queria ter que justificar para os outros.
Assim que o táxi nos deixou em casa, abri o portão e a trouxe para dentro. Retirei seus sapatos que deviam pesar um quilo cada e peguei-a no colo, cansado de arrastá-la. Dei a chave para Lorraine e pedi:
- Abra a porta, por favor.
Minha casa era enorme. E tinha dois andares. Subir as escadas com aquela garota seria um desafio, embora ela não pesasse muito. Acho que os sapatos pesavam mais do que ela.
- Nick, me solte. Eu preciso descer. – ela pediu.
A soltei e ela ficou com os pés descalços sobre a grama e me encarou, quase não conseguindo parar em pé, dizendo:
- Nick, me beije.