Capítulo 24
2012palavras
2022-06-18 03:51
- Boa noite, Nick.
Ele me deu um beijo no rosto. Estava mais perfumado que de costume.
- Você está linda. – ele retomou o elogio.
- Você está mais ou menos. – brinquei.
- Mais para perfeito, não é mesmo? – ele ironizou.
- Convencido.
- Por que você está aqui sozinha?
- Lorraine saiu e nunca mais voltou.
- Sua prima é louca.
- Sim... Completamente.
- E as meninas?
- Não sei se já entraram ou ainda não chegaram. Não vi nenhuma delas.
Nisso Lorraine apareceu.
- Você demorou meia hora! – critiquei ao ver ela rodando a bolsa despretensiosamente.
- Ainda é cedo. – ela olhou no relógio.
- Vamos entrar? – falei.
- Tenho um pequeno problema.
- Que problema, Lorraine?
- Eu... Estou sem grana.
- Mas... Você saiu de casa com dinheiro.
- Fumei uns baseados... E trouxe uns para mais tarde. – ela disse sem vergonha alguma.
- E o que você vai fazer agora?
- Aposto que você vai me emprestar.
Olhei para ela. Eu só tinha dinheiro para meu consumo. Eu não trabalhava, dependia dos meus pais.
- Eu dou o dinheiro para você. – falou Nicolas.
- Nick, eu sabia que você diria isso... E posso pagar se você quiser... Pode pedir o que quiser. Eu não vou negar nada a você. – ela riu sedutoramente, colocando as mãos no peito dele.
Senti raiva de minha prima. Ela estava descaradamente dando em cima de Nicolas. Olhei para ele, que ria divertidamente. Eu não podia negar que Lorraine era bonita... Linda na verdade. Será que ela conseguiria chamar a atenção dele?
Ela olhou para mim e riu:
- Fica fria, priminha. Não vou roubar ele de você. Releve-me... Eu estou chapada.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa em minha defesa, ela entrou, deixando nós dois ali, como se ela nem tivesse aparecido na nossa frente e causado tudo aquilo em segundos.
- Vocês são muito parecidas. – ele observou assim que passamos na porta.
- Você diz fisicamente?
- Não mesmo... – ele riu.
Olhei para ele, ofendida.
O Lounge 191 era minúsculo. Acho que todo o tamanho dele em extensão era um pouco maior que a pista de dança do primeiro andar do Manhattan. Extremamente apertado, mas bem decorado. À direita, um bar, bem suprido e com barman’s “interessantes”. Vários pilares ficavam no meio do local, dificultando a visibilidade. Fui adentrando mais para frente e logo estava a pista, com pouquíssimas mesas e cadeiras próximas dela. A pista era proporcional ao local: pequena. O palco talvez fosse metade do que tínhamos no Manhattan. Ao lado do palco, uma porta estilo “faroeste”, daquelas com duas folhas que você passa e ela volta, correndo o risco de derrubar quem está atrás.
- O que achou? – perguntou Nicolas acompanhando o meu olhar.
- Legal... Mas não é o Manhattan.
Ele riu:
- Claro que não é Manhattan. Mas você vai gostar, não se preocupe.
- Espero.
- Por que Val decidiu fazer a festa aqui?
- Porque... O garoto que ela gosta estaria aqui hoje. – falei um pouco sem jeito.
Ele não disse nada.
- Me desculpe... Não quero magoá-lo... Mas ao mesmo tempo não posso esconder.
- Tudo bem...
Vi as meninas me acenando do meio da pista. Lorraine já estava com elas.
- Vamos? – convidei.
- Vamos. – ele suspirou.
- Relaxa... Vai dar tudo certo.
Peguei a mão dele e apertei, para que ele se sentisse mais confiante. Sim, ontem eu achei que estava rolando algo entre nós dois. Mas hoje, ao vê-lo tão tenso, percebi que eu havia tirado aquilo da minha cabeça. Nicolas gostava de Val... Não tenho certeza se amava ou só gostava... Enfim, era ela a escolhida.
Nicolas não ficou de fora. Enturmou-se junto de nós. Alissa já estava acompanhada. O bar era bem próximo. Então não me senti amedrontada de ir sozinha até lá. Parei e o barman me olhou. “Como assim você me olha sem saber o que eu quero? Pina colada, minha bebida preferida.” Eles não eram do Manhattan. Não sabem nada sobre minhas preferências.
- Pina colada. – pedi quase gritando para ser ouvida. O som dali era mais alto do que do Manhattan, talvez pelo local ser pequeno.
- Não tem, gata.
- Como assim não tem?
Ele me entregou um menu. Tinha exatamente tudo, menos minha bebida favorita. Quebro tudo agora ou depois?
- Coca cola para a moça. – disse Nicolas ao meu lado.
- Eu não vou beber Coca-cola aqui, Nick.
- Vai sim.
- Eu...
Parei imediatamente de falar quando vi Cadu entrando no Lounge 191, olhando atentamente para todos os lados. Senti meu coração saltar dentro do meu peito. O que ele estava fazendo ali? Eu nem o convidei desta vez.
- Tequila... – falei sem olhar para o barman.
- Pois então... Olha quem temos aqui. – disse Nick acompanhando o meu olhar.
Esperei pela tal namorada, mas não... Ele estava acompanhado somente de Rodrigo. Imediatamente quando ele olhou para o bar nossos olhos se encontraram. Ele acenou e eu retribui, mecanicamente.
- Nick... Ele está aqui...
Olhei para o lado e não vi mais Nicolas. O que? Ele me deixou sozinha ali? Procurei Nick e o vi novamente com as minhas amigas. Estava dançando ao lado de Val. Olhei Cadu, que continuava no mesmo local, analisando tudo. Peguei minha bebida e voltei para lá. Chamei Val e perguntei:
- Recebeu algo de Nick?
- Sim... – ela sorriu. – Um lindo buque de rosas vermelhas com um desejo de feliz aniversário.
- Ele me disse que mandaria... Pediu seu endereço. – falei sem ter certeza do que aquilo causava em mim. – Você gostou?
- Sinceramente, gostei. Não gosto dele, mas gostei do presente, gosto da forma como ele me trata... E do jeito dele... Protetor, insistente.
- Achei que não gostava de nada dele.
- E não gosto. Mas vou agradecer as flores.
- Que bom.
Olhei Nick, que estava parado, sem dançar. Os olhos dele não estavam em Val... Nem em lugar algum. Pareciam longe. Lorraine pegou ele pelos braços e começou a balançá-lo, fazendo-o se mexer ao som da música. Ele começou a rir e acabou aceitando se divertir. Tomei a tequila de uma vez só. Vocês devem estar se perguntando: quem substitui Pina colada, drinque doce e pouco alcoólico por Tequila, sal e limão? Eu... Era das únicas bebidas alcoólicas que eu tomava. Pelo menos até então. Não gostava das demais, embora sempre procurasse experimentar tudo. E eu odiava chopp ou cerveja, de qualquer tipo.
Procurei Cadu com meus olhos, mas não o encontrei. Quando olhei para Nicolas, ele estava me olhando. Eu desviei, envergonhada. Não... Eu não perderia minha noite sofrendo por homem algum. Fui ao bar novamente, sozinha (quanta evolução, não?) e pedi outra dose de tequila. Voltei para a roda e comecei a dançar quando a banda tocou.
Eu gostava de dançar, de me movimentar, de sentir o suor escorrendo pelo meu corpo por algo que me extasiava. Eu era um pouco descoordenada, mas isso não me impedia de dançar. E geralmente minha dança chamava a atenção dos homens. E não foi diferente daquela vez. Virei e lá estava ele, me observando atentamente, com um copo de cerveja na mão. Cadu... Ah, Cadu. Por que mesmo você está aqui, fazendo voltar tudo de novo dentro de mim? Justo agora que eu estava começando a esquecer você.
Ele entrou na roda e me pegou pela mão, me retirando dali e me levando firmemente até a parede do lado esquerdo, me apoiando nela. Nós dois segurávamos nossa bebidas. Ele tocou o copo dele no meu e bebeu tudo que tinha de uma vez. Fiz o mesmo com a minha bebida. Ele pegou os nossos copos e colocou na mesa ao lado e me beijou. Seu beijo era quente, lento e com o gosto amargo da cerveja. Minha língua ardia com o amargor da tequila. Nossas línguas se encontraram numa dança que eu conhecia tão bem... E que tanto sonhei. Ele me abraçou com força, me envolvendo em seus braços. Ele era só um pouco mais alto do que eu, então nossos corpos ficavam absolutamente encaixados. Ele me fazia queimar... De uma forma completamente louca. Só paramos o beijo quando não tínhamos mais fôlego. Eu senti uma leve tontura com a luz fraca do local e a música alta, misturados a emoção do momento.
Foi como da primeira vez... Ele veio até mim. Eu não precisei convidá-lo, muito menos ir atrás dele. Pelo contrário, eu até o ignorei. E eu poderia dizer que não senti nada... Mas estaria mentindo. Eu não conseguia entender o que ele causava em mim. Só sei que ele fazia-me sentir todas as sensações possíveis em segundos.
- Não esperava encontrá-la aqui hoje... – ele falou no meu ouvido, puxando o lóbulo da minha orelha com seus lábios, fazendo com que eu me arrepiasse.
- Por isso veio? – ironizei.
- Não fujo de você, Ju... Pelo contrário.
- Cadu, sobre a carta...
Ele me deu um beijo leve nos lábios e olhou nos meus olhos:
- Não precisamos falar sobre isso... Não temos nenhum compromisso, lembra? Você nem me devia satisfações, muito menos se arrepender pelo que houve naquela noite.
- Eu sei. É que me arrependi um pouco. Escrevi num momento de impulso... Que não me sentia muito bem com algumas situações. – menti, tentando não parecer tão ridícula.
Ele alisou meu rosto e me deu outro beijo leve nos lábios:
- Também foi impulso a parte que está apaixonada por mim?
Olhei para ele, que desceu os lábios pelo meu pescoço, dando um leve chupão. Senti seu cheiro, sua boca quente no meu corpo... Parecia mentira.
- Não vamos falar sobre a carta, lembra? – falei o puxando para ainda mais perto de mim, sentindo nossos corpos completamente colados.
- Cara, eu gosto do seu corpo... E do seu gosto. – ele disse lambendo meu pescoço.
Tira minha roupa e me faz sua aqui e agora!
Eu queria retribuir, mas ele não deixava. Continuava fixo no meu pescoço e depois foi descendo até meu colo... Quando tentou descer, puxei o rosto dele para cima, com as duas mãos, firmemente. Ele me fitou:
- Quer sair daqui? Podemos ir para outro lugar.
Suspirei e senti meu coração bater descompassado e meu sangue ferver dentro de mim. E claro que eu diria sim. No entanto eu me ouvi dizendo:
- Hoje não.
Porra, quem era aquela? Porque “eu” não era. O que eu estava fazendo? Eu pensava uma coisa e dizia outra. Eu queria sair, eu queria transar com ele, perder a virgindade conforme havia planejado. E estava perfeito aquele momento para que tudo acontecesse exatamente como eu planejei.
Ele me olhou de novo:
- Ok... Quem sabe outro dia?
- Quem sabe...
Olhei para minhas amigas e vi todos os olhares sobre mim, por cima do ombro dele. Onde estaria Nicolas? Ele não estava ali. Será que havia ido embora? Procurei por Val... Mas ela estava.
Cadu acompanhou meu olhar e perguntou:
- Algum problema?
- Não...
Ele me beijou novamente. Que se explodisse o mundo. Eu havia recusado sair com ele e perder minha virgindade. Então que pegássemos fogo ali dentro. Passei minha mão no membro dele, que começava a ficar duro.
- Depois de tudo que fizemos você já devia estar duro para mim... – falei no ouvido dele, provocando-o.
Ele me olhou:
- Safada... Vou roubá-la daqui...
- Tente... Duvido que você seja homem suficiente para aguentar o que eu tenho para lhe dar?
- Aposto que sim. Quer descobrir agora mesmo?
- Mostre se conseguir.
A virgem devassa entrando em cena. Uma tática para ele pelo menos lembrar de mim à noite ou no outro dia. Cadu passou a mão sob o meu vestido, apertando minha nádega com força e dizendo no meu ouvido:
- Gosta disto?
- Gosto de mais do que isso.
Quem era eu com aquele garoto? Que porra.
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