Capítulo 13
1364palavras
2022-04-08 01:23
Assim que entrei em casa, me recostei sobre a porta e coloquei a mão nos meus lábios. Tom era absolutamente incrível. Minha calcinha estava completamente encharcada. Eu precisava tomar um banho. Mas antes que eu saísse da porta, Otto saiu do meio do nada e ligou a luz.
- Otto? – falei surpresa. – Você... Assustou-me.
- Porque você estava fazendo algo errado, não é mesmo?
- Está me espionando agora, Otto?
Tentei sair e ele foi atrás de mim. Não entrei no meu quarto. Cruzei meus braços e aguardei o sermão olhando para ele debochadamente.
- O que os vizinhos vão falar? É quase meia noite e você se beijando dentro do carro de um desconhecido.
- Eu estou pouco me importando com o que os outros vão falar. Eu quero mais é que os vizinhos se fodam.
- Juliet, você bebeu?
- Nadinha... Quer fazer um teste? – ironizei.
- Você precisa se dar ao respeito.
- Eu me dou... Poderia estar transando com ele neste momento... Mas estou em casa sã e salva. Ele só me trouxe.
Minha mãe apareceu atrás de Otto:
- O que houve? Por que vocês estão gritando?
- Juliet estava aos beijos com um homem dentro de um carro na frente de casa.
Minha mãe me encarou:
- Isso é verdade?
- Mãe, o que tem de mal isso? Eu já conhecia ele... Então jantamos e ele se ofereceu para me trazer em casa. – menti.
- E Lorraine?
- Eu não sei onde ela está...
- Como assim?
- Ela saiu com uns amigos e não voltou. Então encontrei Nicolas e depois Tom... E ele me trouxe.
- Nicolas? Tom? Quem são estes? Você saiu de casa com sua prima e voltou com um homem?
- Mãe, eu não fiz nada... Eu juro.
- Juliet, você precisa se comportar.
- Otto, eu não sou criança... E você não é meu pai. Coloque isso na sua cabeça.
- Eu não sou seu pai de sangue, é verdade. Mas quando conheci sua mãe você tinha cinco anos. Acha mesmo que se eu não me preocupasse com você eu faria isso? Eu não terei outros filhos, pois ficarei com sua mãe para sempre. Então eu só terei você.
- Então terá que encontrar outra mulher ou engravidar minha mãe... Porque eu nunca o deixarei ser o meu pai. – falei com raiva.
Entrei no quarto e bati a porta. Achei que minha mãe iria entrar e me dar um sermão, mas não. Curiosamente não ouvi mais eles falando do lado de fora. Tomei um banho gelado, para aliviar a minha fúria por Otto e o fogo que Tom deixou.
Deitei ainda pensando em Tom e no que ele me causava. Eu não poderia levar muito adiante aquela mentira. Precisava falar logo a verdade, começando pela minha idade, ou teria problemas. Tom era um homem “apaixonável”.
Naquela semana decidimos que iríamos ao Manhattan no sábado, pois tocaria uma banda que gostávamos bastante. E também porque fazia um tempinho que não aparecíamos por lá.
Na quarta-feira fomos ao Shopping e encontramos Nicolas, com um garoto, sentado num mesa na praça de alimentação.
- E então, não vai lá? – perguntei a Val, enquanto sentávamos não muito próximo dele.
- Claro que não. Eu já disse que não ficaria com ele fora do Manhattan. E nem sei ficarei dentro também.
- Coitado. – disse Alissa.
Pedimos um suco e eu falei:
- Eu vou falar com ele. – disse me levantando.
- O que você vai falar com Nicolas? Está doida? – perguntou Val.
- Eu vou pedir para ele convidar Cadu para ir ao Manhattan sábado.
- Vai ter coragem de fazer isso?
- Vou.
Eu não havia comentado com elas que tinha saído no sábado com Lorraine e jantado com Nicolas. Por que eu não contei? Não sei direito. Acho que não queria que elas ficassem me criticando por me aproximar dele em função de Cadu.
Cheguei à mesa e sentei, mesmo sem ser convidada.
- Oi... Qual o drama desta vez? – ele ironizou.
- Não vai me apresentar o seu amigo? – perguntei interessada.
O garoto era moreno, magro e tinha cabelos e olhos castanhos e o nariz fino, assim como a boca.
- Pedro, Juliet... – ele falou sem fazer muita questão da apresentação.
Dei um beijo em Pedro, que sorriu:
- Juliet... Prazer conhecê-la. Nicolas falou de você.
- Espero que bem. – olhei para ele desconfiada.
- Nicolas não costuma falar mal de ninguém. – ele observou.
- Então estou salva. – sorri.
- O que você quer? – Nicolas perguntou. – Trazendo algum recado de Valquíria?
- Infelizmente não. – lamentei, fingindo tristeza. – Mas estou aqui para lhe contar que sábado iremos ao Manhattan.
- Obrigada por ter lembrado de mim... Claro que vou ir.
- Val irá... E eu quero que você convide Cadu.
- Eu não vou fazer isso. – ele disse seriamente.
- Como assim não vai fazer isso? – perguntei confusa.
- Porque eu falei com Cadu na segunda-feira, depois que vocês se encontraram aqui, que “casualmente” eu o trouxe, lembra?
- Sim... E o que ele disse? – perguntei esperançosa.
- Ele não demonstrou nenhum interesse por você.
Suspirei completamente desnorteada. Ele realmente estava me falando aquilo, daquela forma tão horrível, na frente daquele estranho?
- O Senhor Perfeito demonstrando que pode ser completamente Imperfeito. – ironizei.
- Eu só estou dizendo a verdade. Cadu é presunçoso. Não me obrigue a falar com ele novamente... Por favor.
- Olha para minha cara e diga se eu não vou fazer isso. – falei seriamente.
- Na minha opinião ele não quer nada com você.
- Por sorte eu não me importo com a sua opinião. Mas eu posso falar com Val e dizer para ela não ir... Ou mesmo ir e ficar com outra pessoa. – arrisquei.
- Você não faria isso...
- Ah, eu faria sim.
Ele suspirou, resignado:
- O que eu devo fazer?
- Só diga que iremos até lá... E depois me diga o que ele falou.
- Menos mal...
- Cadu? – perguntou Pedro. – Por que Cadu?
- Não há como explicar isso... Porque é ele, simplesmente isso. – eu respondi.
Ele me olhou não conseguindo disfarçar a decepção.
Levantei e disse:
- Até sábado.
- Ei? – ele me chamou.
Olhei para trás:
- Tudo certo com Tom no sábado?
- Claro... Por que não estaria?
- Por nada... Fiquei um pouco preocupado com você.
- Não precisa... Eu sei me cuidar.
Saí e voltei para a mesa com minhas amigas:
- Ok, ele vai levar Cadu.
Alissa e Val me olharam curiosas:
- Que poder de persuasão é este? Não me diga que prometeu me dar a ele em troca. – disse Val.
- Claro que não... – menti descaradamente.
- Mas você mesma combinou que ficariam no Manhattan quando se encontrassem por lá. – lembrou Alissa. – Ainda lamento você deixá-lo... Ele é bonito... Muito bonito.
- Sem chance. Estou quase criando ranço dele.
- Não faça isso, por amor a Deus. – pedi.
Fiquei pensando no motivo pelo qual quase ninguém aprovava minha relação com Cadu. Até mesmo o amigo de Nicolas, que nem me conhecia. Cadu não tinha cara de ser um garoto ruim... Ele era filho de pastor, certamente acreditava em Deus. Eu acho que isso era um bom sinal. Ele estudava numa boa escola, tinha bons amigos, não costumava sair muito... Nem me passava pela cabeça que ele usasse drogas, pois realmente não parecia fazer aquilo. E bebia algumas vezes, pois caso contrário não teria dito aquilo quando ficamos juntos na festa do Instituto.
Na sexta-feira, para garantir, falei com Nadiny:
- Será que você verá Cadu ou os amigos dele entre hoje e amanhã?
- Talvez... Não tenho certeza.
- Iremos ao Manhattan amanhã. Poderia convidar ele.
- Claro que sim... Convido se o vir. Também vou neste sábado. Não perco aquela banda por nada neste mundo.
- Sim... Também amamos.
- Nos encontramos lá então. E claro que vou falar com Cadu, nem se preocupe. Se ele souber que você vai, certamente irá.