Capítulo 7
1879palavras
2022-04-08 01:14
Eu poderia afirmar que nunca fiquei com um homem como Tom. Ele simplesmente me tirava da zona de conforto. Quando percebi, estava no canto mais escuro do Manhattan, imprensada contra a parede com aquelas montanhas de músculos perfeitos me envolvendo. Claro que eu me imaginei debaixo do corpo dele numa cama macia. E sim, poderia imaginar ele entrando em mim. Fiquei pensando no tamanho do membro dele. Aquele homem não era de Deus, definitivamente. Era tentação para qualquer mulher. Agora... O que ele está fazendo aqui, comigo? Não que eu tivesse uma autoestima baixa, mas ele era um deus grego... Não se podia negar. Eu me senti uma adolescente sem graça que bebeu além da conta.
As mãos quentes levantaram meu vestido, e ele simplesmente passou-as por dentro da minha calcinha, sentindo a pele das minhas nádegas. Eu nunca havia feito um tipo de coisa assim num local público... Nunquinha. Embora eu estivesse recostada na parede, meu vestido estava literalmente levantado e se alguém passasse pelo nosso lado, observaria este detalhe. Olhei para o lado direito e havia um casal em situação pior que a minha. No lado esquerdo, vi o membro do acompanhante da garota completamente duro, sob a calça. Balancei minha cabeça confusa e perguntei:
- Onde estamos?
Ele riu e disse no meu ouvido:
- Manhattan Bar? Devo cancelar seus drinques, senhorita?
- Não... Só estou vendo umas cenas um tanto quanto diferentes por aqui... – falei alto para que ele ouvisse.
- Não pense que não a trouxe para cá de propósito... – ele disse observando os casais ao lado. – Eu queria muito fazer algumas coisas com você aqui... Mas acho que não vai rolar. Realmente é estranho...
Ele abaixou meu vestido e me pegou pela mão. Fomos até o bar. Ele sentou e me puxou para perto dele, abrindo as pernas para que eu ficasse na sua altura. Voltou a me beijar ternamente.
Quando nos soltamos, vi Val e Nicolas sentados ao nosso lado. Sorri para eles.
- Eu vou ao banheiro. – falei.
Fui andando e ele soltando lentamente a minha mão, como se tivesse medo de eu fugir. Se eu poderia me apaixonar? Facilmente. Até parece que foi quase por este motivo que enlouqueci por Carlos Eduardo. Porra, lá vinha Carlos novamente no meu pensamento. Eu achava que ele ficaria para sempre ocupando seu lugar dentro de mim... Não deixando que eu pudesse dar uma chance a outro nunca mais.
Assim que saí Val foi atrás de mim. Chegamos ao banheiro e todas as portas estavam fechadas. Nos escoramos na pia em mármore preto, nos olhando no espelho gigantesco, que ocupava toda a parede. Retoquei meu batom, que há muito não existia mais.
- E então? – perguntei para ela. – Apaixonada?
- Óbvio que não. – ela disse.
- Desculpe pela cena com Nicolas. Achei que ele pudesse estar insinuando algo sobre Cadu.
Ela deu de ombros:
- Eu poderia dizer que me importo, caso eu gostasse dele. Mas não é o caso. Então se você e ele se gostarem ou não, pouco me importa. Não é minha intenção inseri-lo no nosso grupo mesmo.
- Coitado. Esta será a última vez dele?
- Com certeza. – ela disse sem pensar duas vezes.
- Bom... Pelo menos sabemos que conseguimos sempre alguém melhor. – eu sorri.
- No seu caso, mil vezes melhor. – observou Val. – Quantos anos ele tem, afinal?
- 27.
- Ele é velho... Para você, no caso.
Eu ri:
- Não é nada...
- Ele tem cara de homem... Não dos garotos com os quais você costuma sair.
- E não deveria ter cara de homem?
- Juliet, acho que ele aparenta ter mais idade que o surfista tatuado.
- Eu não acho... Nem imaginava que ele tinha 27. Mas pensa numa “pegada”.
Ela riu:
- Estou feliz... Não é Cadu. Isto me deixa muito feliz...
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, uma das portas se abriu e saiu de lá Nadiny acompanhada de um garoto. Os dois nos viram e sorriram timidamente. Acho que não esperavam por nós duas ali. Ele fechou o botão da calça e ela arrumou a roupa. Ele saiu e ficamos nós três, nos encarando.
- Pode fazer isso aqui? – perguntei ingenuamente.
- Poder não pode... – ela disse em tom baixo. – Mas a gente se vira como dá.
- Bom saber que podemos economizar a grana do motel. – falei sem intenção de ofender.
- Juliet, eu não fiz nada... Juro.
- Você não me deve satisfações, Nadiny.
- Posso deixar como sugestão para você e Cadu da próxima vez. – ela sorriu.
Ela achava mesmo que eu era “destas”? Não... Eu não era como ela. Eu era a santa virgem que deixava o cara quase dez anos mais velho me jogar na parede e levantar meu vestido passando a mão na minha bunda por dentro da calcinha. Caralho, eu não era diferente dela. A não ser que eles tivessem transado no banheiro do Manhattan. E fiquei realmente impressionada, pois eu frequentava aquele lugar há meses e nunca havia visto um homem no banheiro feminino.
- Realmente preciso fazer xixi. – falei sorrindo sinceramente.
Ela saiu pela porta e eu entrei na cabine onde ela saiu. Fiquei observando as divisórias em mármore cinza escuro e tentando encontrar algum vestígio de sexo. Mas não tinha como saber. Observei a lixeira, mas não havia preservativo ali. Eu era a louca da curiosidade sobre o sexo. E fiquei pensando se transar no banheiro do Manhattan poder ser excitante e diferente. Acho que eu estava preparada para perder a minha virgindade com Cadu ali.
Quando saí, me olhei no espelho novamente. Eu ainda estava úmida e adocicada de espumante. No fim, havia sido bom o banho... Rendeu-me um homem lindo e excitante.
Voltamos para o bar. Tom e Nicolas estavam conversando. Pelo visto o mal entendido havia se dissipado entre os dois. Voltei ao meu lugar entre as pernas dele e tomei mais alguns drinques entre beijos quentes e amassos que pegavam fogo. Se a noite foi ruim, mesmo Cadu não tendo aparecido? Eu seria cínica se não admitisse que foi perfeita.
Mas como eu já mencionei, o tempo dentro do Manhattan passava mais rápido do que fora dele. Então, quando nos demos conta, só estávamos praticamente nós ali. Alissa continuava com o mesmo garoto num camarote, sozinhos. Hora de partir, infelizmente.
Assim que saímos, Tom perguntou:
- Posso levá-la em casa?
Mais um ponto diferente dos “garotos”. Ele tinha um carro e se eu quisesse poderia dispensar o táxi.
- Eu não vou para casa... Vou dormir na casa de Alissa.
- Posso levar todas, sem problemas.
Pensei um pouco. Não tinha certeza se deveria aceitar. No fim, por que não?
- Pode ser. – me ouvi falando. – Meninas, Tom nos leva.
Elas me olharam sem dizer nada, nem seus pares.
- Vamos comigo buscar o carro?
- Onde está?
- Pelo que lembro, estacionado uma quadra abaixo.
- Ok.
Ele pegou minha mão e seguimos pela calçada na madrugada quente. Lembrei de minha mãe enchendo meus ouvidos: “Não pegue carona com estranhos”, “Se você combinou de dormir na Alissa, vá e volte com Alissa”, “Jamais entre num carro com um homem que bebeu”, “Nunca se envolva com um homem mais velho... Ele só vai querer ‘comer’ você”. Suspirei alto: eu estava descumprindo absolutamente todas as regras numa única noite.
- Você faz o que da vida? – ele perguntou.
- Vivo... – falei rindo.
- Sempre achei que eu iria gostar de você. – ele riu divertidamente.
- Mas você nem me conhece. Sou extremamente cheia de defeitos. Nem queira saber...
- Eu quero saber todos...
- O que você faz? – devolvi a pergunta.
- Trabalho numa empresa.
- Fazendo o que, exatamente?
- Administrando ela... Podemos dizer assim.
- Faz faculdade?
- Bem, já passei desta fase.
- Como assim?
- Eu já me formei.
Caralho, ele é formado na faculdade e eu nem terminei o Ensino Médio. Isso pode ficar pior? Como vou contar a verdade? Ele vai me matar quando souber.
Paramos e ele acionou o alarme do carro branco importado. Formado na faculdade, dono ou administrador de uma empresa, rico, lindo, musculoso, beija perfeitamente bem... O que ele quer comigo mesmo?
Ele abriu a porta e eu sentei no banco de couro confortável. Logo ele sentou-se ao meu lado e ligou o carro:
- Você tem carro? Dirige?
- Não gosto muito... – falei nervosa.
- De ter um carro ou dirigir? – ele riu me encarando.
- Os dois?
- Não entendo porque você sempre responde minhas perguntas como se estivesse perguntando para si mesma.
- Impressão sua... Mas respondendo: não tenho carro e não tenho habilitação.
- Faz faculdade?
Olhei para ele, confusa. Ele logo tratou de dizer:
- Só quero conhecer mais sobre você. Não quero que isso dure uma noite, entende?
Caralho, o que você quer de mim?
Por sorte chegamos em frente ao Manhattan e Alissa, Valquíria e Daniela entraram no banco de trás.
- Oi meninas. – ele cumprimentou.
- Oi... – elas disseram educadamente.
E eu esperava que elas seguissem assim: mudas, caladas, surdas...
- Onde? – perguntou Tom.
Alissa foi dando as coordenadas da casa dela. Como era próximo do Manhattan, não levou dez minutos e estávamos em frente à residência dela.
Elas desceram e ele colocou a mão sobre a minha perna:
- Quero seu telefone.
Eu não tenho telefone, homem de Deus! Acha mesmo que minha mãe me daria um celular, se ela me acha completamente louca e imatura? Aliás, você sabe quanto custa um celular para ter para si e ainda dar para um filho?
- Eu acho que ainda é cedo para isso. – falei.
Porra, eu era a melhor mentirosa do mundo.
- Podemos nos encontrar novamente? Diga-me que sim, por favor.
- Tom... Vamos devagar. – eu pedi. – Gostei muito da noite... Gostei de você... Foi agradável e acho sim que quero repetir. Mas um passo de cada vez. Tive uns rolos há pouco tempo. Não quero apressar nada.
- Entendo... Você tem razão. Eu não quero pressionar você. Mas quero que saiba que gostei da noite... Muito. E que eu já tinha interesse em você há algum tempo.
- Então... Deve ter visto tudo que fiz nas noites anteriores.
- Sim... E sei que você ama piñas coladas. – ele sorriu.
- Que bom que de tudo que viu você só ficou com isso gravado. – falei colocando as mãos no rosto, envergonhada.
- Também não fiquei só olhando você sem curtir a noite. – ele admitiu. – Tive uns lances, mas nada sério.
- A gente se encontra por aí então.
Ele me deu um beijo. Achei que seria rápido, mas sua língua entrou na minha boca e a mão dele alcançou minha coxa internamente. Quando ele foi subindo lentamente a mão, me afastei e abri a porta:
- Obrigada pela carona.
Ele me entregou um cartão:
- Meu número, caso precise ou mude de ideia.
- Ok.
- Mulher que não tem carro, não dirige e não tem telefone. – ele sorriu.
Eu sorri de volta, fechei a porta e saí, sem olhar para trás.