CapĂtulo 76
1618palavras
2024-05-21 14:50
Ela precisava fugir de Ryan. Mas como diabos ela conseguiria escapar de seus olhos cautelosos?
Ann podia senti-lo na pele. Ryan nunca a deixou fora de vista desde então. E ele sempre se certificava de que ela estava ao seu alcance ou nunca o deixava. Agora, ela não tinha outras opções para manter contato com Kingsley. Ela só esperava que ele tivesse lido sua mensagem e levado Sandro para algum lugar seguro.
Como Ryan quer algo Ăşnico para seus anĂ©is, eles ainda tĂŞm que esperar o joalheiro terminar o que ele especificou para eles. Ele acabou de pagar uma grande soma de dinheiro Ă loja apenas para acelerar sua compra. Ela nĂŁo sabe o que ele está lidando, mas aparentemente, mesmo que o casamento fosse mais forçado e uma questĂŁo de conveniĂŞncia, Ryan queria algo para mostrar seu poder e riqueza. Ego masculino tĂpico.
Enquanto esperavam o anel ficar pronto, sua mente viajou de volta no tempo quando se casou com Kingsley Henry. Seu casamento foi feito com pouca preparação, pois a união foi oficializada por um juiz. Mas David Lawrence ainda lhes proporcionou tudo. E por sua generosidade, o falecido avô de Kingsley Henry lhes deu a mansão onde viveram durante os três anos inteiros e Kingsley teve a posição de CEO do Grupo de Desenvolvimento KH.
Olhando para trás, Ann não consegue deixar de comparar sua situação. E não importa como ela via isso apesar de tudo que passou, ela nunca o faria de outra forma. Provavelmente, ela ainda acabaria se casando com o pai de seus gêmeos até na próxima vida.
No final, eles receberam o par de anĂ©is personalizados e saĂram da loja. Ryan estava se sentindo bem naquela Ă©poca, seu sorriso nĂŁo podia ser apagado de seu rosto. Mas quando chegaram à área onde seu carro estava estacionado, o manobrista lhes disse que o carro tinha um pneu furado.
"O quĂŞ?!" Ryan foi de bom humor para muito irritado ao saber que seu carro o abandonou. "Onde Ă© a oficina mais prĂłxima?" ele perguntou ao pobre manobrista.
"A-Apenas a alguns metros daqui, senhor."
Eles chamaram um guincho para levar seu carro até a oficina mais próxima. Alguns minutos depois eles chegaram à referida oficina. Ryan não quer o aborrecimento de consertar o pneu furado e acabou comprando um novo. E enquanto ele lidava com os mecânicos, Ann gradualmente se afastou e então fugiu o mais rápido que pôde.
Ela podia ouvir Ryan gritando seu nome à distância. Ele a estava perseguindo como um louco. E apenas antes que ele pudesse alcançá-la, uma Mercedes-Maybach preta parou na frente dela e a porta do banco traseiro se abriu.
"Entra, rápido," o homem gritou para ela. E Ann não hesitou em entrar no carro de outro estranho só para fugir de Ryan.
~*~
Ann sentiu alĂvio ao conseguir escapar das garras de Ryan. Ah, a sensação de fugir como um gato selvagem era terrĂvel, mas ao mesmo tempo revigorante. Ela nĂŁo corria assim há anos. E ela sentiu que seus mĂşsculos nĂŁo haviam sido usados atĂ© hoje.
Ela estava recuperando o fĂ´lego por alguns segundos e se virou para o bom samaritano que salvou sua vida. E Ann levou o susto da sua vida ao ver David Lawrence em carne e osso, vivo e bem.
"Meu Deus!" Ela quase teve um pequeno ataque cardĂaco ao pensar que o fantasma do avĂ´ de Kingsley se manifestou diante de seus prĂłprios olhos. "VovĂ´!"
"Como você está, minha querida?" Mesmo após todos esses anos, sua voz não havia mudado. Ele pode ter envelhecido bastante, mas sua presença dominante ainda está intacta. "Vejo que você está bastante surpresa em me ver."
Estavam já longe de onde Ryan tinha sido avistado. Seu coração ainda não se havia recuperado daquela corrida e lá estava ela, falando com David Lawrence, que deveria estar morto há cinco anos.
"Como isso Ă© possĂvel?" Ela externalizou o que pensava. "Eu vi as notĂcias naquele dia. Chorei por vocĂŞ quando anunciaram que estava morto. E atĂ© fizeram seu funeral..."
David Lawrence riu. E quase que Ann derramou lágrimas ao confirmar uma coisa. Sua risada genuĂna sempre tinha sido animada. David Lawrence estava realmente vivo e Ă sua frente agora.
"Se diz que antes de enganar seus inimigos, engane seus amigos primeiro," O avô de Kingsley estendeu a mão para ela. Ela hesitou em aceitá-la, mas ele foi paciente e a tranquilizou de que tudo ficaria bem. "Não é que tudo mudou. Eu apenas simulei minha morte para cumprir meu objetivo." David Lawrence começou e Ann escutou sua história.
~*~
Ele vê tudo. E até havia predito que a cadeia de cenários teria chegado. Era ele um adivinho? Não. Ele apenas sabia como ler a mente das pessoas.
A maneira como falam, seus maneirismos, a linguagem corporal. Tudo. David Lawrence havia aprendido a arte de conhecer as verdadeiras intenções de alguém. E mesmo que tivesse deixado um aviso para sua bondosa neta, as coisas ainda resultaram do jeito que ele viu.
Ele nunca confiou no homem chamado Ryan Andrews nem na mulher que Shaina Francis havia adotado. Bastava uma olhada naquelas crianças e ele sabia que era melhor não se envolver com eles. Mas foi isso que aconteceu com seus netos - Kingsley foi apanhado pelaquela raposa e Ann foi capturada pelas falsas intenções daquele CEO manipulador.
Então ele teve que assumir as coisas em suas próprias mãos, até mesmo brincar de Deus e forjar sua própria morte só para poder observar tudo de longe.
"Para resumir, eu falsifiquei minha morte. O acidente de carro foi real, só para adicionar drama e eu ainda precisava me recuperar no hospital depois disso," ele murmurou como se recordasse o tempo em que tinha sido admitido em outro hospital exclusivo para recuperação. Ele observou de todos os diferentes ângulos o funeral em andamento naquele momento. Ele tinha câmeras escondidas em sua mansão e podia vê-las na tela grande do hospital. Não conseguia acreditar que deixara todos lamentarem sua morte, que não ocorreu. Mas era muito conveniente poder gastar todo esse dinheiro nesse esquema. "Enfim, fiz isso para que Kingsley assumisse a posição de CEO pela cláusula que escrevi no contrato."
"E qual era essa cláusula, vovô?"
"Que, caso algo desse errado entre vocês dois, minha morte solidificaria sua posição como CEO. Pensei nisso enquanto redigia o contrato e pensei, por que não?" ele riu de sua própria tolice. Mesmo o advogado Agoncillo olhou para ele naquela ocasião como se tivesse chifres na cabeça. Nenhum homem em sã consciência colocaria uma cláusula de sua morte em um contrato. Era como se estivesse desejando sua própria morte. E Kingsley deve ter pulado essa parte, bem como os outros detalhes menores. Pobre neto dele. "E depois eu descobri que você estava noiva de Ryan Andrews, mesmo depois do aviso que dei."
Ann parecia derrotada e arrependida. Ela estava como uma cadelinha perdida no momento. "Sinto muito, vovĂ´. NĂŁo me restou outra escolha..."
"Porque tudo ficou complicado, ele me encurralou para aceitar sua proposta. E Kingsley...bem, ele ainda está apaixonado por Sally. E...E—"
"Tem certeza disso, Ann?" Ele observou atentamente suas reações. "Você já o confrontou sobre isso?"
"Eu sei que ele foi cegado pelo amor que pensou ser real. Mas isso foi no passado. Isso já faz cinco anos. E os homens mudam... você sabe disso."
"Mas se vocĂŞ ainda tem reservas, Ă© compreensĂvel. E agora que eu voltei, vou acertar as coisas para vocĂŞs dois," David Lawrence garantiu isso. Ele tinha muitos planos em mente que estavam atualmente em andamento enquanto falava. "VocĂŞs dois sĂł precisam abrir os olhos e ver o futuro juntos com seus filhos."
"Filhos?" Ann parecia confusa. Ele sorriu para a neta. Mesmo que eles se divorciassem, isso nĂŁo apagaria o fato de que ela ainda era sua neta. E a Ăşnica neta que ele reconheceria.
"Sim, você me ouviu direito. Sua filha está viva. E o nome dela é Kenny."
~*~
Ann não sabia que estava chorando até sentir as lágrimas em sua pele. Ela estava chorando enquanto aprendia a verdade de Don Kenney. Que sua filha ainda estava viva. Ainda Viva! E ela é ninguém menos que Kenny. Agora isso explica a sensação de pertença sempre que ela abraçava a criança de novo e de novo. É porque elas compartilhavam essa ligação que nunca souberam que existia.
"Kenny é sua filha, Ann. Eu a peguei no dia em que você deu à luz e organizei tudo para que a morte dela parecesse real. Eu sinto muito por isso, mas foi a única maneira de eu impedir Kingsley de se casar com Sally. E eu não estava errado de confiar Kenny ao meu neto, ele cuidou de sua filha sem saber, sob a presunção de que ela era filha de outra pessoa."
"Por que você está fazendo isso, vovô?" Ann estava confusa sobre o propósito do avô de Kingsley, sobre por que ele se deu a tanto trabalho apenas para que eles pudessem ficar juntos. "Foi tão fácil assim para nós vivermos vidas separadas?"
"VocĂŞ está me perguntando por que eu estou fazendo isso?" David Lawrence olhou para ela com aquela expressĂŁo calorosa. "É porque eu fiz uma promessa Ă sua mĂŁe e aos seus avĂ´s de que encontraria vocĂŞ e casaria vocĂŞ com meu teimoso neto, de uma forma ou de outra. NĂŁo há mulher que possa casar com Kingsley exceto vocĂŞ, Ann, já que meu filho e sua mĂŁe nĂŁo cumpriram o sonho que meu melhor amigo e eu já havĂamos arranjado antes."
Ann balançou a cabeça, com medo de ter se perdido na conversa. "Eu não entendo..."
"Quem sou eu? O que vocĂŞ sabe sobre mim, David Lawrence?" Ela fez uma pergunta apĂłs a outra.