CapĂtulo 8
1811palavras
2024-05-21 10:10
David Lawrence riu da ignorância do próprio neto. Quem mais em sã consciência assinaria um contrato sem analisar seu conteúdo? Ninguém, exceto Kingsley Henry, que estava tão deslumbrado com a ideia de ser o CEO que escolheu ignorar os pequenos detalhes nos papéis.
Claro, como homem de negócios, David Lawrence sempre se certifica de estar um passo à frente. Ele estudava meticulosamente o assunto de seu interesse e até mesmo seus maneirismos. E quando tomava uma atitude, sempre era vantajosa para ele. Até o menor erro do outro seria uma grande vitória para ele.
No caso de Kingsley, ele certamente fez o contrato difĂcil de ser contestado. Isso significa que, assinando aqueles papĂ©is, Kingsley ficou vinculado a todas as regras escritas nele.
Ah, ele sabia que era impiedoso. Muitos já lhe disseram isso. Mas o fato sobre os empresários é que você não pode baixar a guarda em nenhum momento. Afinal, é um mundo onde o mais forte sobrevive. Mesmo o mais próximo de você pode se revelar um traidor a qualquer momento.
"O que você está tentando dizer, vovô", Kingsley soou desesperado. Ele parecia confuso, com a testa franzida. "Você não está fazendo nenhum sentido."
"Na verdade, estou, neto. Eu sempre faço sentido", ele corrigiu Kingsley. "Agora, se vocĂŞ tem uma cĂłpia fĂsica do contrato, pode encontrar essa pequena informação escrita sob as condições especĂficas..."
"Que vocĂŞ, Kingsley Henry, ao assumir a responsabilidade de ser o chefe do Grupo de Desenvolvimento KH, e sua primeira esposa, devem me dar um herdeiro. E entĂŁo tudo o que eu possuĂa e estava sob minha posse será entĂŁo transferido para vocĂŞ como sucessor."
Kingsley ficou sem palavras. A boca dele um pouco aberta.
David Lawrence deu um sorriso ao ver a decepção escrita no rosto do neto. "Isso não significa que, por você estar na posição, você finalmente ganhou o direito de estar nela..."
"A menos que você me dê o que eu quero, posso tirar a posição de você onde e quando eu quiser, Kingsley."
~*~
Ele ficou completamente surpreso ao ouvir essas palavras do avô. Kingsley não sabia sobre essa cláusula no contrato, ou ele ignorou esse pequeno fato?
Agora, ele parecia um completo idiota na frente de David Lawrence. Aposto que o velho ainda estava rindo dele, pensando no quão idiota o neto se tornara. Os contratos que o avô sempre elaborava eram absolutos. Nenhuma das condições poderia ser descumprida ou tudo seria inválido. Era assim que seu avô trabalhava, tudo sempre estava a seu favor.
Sua mandĂbula se apertou, sua mĂŁo se fechou em punho. Agora, ele estava encurralado por altos muros, sem ter para onde ir a nĂŁo ser submeter-se Ă s exigĂŞncias dele.
Kingsley sabia que Ann havia engravidado uma vez, mas infelizmente ela teve um aborto espontâneo. E agora seu avô estava literalmente esfregando na cara dele que não haverá divórcio e ele continuará a viver com Ann como marido dela.
Então sua performance de mais cedo era apenas para espetáculo? Seu avô já sabia o resultado desta conversa.
Ele não sabia mais o que sentir. Parecia que todos os seus esforços de todos esses anos haviam sido desperdiçados apenas com aquele simples erro que cometeu ao assinar aqueles malditos papéis. Ele foi literalmente um idiota por levar as coisas na brincadeira, como se soubesse que tudo estava a seu favor, quando na verdade não estava.
Sempre estivera de acordo com a vontade de seu avĂ´. Sempre e era a vontade dele.
Então, o que aconteceria com Sally depois disso? Ele não podia simplesmente deixá-la na mão só porque precisava estar com outra pessoa para proteger sua posição? Ele já tinha prometido o mundo a ela. Kingsley não podia se dar ao luxo de partir seu coração mais uma vez.
"Relaxe, cara", uma parte de sua mente disse. "Fique calmo e pense isso...";
"Não tome decisões precipitadas. Você está lidando com o próprio tirano. Não adianta".
Assim que a sua mente insistiu, Kingsley tentou manter a calma. Ele nunca poderia mostrar ao velho que estava abalado com a notĂcia. Isso sĂł o denunciaria. E mesmo que ele já tivesse, precisava manter a compostura. Ele nĂŁo pode deixar que seus sentimentos e pensamentos pessoais colidissem. Seria o fim de sua carreira.
David Lawrence deve ter ficado desapontado pelo fato de ele já ter se divorciado de Ann. Oh, sim, essa deve ser a razão. Ele não havia interferido em seus assuntos até recentemente. Kingsley estava pensando que ainda há uma maneira de virar a mesa a seu favor.
"Não tem muito o que pensar, Kingsley. A resposta era realmente óbvia", seu avô se levantou do sofá parecendo pronto para sair. Seu sorriso era sempre enganador. "Se você ainda insistir em sua insolência, você vai se arrepender dessa decisão. Só um conselho...";
"Sempre leia o que você está assinando, meu neto."
Kingsley estava fervendo de raiva depois que David Lawrence deixou seu escritĂłrio. Isso nĂŁo pode estar acontecendo. Depois de tudo o que passou para ter essa posição, de repente, ele será deixado com nada! Isso nĂŁo Ă© possĂvel!
Enfurecido, ele pegou o telefone e ligou para Alex. "Traga-me o contrato agora!" ele explodiu e jogou o telefone contra a parede. Quebra e cai em pedaços, mas é o menor de seus problemas.
~*~
Ainda aterrorizada, Ann foi rapidamente ao lado de sua mãe inconsciente. Ela estava chamando por seu nome enquanto tentava acordá-la. Ela estava chorando enquanto seus olhos perceberam que alguém ainda estava ao telefone. O aparelho ainda estava nas mãos de sua mãe. Confusa, Ann pegou e falou com a outra linha.
Ann quase perdeu a cabeça quando ouviu a notĂcia repentina. Que seu pai sofreu um acidente e estava em estado crĂtico enquanto falavam.
Ela não sabia como conseguiu chamar a ambulância para socorrer a mãe. Sua mente estava em total caos. Ela não conseguia pensar direito, pois ambos os pais estavam em perigo. Estava confusa sobre a quem deveria atender primeiro.
O que está acontecendo? Como tudo chegou a isso?
Eles ainda estavam rindo no jantar da noite passada. Seu pai era um homem cheio de boatos e eles nĂŁo podiam deixar de rir disso. Era a noite antes de ele partir para uma viagem de negĂłcios de uma semana fora da cidade. E nem sequer passaram vinte e quatro horas desde que ele deixou a casa que o acidente aconteceu.
Ann suspeitava que sua mĂŁe nĂŁo havia levado a notĂcia muito bem e desmaiou no chĂŁo.
Ela segurou a mão de sua mãe enquanto rezava silenciosamente pela sua recuperação imediata. Ann chorava enquanto olhava para a mãe inconsciente dentro da ambulância. "M — mãe, por favor, fique comigo. Eu preciso de você. Nós precisamos de você. Você vai ser avó em breve. Então, por favor, mãe", murmurou enquanto as lágrimas continuavam a escorrer pelo rosto. Seu coração estava batendo muito rápido dentro dela.
Ann nĂŁo havia contado aos pais sobre a vida que estava protegendo dentro de sua barriga. Ela pensou que ainda nĂŁo era a hora. E entĂŁo isso aconteceu.
Não demorou muito e a ambulância chegou ao hospital mais próximo. Para horror de Ann, o médico declarou a mãe dela morta a caminho ao vê-la. Que não havia nada a ser feito para salvá-la.
Ela chorou pela dor de perder a mãe. Ann chamou por ela enquanto tentava acordá-la dentro da sala de emergência. A equipe médica estava tentando acalmá-la, mas como poderia? Sua mãe estava agora morta! Nenhuma criança pode ficar calma perante a morte súbita de seus pais.
E como se os destinos estivessem zombando dela, depois de uma hora os mĂ©dicos declararam o pai morto dentro da unidade de terapia intensiva. Seu corpo tornou-se nĂŁo responsivo, a frequĂŞncia cardĂaca já havia achatado.
Mesmo antes, os mĂ©dicos haviam admitido a ela que fariam tudo o que podiam para salvá-lo. Mas nĂŁo garantiam que ele viveria. Ann nĂŁo conseguia entender o que o mĂ©dico estava dizendo, mesmo em termos simples. Tudo que entendeu foi que seu pai ainda estava a beira da morte, depois de ser um dos cinco carros que colidiram no cruzamento mais cedo. Entre as vĂtimas, seu pai estava nas piores condições sociais com ĂłrgĂŁos rompidos e ossos quebrados.
Ann não tinha pensado que ficaria sozinha, que seus pais partiriam tão cedo. Tudo parecia surreal. Ela ainda podia se lembrar de seus rostos sorridentes como se fosse apenas ontem. E agora, Ann chorava muito enquanto olhava eles deitados em seus caixões.
O que ela fez para merecer toda a dor e desilusões contĂnuas? NĂŁo foi suficiente que ela se divorciou e teve seu coração partido pela infidelidade do marido que o cĂ©u tambĂ©m precisava tirar os pais dela dela?
"A — Alice," Ela soluçava no ombro de sua melhor amiga. Alice estava a seu lado, consolando-a durante esses tempos difĂceis. Ela nunca a abandonou e se tornou sua força para lidar com o cotidiano atĂ© o internamento.
Hoje era o dia de vê-los pela última vez. Com o coração pesado, ela se despediu dos pais, ainda não acreditando que este dia havia chegado tão cedo.
Ela e Alice foram as Ăşltimas a ficar em frente ao tĂşmulo dos pais. Ann estava olhando fixamente para a terra que cobria o corpo dos pais. Depois, sua mĂŁo cobriu o pequeno volume da barriga.
"Por que isso aconteceu, Alice?" Ela procura uma resposta com sua melhor amiga. Seus olhos começaram a lacrimejar novamente. "Nós merecemos isso?"
"Mereço isso?"
Alice a abraçou com força. "Claro que não."
"Você não merece isso. Mas existem coisas que não podemos controlar, Ann. Mesmo que não queiramos, não detemos os destinos", Alice tentou raciocinar com ela. "Pare de chorar. Você não está sozinha, lembre-se. Eu estou sempre com você. Mantenha-se forte por você e pelo seu bebê, Ann."
Mesmo sendo difĂcil de aceitar, Ann percebeu que Alice estava certa. Mesmo se tudo mais falhar, ainda nĂŁo Ă© o fim do mundo. Agora que ela está sozinha, precisa ser mais corajosa e forte pelo bebĂŞ em sua barriga. Com a assistĂŞncia de Alice, ela e o bebĂŞ poderiam superar.
"Acho que precisamos ir agora, Ann", disse Alice a ela. Ela olhou para o céu e, como Alice disse, parecia que choveria a qualquer momento. Deve ser uma chuva forte. Estava ficando mais escuro e ela já podia sentir a brisa fria.
Com o coração apertado, Ann se afastou do túmulo dos pais com a promessa de sempre honrar seus ensinamentos em sua vida diária. Ela também prometeu trazer o bebê e apresentá-lo a eles depois que ela desse à luz.
Alice caminhou à frente para preparar o carro. Ann estava caminhando calmamente pela lateral quando ouviu uma voz masculina familiar atrás dela. Tão familiar que ela se virou drasticamente para confirmar o que pensava. E Ann pensou que não deveria ter feito isso em primeiro lugar. Foi a pior decisão que ela tomou naquele dia.
"Ann..."