Sasha rompeu em lágrimas na frente de Daniel novamente ao dizer essas palavras, sua voz estava falhando, impedindo-a de falar mais. Diaz, que estava comendo seus salgadinhos no colo de Daniel, congelou ao vê-la chorar e perguntou: "Tia, por que você está chorando? É porque eu disse que não gosto de você, isso te fez chorar? Quer limpar as lágrimas?"
Diaz pegou um lenço com a mão cheia de resíduos do salgadinho, saltou do colo do pai e, entusiasticamente, entregou-o a Sasha. Embora agisse como alguém maduro, Diaz ainda era uma criança inocente com um coração puro; assim que viu Sasha chorando, ele quis ajudá-la a parar de chorar, mesmo que não gostasse dela. Suas boas intenções, no entanto, repugnaram a Jovem Senhora.
A mão de Sasha encolheu-se instintivamente quando Diaz tentou entregar-lhe o lenço e ela se forçou a pegá-lo. Mesmo sendo educada, era óbvio por suas ações que se sentia repelida ao pegar o lenço das mãos sujas de Diaz. Ela também não queria aceitar nada das mãos da pessoa que ela odiava do fundo do coração.
Daniel recostou-se na cadeira e seus olhos instantaneamente escureceram. A sutil ação que Sasha acreditava ter passado despercebida, não pôde escapar dos olhos aguçados de Daniel.
A voz de Sasha se desfez em lágrimas ao fingir usar o lenço que Diaz lhe entregou, quando na realidade ela nem mesmo estava sendo capaz de deixá-lo tocar sua pele. Daniel respondeu em sua voz fraca: "Não vamos mais falar sobre isso. Posso fingir que isso nunca aconteceu. Já que está resolvido, acho que você deveria ir agora, estou muito ocupado hoje e não tenho muito tempo para ficar aqui e te entreter."
O coração de Sasha apertou, ele estava sempre ocupado quando se tratava de outros, mas para Maria, ele acatava suas ordens e ia para onde ela desejasse sem questionar. Ela aspirou suavemente pelo nariz e enxugou as lágrimas com os dedos duas vezes. Sasha soltou um suspiro longo, retratando-se como deprimida e esgotada.
Ela não suportava mais a atitude de Daniel em relação a ela, mesmo que ele dissesse que tinha deixado o passado para trás, o abismo existente entre eles não conseguia ser mais oculto.
"Está tudo bem, Tio. Eu entendo... Você nunca vai me esquecer, mas há algo que eu quero que você veja." Ela tirou um diário de sua bolsa e o entregou a Daniel, "Tio Daniel, eu sei que é muito ruim invadir a privacidade das pessoas. Eu encontrei o diário de Maria e mesmo sendo sem querer, li algumas coisas nele que me fizeram sentir que persuadi-la a desistir de você é o melhor para ela como sua irmã mais velha."
Sasha explicou-se tão grandiosamente e justificou-se limpidamente.
Daniel pegou o caderno que Sasha lhe entregou e abriu a primeira página. Suas sobrancelhas franziram profundamente quando ele viu o título da primeira entrada escrita nele. Era 'Estou apaixonada por você, Octavio' em letras maiúsculas; embora as letras estivessem em maiúsculo, Daniel poderia facilmente perceber que era mesmo a letra de Maria.
O breve parágrafo escrito abaixo dizia: 'Já fazem meses que comecei a gostar de Octavio, mas ele ainda não percebeu. Mas não vou desistir, não até torná-lo meu. Quando fecho os olhos, só consigo pensar nele. Vou me declarar para ele assim que a escola acabar.'
Daniel não sabia que Maria era capaz de ser tão ingênua; era completamente infantil e naïve dela sonhar acordada sobre um garoto dessa maneira. Essa entrada no diário dizia tudo, que sua paixão por Octavio foi algo feito por imaturidade e as pessoas não podem levar a sério as coisas que fazem orientadas por seus hormônios efervescentes.
Além disso, Daniel nunca se importou realmente com como Maria era em seu passado e com quem ela tinha namorado. Ela estava destinada a ser dele, então realmente não importava quantos homens estiveram em sua vida antes dela conhecê-lo; até ele tinha tido inúmeros relacionamentos antes de conhecer Maria.
Daniel sorriu sem jeito, mas seu sorriso estava cheio de frieza e ironia, "Passaram-se apenas dois dias e você já inventou novas artimanhas? Sasha, o que você realmente quer fazer? Você está tentando nos separar, eu e Maria, entendo, mas você já não percebeu que isso não vai acontecer?"
O rosto já um tanto pálido de Sasha escureceu ainda mais quando ouviu suas palavras, sem se importar com o que ele pensava, ela retrucou, "Tio Daniel, o vídeo que eu te mostrei antes, bem como este diário, mostra o quanto Maria gosta de Octavio. Por que você tem que estar com ela relutantemente, quando ela está claramente apaixonada por outro homem?"
A frase, perfeitamente elaborada a ponto de soar quase brutal, fez o coração de Daniel se agitar de ciúmes. Ele sabia que Sasha estava mentindo, mas mesmo ouvindo falar que Maria estava apaixonada por alguém que não fosse ele, era inaceitável. O fogo que ardia dentro dele se refletia em seus olhos e no seu tom de voz ao dizer: "Eu não tenho nem tempo nem necessidade de explicar minhas ações para você. Não quero mais que você esteja perto de mim. Encontre alguém para casar e não apareça mais na minha frente."
Daniel disse muito diretamente e simplesmente desta vez, ele não era o tipo de pessoa que gostava de rodeios. Ele nunca realmente se importou com Sasha para começar e só a considerava como uma subordinada a quem poderia orientar. Ele costumava pensar que ela era tão boa quanto fingia ser, apesar dos avisos de Maria.
O fato de Daniel não cair em nenhuma de suas armadilhas estava deixando Sasha ansiosa e desesperada. Sem mais opções, ela disse de forma direta: "Tio Daniel, quanto tempo ainda você e Maria vão ficar juntos? Não vou mais perder tempo, eu gosto de você. Gosto de você há muito tempo. Eu não sou como Maria, ela não tem nenhum sentimento por você, mas meu amor é verdadeiro e sincero."
Sasha finalmente se confessou para Daniel e despejou tudo de si. O quarto caiu num incômodo silêncio; Daniel não disse nada, mas apenas olhou para seu filho: "Você está com fome? Quer ir ao McDonald's?"
Diaz assentiu animadamente e logo foi levado para fora por Alex para comprar hambúrgueres. Com o som dos ponteiros do relógio se entrelaçando, Daniel tocou uma música melancólica e olhou para Sasha sem expressão no rosto.
"Entendi…" Daniel murmurou antes de acender e queimar um cigarro. Sasha estava sentada na frente dele, ansiosa para ouvir sua resposta, mas em vão. Depois de alguns segundos, ela perguntou: "Qual- Qual é a sua resposta, tio?"
Daniel olhou para ela antes de apagar dois terços do cigarro no cinzeiro. Ele se levantou e caminhou até Sasha e se inclinou sobre ela; ele colocou ambas as mãos no braço da cadeira dela, prendendo-a entre elas.
"T- Tio…" Sasha engoliu em seco, seu respiração começou a acelerar. Ela nunca tinha visto este homem tão de perto e tinha que admitir que ele era deslumbrante. Ela amassou suas mãos nervosamente enquanto olhava nos olhos do homem com os seus próprios, brilhantes por causa das lágrimas.
O coração de Sasha batia forte enquanto ela fechava os olhos e se inclinava lentamente em direção ao rosto dele.
"Você acha que eu vou te beijar?" Sua voz fria e irada ressoou em seus ouvidos, fazendo seu corpo tremer.
Os olhos da garota se arregalaram de medo, ela instintivamente recuou o rosto. Ela olhou a ira em seus olhos e seus ombros começaram a tremer, "Tio Daniel, eu… Pode me dar uma chance de provar meu amor por você? Eu não me importo com a existência de Maria, ela é minha irmã. Vocês dois podem continuar seu relacionamento mesmo depois de nos casarmos. Eu vou deixar vocês dois juntos, mas por favor, fique comigo também."
Daniel não podia acreditar que estava ouvindo uma sugestão assim da renomada jovem senhorita da família Green. Ele não esperava que ela se rebaixasse a este ponto e sugerisse algo assim sem nenhum respeito próprio. Ele vinha vendo o pior lado dela nos últimos dias, o que fazia com que sentisse que tinha sido cego a vida toda.
Ele não queria mais ver Sasha nunca mais e disse: "Não piora as coisas e vai embora, Sasha. Ainda teremos que nos enfrentar no futuro, não me faça banir toda a sua família".