Capítulo 68
1497palavras
2024-05-10 09:30
"O chefe está aqui", pensou Mariana. Só o carro dele vem para cá.
O motor do carro parou e ela percebeu que o chefe deve estar fazendo sua entrada.
Seal ordenou que ela se sentasse e saiu correndo. Wills amarrou suas mãos, desta vez, firmemente. Ele pegou um pano próximo e a vendou.
Ela apertou os punhos com o cheiro do pano. Era o mesmo pano que ele usava como venda no outro dia. O cheiro de curry e manjericão havia ficado tanto tempo que a irritou.
Por que eles continuam colocando uma venda nela sempre que o chefe chegava? Definitivamente, ela pensou, o chefe não quer ser visto.
Os Dax? Nelson e seu pai podiam se rebaixar tanto a ponto de fazer isso com ela. Não era Nelson nem seu pai. Desde que ela começou a namorar Thales, Nelson se sentia segura. Suas suspeitas sobre quem era o chefe, tinham chegado a todos com quem ela tinha problemas. Como era típico dela!
Ela ouviu pessoas se aproximando dela. Parecia que o chefe veio junto com outra pessoa. Ou será que sua audição estava prejudicada?
Uma cadeira foi arrastada e ela ouviu os dedos batendo na mesa.
"Ei, Mary".
Era o chefe. Ele a conhecia. Ela ficou um pouco surpresa com a forma amigável como ele disse o nome dela. E ela ainda não conseguia reconhecer sua voz. Não lhe soava familiar.
"Você parece chocada, não é? Tudo bem. Então, o que você estava fazendo em Minnesota?", Ele perguntou.
Ela abriu a boca para falar e contar a ele suas provações, mas o medo manteve seus lábios em forma de 'O'.
"Tudo bem, eu entendo. Você realmente quer saber quem sou eu e por que você está aqui. Não agora, mas logo", ele disse, enquanto fazia o som de tique com os dedos.
Sim, ela queria saber quem ele era e por que ela estava aqui.
"Tenho certeza que você já começou o treinamento", disse o chefe enquanto olhava para o saco de pancadas.
"Sim, chefe, ela se saiu bem hoje. A senhora tem um espírito forte", Seal informou enquanto estava perto do chefe.
"Ela causou problemas, certo?", Seus olhos caíram sobre o saco de pancadas amassado em cima da mesa.
"Não, chefe. Parece que ela tem muita raiva dentro dela. Ela só precisa desviar isso", Seal respondeu.
"Isso é bom", o chefe disse com um sorriso suave.
"Mariana, preciso que você se concentre em tudo que Seal vai te ensinar. E também aprenda. Há uma razão por trás disso e logo estará relacionado a você", o chefe disse isso com uma voz suave.
"Octavio te mandou, certo? Esse monstro te mandou, não foi?", Mariana se encontrou dizendo.
O chefe gargalhou alto e empurrou a cadeira no chão ao se levantar.
"Octavio, seu ex-marido? Você acha isso?", ele retrucou.
"Eu trouxe comida de qualquer maneira. Além disso, você está suja, cuide para se limpar", ele disse enquanto se afastava.
"Por que você está fazendo isso? Por que está me mantendo aqui? Você chamou meu nome como se me conhecesse. Quem é você?", Ela tinha recuperado seu espírito. As palavras certas que ela queria perguntar a ele.
Essas perguntas fizeram o chefe parar seus passos. Ele se virou e olhou para ela, mesmo que ela estivesse vendada.
"Em breve, Mariana Allen. Em breve", ele respondeu.
E ela ouviu ele chamar Seal. A porta se abriu e ela ouviu o carro dele partir rapidamente. Ele parecia ser legal, de qualquer maneira. Não, ele não era legal, ela pensou, enquanto ainda estivesse aqui, ele era uma pessoa cruel.
Wills a desamarrou e removeu o avental sujo de seus olhos. Ele estava olhando para ela de forma estranha. Por que ele estava lhe dando esse olhar estranho, ela se perguntou.
"Mary, você é ousada. Você me lembra minha filha. Ela é linda e audaciosa também. Mas agora ela mora com a mãe", ele disse com um tom orgulhoso.
Ela olhou para as suas mãos. Estava com raiva. Raiva porque não conseguia fazer o chefe responder às suas perguntas.
"Ei, Mary. Vai ficar tudo bem. Você só precisa se manter bem. O chefe disse que você é uma mulher forte. E eu sei disso também", ele a tranquilizou.
"Acho que o chefe me conhece melhor do que eu mesma", ela retrucou.
Wills deu uma risada curta e deu tapinhas no ombro dela enquanto se levantava para cumprimentar Seal que havia entrado depois que o chefe se mandou.
Seal era do tipo sério, diferente de Wills que a fazia sentir-se em boas mãos. Wills tinha uma aura ao redor dele que a fazia se sentir confortável, apesar de sua aparência assustadora.
Ela estava cansada e queria dormir. Não dormiu bem nos últimos dias.
Wills caminhou em sua direção e a fez sinal para segui-lo. Eles subiram as escadas devagar. Era o mesmo quarto em que ela havia tomado banho. Meu Deus! Ainda estava limpo.
"Mary, hoje foi um dia difícil. Então tome seu banho e descanse. Vou trazer sua refeição em breve", ele disse.
"Obrigada, Wills. Acho que isto também é uma ordem do chefe", ela respondeu enquanto se dirigia para a janela.
Ele sorriu e assentiu levemente.
"Olhe lá embaixo, Mary", ele ordenou.
Ela olhou para ele e os olhos dele pediam convenceram a olhar pela janela.
Droga! Quatro homens mascarados estavam lá embaixo. Parecia que estavam de guarda. Guardas de prontidão. Que diabos era isso? Ela havia assegurado a Seal que não faria nada estúpido.
"Apenas caso você tente fazer alguma coisa tola. Não somos os únicos aqui, senhorita. Então tome banho, troque de roupa e descanse quietinha", ele sorriu como se tivesse ganhado um jogo.
"E essas botas também, devem estar clamando por troca", disse ele, tentando fazê-la rir.
Ela sorriu e tirou as botas. Jogou-as nele, mirando suas mãos abertas para pegá-las. Ele as pegou e saiu do quarto batendo a porta.
Ela afundou na cama e suspirou alto. Meu Deus! O que estava acontecendo com ela? Ela tinha aceitado seu destino neste ponto, ela nasceu para sofrer e suportar. Quando tudo isso vai acabar?, ela pensou.
Ela seguiu para o banheiro. Ah! Deixou o chuveiro correr água por todo o corpo. Seu corpo cansado. Ela tomou um banho gentil e longo. Ela se sentiu totalmente renascida quando voltou ao quarto. Ela trocou de roupa. Ela encontrou uma calça de jogging preta na bolsa e um moletom roxo grande que tinha "Paz menos um" ousadamente inscrito nas costas.
Wills entrou de supetão, sem bater. Ela ficou surpresa com a forma como ele entrou. Ela não estava acostumada com as pessoas invadirem o seu quarto mesmo quando era empregada. Ele trouxe para ela um par de tênis brancos e uma bandeja de hambúrguer e milkshake. Os tênis eram brancos reluzentes.
"Desculpe por te assustar, Mary. Eu trouxe comida para você", ele disse se desculpando.
"Tudo bem", ela respondeu pegando a bandeja dele enquanto ele saía do quarto.
Ela colocou no leito e comeu devagar. Olhou para a janela de vez em quando para ver se os guardas ainda estavam lá. Sim, eles ainda estavam lá parecendo não se importar.
Ela jogou a bandeja no chão de mármore com o copo descartável e o papel alumínio na bandeja.
Ela queria chorar, mas as lágrimas se recusaram a fluir. Ela só esperava que ninguém estivesse incomodado com a sua longa ausência.
Ela não sabia quando adormeceu com as mãos esparramadas na cama.
******
"Você está mentindo, Nelson", Octavio gritou.
"Eu não sei onde ela está, querido. Já te disse várias vezes que eu não sei para onde ela foi ou onde ela está", ela disse com uma voz suave como se fosse chorar.
"Oh, você não sabe onde ela está, certo? Eu sei que você não a quer por perto. Mas você a quer fora de nossas vidas, não é?"
"O que você está dizendo? Você deve estar fora de si, Octavio", ela gritou enquanto saía dele e descia as escadas.
"Não se afaste de mim, Nelson", ele ordenou enquanto a seguia.
Nelson estava sentada no sofá na sala de estar com o controle remoto em suas mãos.
"Você não tem nada para me dizer. Eu não tenho nada a ver com aquela vadia. Deixe-a ficar fora de nossas vidas como ela está fazendo agora. Agora que Thales está morto, eu me pergunto com quem ela está se prostituindo", ela argumentou.
A palavra 'Thales' soou nos ouvidos de Octavio e um tapa aterrisou no rosto de Nelson.
"Você não fala assim sobre o meu melhor amigo e minha ex-esposa. Aposto que você não quer ver o meu outro lado", ele disse enquanto subia as escadas, voltando para o quarto.
Nelson já estava em lágrimas. Octavio estava consistentemente levantando as mãos para ela. Ele raramente a tocava antes do casamento. Esse não era o Octavio que ela conhecia. Ela estava completamente confusa.
Por que ele estava questionando-a impulsivamente sobre Mariana? E por que ela deveria ter detalhes de onde a vadia poderia estar?