Capítulo 11
2352palavras
2024-02-09 09:18
Quando voltei a mim percebi que ele ainda me segurava pela cintura, não dava para ver o rosto, ele usava uma máscara e um capuz deixando seus olhos escondidos num breu, apenas um leve brilho era possível ver.
Meu corpo ficou todo arrepiado, com os choques que se formavam onde nossa pele se tocava. O cheiro dele era incrível: pinho, orvalho e algo que eu não consegui identificar mas me lembrava felicidade, é a melhor explicação que eu poderia fornecer, me distrai com aquela sensação de estar em seus braços, permaneci olhando os dois pontos brilhantes que seriam seus olhos dentro do capuz.
Quando voltei a mim, coloquei a mão no seu peito e devagar afastei nossos corpos, andei dois passo para trás e um bêbado grito algo ao meu lado me distraindo, quando voltei a atenção ao meu companheiro ele havia sumido, literalmente, não havia para onde ir. Então mãos enormes seguraram meus ombros. Ah merda esqueci do gorila, se ele parecia grande a distância de perto ele era uma montanha.
– Indo a algum lugar menina ? – ele.perguntou e Dei um sorriso sem graça.
O cabeça de peixe se aproximou de nós e falou baixinho mas o suficiente para eu ouvir – Ele está aqui – e voltou para o balcão.
O gorila me olhou com aqueles olhos negros como a noite e seu sorriso deformando seu rosto pelo corte na bochecha, um sorriso com dentes assustadoramente brancos.
– É seu dia de sorte, ou azar, depende do humor dele – e me guiou até uma sala atrás do balcão, tentei manter a calma, provavelmente ele é um cara bonzinho.
Fui literalmente carregada pelos ombros, minhas pernas não tinham força nenhuma, ao abrir a porta da sala com pouca iluminação deixei meus olhos se acostumarem com a pouca luz.
Dentro havia uma mesa, duas cadeiras e na parte mais a fundo tinha uma prateleira enorme com livros, mas nenhuma janela. Fiquei arrepiada pois percebi que havia alguém na parte mais escura da sala, ele de pé me observando. Para meu horror era meu companheiro, vendo melhor ele agora além do capuz e da máscara havia uma espada do lado esquerdo, no braço direito inteiro havia uma tatuagem enorme.
Quando ele se aproximou mais eu percebi que não era uma tatuagem era um selo semelhante ao meu com escritas antigas e indecifráveis, mas o selo pegava o braço inteiro, que tipo de monstro tem que ser mantido com um selo tão grande, coloquei a mão na minha barriga na parte do meu proprio selo e a Lucy ronronou.
O gorila me colocou sentada na cadeira de frente à mesa e se aproximou do mascarado que no momento estava atras da mesa em pé, ambos apenas olharam um para o outro provavelmente em uma comunicação por link mental, meu companheiro abaixou a cabeça e aos pouco foi levantando o rosto, nesse momento tentei olhar dentro do capuz com movimentos leves mas não percebi que estava me contorcendo toda para isso até que eu caí da cadeira num baque alto, olhei por cima da mesa e os dois estavam me olhando com as cabeças viradas como se estivessem perguntando "O que essa maluca está fazendo" a humilhação era tanta que eu quis fingir desmaio só para fugir daquela situação.
Limpando a garganta, me sentei novamente e pedi desculpa ( não sei pelo que).
O gorila saiu dando uma risadinha e fechou a porta atrás de si.
Meu companheiro deu as costas e voltou segurando uma bandeja com algo dentro, era avermelhada, pequeno do tamanho de um dedo mas era oval, não sei o que era aquilo, mas definitivamente eu não pretendia comer, ele ainda estava me encarando, me oferecendo.
– Estou cheia, obrigada – mentira, eu estava morrendo de fome, mas não quero comer isso.
Ele respirou fundo deixando a bandeja na mesa e falou pela primeira vez
– O que você precisa –Uma voz grossa, melodiosa fiquei arrepiada.
– De um coletor de recompensas– ele ficou mudo, eu precisava me certificar, afinal seu amigo tinha o emblema dos assassinos – Você é um, certo ? – ele não disse nada e eu tremi, por fim ele assentiu, também não comentou nada sobre nosso vínculo, será que ele não sabia que eramos companheiros?
Companheiros predestinados são muito raros e os meus dois vieram com defeito, balancei minha cabeça para dispersar os pensamentos, tirei a mochila das costas depois o saco com todas as minhas economias e coloquei na mesa. Ele olhou atento dentro da bolsa e falou por fim.
– Dependendo do serviço será suficiente, dependendo do serviço é pouco –
– E-eu preciso que você cuide de alguém, apenas um susto para que o foco dessa pessoa mude de mim, só isso, sem machucar, ferir, nada mais – disse tentando soar o mais natural possívele falhando miseravelmente.
– Muito bem, apenas diga quem e quando – "Só isso?" Pensei comigo
– Seria a princesa herdeira, o mais rápido possível?– perguntei mais do que respondi, ele havia levantado e estava indo em direção aos livros quando ele me ouviu ele parou um momento e se virou para mim.
– Qual é o seu nome ? – meu sangue gelou e se ele trabalhar para ela também. Não podia dizer o nome então precisava arrumar uma distração, suspirei e com o máximo de coragem eu respondi.
– Acho que não seria certo falar meu nome eu estaria em desvantagem, você teria meu rosto e meu nome, e eu não tenho nada seu – eu disse e escutei um suspiro que parecia num sorriso.
– Meu rosto? Você deseja ver meu rosto menina? Saiba que nenhum cliente viu meu rosto– ele fez uma pausa e se aproximou– Até hoje.
Sentou-se na cadeira e retirou o capuz, depois a máscara e esqueci de respirar.
Cabelos escuros na altura do ombro amarrados em um rabo de cavalo frouxo mas com vários fios soltos e tão negros como nada que eu tenha visto, olhos verdes penetrantes, sobrancelhas grossas e desenhadas com uma cicatriz na sobrancelha direita, nariz reto, feições esculpidas e tão belas que eu poderia desmaiar, o instrutor Simon era o homem mais bonito que eu vi até hoje mas esse cara aqui é lindo. Até a Light que estava triste começou a ronronar.
– E então? –Ele falou com aquela voz grossa que parecia ainda mais melodiosa vindo de um rosto bonito. Batendo os dedos na mesa de forma ansiosa, percebi um anel preto na mão direita.
– Aurora – Eu disse esquecendo de mentir meu no falhando miseravelmente – Merda –
– Aurora – Ele repetiu testando meu nome em sua boca tentadora, sua atenção voltada inteiramente em mim, não ousei perguntar seu nome. Ele pegou a sacola com dinheiro e me entregou, o medo se instalou, será que ele não aceitaria o acordo então desesperada eu disse rapidamente
– Eu tenho mais dinheiro – disse quase implorando – Me dê 30 dias e eu arranjo mais, por favor.. eu preciso desse serviço, preciso que ela me deixe em paz, apenas..por favor...– disse a última parte quase em um sussurro.
– Você precisa muito desse serviço – isso não foi uma pergunta, mas ele ainda esperava uma resposta levantando uma sobrancelha me avaliando.
As minhas opções são, gastar um ano de mesada para ter liberdade contra a Ashley ou viver sendo atormentada por 2 anos eu posso entrar numa briga e ganhar mas nao posso combater ela sem retaliação, ainda lembro da implicância e zombaria que quase todos na academia faziam comigo por culpa dela. Sou inteligente o suficiente para saber que não tenho poder para lidar com ela, não sozinha pelo menos, e eu tenho mais dinheiro.
– Sim preciso MESMO desse serviço– eu disse quase suplicante.
– Muito bem, mas não quero dinheiro..– Não o esperei terminar de falar.
– Eu tenho joias também, qualquer coisa– ele olhou para o meu anel enquanto eu o girava de form ansiosa e franziu a sobrancelha. O medo me bateu aneis de firun sao extremamente valiosos se ele pedir meu anel não poderei dar até conseguir outro. Ele olhou de volta para mim e afirmou com a cabeça, não consegui esconder meu sorriso grande e verdadeiro.
– Muito bem, acordo fechado – ele disse erguendo a mão para selar o acordo, e eu apertei sua mão quente e cheia de calos, foi reconfortante principalmente sentindo as faíscas de companheiro, ainda segurando minha mão ele me olhou dentro dos olhos buscando qualquer coisa, mas eu desviei o olhar para o lado, a Lucy estava ronronando tão alto que eu tive medo dele ouvir.
– Muito bem Aurora – ele disse e finalmente soltou a minha mão.
– Bloop !– ele chamou alguém, e eu tive certeza de que deveria ser o nome do cabeça de peixe, esse nome combina com ele, tentei segurar meu riso.
Mas então o gorila entrou e olhou diretamente para mim eu engoli seco.
– Acompanhe a senhorita até a estrada, em segurança – ele deu ênfase na parte da 'segurança'. Nesse momento eu ainda estava olhando para o gorila, eu me virei para recusar e agradecer mas ele havia desaparecido, literalmente como pó, fiquei arrepiada e o cheiro do meu medo me invadiu. O gorila me segurou me trazendo de volta, ele me guiou para fora, saimos do bar, e qualquer um que olhasse para mim ele rosnava, saímos da cidade havia um jeep cor preta coberto com um tecido escuro na entrada, o dia já estava amanhecendo mas ainda estava escuro aqui, o tal do Bloop me levou para dentro do carro e dirigiu, após uma hora paramos, ele me deixou na entrada da capital, precisei correr para chegar a tempo antes da troca de turno dos guardas, o guarda que eu havia subornado não me esperaria.
Consegui chegar na academia a tempo, os alunos estavam se preparando para o lanche ao ar livre, e eu fui direto para o meu dormitório nem mandei mensagem para a Lind. Precisava urgente comer alguma coisa e dormir estava fraca e quase não conseguia me manter em pé ao chegar no dormitório. Troquei minhas roupas por um pijama curto de alças cor preta de seda e me joguei na cama.
Algum tempo depois eu ouvi alguém bater na porta, pensei em fingir que não ouvi mas as batidas foram insistentes.
Levantei e fui para a porta nem me importei com a forma que eu estava vestida, abri a porta e vi um Liam me olhando surpreso, de cima a baixo depois ficou com as bochechas coradas e antes que ele pudesse dizer alguma coisa eu fechei a porta tranquei e voltei para a cama, ao ouvir o bater na porta novamente gritei – Vá embora ! – Certeza que isso era um daqueles sonhos loucos, Liam nunca viria ao meu dormitório.
Passei o dia inteiro dormindo, acordei com batidas delicadas na porta e eu sabia quem era.
– Pode entrar Liz– eu disse e ouvi o barulho de chave, ela entrou com uma bandeira de comida, olhei a hora e ja eram 3 da tarde. Ela me perguntou se estava tudo bem e eu afirmei com a cabeça, ela deixou a comida na mesa eu agradeci e pedi que ela comesse comigo mas ela recusou, ela me disse que o castelo estava uma loucura e que precisava correr.
Comi um pouco ainda me sentindo muito fraca, mal mantendo os olhos abertos, essa falta de sono e alimentação adequada estava acabando comigo, decidi olhar meu celular, algumas mensagens da Lind e varias da minha mãe, mas o que me chocou foi uma mensagem do Liam em outra plataforma de contato, por curiosidade eu abri o chat.
" Aurora preciso falar com você "
Só isso, ele provavelmente queria perguntar sobre meu pai. Respondi a todos exceto ele e deitei na cama.
Meu pensamentos correram para um lindo rosto com olhos verdes e cabelo preto, sua aura charmosa que o tornava tão intimidador e ao mesmo tempo cativante, além do selo enorme no braço ele parecia assustador o homem gritava perigo e conforto, eu juro que nunca conheci alguém tao bonito.
Lindo, perigoso e meu companheiro.
"Você dirá a ele que somos companheiros?" Perguntou Lucy
"Não sei se aguento outra rejeição Lucy, você não faz ideia do quanto doeu e também não posso aceitá-lo antes de aceitar a rejeição do Liam, não seria certo"
"Mas você o quer" afirmou Lucy
" Tenho medo de passar por tudo aquilo novamente, pergunte a Light qual é a sensação da rejeição "
"Ele não nos rejeitará eu o mato antes disso" disse Lucy e eu ri do seu otimismo, mas ainda me lembro do tamanho do selo em seu braço, meus pensamentos foram interrompidos pelo telefonema da minha mãe.
Após a ligação de horas agradeci o dinheiro e pedi um novo anel de firon, avisei que era apenas por precaução. Ela disse que vai mandar fazer outro, ao desligar repassei algumas lições da semana e voltei a dormir.
Acordei no meio da noite com a respiração acelerada de um sonho que não me lembro eu estava molhada de suor e assustada, olhei em volta do quarto escuro e levantei para beber água, voltei para a cama e no momento em que eu deite a Lucy rosnou e eu senti meus pelos arrepiarem, alguém aqui dentro.
Levantei rapidamente e fiquei de costas para a cômoda para que eu tivesse uma visão completo do quarto, mas estava escuro em algumas partes. Até que finalmente ele saiu das sombras com passos leves, dessa vez ele estava sem capuz apenas de máscara, enquanto se aproximava abaixou a mascara e me deu um vislumbre de seu Lindo rosto. Não percebi que ele estava tão perto até que senti o calor de seu corpo próximo ao meu e eu oestiquei o pescoco para olhar, precisei me segurar na cômoda para não desmoronar.
– Olá Aurora– disse ele e me olhou como se estivesse me avaliando, desviei o rosto com medo de encarar esse olhar profundo e por fim ele disse – missão cumprida –