Capítulo 64
1705palavras
2024-04-03 06:17
Patricia
Já são oito horas da noite e eu não consigo falar com o meu marido, ele ainda não chegou em casa. O mais estranho disso tudo é que além do meu marido nunca se atrasar ele me avisaria caso algo ocorresse.
Estou ficando muito preocupada, já liguei para ele umas cinco vezes, eu liguei para a Andressa, ela é a secretária do meu marido, eu tenho o número dela para o caso de alguma emergência como essa.
Ela me disse que o Gabriel saiu de casa no horário de sempre. Normalmente com o trânsito de São Paulo ele chega em uma hora, ou duas horas no máximo, e ele sempre me avisa, ele sempre me liga ou manda mensagem caso algo ocorra. Mas dessa vez nem ao menos uma mensagem eu recebi.
Andei pela casa feito barata tonta ao perceber as horas passando, liguei, liguei de novo e de novo, mas não obtive resposta. A dona Marta estava tentando me acalmar, eu já tinha ligado para o Gael, o Gael me disse que iria procurar por ele, mas eu estava tão nervosa que eu nem prestei muita atenção no que ele estava dizendo.
Quando eu estava prestes a ter um colapso nervoso, porque já eram cerca de dez e meia da noite, e eu não tive notícias do meu marido, ele nunca fez nada do tipo, nada parecido.
O meu celular começa a vibrar, peguei o celular, eu recebi uma mensagem…Estranho é de um número desconhecido, não tem foto e nenhuma informação..
Abri a mensagem… uma foto… Naquele momento eu comecei a tremer, eu senti a minha boa ficar gelada, uma tontura me atingiu em cheio… era uma foto de um homem, de costas deitado, não dava para ver exatamente tudo… mas aquele homem era muito parecido com o meu marido.
Mas que porra está acontecendo? A tontura passou imediatamente, e o que me atingiu dessa vez e com muita força foi a raiva, eu estava muito mais do que com raiva, eu estava muito furiosa.
O Gabriel não faria isso comigo… Bom, mas aparentemente fez.. Mas que merda, merda! Aquele filho da puta! Se ele realmente me traiu, acabou, acabou tudo! Foda-se , ele o casamento, tudo e qualquer coisa, eu não vou perdoar ele por isso.
Que merda! Eu estou com muita raiva, muito ódio… Mas ainda estou confusa, porque mesmo que seja ele na foto.. precisa ter uma porra de uma explicação no minimo razoavél para essa bagunça. Olhei fixamente para aquelas costas largas, e obviamente eram a do meu marido… A pessoa desconhecida que teve a audácia de me enviar essa mensagem, ainda estava digitando então eu levantei da cama, liguei o abajur da minha mesa de cabeceira.
Respirei fundo, peguei um pouco de água que ficava em uma das mesas que ficam no nosso quarto e bebi um pouco na tentativa de agir racionalmente.
Então o celular vibrou novamente e eu mandei a calma e a razão para ir direto para o espaço sideral, li a mensagem que estava escrito.
Ele é meu … ele sempre foi meu..
Eu sou dele… eu sempre fui dele..
Nunca deixaremos ser um
Sempre foi assim e sempre será.
Mas eu deixo você se despedir.
PUTA QUE PARIU!!! QUE MERDA É ESSA??? Não é possível, não é possível!
Eu fiquei muito chocada , com tamanha merda que estou lendo.. Eu fiquei mais do que furiosa e eu não me orgulho muito da atitude estúpida que eu tive a seguir.
Chegou mais uma mensagem, eu olhei e fiz exatamente o que qualquer pessoa doida como eu faria nessa situação. Eu recebi um endereço, e sim.. eu decidi ir até lá. Mudei de roupa, e fui que nem louca, sozinha, porque a dona Marta já tinha ido dormir, e o Gael não estava aqui.
Eu desci as escadas silenciosamente, peguei o celular, e procurei por uma das chaves dos carros do Gabriel que estavam na garagem, eu demorei um pouco para encontrá-lo, mas lembrei onde ele deixou a chave de um dos seus carros…
Encontrei e estava exatamente onde ele havia deixado da última vez, eu entrei no carro e sai em direção ao endereço dado pela pessoa anônima, é claro que parece loucura ir até lá.. E olha realmente é baita de uma loucura da minha parte sair desse jeito , sozinha e no meio da noite, mas eu não ligo, eu não ligo para nada disso agora, a única coisa que estou me importando é para onde isso vai nos levar, eu preciso esclarecer essa história de uma vez por todas.
Cheguei até o local, é um bairro perigoso, tudo parece mais escuro do que o normal, eu desci do carro, travei a porta e guardei as chaves na minha bolsa. Eu cheguei um, um tipo de condomínio ou um tipo de cortiço de casas muito pequenas, eu entrei pelo portão e fui aonde supostamente a mensagem dizia que o meu marido estaria. Eu estendi a mão para bater na porta, mas não foi preciso como eu imaginei que seria, a porta estava entreaberta então eu entrei, as luzes estavam acesas a casa parece ainda menor por dentro, assim que eu entrei imediatamente um odor invadiu as minhas narinas, estava tudo sujo, tudo fedia, aquilo me deu muita ansia de vomito, quase não consegui segurar…
Haviam copos espalhados por todo lugar, embalagens de comida, embalagens de creme de cabelo, latas de coca cola, muita sujeira, muita capoeira, parecia uma cena de crime, eu estava assustada com aquilo, não havia som nenhum, nada ecoava por aquela casa pequena, em cima de uma mesinha dois copos de suco. Pelo menos eu acho que seja.
Eu entrei em um cômodo para ver o que estava acontecendo , e era um banheiro… o meu coração ficava mais acelerado a cada passo que eu dava para percorrer aquela casa que mais parecia um lixão do que um ambiente habitável.
Eu me deparei com uma espécie de cortina que estava dividindo os cômodos,instintivamente eu abri, e me deparei com uma das piores coisas da minha vida, na verdade a pior cena que eu já vi…
O meu marido estava deitado na cama, dormindo completamente nu… Abraçado por ninguém mais ninguém menos que a escória da humanidade, a Solineuza, também completamente nua,também dormindo. Ou seja lá o que era aquilo.
Eu tremi demais, as lágrimas de dor, ódio, nojo e repulsa começaram a descer e escorrer pelo meu rosto, a minha primeira reação além de chorar, foi pegar um copo de água que eu encontrei e derramar neles.
SEU DESGRAÇADOO!!! - eu gritava sem parar, e batia nele com o resto das forças que eu tinha.
SEU NOJENTO, EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ FEZ ISSO COMIGO!!!- E gritava e gritava sem parar, a Solineuza acordou desesperada. O Gabriel demorou um tempo para acordar, mas ele acordou como se estivesse entendendo nada.
Patricia? O que faz aqui? - ele perguntou se sentava na cama segurando as minhas mãos, para impedir que ele continuasse apanhando.
O que eu faço aqui? Seu desgraçado! O QUE VOCÊ FAZ AQUI!- Eu perguntei muito mais histérica do que confusa. A minha respiração estava ofegante.
Você não está vendo o que ele está fazendo aqui?-a Sol falou se cobrindo com o lençol da pequena cama de casal, ou eu deveria dizer do pequeno antro da vulgaridade e do adultério?
E você cale essa boca, se não quiser morrer! -Eu falei para aquela cobra, porque no momento eu estava prestes a usar o meu réu primário , só queria decidir em quem eu ia usar.
PATRICIA, ESPERA, ESPERA, EU TO TENTANDO DESCOBRIR PRIMEIRO COMO EU VIM PARAR AQUI! -O Gabriel gritava e parecia que estava tentando assimilar algo.
Eu estava em casa te esperando a noite inteira, como uma boa esposa, boa demais para você! -eu comecei a falar
A quanto tempo isso vem acontecendo? A quanto tempo está me traindo com essa ai?- Eu perguntei com todo nojo que eu nunca sequer pensei que sentiria um dia.
Já tem uns dois meses…- a Sol falou com a maior naturalidade do mundo.
O que? Não, não tem nada acontecendo entre a gente!! Eu nunca te trai Patricia! Eu não sei exatamente o que aconteceu hoje, mas eu juro que eu encontrei um jeito de te explicar. -ele falou meio grogue, o nojo que eu sentia só aumentava ao olhar para ele daquele jeito, em que tipo de situação a gente estava? Eu acabei de encontrar o meu marido completamente nú, com sua ex-namorada pirada, depois de tudo o que ela fez com a gente… e eu..
Eu vou embora daqui! Vocês dois se merecem…- eu falei antes de sair daquele lixão da mãe lucinda. Ainda consegui ouvir a voz do marido traidor que eu tenho, ou tinha.. eu nem sei mais nada…
PATRICIA! PATRICIA! ESPERA , EU POSSO EXPLICAR! -ele gritava eu apenas saí daquele lugar imundo, eu estava em prantos, soluçando que nem criança, eu não sabia que era possível sentir o coração se despedaçar daquela forma.
Eu corri pela rua… parei um pouco para chorar… eu não conseguia respirar direito. O meu coração acelerava muito, cada batida no meu peito era como levar um soco.. Eu pude sentir os nossos sonhos e metas serem destruídos, todos de uma vez.
Eu não quero nada dele, eu nem quis voltar para casa de carro, eu larguei tudo para trás… Eu continuei andando pela rua, chorosa e desolada, até que senti um arrepio percorrer pela as minhas costas.. Foi algo estranho, algo muito bizarro, foi como um pressentimento.
Eu senti que estava sendo seguida, então comecei a caminhar mais rápido que conseguia, olhei para trás, e consegui ver um homem de capuz. Eu fiquei nervosa então comecei a correr, e ele começou a correr atrás de mim, eu olhava para trás enquanto corria, eu estava tão concentrada em quem estava atrás de mim que nem notei que vinha outro homem também de capuz na minha frente. Eu parei assim que percebi…
-Com licença- Eu disse na tentativa de conseguir sair daquela situação.
Achei que daria certo, mas a única coisa que lembro depois disso foi a pancada que levei na cabeça, as minha vistas ficaram escuras, e eu apaguei.