Capítulo 55
1428palavras
2024-02-25 13:08
Capítulo 55
Patricia
Quando cheguei em casa, eu nunca tinha sentido tanto alívio ao tirar sapatos sem saltos. Eu joguei os sapatos de qualquer jeito na entrada de casa, eu passei tanto tempo sentada naquela cadeira corrigindo provas que as minhas costas não aguentam mais de tanta dor, eu fiquei na mesma posição por horas, estou andando corcunda por conta disso.
Passei pela sala e a dona Marta veio me cumprimentar,com o maior amor do mundo, ela veio até mim e pegou a minha bolsa.
Você está bem querida?-Ela perguntou sendo fofa com sempre.
Estou bem, só me sinto exausta, corrigi provas o dia inteiro.-eu respondi
Mas já? Nossa que rápido.Já está corrigindo prova no seu segundo dia de aula?-Ela respondeu um pouco surpresa.
Sim, mas não são minhas provas, a Casa da Esperança, dá provas para as crianças mais velhas, provas estilo o Enem, para elas irem se acostumando.-eu respondi me jogando no sofá.
Aaah, entendi. Você está com fome, Pati? Quer que eu sirva o jantar agora?-ela perguntou tentando me ajudar, afinal eu estava um caco.
Não precisa servir o jantar agora, está muito cedo ainda, eu vou subir e tomar um banho primeiro. -eu respondi levantando do sofá.
Tá bom Pati, vai lá.-ela respondeu me vendo subir as escadas vagarosamente.
Subir aquelas escadas nunca foi uma tarefa tão difícil, e olha que a poucos meses atrás eu estava com as costelas quebradas. Me sinto exausta, o dia foi um porre, mas ainda sim me sinto feliz, o meu físico está destruído, mas eu me sinto muito feliz por estar fazendo alguma coisa, eu me sinto muito feliz por ser útil.
Apesar da tensão em meus ombros por trabalhar o dia inteiro corrigindo provas, eu me sinto muito muito aliviada por não ficar o dia todo em casa sem fazer nada, eu amo sentir que estou evoluindo.
Tirei toda a minha roupa e entrei no chuveiro, dessa vez eu precisava de uma ducha quente, para poder me sentir relaxada, as vezes a única coisa que eu preciso fazer para me sentir bem é um longo banho quente, eu sinto como se todos os meus problemas fossem embora, é como se cada gota de água que cai do chuveiro e escorre por meu corpo leva junto consigo um problema direto para o ralo.
O meu longo banho vaporoso acabou e eu me senti renovada, eu vesti o meu roupão e enrolei uma toalha de algodão no cabelo, eu tenho essa mania de lavar o cabelo todos os dias. Eu me deitei na cama, porque a preguiça e o cansaço me pegaram, e antes que eu pudesse reagir, eu acabei cochilando. Depois de dez minutos eu acordei, olhei no relógio e percebi que ainda faltava um certo tempo para o meu marido chegar então eu decidi dormir mais um pouco.
Ciranda, cirandinha ,Vamos todos cirandar
,Vamos dar a meia volta, Volta e meia, vamos dar
Eu estou parada em uma distância considerável, onde tem duas garotinhas loiras brincando de roda, elas estão formando um círculo, de mãos dadas girando, e cantando. Tudo parece meio familiar para mim, eu já vi esse lugar antes, é um jardim, um jardim muito bonito, a grama é bem verdinha, existem árvores espalhadas por todos os lados, arbustos e algumas flores. Eu comecei a andar pelo jardim, não havia mais ninguém além de mim e aquelas garotinhas. Elas cantavam e brincavam.
Ciranda, cirandinha,vamos todos cirandar
Vamos dar a meia volta ,volta e meia, vamos dar
O anel que tu me deste,era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas, era pouco e se acabou.
Elas pareciam cantar cada vez mais alto, quanto mais eu me aproximava mais familiar elas pareciam… Quando eu cheguei mais perto, elas simplesmente pararam o que elas estavam fazendo.
Elas ficaram paradas feito duas estátuas de pedra, duas estátuas idênticas, elas usavam um vestido amarelo, cheio de babados, um par de sapatilhas na cor branca e um lacinho branco e amarelo na cabeça.
Eu fiquei observando, ambas estavam de costas, eu cheguei perto o suficiente para vê o quanto elas se pareciam, elas viraram de uma vez, e quando eu as vi, me assustei muito. Elas eram eu, duas meninas, eram duas de mim. Eu fiquei perplexa com isso, fiquei assustada , ela continuam paradas, só que dessa vez me encarando, eu fiquei sem reação, elas eram idênticas,incluindo a roupa que usavam, apenas um detalhe nelas era diferente, elas usam um colar, mas um tinha um P e a outra usava um E. Eu não entendi muito bem do que se tratava.
De repente tudo começou a girar e a música voltou a tocar.
Ciranda, cirandinha,vamos todos cirandar
Vamos dar a meia volta ,volta e meia, vamos dar
O anel que tu me deste,era vidro…
E junto com elas uma voz me chamava….
Patricia… Patricia…
Acordei num susto, o meu coração estava acelerado, a minha respiração estava rápida demais. Eu demorei alguns segundos até me localizar.
Amor? Você está bem?- o meu marido perguntou sentado na cama me segurando pelos braços.
Eu… Eu tive um sonho maluco…-eu respondi ao perceber que foi apenas um sonho estranho.
Está tudo bem amor.- Gabriel respondeu me puxando para um abraço, longo e reconfortante.
Que horas são amor?-eu perguntei depois de finalmente conseguir me acalmar.
São sete horas da noite.-ele respondeu.
Mas já?-eu perguntei
Sim, eu cheguei a um tempo, tomei banho, e trouxe o jantar, você estava dormindo profundamente, e como não dormimos nada essa madrugada, eu achei melhor te deixar dormir.
Ah, eu não sabia que tinha dormido tanto..-eu respondi olhando para o meu marido usando apenas uma calça de moletom na cor cinza.
Você não está com fome, meu amor?-ele perguntou apontando para a mesa posta com os pratos do jantar.
Estou morrendo de fome. -eu respondi.
Então vamos comer.-ele respondeu se levantando da cama e me dando a mão.
Eu só vou me vestir antes de comer,o meu cabelo já está seco, mas eu ainda estou pelada.-eu respondi.
Tá bom, mas está se vestindo porque quer, eu não me incomodo de jantar a minha esposa pelada.-ele respondeu rindo, e tentando olhar dentro do meu roupão.
Você não quis dizer que não se importa de jantar com a sua esposa pelada?-eu perguntei corrigindo ele.
Não meu amor, eu quis dizer exatamente o que eu disse.-ele respondeu rindo de um jeito safado e me puxando para perto dele.
Amor, eu só vou colocar um pijama, e já volto ta bom?-eu respondi
Tá bom.-ele respondeu e foi se sentar na mesa.
O jantar foi delicioso, era algo mais leve que o normal, mas isso não impediu de comermos um prato principal, uma salada e uma sobremesa. Depois de jantarmos, o meu marido e eu fomos para a varanda observar as estrelas, eu contei como foi o meu dia, e o meu marido comentou como foi o dia dele, ele disse que foi chato como sempre, mas me contou sobre algumas fofocas da empresa,e pasmem o meu marido é mais fofoqueiro que eu, dá para imaginar? Ele fingindo ler revistas na recepção na empresa dele, só para ouvir a fofoca do dia? Hahahaha eu não consigo conter o riso só de imaginar a cena. Eu contei a ele sobre a conversa que eu escutei hoje, entre a Geovana e o meu segurança, vulgo melhor amigo do meu marido lindo e fofoqueiro.
Ele riu com o que eu contei, eu tenho a certeza que a Geovana ainda vai ceder e vai acabar dando uma chance para o Gael, e digo mais, eu tenho certeza que ele vai ficar apaixonado por ela.
O meu marido não acha que essa possibilidade seja viável, porque segundo ele, o Gael não é do tipo que se casa,ou do tipo que sequer namora. O meu marido também me contou alguns dos casos do seu amigo mulherengo e adúltero.
Eu fiquei surpresa com a quantidade de mulheres que ele já saiu, eu já esperava que fosse algo assim, o Gael é um homem muito bonito, atraente, e tem lábia, então como eu disse fiquei surpresa mas não chocada.
O meu marido e eu decidimos ir dormir, estávamos cansados da noite anterior, ou deveria dizer da madrugada anterior? Bom, isso não importa muito, nós estávamos cansados e fomos dormir mais cedo. O Gabriel até tentou repetir a dose de ontem, não que eu não quisesse, mas eu estava muito cansada, então dei um beijo de boa noite e fomos descansar, porque o outro dia seria mais cansativo.
***
*barulho da campanhia*
-Olha que lindo menina, são flores para você!