Capítulo 51
Patricia
O fim de semana foi muito legal, e divertido, a dona Marta ficou aqui, eu dei folga no sábado, e no domingo ela não trabalha, como ela não queria voltar para uma casa vazia, ela preferiu passar o domingo aqui também. Foi muito divertido, no sábado comemos panquecas pela manhã, assistimos alguns filmes durante a tarde,e finalmente jogamos o jogo de tabuleiro que o Gabriel havia me chamado para jogar, mas acabamos brincando de outra coisa.
No domingo o clima estava muito diferente do sábado, o sol estava raiando, então nós decidimos aproveitar o dia na piscina, nós tomamos alguns drinks, no começo a dona Marta ficou apenas tomando banho de sol, mas depois de um martine ela decidiu entrar na piscina com a gente. A tarde foi inteiramente assim, colocamos música e brincamos na piscina, em um momento o Gabriel saiu da piscina e voltou com pistolas d'águas , enchemos e brincamos na piscina. O dia terminou com o Gabriel vermelho como um camarão, porque não quis passar protetor solar, assim como eu pedi. Eu tive que passar gel babosa nas costas dele.
O dia amanheceu e a segunda-feira para mim, não poderia ser um dos melhores dias para mim, me levantei no mesmo horário em que o meu marido, apesar dele ter ido direto para a academia e eu tomar um longo banho, eu tenho tempo de sobra, até o horário de finalmente ir a Casa da esperança e começar a trabalhar.
Mas como a ansiedade quase não me deixou dormir, eu optei por levantar cedo para suprir essa minha necessidade de estar pronta antes da hora.
Eu lavei o cabelo, fiz uma hidratação, depois do banho eu aproveitei para secar o cabelo e fazer uma boa maquiagem, algo simples,para me dar a impressão de estar acordada.
A primeira coisa que eu fiz ao sair do banheiro foi passar creme hidratante por todo o corpo. depois que eu estava devidamente marinada, eu coloquei a roupa que eu passei pelo menos trinta e cinco minutos escolhendo.
Eu optei por usar um vestido florido na cor laranja,já que hoje será o meu primeiro dia como professora de arte na comunidade, eu decidi usar algo mais colorido.
E nos pés eu escolhi um par de sapatilhas na cor verde, eu normalmente não me visto dessa maneira, mas eu acho que a ocasião pede algo mais divertido.
Depois de pronta eu desci para o café, eu passei tanto tempo me arrumando que o Gabriel, foi a academia e voltou, tomou banho e se arrumou enquanto eu estava trocando de roupa. Eu não costumo demorar tanto para me arrumar para um compromisso pela manhã, mas hoje o dia era especial. Tomamos café da manhã, e o Gabriel foi trabalhar,assim como de costume, e antes que ele fosse embora, o Gael chegou para trabalhar.
Depois daquele assalto que sofremos, a Geovana se recuperou mais rápido que eu, então ela voltou a trabalhar um pouco menos que quinze dias depois de tudo. Nessa época eu ainda estava com as costelas quebradas então não rolou.
O Gael como de costume fui tomar café,afinal esse cara tem um problema bem sério quanto a cafeína, eu subi para buscar a minha bolça e o material de arte. No meio do material haviam muitas coisas, é claro que a maior parte o Gael já havia colocado dentro do carro, como cadernos de desenho,lápis de cor, canetinhas, giz de cera, tinta guache, pincéis,aventais de plásticos, desses parecidos com o que usam no dentista.
A maioria desses materiais eu estou dando de presente para eles.Os cadernos e os lápis, eles vão levar para casa, porque assim eles podem trazer toda segunda para a aula de arte. Eu quero com isso ensinar a eles um pouco de responsabilidade. Levaremos muita coisa na mala do carro.
Depois que peguei o meu material , no caso o meu classificador, estojo, alguns desenhos impressos para os pequenos, eu não sei exatamente quantas turmas eu terei, mas hoje eu sei que estarei com uma turminha de onze crianças.Estou muito empolgada para dar aula. Eu fui até o carro com a minha bolsa, vulgo kit de arte da professora de arte. O Gael já estava com o carro ligado, e mais uma vez, eu estava com o Gael e outros seguranças, mesmo que isso me incomodasse, nada iria estragar o meu primeiro dia como professora voluntária.
Chegando até a Casa da Esperança,uma hora antes da minha primeira aula, a Geovana me recebeu na porta, ela me abraçou, mesmo que a gente tenha se visto a pouco tempo, a minha boa amiga estava com saudades. Eu admito que também já estava com saudades dela, durante esses três meses ela veio me visitar em casa, conversamos, comemos, claro que ela não podia ir sempre,mas digamos que a nossa amizade se fortaleceu bastante nos últimos meses.
O Gael como sempre, foi dar em cima da Geovana, esse cara não desiste. Acho que ele tem a certeza de que um dia vai rolar algo entre eles, apesar da Geovana não corresponder nunca as investidas do Gael, ele nunca desiste.
Entramos, a Geovana e eu na Casa da Esperança, e seguido de nós duas, o Gael, e os outros dois seguranças, carregando em suas mãos , as caixas que eu havia trazido no porta-malas do carro, com todos os materiais de arte e pintura.
A Geovana achou tudo muito incrível. Ela amou todos os materiais, ela ficou muito grata por tudo, e eu fiquei mais feliz ainda. Depois de levarmos os materiais para uma das salas a Geovana me apresentou a minha instrutora, aparentemente ela quem coordena todas as aulas daqui.
A minha instrutora se chama Mônica, ela é uma senhora alta e esguia, com cabelos compridos, e dentes perfeitos, completamente o oposto da personagem do Mauricio de Sousa. Ela é simpática, e organizada, pelo o que eu entendi ela trabalha aqui a muitos anos, desde que tudo isso foi fundado. Eu não fazia ideia de como era tudo aqui, a primeira impressão que dá é que é um prédio velho e pequeno, mas na verdade é tudo bem espaçoso e tem muitas áreas de recreação.
As crianças vem tomar aulas de reforço aqui, pelo que eu entendi também dão aulas para adultos no turno da noite, alguns adultos que não terminaram a escola, e até outros adultos, alguns idosos também, que nunca foram à escola.
A Monica e a Geovana me levaram para conhecer tudo, sala de arte que é um lugar encantador, colorido, divertido, com diversos desenhos espalhados pela sala. A sala de ciências tinha um esqueleto e alguns tubos de ensaios, tinha até um microscópio, eu me senti naqueles filmes de adolescentes norte-americanos que tem armários na escola.
Na área de recreação a primeira coisa que se nota são as cores, tudo é muito colorido, tudo é muito bonito, tem muitas mesas, mesas grandes e pequenas, espalhadas pelo espaço aberto, também tem uma parte coberta, mas a maior parte é aberta, com muitas plantas, tem uma cantina bem grande no canto da área de recreação.
Saindo da área de recreação, entramos em um corredor grande,onde haviam outras salas, aparentemente salas comuns de aula. Tinha cadeiras de mesas em todas as salas,assim como a cadeira e a mesa do professor. A única coisa que difere a Casa da Esperança de um colégio comum,é que essa instituição foi toda construída graças a comunidade, e com a ajuda dos moradores e de grandes empresas como a empresa do meu marido.
No final do tour, a Geovana nos deixou e foi para a sala dela trabalhar, a Mônica me mostrou tudo o que eu devia fazer. Me deu um calendário com todas as minhas aulas, eu tenho aula quase todos os dias, com exceção das quartas, ela me disse que é o meu dia de folga, mas se eu quiser aparecer por lá e ajudar com a merenda e a limpeza, eu serei bem vinda. Porque normalmente é o que os voluntários fazem , todos eles tem um dia de folga na semana, mas ainda sim eles se revezam para ir até a Casa da Esperança e ajudar a limpar e organizar, o que eu acho muito bonito, além deles doarem seu precioso tempo durante a semana de trabalho, eles ainda vêm para trabalhar na faxina.
A primeira aula do dia começou, a Mônica entrou comigo na sala de arte, ela me apresentou como a nova professora de arte. As crianças me receberam de uma forma muito doce. Essa turma é apenas de crianças entre 5 e 10 anos. Todas elas bem fofas,algumas ainda usam chupeta.
-Olá turma, eu me chamo Tia Patrícia. Mas podem me chamar de tia Pati.-eu disse me apresentando às crianças.
-Bom dia tia Pati!- todas elas responderam em unisom, naquele momento eu soube o quanto aquilo iria me fazer bem.
-Então turma, eu gostaria de conhecer cada um de vocês, então quero que vocês me contem, o nome de vocês, a idade e a cor favorita!- Eu disse aos alunos mais fofos do mundo.
Eu nunca fui professora, mas esse tempo que fiquei em casa, eu fiquei estudando como uma professora deveria se portar, eu passei dias pesquisando como dar aula, como planejar uma boa aula de arte e até como ser amiga dos alunos.
A minha primeira aula foi incrível,as crianças me amaram, pelo menos eu espero que sim, porque eu me apaixonei por cada uma delas.
Eu conheci uma menininha chamada Amanda, ela tem oito anos, e a coisa mais linda que eu já vi, pelo o que ela me contou,essa era a primeira aula de arte dela, ela me deu uma rosa feita de papel, que eu ensinei a fazer hoje na aula. Eu nunca tinha me sentido tão especial quanto hoje.