Capítulo 45
1681palavras
2024-02-21 12:46
Capítulo 45
Patricia
Acordei desesperada, eu estava em um quarto de hospital, eu cheguei a ouvir a voz do meu marido, me pedindo para eu me acalmar,mas eu não conseguia raciocinar direito, pois a única coisa que eu pensava era em como estava o meu bebê depois disso tudo. Eu acabei de descobrir que estou grávida, meu pai ainda não sabe, meu marido ainda não sabe, eu não sei o que aconteceu, nem comigo nem com o meu bebê..
Eu tentei explicar o que estava acontecendo, mas a enfermeira foi chamada e o meu marido saiu do quarto, logo depois entraram uma equipe de três pessoas, que provavelmente eram médicos.
Eles me examinaram, colocaram novamente uma luz nos meus olhos,e a enfermeira foi muito calma e direta comigo. Ela me disse que eu acabei de sair de uma cirurgia, e que foi uma cirurgia de emergência, e apesar de tudo ter ido muito bem, eu precisava me acalmar porque qualquer coisa poderia me fazer voltar para a mesa de cirurgia.
Ela disse também, que eu precisava me manter calma porque independente do motivo da minha agitação tudo seria esclarecido, ela mencionou também que eu iria me sentir desconfortável porque a anestesia acabou de passar. Eu ouvi o que ela disse e só então comecei a raciocinar e consegui me acalmar.
Ela colocou algo no acesso do meu braço, eu perguntei o que era e ela me disse que era um remédio fraco, que me ajudaria a ficar mais calma.
E foi exatamente o que aconteceu, foi como se estivessem colocado camomila direto na veia. eu me acalmei por completo, não lembro muito bem do que rolou porque eu me sentia completamente tonta e dopada, era como se estivesse completamente alheia a tudo aquilo.
Eu apenas ouvia as vozes dos médicos, via alguns vultos. Depois de um certo tempo, eu já estava bem, eu já me sentia calma, e voltei a pensar no meu bebê, eu deveria falar ao meu marido, para saber como estava o meu filho.
Meu marido entrou no quarto , eu estava muito mais calma, mas ainda sim o Gabriel não entendia, então depois que finalmente perceber que eu queria falar com ele, ele parou para me ouvir.
Eu estou grávida!-eu consegui dizer.
Grávida? Como assim? Desde quando?- o meu marido perguntou todo eufórico e confuso.
Segundo o teste que eu fiz hoje, faz três semanas ou mais.
Mas você tem certeza?- ele perguntou ainda confuso.
Tenho… foi por isso que eu fui ao shopping hoje…e… aconteceu… Você já deve saber o que aconteceu…-eu comecei a falar sobre o assalto, e foi aí que eu percebi, ninguém falou para mim sobre o meu bebê.
O bebê! O bebê Gabriel! -eu disse e ele arregalou os olhos com o susto.
Como está o nosso bebê? -eu perguntei e o Gabriel demorou um pouco para ligar os fatos.
Aí meu Deus! O bebê! -ele disse antes de continuar.
Vou chamar a enfermeira!- o meu marido falou e apertou o botão para chamar a enfermeira.
A enfermeira chegou bem rápido no quarto, e nós começamos a falar sobre toda a situação.
...Mas ela está grávida e ninguém percebeu?- o Gabriel perguntou a enfermeira depois de um certo tempo de conversa.
Acredito que deve haver algum engano! O exame de sangue da sua esposa não consta o hormônio Beta-HCG.(Esse hormônio é produzido pelas células do embrião para manter o corpo-lúteo, que tem como função principal garantir a manutenção da gestação.) -A enfermeira falou e para mim e para o meu marido foi como se ela estivesse falando em Grego.
Como assim?- o Gabriel perguntou.
Nós tivemos que fazer alguns exames antes da cirurgia, e um deles foi o exame de sangue para ter certeza de que tudo estava bem com a paciente. Normalmente quando a paciente está carregando um embrião, o exame de sangue aponta a existência do hormônio Beta-HCG, que é o hormônio que o “bebê produz”-ela explicou de forma mais simples.
Então, o que isso quer dizer?-ele perguntou a enfermeira, que por sinal é muito paciente. Eu já estava completamente perdida no meio dessa conversa.
Quer dizer que a sua esposa não está grávida.-ela disse na maior das paciências.
Eu perdi o meu filho?-eu perguntei já com lágrimas nos olhos.
Não exatamente.-Ela começou a falar mas o meu marido curioso interrompeu.
Então o bebê está aqui? ele está bem depois da cirurgia?-ele perguntou parecendo mais desesperado que eu, é claro que por mais alterada que eu estivesse, eu não conseguia transparecer, porque a droga que injetaram na minha veia era forte o suficiente para me manter lenta por um bom tempo.
Olha senhora, e senhor, vamos fazer o seguinte. Eu vou chamar a doutora Liz, para ela poder explicar a sua situação, de uma forma melhor, e assim nós podemos conversar e saber o que está acontecendo. - A enfermeira falou, tentando achar um meio termo. Aparentemente ela também estava começando a ficar confusa.
Acho uma ótima ideia.-o meu marido respondeu.
Quem é a doutora Liz?-eu perguntei à enfermeira.
É a médica responsável pelo seu caso senhora.-Ela respondeu gentilmente.
Tá bom, então pode chama-la.-eu respondi e nesse momento parece que a substância que me deram era mais forte do que eu pensei, porque eu comecei a ficar cada vez mais lenta,e mais sonolenta, a minha visão estava ficando turva. A enfermeira saiu e foi em busca da doutora liz eu imagino. Eu acabei lembrando de uma coisa. Hoje nós tínhamos um compromisso importante.
Amor!- Eu chamei a atenção do meu marido.
Sim, meu amor?-ele respondeu todo fofo.
Que horas são?-eu perguntei com a voz um pouco arrastada.
São onze da noite meu amor. Porque ?- ele perguntou curioso.
Você acha que seu pai vai ficar muito bravo com a gente pelo atraso?-eu perguntei a ele.
Atraso? Atraso de que?-o meu marido mais esquecido que eu me perguntou.
Não era hoje o jantar com a sua nova madrasta?-eu perguntei ao meu marido
Puta que pariu!- ele gritou
Você já falou com ele?-eu perguntei, ao ver o desespero do meu marido.
Não falei com ele, eu esqueci de desmarcar, espero que ele não tenha esperado muito tempo.-ele disse procurando o celular no bolso.
Liga para ele meu amor.-eu sugeri.
Claro minha vida, eu vou ligar para o meu pai, assim que resolvermos com a doutora Liz, por agora eu só vou enviar uma mensagem para o meu velho ,só pra ter a certeza de que eles ainda não estão plantados naquele restaurante.
O Gabriel mandou mensagem para o pai dele, ele me disse que o pai dele tava puto com ele, mas entendeu a situação assim que o meu marido explicou o que tinha ocorrido, então ele disse que ligava depois e o meu sogro entendeu. Depois disso o meu marido notou que a enfermeira estava demorando. Eu estava tão sonolenta devido às drogas,e após a pós-cirurgia,que eu nem notei que a enfermeira estava demorando tanto.
O meu marido disse que era para eu tentar dormir um pouco que ele iria atrás da enfermeira, assim que ele disse isso, a enfermeira bateu na porta, ela disse que queria falar com o meu marido.
Ele se aproximou de mim, me deu um beijo na testa e disse que eu precisava dormir um pouco. Porque eu tinha acabado de sair de uma cirurgia, era óbvio que estaria cansada.
Ele me pediu para dormir, é claro que eu não estava em condições de dizer negar, eu estava cansada demais para discutir, mesmo precisando resolver essa situação e descobrir o que houve com o meu bebê.
O Gabriel saiu do quarto,eu tentei ficar acordada, mas acabei apagando.
***
Gabriel
Eu dei um beijo na testa da minha esposa e fui em direção a porta do quarto. A enfermeira me esperava do lado de fora do quarto. A cara dela não me passava nada, então eu não tenho como ter certeza do que está acontecendo.
Sim, pois não?-eu respondi tentando não parecer nervoso.
Infelizmente a doutora Liz já encerrou o seu turno. E agora de noite não teremos como resolver essa situação. -Ela disse com a cara mais limpa do mundo.
Entendo, mas essa é uma situação meio confusa, e de uma certa pressa, não acha?-eu respondi com a cara mais limpa ainda.
Olha senhor Almeida. A única pessoa que pode nos ajudar no momento não está no hospital, eu posso ligar para ela, mas ela só poderá retornar amanhã pela manhã.-ela começou a explicar.
A sua esposa acabou de passar por uma cirurgia, ela está cansada , precisa de um descanso. Eu entendo que a situação pede por um esclarecimento.Mas pelo o que eu já te contei, você já deve ter percebido que não vai ser possível resolver agora.-Ela respondeu me convencendo.
Mas e o meu filho? Eu preciso saber o que…-ela me interrompeu, antes que eu começasse a fazer birra como uma criança faz quando não quer comer os legumes do prato no almoço.
Senhor Almeida, eu vou ligar para a doutora Liz, e amanhã pela manhã esclarecemos tudo. Enquanto isso, deixe a sua esposa descansar, Aproveite o leito de visitantes que colocamos nesse quarto, aproveite e durma um pouco também.-A enfermeira falou, e eu percebi que ela estava completamente certa. Afinal o dia foi uma loucura, a Patrícia passou por muita coisa, eu não quero perturbar a minha esposa agora, logo agora que ela está descansando.
Eu concordei com a enfermeira e acabamos a conversa com a promessa de que tudo seria resolvido no outro dia pela manhã, assim que a doutora Liz pisasse os pés naquele hospital.
Então eu entrei no quarto,fui me espremer na caminha de solteiro que colocaram para mim, eu sou um gigante comparado aquela cama, senti como se me colocassem para dormir na cama de uma criança de dez anos. Eu demorei muito para pegar no sono, além da cama ser pequena era extremamente apertada. Eu dormi por algumas horas, mas cada vez que a Patrícia se movia eu acordava, o que não é muito comum, já que eu tenho um sono muito pesado.
***
-Você nunca esteve grávida!