Capítulo 35
1681palavras
2024-02-09 09:57
Cheguei no trabalho mais tarde do que o normal, afinal a minha esposa estava passando mal, na verdade eu nem teria vindo para a empresa hoje se ela não tivesse insistindo, e se eu não tivesse uma reunião muito importante com os investidores, eu nem teria pisado os pés por aqui.
A questão principal da reunião de hoje é que estamos precisando de mais investimentos para o projeto principal da empresa. A reunião começará em duas horas, e eu só tenho tempo de revisar o relatório semestral e mais algumas pendências.
Assim que a reunião acabar eu vou para casa ver a minha esposa. Enquanto eu reviso os relatórios para minha surpresa recebo um telefonema nada comum.
Alô?- Eu falei assim que tirei o telefone fixo do gancho.
Gaba?-A voz assustadora do meu pai soou do outro lado.
Sim pai, sou eu.-Eu respondi , mas sem prestar muito atenção na conversa, afinal
Eu estava muito ocupado naquele momento para ficar de papo furado, mesmo sendo com o meu velho.
Gaba meu filho, como está você? E como está a sua esposa?-ele perguntou aparentemente sem pretensões.
Estamos bem, a Patrícia se sentiu mal pela manhã , mas nós estamos muito bem.- eu respondi sendo educado.
Fico muito feliz meu filho, eu também estou ,muito bem, caso você se importe- disse o meu pai já começando a fazer seu drama de sempre.
Pai, eu não estou com tempo hoje, então por favor, seja o que for, fale rápido.-respondi meio rude,afinal eu estava atolado no trabalho, porque caralhos eu iria ficar de papinho?
Ok, meu filho, eu sei que você é ocupado,e como tão carinhosamente insistiu para que eu fosse rápido, eu vou adiantar o assunto.-Ele respondeu usando o seu tom sarcástico de sempre.
Claro, eu agradeço muito se puder me fazer esse favor.-Eu respondi ainda levemente nervoso.
Eu queria convidar você e a sua esposa para jantarmos.-ele disse finalmente.
Claro, aonde?-eu respondi
No La vie en rose, às 20 horas.-ele respondeu.
Ok, não se preocupe, vou falar com a minha esposa e eu ligo para confirmar amanhã.-respondi ao meu pai.
Certo, então eu vou esperar pelo seu telefonema.-ele respondeu.
Ok, tchau pai.-eu respondi.
E filho, eu não estarei sozinho.-ele respondeu e desligou o telefone.
Mas eu já tinha cogitado essa possibilidade. Desde que a minha mãe morreu, o meu pai teve várias namoradas,ele nunca chegou a se casar com nenhuma, seus relacionamentos foram todos muito breves, eu cresci com a esperança de ter uma nova mamãe, mas o meu pai nunca me deu esse presente.
Quando eu completei doze anos o meu pai ficou noivo pela primeira vez, ele iria se casar porque tinha engravidado uma mulher de vinte e três anos, mas depois ele acabou descobrindo que o filho não era dele, e foi uma confusão que só, eu tenho quase certeza que a moça fugiu, porque ela sumiu, eu realmente espero que ela tenha fugido.
Quando eu estava prestes a fazer treze anos o meu pai apareceu com a segunda noiva, e detalhe que quatro meses antes ele tinha tido uma namorada meio hipster.
A segunda noiva era um pouco mais velha , era uma ruiva, alta , um pouco mais velha, essa tinha trinta e quatro anos de idade, eles realmente pareciam apaixonados, o meu pai a pediu em casamento em um jantar em família, eu fiquei feliz, porque eu realmente queria que o meu pai fosse feliz de novo, e talvez houvesse a possibilidade de sermos uma família feliz de novo.
Mas para o meu azar, e para o desgosto mortal do meu pai, a noiva dele fugiu no dia do casamento com uma mulher, o meu pai ficou plantado duas horas naquele altar, e ele só recebeu um bilhete escrito à mão, avisando que a sua noiva não queria mais se casar com ele, porque ela estava apaixonada pela melhor amiga dela.
Meu pai ficou muito angustiado, e a sua festa de casamento, virou um clube cheio de gente bêbada comemorando o fracasso dos seus relacionamentos amorosos, mas o nhoque daquele jantar estava ótimo.
Depois disso o meu pai apenas parou de procurar casamento e apenas namorava, e saia com várias mulheres diferentes. Então eu cresci vendo o meu pai ser um galinha, e é como dizem não é? Uma maçã não cai tão longe da árvore.
Acabei me tornando um galinha,saia e pegava geral, aí eu conheci a Sol e antes de começarmos a namorar, eu continuava saindo e pegando geral. Nós namoramos, e quando nós terminamos eu voltei para minha vida de farra e pegação. Mas é claro, tudo até conhecer a minha princesinha.
Eu sempre ouvia coisas do tipo, “quando você conhecer a mulher certa, você vai mudar”, “uma mulher resolve esse teu problema aí” e coisas desse tipo. E eu obviamente nunca acreditei, mas tudo isso mudou quando me casei com a Pati.Como eu amo aquela mulher, Meu Deus!
Depois da ligação do meu pai eu continuei lendo os relatórios e terminei o que estava pendente,logo em seguida eu fui para a reunião com os investidores.
A reunião foi longa, cerca de três horas e meia, mas para a minha sorte, tudo deu muito certo, conseguimos assinar o acordo, e logo conseguiremos fazer dar certo.
Como eu já havia dito, assim que acabei a reunião eu encerrei o dia e voltei para casa, apenas trinta minutos mais cedos que o normal, peguei o carro e fui em direção a minha casa, no caminho eu decidi passar na farmácia, para pegar remédio para enjoo, aproveitei e peguei mais alguns preservativos, afinal sempre é bom estar prevenido,a Patrícia sempre me ataca, e eu amo quando isso acontece.
Comprei também chiclete sem açúcar porque eu gosto de mascar, e comprei duas barras de chocolates para a minha esposinha,se ela estiver melhor, ela pode comer um chocolatinho para deixar o seu humor melhor.
Depois de comprar tudo o que eu precisava, voltei para o carro, de bom humor, e pronto para enfrentar o trânsito infernal de São Paulo.
Sinceramente, as vezes eu cogito a ideia de ir de metrô para todos os lugares, e as vezes só por causa do trânsito eu cogito a ideia de dissolver a empresa e virar youtuber, assim eu poderia gravar vídeos em casa e postar, tudo isso só para não ter que pegar trânsito.
***
Patricia
Desci as escadas de mansinho, para que eu não fosse obrigada a voltar para cama, o Gael estava no sofá mexendo no celular.
Que folgado em?-eu falei chamando a atenção do meu segurança.
Oba patroinha, beleza? Tá fazendo o que de pé?-ele me perguntou se levantando e guardando o celular.
Nada demais, apenas vim falar com a dona Marta para saber se tem algum doce para mim, estou morrendo de vontade de comer um bolo de chocolate, sabe.-eu respondi ao meu segurança folgado e intrometido.
Eu não se ela tem , mas se tiver me avisa, porque eu sou louco por bolo de chocolate, ainda mais se for um feito feito pela dona Joana.-ele respondeu, a dona Marta não costuma fazer os bolos aqui em cas, ela apenas os compra na mão da dona Joana, eu não sei se é porque os bolos e as tortas da dona Joana são as melhores, ou se é porque a dona Marta não sabe fazer bolo, talvez seja por ambas razões, afinal uma possibilidade não anula a outra.
Ok, eu vou lá na cozinha conferir.- eu respondi e fui até a cozinha.
Dona Marta… -chamei mas a cozinha estava vazia, então eu tinha duas opções, ir procurar por dona Marta o que levaria alguns minutos, ou eu procuraria pelos doces sozinha, e é óbvio que eu escolhi a opção mais fácil.
Comecei abrindo a geladeira, encontrei meio pudim na geladeira, peguei a travessa e coloquei em cima do balcão, então logo em seguida abri o freezer e encontrei um pote de sorvete de chocolate,e é óbvio que eu peguei também, então eu fui até o armário e peguei uma tigela e um prato,coloquei em cima do balcão e voltei até o armário abri a gaveta e peguei duas colheres e uma faca.
Coloquei as duas colheres no balcão e então eu parti o pudim com a faca e coloquei no prato, peguei um pouco da calda do pudim com a colher e coloquei por cima, então com a outra colher em peguei o sorvete, e coloquei na tigela.
O cheiro do sorvete e do pudim invadiram as minhas narinas, e foi como eu pudesse sentir a serotonina subir de nível no meu corpo.( A serotonina, conhecida como o hormônio da felicidade, é um neurotransmissor.)
Depois de alguns segundo começando a comer a segunda fatia de pudim e a minha provável terceira bola de sorvete de chocolate, a dona Marta e o Gael entraram na cozinha e me pegaram em flagrante comendo tudo aquilo, eu não tive como reagir a não ser, usar a justificativa de que eu queria comer bolo mas não achei então eu comi pudim, eles riram da minha cara, eu a patroa tentando explicar a eles ,meus funcionários, o porque eu estava comendo na minha própria casa.
Menina, sabe que não tem problema nenhum você comer o que tem na geladeira, o problema,é que você estava vomitando a poucas horas, seu organismo não está pronto para ingerir esse tipo de comida.-A dona Marta me disse, sendo a pessoa mais paciente possível. Eu realmente gosto dela, ela sempre cuida de mim como se eu fosse a sua própria filha.
Verdade Patrícia, você deveria tomar cuidado com essas coisas.-o Gael disse concordando com a dona Marta.
Eu só concordei com a cabeça, e á vi pegando e guardando a bandeja do pudim e o pote de sorvete, que por um acaso eu deixei em cima do balcão enfeitando tudo. Eu só continuei me empanturrando de pudim e sorvete de chocolate, no início essa mistura estava realmente muito estranha, mas depois ficou tão bom, que eu não consegui parar de comer. Eu comi com tanta vontade que parecia que eu não comia há pelo menos dois meses e meio.