Capítulo 19
1729palavras
2024-01-31 20:50
Capítulo 19
Patricia
Não fui capaz de dormir, sabendo que a qualquer momento aquele psicopata poderia entrar aqui e tentar fazer algo comigo, se existe alguma chance de eu sair dessa baita situação de merda, com vida e ilesa, é fingindo que estou de acordo com aquele energúmeno.
Pela manhã, o Luiz bateu na porta, eu sabia que já tinha amanhecido porque pude ver pela pequena janela do quarto.
Já está acordada?-sua voz que antes parecia suave, e que agora me dá calafrios soou através da porta.
Sim!- engoli o medo e o nervosismo e respondi.
Bom dia flor do dia!-O Luiz disse ao entrar com o sorriso mais sínico e assustador que eu já vi na minha vida inteira.
Bom dia… -respondi forçando um sorriso amarelo.
Está com fome, meu amor?-ele me perguntou como se realmente fossemos um casal apaixonado. A cada segundo com esse maluco, é um segundo de arrependimento a mais na minha vida. Juro que se arrependimento matasse, eu teria morrido e matado as minhas reencarnações.
É… eu estou, e tomei uma decisão, será que podemos conversar?-eu disse me sentando na cama,e o fazendo sentar também.
É claro que podemos conversar ,meu moranguinho.-ele disse sentando na cama,e eu tive que segurar a enorme náusea que tive ao ouvir ele me chamar daquela forma.
Eu quero que a gente dê certo!- Mentira.
Mas eu preciso que tenhamos um laço de confiança, pode por favor não me trancar no quarto? Eu não gosto de lugares apertados. Eu juro que vou me comportar. Por favor…- eu disse e percebi que de algum jeito eu tenho algum efeito sobre esse maluco. Então resolvi usar isso ao meu favor.
Olha Pati, não é que eu não confie em você meu moranguinho. A questão é que eu não quero que fuja para um lugar perigoso, eu quero e tenho que te manter segura. Esse é meu dever e obrigação como o seu salvador.
Olha, Luiz… digo meu amor…- usei todas as minhas forças para conseguir pronunciar aquela frase sem vomitar.
Você não precisa se preocupar, eu vim com você por que eu quis, e não há nenhum motivo para eu querer fugir.- Eu continuei, e aparentemente estava funcionando. Os olhos daquele imbecil não passavam nada além do que desejo e paixão.
Mas ainda sim Pati…- ele continuou hesitante, por isso tive que tomar uma medida drástica. Respirei fundo e engoli todo o nojo que eu sentia, segurei o rosto daquele psicopata e o beijei. Foi apenas um selinho um pouco demorado, foram os piores segundos da minha existência,mas era a minha única chance de escapar, eu não podia deixar passar.
Depois dos segundos que pareceram anos, senti que o maldito psicopata, já estava caindo na mentira que inventei,então ele perguntou se eu queria comer, perguntei o horario e ele me disse que já passava das nove horas da manha e que deveriamos nos apressar pois o café da manhã ia até as dez horas. Me levantei e disse que precisava ir ao banheiro, como não havia banheiro no quarto, apenas um no corredor eu deveria ficar na fila esperando, eu o convenci a descer e me esperar no restaurante, como havia mais de 5 pessoas na minha frente ele resolveu descer e me esperar por lá.
Após ter certeza de que ele já estava longe, eu pedi o celular emprestado para um moço que estava a minha frente, ele não queria emprestar, mas insisti e a mulher que estava com ele,falou para me emprestar. Eu agradeci muito, e disquei o único número que sabia de cór, o número da casa do meu pai..
Chamou por alguns minutos e nada, chamou novamente, e quando eu já ia desistindo, o meu pai finalmente atendeu.
Alô?-Meu pai falou do outro lado da linha.
Pai, sou eu, por favor presta atenção , eu não tenho muito tempo.
Patricia, minha filha, o que houve? Onde você está? Porque está tão nervosa?
Pai, pai, por favor, só me escuta, tá bom.
Ta bom minha filha, por favor fale.
Eu fui sequestrada pelo capanga do meu marido, ele quer me levar para fora do Brasil, eu não sei exatamente quando, mas eu acho que ele não vai perder tempo, acabei de pegar esse telefone emprestado, estou em uma pousada chamada…
Por favor , qual o nome dessa pousada?-perguntei ao hóspede que me emprestou o celular.
Pousada Maria Flor.- O homem me respondeu.
Pousada Maria Flor, eu não sei exatamente o endereço, por favor me salva eu não tenho muito tempo.. por favor me ajuda, liga para o meu marido e diz onde eu estou e…- fui interrompida por um puxão no braço e tive o celular arrancado da minha mão.
Eu sabia que não deveria ter confiado em você!Estava fácil demais.- O Luiz falou de uma forma grosseira e cruel. Me puxando pelo braço ele me levou direto para o quarto e me jogou na cama.
Eu vou comprar roupas mais discretas, porque todas as roupas que trouxe são de marcas muito luxuosas, para estar por aqui, e não quero levantar nenhuma suspeita, fique aqui. -ele disse trancando a porta.
Eu não acredito que me permitir chegar nessa situação, estou sozinha, com um maldito piscopata maluco, que acredita que tem algum tipo de relacionamento duentiu comigo. Estou sem família, sozinha, num lugar perigoso, bem longe de casa e bem longe do Gabriel, que provavelmente nunca vai me perdoar depois de uma loucura tão grande quanto essa.A minha única esperança vai ser o meu pai me achar antes desse cretino tentar me levar embora.
***
Gabriel
Tentei rastrear o celular do Luiz, mas não consegui nada, coloquei muita gente envolvida, chamei todos os seguranças, procurei pelos parentes do Luiz, e ninguém sabe onde ele pode ter ido, achei que pudessem estar mentindo, investiguei e não encontrei nem rastros daquele idiota, eu não sei porque ele está fazendo isso comigo, porque ajudou a Patricia fugir, ou se sequestrou a minha esposa,eu não entendo, nós sempre fomos chegados.
A Sol veio, pareceu muito preocupada, chorosa, desesperada até demais, afinal mesmo sendo amigas, eu sei que em algum lugar daquela cabeça de vento , está o pensamento que se algo acontecer a minha mulher ela seria a primeira pessoa a quem eu recorreria para afogar as mágoas. O que é uma completa mentira, eu nunca a amei de verdade, como eu disse a minha esposa, eu apenas fiquei com ela para matar o tempo, e porque a Sol é uma mulher muito insistente, mas fora isso, não sinto nada por ela.
O Gael, saiu investigando pela comunidade mais cedo,e a Giovanna foi com ele para ajudar.Olhei as câmeras de segurança e vi as filmagens de antes da festa, a Patrícia deixou uma pequena mala de mão perto do jardim. E depois de uma hora e meia o Luiz entrou aqui em casa e pegou a mala, carregou até o carro e entrou. Eu não sei exatamente o porque a Patrícia iria fugir de mim dessa maneira, se ele queria o divorcio nós podíamos fazer alguma coisa.
Gabriel, aonde vai?- a Sol perguntou ao me ver descendo as escadas arrumado.
Vou ao escritório, preciso resolver alguns assuntos.-respondi a ela.
Preciso falar com você.- A Sol disse um pouco séria parecendo nervosa.
Precisa ser agora?-perguntei, sinceramente não tenho tempo para os seus dramas agora.
Precisa!- ela respondeu.
Certo, seja rápida.-respondi de forma ríspida meio sem paciência.
Eu queria te dizer antes Gaba, eu poderia ter evitado isso, mas fiquei com medo. Você poderia achar que estivesse mentindo. Então preferi não contar…-ela falou me deixando confuso.
Que porra é que você está falando em?-perguntei sem entender.,
Eu vi… Eu vi a Patricia e o Luiz , vi eles juntos.- Ela disse.
Mas isso é óbvio, ele era o segurança dela, é óbvio que estariam juntos.-respondi querendo encerrar a conversa.
Não dessa forma Gabriel!- ela respondeu.
Então de que forma em? Seja rápido, eu não tenho tempo para essas suas noias.- retruquei
A alguns dias, os vi juntos, no jardim, eles estavam muito próximos, então apenas observei de longe por um tempo, e quando eu ia me aproximando, eles se beijaram. Eu não sei a quanto tempo isso vem acontecendo Gaba, talvez eles sejam amantes, eles devem ter fugido juntos,talvez ela não tenha sido levada a força.-Ela disse tudo de uma vez, e eu apenas fiquei pensando em tudo aquilo.
Eu preciso ir Sol.-respondi me dirigindo até a porta.
Você não pode estar tão cego por ela, Gabriel! O maior cego é aquele que não quer ver! Ela não te quer, ela nunca te quis!- a Sol continuou falando, tentando acompanhar meus passos.
Apenas caminhei até a garagem e dirigi até a empresa. Tive uma reunião mas não consegui prestar atenção em nada, as coisas que a Sol me disse realmente me abalaram muito. Realmente está sendo tudo tão difícil para mim,a provável fuga, ou provável sequestro da minha esposa, o beijo que supostamente a minha ex-namorada viu entre a minha esposa e o meu segurança que por um acaso é um amigo de décadas, bom nesse caso, era um amigo né. A reunião e o dia estão sendo um porre, eu não vou conseguir passar o resto do dia aqui, com toda essa situação. No horário do almoço, avisei a minha secretária para limpar a minha agenda dos próximos três dias, pois eu não estava com cabeça para resolver nada. Eu realmente estou na esperança de que eu possa resolver essa situação nos próximos três dias, eu não tenho nenhuma pista sobre onde pode estar a minha esposa agora. Peguei o elevador e desci até o saguão da empresa, passei o crachá pela porta e pedi para que trouxessem o meu carro. Assim que ele chegou, entrei e dirigi em direção a minha casa, quando estava no meio do caminho, recebi uma ligação da minha secretária, avisando que o meu sogro ligou para mim,e que precisava falar comigo, eu disse para passar a ligação.
Alô?- falei para o meu sogro.
Gabriel, sou eu, Carlos Eduardo.-o meu sogro disse.
Eu sei seu Cadu, aconteceu alguma coisa?-eu respondi.
Sim! A Patrícia me ligou agora a pouco.
A Patrícia? E como ela está?-perguntei desesperado.
Ela foi sequestrada, ela precisa da sua ajuda! Ela disse que está em uma pousada! O nome do lugar é Pousada Maria Flor! Por favor, Gabriel, encontre a minha filha.- o meu sogro implorou.