Capítulo 15
Patricia
Gabriel e eu conversamos um pouco sobre nós, ele fez inúmeras declarações para mim.Conversamos sobre quase tudo, sobre nós, sobre nosso relacionamento, sobre como nós podíamos fazer funcionar, mas em momento algum ele mencionou sobre a sua agressividade, ou sobre seu problema com violência, eu também não mencionei.
É em momentos assim que quase me arrependo de querer fugir para longe dele, porém para minha sorte ou para o meu azar, o meu sexto sentido apita me avisando para tomar cuidado, afinal Gabriel ainda é alguém perigoso para mim. Mas você acha que isso me impediu de dormir com ele? Óbvio que não. A essa altura do campeonato eu já estava bêbada,em casa, com um marido gostoso desse, é óbvio que o fogo ia falar mais alto. Encarei também como uma despedida daquele corpo maravilhoso.
O meu futuro ex-marido me carregou para o quarto no colo, eu estava começando a ficar cansada, e o álcool bateu só quando chegamos em casa.
O meu marido não queria forçar nada, ele foi muito gentil e carinhoso, ele realmente estava disposto a tentar um novo começo, pena que na verdade já era o fim. Depois de atacá-lo chegamos aos finalmentes , aproveitei cada segundo e cada pedacinho daquele corpo escultural esculpido por deuses da beleza, e fui dormir como um anjinho.
***
Quando me levantei a umas duas horas e meia atrás, fui direto para o banho, o Gabriel já tinha ido trabalhar depois de voltar do treino. Durante o banho reparei nas marcas pelo meu corpo, algumas marcas roxinhas,outras vermelhas, foi uma das melhores noites da minha vida. Eu não consegui conter as minhas lágrimas, então chorei como uma criança, chorei até sentir que a água corrente levou um pouco da minha dor direto para o ralo. Todos os dias eu sinto que um pedaço de mim está sendo levado, mesmo que aqui nessa casa, o ambiente não seja pesado, eu sinto como se todas as minhas energias estivessem sendo sugadas.
Quando fui até a cozinha comer, encontrei Geovana, nós conversamos e mais tarde depois do meu café da manhã, a Geovana foi para casa ajudar a sua avó com os bolos. A Sol me chamou para conversar e finalmente me contou o plano de fuga. Depois de amanhã é a festa de aniversário da Sol, A festa vai acontecer um pouco distante daqui, a Sol achou que seria o momento perfeito para distrair o Gabriel enquanto eu fujo. Pelo o que entendi, ela vai distrair o meu marido , no meio da festa, enquanto o Luís vem pegar uma mala pequena que eu já vou deixar pronta aqui em casa, como eu sempre tive o costume de deixar uma mala pronta para viagens inesperadas, eu sou muito boa em fazer isso. Quando o Gabriel estiver muito distraído, eu vou sair da festa , e encontrar o Luís, que vai me levar de carro até a rodoviária, e me entregar a passagem para uma cidade no interior do Rio de Janeiro. A Sol vai me emprestar um dinheiro, eu não vou levar celular, vou apenas levar minha carteira com documentos. Fiquei muito agradecida ao saber que o Luiz iria me ajudar, por que ele é uma boa pessoa, alguém de confiança, só fico triste em saber que ele terá de fazer esse sacrifício por mim, afinal ele também é um amigo para o Gabriel, ele terá de sacrificar a amizade de anos , só para eu poder fugir daqui, realmente não tenho palavras para agradecê-los, tanto a Sol que tem sido uma amiga para mim,e ao Luiz que vai me ajudar.
Hoje está tudo uma loucura por aqui, a festa será logo, e como está tudo muito em cima, tivemos que experimentar aperitivos, entradas, coquetéis e bebidas. De aperitivo a Sol e eu votamos por alguns frios, alguns tipos de queijos e 2 tipos de canapé, um de camarão e um ovolactovegetariano. Para as entradas, escolhemos 3 tipos , espetinho caprese ao molho pesto , que é um tipo de entrada que eu realmente gosto, escolhemos também um petisco de maçã caramelizada, rúcula e parma, desse eu não gosto muito por conta da parma, mas é bem gostosinho para quem gosta de parma, e por último escolhemos um tartare de tomate com carambola, que nada mais é que tomate amarelo picado com carambola e limão seciliano, uma entrada gostosa simples e completamente vegana. Para os coquetéis optamos por cinco opções, afinal o povo brasileiro gosta de beber. Teremos Mojito,
Manhattan,Espresso martini,Margarita e Dry martini, esses drinks serão servidos pelos garçons,e também haverá um bar com cerveja e outras bebidas à vontade.
A festa não terá jantar, porque é uma festa mais para dançar e curtir, mas a Sol fez questão de colocar mesas de buffet, terá uma mesa de doces finos, uma de salgadinhos em geral, e até mesmo uma de sorvetes e açaí. Ela convidou muita gente, uma galera da alta sociedade, umas pessoas que ela conhece a bastante tempo , fora os amigos íntimos, familiares e conhecidos, a Sol realmente tem bastante dinheiro.Chega bateu a saudade das festas que eu ia em Milão, claro que nunca chegam aos pés das festas no Brasil, mas ainda sim, depois de muitos anos a gente se acostuma, ou como se diz em italiano Non ci piove (Não chove nisso. Sem dúvida! Não se discute!).
Estranhamente a dona Marta não foi convidada para a festa, achei um pouco injusto, mas como ela preferiu pedir o dia de folga, achei que talvez tenha sido decisão dela não ir. Mas olhando por outro lado, não é tão ruim, afinal de contas será mais fácil esconder a minha mala dela, e deixar em um local no qual o juiz possa ver e levar para o carro.
***
Estamos a poucas horas da festa,e o Meu marido está no banho, fiz ele tomar banho em outro banheiro, porque disse que demoraria usando o quarto, então ele levou os seus pertences e a sua roupa para outro lugar, enquanto isso, alcancei uma mala pequena que estava em minhas coisas, como tudo aqui Gabriel quem comprou não vou levar muitas coisas, apenas o necessário para alguns dias, vou viver em alguma pensão ou avenida no Interior do Rio de Janeiro e conseguir alguma emprego, qualquer coisa que me dê um sustento por alguns meses, e depois eu vou ver como eu me viro. Peguei algumas mudas de roupa,nada muito exagerado, apenas umas calças jeans e umas blusas e dois vestidos, peguei também além de algumas calcinhas, desodorante, perfume, escova de dentes e um creme de cabelo, para calçar peguei um par de sandálias rasteiras e par de tênis branco. Eu pensei em escrever um bilhete para o Gabriel, mas seria difícil demais para mim, então eu decidi apenas dizer adeus sozinha.
As oito horas da noite Gabriel já estava pronto, ele vestia uma calça simples escura,uma camisa na cor branca de gola alta que o deixava elegante, calçava um par de sapatos casuais na mesma cor da calça. Desci as escadas para encontrá-lo, eu estava usando um vestido curto rodado, na cor fuxia, sapatos baixos, com um pequeno salto, uma pulseira de pérolas, que inclusive é a que eu mais gosto.
Gabriel me cumprimentou com um selinho, e me elogiou como sempre, saímos de casa em direção ao seu carro. A casa vai ficar vazia, é muito segura, então não tem problema, a dona Marta está de folga hoje a noite e o Luiz também está de folga ele pediu essa folga faz um tempo,então acredito que já estava tudo planejado com a Sol.
Deixei meu casaco de propósito em cima da cama, quando chegamos na garagem, falei ao Gabriel sobre o meu casaco, ele disse que iria pegar,mas eu disse que iria rapidinho, e que era para ele ir tirando o carro da garagem.Ele concordou, eu subi bem rápido, peguei a minha mala e coloquei atrás de um vaso de planta na entrada da casa, peguei o meu casaco tranquei a porta e fui em direção a entrada onde o Gabriel já me esperava.Entrei no carro coloquei o cinto e foi quando o Gabriel perguntou se eu estava bem, que eu percebi o quanto estava nervosa, minhas mãos suavam e tremiam, ao olhar em um dos espelhos retrovisores do carro eu pude ver o quão pálida eu estava.
-Estou bem,não foi nada, é que eu corri vindo para cá.-respondi tentando disfarçar.
-Não precisava correr Pati, eu te esperaria de qualquer forma.-ele respondeu olhando de forma carinhosa e compreensiva para mim. Ai, aquele olhar, fico um pouco triste em saber que será a última vez que vou vê-lo, sei que vou sentir saudades e que vai ser difícil superar, mas estou fazendo isso pela minha segurança.
-Quer um pouco de água?-o meu marido me perguntou estendendo para mim uma garrafa de água mineral ainda gelada.
-Claro! -aceitei, e ele abriu a tampa para mim.
Fomos sozinhos no carro dele para a festa, mas o Gabriel nunca está só, o Gael veio para a festa como convidado e os outros seguranças estão por aqui também, mas um pouco despercebidos acredito eu. Logo na entrada da festa, damos de cara com um segurança enorme ,tanto de altura quanto de músculos, e uma recepcionista,ambos usando preto,e um aparelho de comunicação nos ouvidos, a recepcionista pediu os nossos nomes, demos e ela assentiu, nos entregou uma pulseira de convidado, e um carimbo na costas da mão, alegando que somos maiores de idade e que podemos beber. Entramos de braços dados na festa, a música estava alta, mas não muito, tinha muitos cômodos, todos abertos, e com muitos sofás espalhados, como era de se esperar muitas pessoas por todos os lados, logo que adentramos o recinto, fomos servidos, eu peguei um mojito, e o meu marido uma marguerita. Gabriel me apresentou para algumas pessoas.
Você está tão estranha Pati.-Gabriel comentou passando a mão em meu ombro.
É que eu não costumo ir a festas como estas, eu não gosto de lugares muito cheios.
Você está tão linda meu amor.-Gabriel disse se aproximando e passando a mão no meu rosto na tentativa de me deixar mais calma.
E tem mais, todas as mulheres estão admirando a sua beleza, eu diria até que estão com inveja.-ele continuou. admito que soltei um sorriso quando ele disse isso.
Sol chegou para nos recepcionar, nos cumprimentou ofereceu mais bebida, e nos apresentou a uma porrada de gente que ela conhecia. Eu pedi licença e fui ao banheiro.