Capítulo 2
1805palavras
2024-01-25 00:57
Patricia
O que você quer? O meu até então futuro esposo disse enquanto eu pressionava o seu pescoço.
Quero que me deixe ir embora!
Escuta gatinha,isso aí, não vai rolar não.
Você não entendeu? Mesmo que você me mate agora, eu duvido muito que consiga fazer. Essa casa é fortemente vigiada por homens armados até os dentes. No máximo você escapa do quarto!-Ele disse e num rápido movimento nos jogou na cama, me esmagando com o seu peso e em seguida virando o corpo enquanto segurou o meu pulso me fazendo soltar a caneta e levando agora os meus dois pulsos acima da minha cabeça.
Ficamos cara a cara por poucos segundos e ele se levantou.Ainda massageando o meu pulso recém machucado eu perguntei.
Como você se chama?
Gabriel Almeida.-Almeida… Almeida.. Onde eu já ouvi esse sobrenome? E como se pudesse ler a minha mente, ele disse:
Filho de José Almeida. Nossos pais faziam negócios a um tempo.
Hum,acho que me lembro de ter ouvido meu pai falar esse nome.- respondi me sentando na cama.
Gabriel foi até um armário que começava no teto e acabava no chão, e retirou a sua camisa.
Ei, o que está fazendo?- perguntei assustada quase gaguejando. Eu realmente não estava preparada para aquele tanquinho.
Tirando a roupa. -ele disse pausadamente cheio de sarcasmo.
Isso eu sei.- retruquei me aproximando do armário.
Então porque pergunta?
Não estou me referindo ao que, e sim porque.
Vou tomar um banho Pati.- essa última palavra saiu num tom diferente, eu classificaria como ironia.
Mas aqui?
O quarto é meu. Bom agora nosso.
Ta sonhando se acha que vou dividir o quarto com alguém desconhecido, e ainda mais alguém como você!
Alguém como eu?- perguntou parado na frente do guarda-roupas olhando para mim.
É… Alguém como você.- Mesmo que ele seja extremamente gostoso, eu não vou dar o braço a torcer, eu mal o conheço.
Escuta.. Patrícia… Eu não sou exatamente um homem que chamam de paciente.- disse, então notei a pistola que estava na cômoda ao seu lado - como eu não vi essa pistola antes?
EU EXIJO UM QUARTO! EU QUERO A PORRA DE UM QUARTO AGORA!- gritei em relutância.( mas com muito medo de levar um tiro na boca por isso!)
Ele me olhou com raiva e desprezo, então agarrou meu pulso e me levou de forma grosseira e hostil para um quarto ao lado, abriu a porta me jogou lá e disse.
Esse quarto agora é seu. E não precisa agradecer, são só por cinco dias.
Porque apenas cinco dias?- perguntei confusa.
Por que depois que se casar comigo , vai dormir comigo.- ele me respondeu de forma rude e meio óbvia, bateu a porta com força, deu para ouvir ele falando “patricinha” enquanto seguia para o outro quarto.
***
Ontem eu tirei a calça jeans que eu estava usando e fiquei apenas de blusa e calcinha e me deitei, eu não consegui dormir direito,apenas por alguns minutos depois de desmaiar de cansaço, e para completar estou faminta. Me trouxeram o jantar ontem, mas eu não quis comer, não tinha apetite depois de tanta coisa em um único dia, que meu estômago estava embrulhado demais para fazer uma refeição. Ouvi uma batida na porta.
Quem é?- perguntei
Gabriel.
O que você quer?- Gabriel abre a porta sem ao menos eu deixar que entre.
Você realmente não tem classe.-disse de forma rude para ver se ele entende.
Bom dia para você também, Pati.-disse para mim de forma irônica enquanto entrava e fechava a porta atrás dele.
Sua mãe não te deu educação? E se eu estivesse pelada?
Sim, recebi educação, mas não uso muito. E se estivesse pelada , você poderia tirar a minha roupa e a gente fazia uma festinha.- disse me dando uma piscadela.
E para de me chamar dessa forma.-ordenei
Mas você é uma Pati. Uma princesinha mimada e fresca.- falou se aproximando.
O Gabriel é o tipo de homem misterioso que me deixa confusa, do tipo de homem sexy e frio, que usa as mulheres por quanto tempo quiser , e depois as jogam fora como se fosse lixo. E infelizmente é o tipo de babaca que me faz cair a calcinha.É admito meu histórico com relacionamentos não é nada bom.
Olha Patricia, acho melhor você ir comer alguma coisa, não que eu me preocupe, mas porque você tem a prova do seu vestido hoje.
- Que vestido?
De noiva, porque mais acha que estou aqui? - ele chegou mais perto, a essa altura eu já estava sentada sobre a cama.
Porque você faz isso?- perguntei quase sem ar
Isso o que?- ele perguntou de volta num sussurro atraente,colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
Chegar tão perto…
Porque você gosta.-ele respondeu sem nenhuma vergonha na cara.
Ficamos nos encarando em silêncio por alguns segundos.
Eu preciso de roupas, não me deixaram trazer nada.
Tem roupas suas no meu quarto. Nosso, nosso quarto.-ele se corrigiu
Mas como?
São novas, tem tudo o que precisa, de roupas a sapatos e bolsas.
Tem lingeries também?
Tem, fiz questão de escolher para você.- disse com cum sorrisinho safado. Eu realmente não sei se vou aguentar esse homem lindo dando em cima de mim tão descaradamente. Eu não quero me envolver com ele, mas nossa… Vai ser difícil resistir.
Gabriel se afastou depois de dar um largo sorriso para mim e perceber que me deixou corada com a sua resposta.
Escove os dentes, tome um banho , tem 15 minutos para descer para o café da manhã. Gabriel saiu me deixando sozinha e com o coração acelerado novamente.
Acabei de tomar banho, eu realmente estava precisando de uma ducha tão revigorante como essa. Olha estou impressionada, nunca imaginei uma casa tão boa quanto a minha, no meio de uma favela. Sim , eu sei, isso soou meio preconceituoso da minha parte, mas eu nunca sequer passei por uma favela, quanto mais, viver em uma.
O que eu já pude ver, a casa é muito bonita, todas as paredes são de tijolinhos marrons, não sei se são realmente tijolos ou papel de parede , não prestei atenção o suficiente.
Caramba, mas que merda é essa? - perguntei a mim mesma ao ver as calcinhas que o meu futuro marido comprou para mim.
Ele tem problemas, só pode.Puta merda, esse cara é doido, nunca tinha visto lingeries tão bizarras, e elas com certeza são muito menores do que o meu tamanho.
***
Depois de finalmente encontrar calcinhas e roupas que coubessem em mim, eu desci e tomei café com Gabriel, conheci uma senhora chamada Marta, pelo o que eu vi ela trabalha aqui a muitos anos, e foi ela que sempre cuidou do Gabriel.
Aproveitei para observar cada centímetro da casa, eu mapeei em minha mente todas as saídas existentes, eu não quero e não vou ficar aqui por muito tempo.
***
Depois do café da manhã , duas moças vieram e trouxeram para mim dois vestidos de noiva, um simples , com mangas de rendas que vão até os pulsos e o comprimento indo até o joelho numa saia justa ,quase um vestido de culto de domingo. E o outro um vestido tomara que caia com o decote em coração, nada de extravagante também, mas com a saia rodada e longa. Eu escolhi o segundo vestido.
Depois da prova perguntei a Dona Marta cadê o Gabriel, ela me disse que ele tinha ido trabalhar. Eu me pergunto que tipo de negócios sujos ele tem, a ponto de comprar uma noiva para perdoar uma dívida.
A noite chegou, já tínhamos jantado, eu não havia falado com o Gabriel, eu não quero estar aqui, e não faço questão alguma de esconder isso, E é claro como uma mulher guerreira que sou, faço questão de me livrar desse problema.
Deitei às 21h de acordo como o relógio despertador na mesa de cabeceira ao lado da cama, Eu nem sequer pude trazer o meu celular ou tablet, mas tudo bem, eu não vou ficar por muito tempo.
Eu estava deitada na cama tentando dormir , ouvi a porta se abrir, na hora eu gelei de medo, não sabia quem poderia ser, eu travei, e fingi que estava dormindo.
A pessoa que estava lá ficou me observando só por alguns minutos, mas eu estava com tanto medo e desespero que pareceram horas, depois ouvi a porta se abrir novamente e passos não tão silenciosos se afastarem e logo em seguida escuto a porta sendo encostada de novo.
Num pulo levantei da cama, e fui em direção a porta com a intenção de trancá-la, e aí eu percebi que não tem tranca nessa merda!
-Eu é que não fico mais nem um segundo nessa merda. Voltei até a cama e conferi o relógio, são três horas da manhã, acredito que estejam todos dormindo. Peguei um casaco que deixei aqui um pouco mais cedo, e abri a porta com todo o cuidado do mundo.
Desci as escadas em silêncio, está tudo escuro. Entrei na sala que eu acreditava ser a saída, que para o meu azar era uma sala que dava num escritório, que estranhamente as luzes ainda estão acesas, cheguei mais perto da porta e olhei pela frestinha, e ouvi uma conversa estranha…
Ele deve estar louco, era para matá-los e não ficar de graça.- Uma voz masculina muito bonita saiu de lá.
Talvez ainda mude de ideia.
Eu não quero que isso atrapalhe os meus negócios, quero todo mundo morto!
Merda! - deixei escapar o sussurro cogitando a possibilidade de que essa conversa poderia ter a ver comigo e com meu pai.
O que foi isso? - Disse o homem mais velho de voz bonita.
Você! Vá verificar!- disse apontando a um dos homens fortemente armados.
Quando me movi, uma mão gigante tapou minha boca e ao mesmo tempo um corpo me abraçou por trás. Meus olhos se arregalaram e eu tremi de medo.
Xiu, sou eu- Gabriel disse num sussurro.
Não faça barulho. Venha. - disse a montanha de músculos destapando a minha boca segurando a minha mão me conduzindo pela escuridão da casa.
Quando chegamos ao seu quarto ele trancou a porta e ligou a luz.
Tá louca porra? Quer morrer mina?
Eu estou louca sim! Mas é louca para sair desse inferno!
Se meu velho te pega, pra você partir dessa para melhor é dois palitos!
Oi? - perguntei tentando entender que língua era essa .
Qual foi Pati?
Eu não entendo língua de favelado. Desculpe, poderia repetir em português?
Se o meu pai ,pegar você lá embaixo, se esgueirando para ouvir a conversa dele, ele te mata a sangue frio- Ele disse pausadamente.
MANO DO CÉU, QUE MERDA VOCÊ ESTAVA FAZENDO PATRICIA??? -ele perguntou ainda irado e aparentemente sem entender o que aconteceu.
Eu quero ir embora desse inferno agora mesmo!