Capítulo 65
1454palavras
2023-11-13 09:30
Ponto de vista da Madrina
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Já fazia horas que o Derek recebera a erva, e eu estivera chorando copiosamente desde então, apertando suas mãos na cama, rezando para que o vampiro acordasse logo. Eu queria que ele pelo menos abrisse os olhos, mas não tivera essa sorte e, em algum momento, decidira ficar ali sentada, até não ter mais lágrimas e ficar com uma máscara inexpressiva.
"Ele vai ficar bem agora, durma um pouco, Madrina. Você não dorme desde ontem à noite..." "Eu sei." Sussurrei, interrompendo Anthony, que soltou um suspiro. "Você vai descer para comer, quer goste ou não. Não há nada que possamos fazer além de esperar pelo melhor agora, e você não pode fazer isso se morrer de fome, Madrina." Ele falou calmo, porém áspero, antes de sair fechando a porta, mas ignorei seu aviso. 'Por quê? Como isso aconteceu? Ele não vai morrer, vai? Não tem como, certo? Então por que, por que ele não está acordando?' Eu me perguntei enquanto olhava para as nuvens cinza-escuras e ouvia o som da chuva torrencial.
A noite estava muito mais relaxante, e de alguma forma consegui me acalmar. 'Tudo o que posso fazer é ter esperança e...' Meus pensamentos pararam abruptamente quando ouvi um gemido, então me virei para Derek, que estava tentando se sentar. Sem falar nada, eu o ajudei a se ajeitar, e ele soltou outro gemido, agarrando o peito nu enfaixado e inspirando profundamente, sibilando de dor.
Segui seus movimentos e finalmente sentei na cama na frente dele, em silêncio. Nesse momento, senti como se um milhão de tijolos tivessem sido tirados dos meus ombros, e tudo que fiz foi manter o olhar nele, grata por vê-lo vivo e ainda respirando. Seus olhos finalmente desviaram da cama para mim, e prendi a respiração ao ver sua expressão de dor, o nó na minha garganta aumentou, mas me contive, permanecendo em silêncio até que ele falasse.
"O que aconteceu?" "V... você foi esfaqueado pelo Termis e..." Eu queria terminar de falar, porém não consegui. Foi quando o vampiro pareceu finalmente entender o que estava acontecendo comigo, e um olhar inexpressivo apareceu no seu rosto quando ele estendeu a mão e roçou as minhas bochechas, fazendo meu coração bater forte contra o peito. "Você está um trapo..." Ele murmurou, e eu sabia que estava se referindo ao meu rímel borrado e aos fios de cabelo soltos que estavam saindo de praticamente todos os lados da minha cabeça naquele momento. "Mas ainda assim linda." Ele acrescentou quando uma gota de lágrima rolou do meu rosto e caiu na palma da mão dele.
Sem avisar, eu me joguei nele, e ele soltou um gemido de dor, mas não pude evitar. Eu queria muito abraçá-lo. "Eu fiquei tão preocupada... achei que você tivesse morrido..." Chorei, soluçando e apertando seu pescoço, e ele ficou em silêncio por um tempo antes de duas mãos grandes envolverem a minha cintura. "Estou bem, Madrina." "Não, você não está... eu... eu pensei que você estava realmente mor..." "Shh, ei, está tudo bem agora, pare de chorar." Ele disse com uma voz suave, mexendo no meu cabelo com os dedos, e eu continuei chorando, enterrando o rosto no seu pescoço e engolindo o nó na garganta. "M... me desculpe, foi tudo minha culpa…" Solucei e funguei ao mesmo tempo, mas nesse momento, eu não me importava com nada. Só Deus sabe como eu devia estar pouco atraente naquele momento, com o nariz escorrendo e os olhos vermelhos e inchados. "Não foi sua culpa, Madrina, e nós dois sabemos disso. Agora pare de chorar e ei..." Ele parou quando outro soluço escapou da minha garganta, e meu coração quase parou quando ele tirou as minhas mãos de cima dele com delicadeza, pois queria abraçá-lo para sempre e nunca mais soltá-lo.
"Relaxe, respire. Estou bem, olhe para mim, cara de boneca. Não morri." De início, ele parecia ter o intuito de ser sarcástico, mas desistiu da ideia ao perceber que eu não estava com vontade de brincar. "Vá tomar um banho, vai se sentir muito melhor." A ideia da água quente escorrendo pelo meu corpo me fez sentir muito mais relaxada, mas mesmo assim neguei com a cabeça, hesitante. "Vou ficar aqui, você tem que comer... ou beber, ou o que for." Sugeri, porém Derek simplesmente levantou uma sobrancelha e balançou a cabeça. "Madrina, vá. Ficarei aqui, prometo." Ele acenou com a cabeça, e eu o encarei por um longo tempo até finalmente me levantar da cama e sair lentamente do quarto, parando na porta para olhá-lo uma última vez, e o vampiro retribuiu o gesto. x-x
Depois de tomar um banho longo e quente, vesti um suéter rosa-claro novo com um short preto e me abracei, olhando pela janela. O tempo parecia estar melhorando, e para quem é obcecado por chuva, eu não poderia estar mais feliz naquele momento. Corri do quarto em direção ao do Derek, mas parei repentinamente ao ver todos ao redor da sua cama, incluindo Alice, devo acrescentar, e comprimi os lábios em uma linha fina antes de me aproximar.
"Você não está melhorando, precisa se curar mais rápido... antes que fique pior." Sherlock disse, mas Derek simplesmente negou com a cabeça, aborrecido. "Está tudo bem, não estou a fim de..." "Você pode beber o meu sangue, Derek. O sangue humano vai te curar mais rápido, não vai?" Alice o interrompeu, dando um passo à frente, e eu estremeci um pouco antes de olhar para Derek, que surpreendentemente peguei me encarando. "Não quero! Como já disse, estou bem." Ele tentou se levantar, porém parou, sibilando de dor, seu rosto se contraiu, fazendo-o se apoiar na cabeceira da cama novamente. "P*ta que pariu." Ele murmurou baixinho, então os meninos começaram a tentar convencê-lo novamente. "Você pode beber o meu sangue..." Balbuciei sem pensar, e todos ficaram quietos. "Só... só quero que melhore..."
Vi Derek franzir as sobrancelhas antes de balançar a cabeça. "Não." "Mas eu só..." "Eu disse não, Madrina." Ele me interrompeu bruscamente, e eu pisquei para afastar as lágrimas, até dar um passo à frente. "Eu quero te dar o meu sangue. Vai te curar, não vai? Então por que você está se recusando a aceitar ajuda? Acho que não está em posição de decidir nada nesse momento." Sua carranca aumentou, mas decidi me manter firme. "Nem você está em posição de me dizer o que fazer, cara de boneca, tenha isso em mente." Ele enfatizou cada palavra, e eu fiquei em silêncio, mordendo o lábio com raiva.
"Bom, todos vocês podem ir agora, descerei para jantar esta noite." Derek murmurou, lançando-me um último olhar antes de se virar e se afundar nos lençóis. Vi os outros saindo e encarei Santiago, que fez sinal para que eu o seguisse, mas o ignorei. Depois que todos saíram, fui até a cama e me sentei, cruzando os braços sobre o peito, teimosa. "O que foi, cara de boneca?" Derek resmungou, jogando os lençóis e sentando-se direito novamente. "Não vou embora até que você beba o meu sangue e melhore. Não vou te deixar morrer." "Me deixar morrer... meu Deus, eu não vou morrer, Madrina. Estou me recuperando e estou bem." "Ah, tá. E foi exatamente isso que os seus irmãos disseram, não é?" Bufei quando ele ficou em silêncio, e virei a cabeça em direção à penteadeira. "Se você não vai fazer isso de espontânea vontade, darei um jeito." Murmurei impaciente e me levantei, caminhando até a penteadeira para vasculhar as gavetas, até encontrar um pequeno canivete. Perfeito.
"O que você está procurando..." Ele parou quando cheguei perto dele com a faca e estendi os braços, apontando a lâmina para o pulso. "É mais fácil para você beber do pulso ou..." "Que p*rra é essa, Madrina! Abaixe esse m*ldito canivete agora mesmo!" Ele esbravejou e tentou pegar a faca, mas sibilou de dor e apertou o peito antes mesmo de conseguir sair da cama.
"Não, isso é para o seu próprio bem." Hesitei, mas estava prestes a cortar o pulso quando Derek praticamente pulou da cama e avançou na minha direção, meu coração quase pulou do peito enquanto eu recuava. No susto, não tive tempo nem de largar o canivete, porque Derek o agarrou com força com uma das mãos, enquanto segurava o peito com a outra, respirando fundo para se acalmar, e provavelmente aliviar o dor também, o que me fez sentir mal.
"Qual é a p*rra do seu problema?!" Ele gritou, já ficando com os olhos um pouco mais escuros e dando um passo à frente, fazendo-me recuar por instinto. "E... eu só estou tentando ajudar!" Lágrimas brilharam nos meus olhos enquanto eu o olhava, mas ele respondeu com um olhar dez vezes mais mortal.