Ponto de vista da Madrina
-------------------------------------------------- -------------------------------------------------- -------------------------------------------------- ---------------------------------
"Tudo bem, mas você pode entrar no carro agora?" Ele me questionou, e eu levantei uma sobrancelha. "Você pode, por favor, entrar no carro agora, cara de boneca?" Ele disse "por favor" como se fosse a palavra mais suja que já saíra da sua boca, mas decidi deixar para lá. Àquela altura, os caras já estavam voltando para a mansão, e eu entrei no banco da frente, batendo a porta.
"Aonde vamos?" Perguntei, olhando pela janela, para Santiago, que estava me dando um sorrisinho, que não retribuí.
"Apenas fique quieta e espere." Ele murmurou, inclinando-se para mais perto para puxar o meu cinto de segurança. Minha respiração falhou no momento em que ele finalmente se afastou, voltando para o assento do motorista, e respirei fundo quando finalmente partimos. O trajeto começou silencioso, quase silencioso demais, e comecei a me contorcer desconfortavelmente, lançando um olhar para Derek de vez em quando. Porém seus olhos permaneciam na estrada, como se o vampiro estivesse perdido nos próprios pensamentos.
"Então, quem é ela?" Quebrei o gelo, e ele ergueu uma sobrancelha, sem desviar o olhar da estrada nem por um segundo. "Helena! É sua namorada ou algo assim?" Perguntei sem emoção na voz, e observei-o me olhar pelo canto dos olhos, ainda em silêncio.
"Não é da sua conta."
"Não é da minha conta? Não pense que me importo nem nada, mas..."
"Então esqueça o assunto."
"Mas me incomoda ter sido chamada pelo nome de uma p*ostituta qualquer." Ofeguei quando o carro parou repentinamente, fazendo meu coração quase sair do peito.
"Nunca a desrespeite." Ele cuspiu com tanto veneno, e pela primeira vez, suas palavras realmente me atingiram, fazendo-me pressionar os lábios em uma linha fina antes de me virar, piscando para afastar as lágrimas. 'O que está acontecendo comigo? Por que estou assim? Será que ainda estou sob a compulsão do Termis?'
"Me desculpe..." Sua voz soou pouco mais forte que um sussurro quando partimos novamente, mas não falei nada. 'Deus, eu o odeio tanto agora. Mas, de novo, quando parei de odiá-lo? Eu costumava detestar a simples existência dele, e olhe pra mim agora: estou preocupada com uma garota. Será que realmente estou me apaixonando por ele? Não, de jeito nenhum, não tem como, né? Quando e como? Quem em sã consciência se apaixonaria por Derek Brunswick?'
"Madrina?" Ele finalmente me chamou, porém o ignorei, engolindo o nó na garganta. 'Não quero sentir nada por ele, mas também não posso negar a verdade pra sempre, porque definitivamente tem algo acontecendo aqui. Caso contrário, não me machucaria por causa de uma m*rda dessas. Mas de qualquer forma não pretendo deixar os meus sentimentos atrapalharem os meus planos, vou achar uma maneira de superar isso! Deve ser só uma paixão i*iota, porque ele tem sido um pouco legal comigo ultimamente... porque tem mostrado emoções e remorso.'
"Você está chateada?" Ele murmurou, interrompendo os meus pensamentos, e eu me recompus antes de balançar a cabeça.
"Não tem por que estar chateada, não é? Obviamente estou errada por ter esquecido o meu lugar, então me perdoe. Esqueci que sou apenas uma bolsa de sangue pra você." Comecei a tagarelar, e pude ver a expressão de Derek mudar para confusa e preocupada, mas rapidamente liguei o rádio para evitar que ele pudesse dizer mais alguma coisa.
"Você realmente acha que é só isso pra mim?" Ele perguntou, olhando para mim, e alternando com a estrada de vez em quando.
"Foi você quem disse isso, não eu." Resolvi encerrar a conversa quando o cover feminino da música "Attention" começou a tocar no rádio, fazendo-me dar um gritinho de emoção.
"Eu só quero atenção, não quero o seu coração, mas aposto que você simplesmente odeia pensar em mim com outro alguém." Cantei junto com a música, ignorando o vampiro, que ficou me chamando sem parar, atá tentar abaixar o volume, mas afastei suas mãos.
"Ah, só quero sua atenção. E já que você partiu o meu coração, só estou garantindo que nunca me esqueça também."
Parei de cantar quando de repente paramos, e antes que eu percebesse, Derek já estava saindo do carro e abrindo a porta para mim. Desci do veículo hesitante, com um pouco de medo de tê-lo irritado ainda mais, mas não parecia ser o caso. Fiquei admirada quando ele fez sinal para segui-lo em direção à praia e, pela primeira vez em muito tempo, sorri um pouco. A lua crescente brilhava sobre o mar escuro e a praia branca enquanto eu o seguia, e uma brisa roçou as minhas pernas quando acelerei o passo atrás dele.