Capítulo 48
1464palavras
2023-10-27 00:01
Ponto de vista da Madrina
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"Saia de cima de mim e me dê logo essa garrafa, que eu posso beber sozinha!" Falei, sabendo muito bem que ele não teria coragem de me forçar a nada, mas que arranjaria outra forma de me ameaçar se não fizesse o que ele queria.
"Olha só a que ponto você chega só para não fazer s*xo comigo." Ele sorriu, saindo de cima de mim, e eu revirei os olhos.
"Não é isso! Nós dois sabemos que você não teria coragem de fazer isso, Derek. Eu só não queria continuar sentindo o seu corpo imundo em cima do meu." Peguei a garrafa da mão dele e a fiquei mirando, enquanto o vampiro me observava em silêncio.
"Fico feliz em saber que você pensa tão bem de mim, mas te garanto que está perdendo uma grande chance!" Ele abriu um sorriso, ainda analisando cada movimento meu, fazendo-me revirar os olhos de novo.
"Isso é o que você diz, seu i*iota egocêntrico." Murmurei o último insulto antes de aproximar a garrafa dos lábios e inspirar fundo. 'E se eu simplesmente quebrar essa garrafa? Ele não teria escolha a não ser me deixar em paz, certo?'
"Madrina...." A voz de Derek cortou meus pensamentos, então gemi e coloquei todo o líquido na boca.
x-x
Já fazia dois dias que eu voltara ao meu "antigo" eu e, para ser sincera, passara todo o tempo encolhida em uma bola de miséria embaixo dos lençóis, pensando na vida. Nada mais parecia certo. Fiquei me lembrando das perversidades que havia dito e fizera quando perdera as emoções. Nunca poderei perdoar Termis pelo que fez comigo, pelo que me obrigou a fazer. No entanto, uma pequena parte de mim também estava grata pelo o que o vampiro fizera, pois eu finalmente percebera o quanto as minhas emoções me atrapalhavam para conseguir o que desejava. E por último, mas não menos importante, comecei a realmente cogitar a possibilidade de Derek sentir algo por mim e, com isso, tudo começara a fazer sentido. Vi a angústia e a preocupação nos olhos dele, enquanto cuidara de mim nos últimos dias. I*ferno, ele nem me punira pelo meu comportamento. E essa seria a melhor forma de eu...
"Madrina?" Troye me chamou, e me virei para encará-lo, para logo em seguida fazer uma careta e me enrolar na cama enquanto lembranças embaraçosas passavam pela minha mente, fazendo-me relembrar do baile e de Santiago. 'Deus, nunca mais conseguirei encará-lo!' O que eu fizera com ele fora horrível, pois abusara dos sentimentos dele, e sabia o quão distorcido aquilo fora. Eu estava muito confusa.
"Vamos dar uma festa lá embaixo hoje à noite. Você vai se juntar a nós ou vai ficar aqui chorando o resto da noite de novo?" Ele perguntou com gentileza, mas eu permaneci em silêncio.
"Madrina, querida, você quase não comeu nos últimos dois dias. A verbena já te curou, e você voltou a ser quem era, então qual é o problema? Venha para a festa tentar relaxar pelo menos um pouquinho." Ele se sentou ao meu lado, e eu lhe lancei um olhar vazio antes de me virar novamente.
"Como se uma festa fosse melhorar tudo, né? Me deixe em paz!" Falei, afastando-me ainda mais dele.
"Só estou tentando te ajudar, porque sei que se sente mal pelo que fez..."
"Me sinto mal por quê? Por ter me defendido? Por lutar pelo que acredito?!" Antes que eu percebesse, já havia me levantado, e encarava Troye cheia de raiva, recebendo do vampiro um olhar de surpresa e preocupação.
"Não foi o que eu quis dizer..."
"Eu fui compelida! Então é óbvio que não foi minha culpa! Cheguei até a não me importar com a morte dos meus pais, Troye! Você acha que eu queria isso?! Fiz e disse coisas horríveis e desumanas! Então me desculpe se acho que uma m*ldita festa não vá me fazer sentir melhor!" Gritei, enquanto uma imagem de Derek surgia na minha mente, fazendo meu coração bater mais forte. 'Por que o meu coração continua acelerando assim toda vez que penso nele?!'
"E...eu não disse nada, Madrina..." Troye começou a se desculpar, porém ainda lhe lancei um olhar furioso antes de cair em mim. 'Por que fiquei com raiva?'
"Me... desculpe..." Gaguejei, caindo na cama e mirando o chão.
"Olha, se precisar de alguma coisa, é só me chamar. Estou vendo que ainda precisa de algum tempo sozinha." Eu o ouvi dizer, com a voz já distante. 'Por que não consigo tirar o Derek da cabeça? Será que é por que o vi genuinamente preocupado quando pulei do parapeito naquela noite? Mas por que estou tão preocupada com isso? Que diferença faz se ele se preocupa comigo ou não? Talvez eu só não queira que ele sinta isso... deve ser isso!'
"Você me ouviu?" Troye acenou com a mão diante do meu rosto, e eu pisquei algumas vezes antes de voltar a mim.
"Sim!" Respondi abrindo um leve sorriso, enquanto ele assentia com uma cara desconfiada. O vampiro saiu do quarto, e eu já ia me jogar na cama de novo, quando uma música alta ecoou por toda a mansão, fazendo os meus ouvidos quase sangrarem.
'Oh, meu Deus...' Gemi internamente, batendo a porta, para tentar abafar o som. 'A festa já começou? Que ótimo! Mais uma noite com p*tas bêbadas e filhos da p*ta. Exatamente o que eu precisava.' Decidi me trocar para voltar a dormir, ou pelo menos tentar, por isso peguei um suéter azul de manga comprida e um short preto, antes de correr para o banheiro. Porém, assim que saí, fiquei com olhos arregalados ao ver Santiago na minha cama, com quatro garotas ou mais, todas amontoadas em volta dele, dando uns amassos e passando as mãos umas nas outras, inclusive nele. Fiz uma careta de desgosto e, ainda sem jeito, comecei a caminhar devagar em direção à porta, esperando que as meninas não me notassem.
"Não fique aí parada assistindo, querida, junte-se a nós." Santiago me chamando de querida causou arrepios na minha espinha, pois acabei me lembrando de Termis, que costumava me chamar daquela forma o tempo todo.
"Não, obrigada." Murmurei, olhando para as meninas, que sorriram para mim quando saí do quarto. A mansão estava quase completamente escura, exceto pelas luzes da bola de discoteca no teto, e eu até me encolhi um pouco ao perceber que a maioria das pessoas estava quase nua. 'Como vou conseguir dormir agora?'
Meus olhos vagaram escada abaixo, e meu coração quase parou quando avistei Derek dançando com uma garota, que se esfregava nele sedutoramente, os quadris curvilíneos moviam-se de um lado para o outro, o que fez o meu sangue ferver. 'Espera, por que estou ficando com raiva? Isso não é problema meu! Nada do que ele faz diz respeito a você, Madrina.' Olhei para o vampiro mais uma vez, e arregalei os olhos ao pegá-lo me encarando de repente. Seus olhos não vacilaram nem um segundo antes de ele se virar, continuando a dançar. 'Mas por que ele está com essa moça? E eu achando que ele tinha sentimentos por mim?'
"Ei..." Eu me encolhi de humilhação ao ouvir a voz familiar, mas ainda assim me virei para Santiago, com um sorriso forçado.
"Oi..." Murmurei, antes de me virar, querendo ir embora, porém ele segurou o meu pulso.
"Espere, espere, por que você está me evitando?" Ele me questionou, e eu balancei a cabeça, tentando não prestar atenção na música alta que ecoava.
"Eu não estou..."
"Ah, mas está, sim!" Ele ergueu uma sobrancelha e se aproximou do meu rosto.
"Talvez, ok? Eu... não consigo conversar com você. Não depois do que fiz." Falei baixinho.
"Você não fez aquilo de propósito, Madrina..." Ele parou quando desviei o olhar. "Ou fez?" Sua voz saiu quase num sussurro, e eu logo neguei com a cabeça, com o cabelo dançando em volta do rosto.
"Claro que não!" Um sorriso de alívio surgiu no rosto do vampiro antes que ele assentisse.
"Então está tudo bem! Apenas... pare de me evitar, porque isso me faz sentir pior." Eu o mirei por um longo tempo, até finalmente assentir. Então conversamos, e eu comecei a me sentir muito melhor depois de me abrir com Santiago. Ele foi muito gentil e compreensivo, entendendo o meu lado. Meu coração derreteu.
"Santiago, o Felipe está te procurando." Morin gritou lá de baixo, fazendo a minha companhia gemer e me lançar um olhar de desculpas, ao qual respondi com um aceno de cabeça e um sorriso. Desci as escadas pensando em Derek, mas não o achei em lugar algum. 'Tanto faz, por que eu me importo?'
Passei pela multidão, e levei um susto ao ver Anthony e Sherlock piscando para mim enquanto se esfregavam com algumas garotas no sofá. Nojento!