Ponto de vista da Madrina
Então, rapidamente me virei e saí pelo portão, virando à esquerda enquanto tentava avistar o cara misterioso que vira parado por lá. Havia algo nele que me chamara a atenção, e eu não tinha ideia de por que tivera esse interesse repentino por alguém que apenas vira de relance.
O homem devia estar só passando pela mansão, então por que eu o estava procurando? Talvez eu finalmente tivesse surtado.
Olhei mais uma vez ao redor e já estava dando meia volta quando notei uma figura escura, parada perto de um enorme carvalho. Seus olhos azuis brilhavam mesmo sob as sombras da árvore, e esse devia ser um dos motivos para eu tê-lo achado tão atraente.
Comecei a me aproximar enquanto ele se encostava na árvore e me lançava um sorriso inesperado, quase como se me conhecesse havia muito tempo.
"Ei." Ele me cumprimentou, ficando em pé, e parei para dar uma boa olhada no seu rosto. Havia algo muito familiar nos seus olhos, mas não consegui identificar o que era.
"Ei, você veio para o evento?" Fui direto ao assunto, e uma risada sombria escapou da sua boca enquanto ele negava com a cabeça. "Não, estou apenas vagando por aí."
Duvidei da resposta, mas decidi ignorar a minha desconfiança. "Por quê você está aqui?" Ele perguntou, e sorri fracamente. "Fui escolhida." Foi tudo o que eu disse, e ele imediatamente assentiu como se entendesse muito bem o que eu quisera dizer. Bem, quem não entenderia?
"Como é lá dentro?" Revirei os olhos enquanto me encostava na árvore ao lado dele. "Um inferno." Afirmei sem rodeios, e ele deu uma risada curta.
Não sei por que, mas nesse momento senti que eu e aquele estranho tínhamos alguma conexão. Talvez porque eu não falasse com um ser humano normal havia muito tempo e estivesse começando a me consolar com estranhos?
"Tenho certeza de que não é tão ruim assim." Ele disse, e eu balancei a cabeça afirmando que sim, era. "Ou talvez seja." Ele disse, e desta vez, levantei uma sobrancelha e assenti com a cabeça.
"Mas por que você acha isso? Pensei que ser escolhida fosse o sonho de toda garota." Ele zombou, ao que respondi com ironia. "Nem toda garota sonha em ser uma bolsa de sangue para depois ser abandonada. Para ser honesta, odeio estar aqui, especialmente quando ele está." Murmurei as duas últimas palavras, e o ouvi pigarrear. "Quem?"
Eu me virei para mirar seus olhos, e dei de ombros ao ver seu cabelo escuro e ondulado bagunçado sob o capuz. "Não importa." Murmurei, não querendo falar sobre Derek ou mesmo pensar nele.
"Bom, se você odeia tanto esse lugar, por que não vai embora?" Suspirei pesadamente. "Eu tentei..." A memória de minha mãe caída no chão passou pela minha mente, mas a afastei.
"Não acabou tão bem para mim." Ouvi um "tsc" antes de vê-lo enfiar as mãos nos bolsos. "Voce sempre pode apelar para um plano B, não?" Meus olhos se voltaram para ele.
"Use o Derek Brunswick como rota de fuga." O desconhecido terminou, e meus olhos se arregalaram com suas palavras. "Como você sabe o nome dele?" Perguntei, e ele riu, levantando as sobrancelhas. "Quem não sabe, querida?" Ele rebateu, e eu murmurei um "justo" antes de começar a brincar com os meus dedos, nervosa.
"Enganar o Derek é impossível." Murmurei, lembrando da forma que havia sido tratada pelo vampiro até o momento. "Vale a pena tentar." Ele murmurou. "Além disso, você é uma garota inteligente, tenho certeza de que achará uma maneira de conseguir o que quer."
Mirei o seu olhar intenso, pensando se deveria realmente dar uma chance a esse "plano B". "Você não me disse o seu nome." Mudei de assunto e me virei, então ele me encarou e sorriu.
"Tenho que ir agora, mas voltaremos a nos encontrar, ok?" Ele falou rapidamente, ignorando completamente a minha pergunta, depois se virou para sair. Eu ia chamá-lo, porém uma mão agarrou o meu pulso, e me virei, encontrando Derek, que franzia a testa para mim em desagrado. Como sempre, é claro.
Fazia três dias que não o via, mas sua expressçao continuava a mesma perto de mim. "O que você está fazendo aqui?" Ele questionou, fixando os olhos nos meus, deixando-me desconfortável.
"Eu estava apenas dando uma volta, prometo." Respondi rápido, e ele me lançou um olhar duvidoso. "Você não deveria estar aqui." Sua voz ficou toda suave, e ele soltou a minha mão para puxar a ponta da camiseta preta de gola alta e mangas compridas que lhe caía muito bem.
"Desculpe, eu estava conversando com..." Comecei, virando-me, mas parei quando percebi que não havia mais ninguém ali. "Conversando com quem?” Derek perguntou, e eu olhei em volta confusa antes de voltar a encará-lo.
"Deixa para lá." Respondi, perguntando-me como aquele cara conseguira fugir tão rápido. Ele correra para uma loja próxima ou algo assim? "Como assim "deixa pra lá"? Você estava conversando com alguém aqui ou..." "Derek, traga a Madrina! O discurso vai começar!" Os gritos de Anthony interromperam o infame vampiro, e suspirei de alívio.
Derek gemeu, e nós dois caminhamos até o portão, até eu parar para olhar ao redor novamente. 'Para onde aquele cara foi, afinal? Eu nem sei o nome dele.'
"Algo errado?" Anthony perguntou, e eu me virei na direção dele balançando a cabeça, ignorando o olhar intenso de Derek. Eu não tinha feito nada de errado, então não havia necessidade de ter medo dele... certo? Certo.
"Está feito?" Anthony perguntou a Derek, e eu o observei assentir. "Não foi fácil." Derek murmurou, e eu olhei para eles, confusa. "Você ficou fora por um bom tempo, irmão." Anthony disse, e eu revirei os olhos mentalmente. "Pena que não ficou pra sempre." Murmurei baixinho, esquecendo completamente o fato de que vampiros são capazes de ouvir quase tudo.
"Pena que o seu comportamento só piorou!" Derek falou, agarrando as minhas bochechas com força e trazendo o meu rosto para perto. "Gente, parem. As pessoas vão perceber..." Anthony gemeu, e Derek me soltou enquanto eu murmurava um pedido de desculpas.
"Além disso, sobre aquela pessoa com quem você estava conversando agora." Derek começou, e meu pulso acelerou com suas palavras. "Ele disse alguma coisa?"
Mordi o lábio inferior e neguei com a cabeça, surpresa por Derek ainda não ter esquecido o assunto. Afinal, ele nem tinha visto o cara, por que estava tão curioso? "Não." Respondi brevemente, e ele deu um passo à frente, aproximando os lábios dos meus ouvidos. "É melhor que seja verdade, cara de boneca." O vampiro sussurrou, causando um arrepio na minha espinha.
"Porque eu não esqueço das coisas tão facilmente." Ele terminou, endireitando-se, e eu fiquei em silêncio. Por que ele estava sempre me controlando? Eu nem tinha feito nada... ainda. "Lembre-se disso." Sua voz foi quase inaudível naquele momento, já que as pessoas começaram a chamá-lo e cumprimentá-lo.
Observei-o entrar pelo portão, e respirei fundo antes de entrar também. "Talvez o plano B seja uma "boa" ideia." Disse a mim mesma enquanto tomava a decisão. "Vou usar Derek como rota de fuga."