Capítulo 63
1636palavras
2023-09-21 00:01
Ponto de Vista de Kathy
"Mãe." Eu digo, abrindo os olhos. "O que estou fazendo aqui?" Olho em volta e percebo que estou no quarto dos meus pais.
"Pelo amor da Deusa, Deméter!" Eu começo a chorar. "Eu senti tanto sua falta!"
"Estou aqui, mana!" Deméter me abraça. "Como você está se sentindo?"
"Não sei… mas acho que estou bem. No final, não aconteceu nada tão grave. Estou inteira. Fiquei com medo, mas estou inteira."
"Aquele renegado realmente salvou você?" Minha mãe pergunta.
"Renegado?" Eu pergunto, ficando um pouco confusa.
"Havia um homem com você." Mamãe explica.
"Ah, sim... ele salvou. Ele foi muito gentil comigo, não sei por que arriscou a vida por mim."
"Você está realmente bem?" Deméter pergunta, analisando-me.
"Agora, eu estou." Digo a ela, respirando fundo e tentando me acalmar.
Assim que os meninos descobrem que estou acordada, todo o castelo começa a vir.
"Como está meu pequeno camarão?" Evan diz para me fazer rir.
"Senhor Swift." Faço um sotaque britânico, assumindo uma atitude séria e olhando para ele com arrogância. "Essa não é a melhor maneira de falar com a filha do Rei."
"Ela está bem." Evan solta uma risada, e todos riem junto.
"Você nos assustou, pequeno camarão!" Evan comenta. "Achei que Deméter ia enlouquecer se não chegasse aqui e visse com nossos próprios olhos que você está inteira."
"Mas poderia ser pior se a Deusa da Lua não mandasse um anjo para assustar os renegados." Digo a eles, tentando parecer alegre.
"Pela Deusa da Lua." Meu pai diz, olhando para mim. "Um anjo?"
"O quê?" Eu encolho os ombros.
"Ele é um m*ldito renegado. Ou, pelo menos, é o que ele afirma ser, embora tenha indícios de que não é verdade." Meu pai explica, olhando para Evan, depois para Santiago. "Ele me contou uma história maluca, alegando que ter sido criado por freiras. Estou surpreso de que ele não tenha afirmado ser um santo. Como é que você diz que ele é um anjo?" Papai balança a cabeça, em censura.
"Ele é arrogante e forte." Evan comenta.
"Eu também sinto isso." Santiago acrescenta.
"Sinceramente, não me importa quem ele é ou de onde vem. Tudo o que sei é que ele me salvou. " Eu refuto. Eles todos me olham mim como se eu tivesse duas cabeças de repente.
"Onde ele está agora, pai?" Eu pergunto.
"Ele está bem. Não vai sair daqui até começar a falar." Ele me responde, mas sinto pena. Aquele homem é lindo. E ele foi gentil comigo. Eu gosto dele, esta é a primeira vez em toda a minha vida que digo que gosto de algum homem.
"Pai, por favor, não o atormente. Você não pode dar a ele um quarto no andar dos guerreiros?"
"Kathy." Santiago me chama. "Você bateu a cabeça na floresta?" Eu logo faço um biquinho, que já minha marca registrada, e, com a careta mais fofa do mundo, olho para meu pai.
"Por favor, pai, ele foi gentil comigo e me consolou após o ataque. Ele lutou por mim."
"Isso não é seguro." Minha mãe fala.
"Mas que mal posso sofrer em minha própria casa? Quem se atreveria a mover um dedo contra mim com vocês por perto?"
Papai olha para Evan, com atenção, como se eles soubessem um pouco mais sobre tudo isso. Eu realmente não gosto da atitude deles, então meu pai olha para mim.
"Santiago, vá atrás dele e o traga aqui. Isso pode funcionar melhor do que na masmorra." Papai diz por fim, e Santiago acena com a cabeça.
"Nelson e Helens." Papai continua lhes chama em um tom de comando. "Vocês vão ficar responsáveis por ela."
"Sim, pai." Os meninos nem protestam.
Faltam seis dias para eu completar 18 anos e conhecer minha loba. Faltam seis dias, e espero poder encontrar meu companheiro predestinado. Eu quis isso por toda a minha vida, mas sinto uma atração inexplicável por esse homem desconhecido.
Ele é realmente lindo. Ele tem quase 2m de altura, cabelos castanhos e olhos azuis, além de ser muito musculoso. Olhando para ele, vejo que parece com o ator Henry Cavill. A cereja do bolo é que ele é meu herói pessoal.
Não entendo bem, mas sei que quero muito estar com ele. Isso me fez eu me sentir segura.
No dia seguinte, assim que acordo, vou procurá-lo. Andar pelo castelo depois de tudo o que aconteceu, sem ser seguida pelos meus irmãos, é apenas um sonho lindo. Contudo, o fato é que vejo que eles não estão atrás de mim como imaginei que ficariam.
Passo a noite toda pensando nesse desconhecido. Mas para onde Santiago e Evan o levaram?
Começo a correr na escada e, sem perceber, escorrego. As feridas de ontem não estão completamente curadas, e minha perna ainda dói. Percebo que vou rolar pela escada e quase fecho os olhos, esperando pelo impacto. Do nada, duas mãos fortes me agarram por trás e me puxam em sua direção. Olho para trás e encontro o sorriso mais lindo que já vi no rosto de um homem.
Minha respiração falha, sinto que estou começando a imaginar coisas. Seu toque cria uma espécie de eletricidade onde me toca. Nunca fui tocada por um homem em minha vida. Ninguém se atreve a fazer isso.
Eu já quis isso. Em todas as festas reais, eu vejo o jeito que os meninos me olham, mas basta meu pai ou um dos meus irmãos os encarar, que eles já sentem seu funeral chegando.
Seu toque é maravilhoso, mas não tenho nada com que compará-lo. Apenas posso imaginar como será tocar meu companheiro, se o toque dele me vai me dar essa sensação de bem-estar.
"Você está bem?" Ele me pergunta calmamente, sem soltar os meus braços. Pelo contrário, sinto que, de alguma forma, ele me puxa para ainda mais perto dele.
"Agora, estou." Eu respondo timidamente, sorrindo e colocando meu cabelo atrás da orelha. Eu me sinto como uma adolescente que nunca viu um menino na vida.
"Acho que você pode me soltar." Comento. "Eu não acho que você queira que meu pai nos veja assim."
Ele me solta, desconfortável, deixando suas mãos me acariciarem ao fazê-lo e ri.
"Aonde você ia com tanta pressa?" Ele me pergunta enquanto nós dois descemos as escadas.
Eu nem sei para onde eu ia... Para onde eu ia mesmo?
"Para o jardim?" Digo, embora pareça que pergunto mais do que respondo.
"Posso ir com você?" Ele indaga.
'É claro que você pode vir comigo. Você pode vir comigo para onde quiser. É só me dizer para onde, que eu vou.' Eu respondo mentalmente, mas digo a ele com simplicidade:
"É claro."
Caminhamos pelo jardim de rosas da minha mãe, que posso jurar ser uma cópia do jardim da vovó Mécia. Eu sei que todos estão de olho em mim. Vejo Nelson e Helens olhando para nós pela janela. Santiago, papai e Evan estão colados na janela do escritório do meu pai. Pense, Kathy! Pense…
Faço sinal para ele vir atrás de mim e o levo até o canto do jardim onde sei que nenhum deles vai conseguir nos ver. É um local com uma relva, à sombra de um carvalho alto e frondoso. Podemos olhar o castelo em paz, sem sermos vistos, mas podemos observar daqui tudo que se move.
Sento-me na grama verde e espessa, então fecho os olhos, respirando fundo. Eu o sinto se sentado ao meu lado, mas ele se deita de lado na grama e apoia a cabeça no cotovelo.
Ele me admira, com seus olhos azuis-escuros.
"Eu sou George." Ele se apresenta.
"Não combina com você." Eu digo, quase rindo.
"Por que não?" George pergunta, ele me olha intensamente e me faz virar a cabeça para encará-lo de volta.
"Parece um nome de alguém mais velho e maduro. Eu não sei... Simplesmente não combina com você." Eu abro sorriso para ele.
"E como você me chamaria se pudesse escolher?" Ele me pergunta, entretido.
"Você poderia ser um Henry." Digo, e já vejo o Super-homem na minha frente. "Ou um William." Continuo "Mas eu adoraria que você fosse..."
"Deixe-me chocado." George solta uma risada.
"Que fosse Ted, ou apenas Ted." Digo, corando levemente. Mas vejo seu sorriso desaparece, ele me encara chocado.
"Eu disse algo errado?" Pergunto.
"Não..." Ele engole em seco. "Ted soa muito bom quando você diz."
"Meu nome é Kathy." Eu digo. "E acho que não preciso de uma apresentação."
George estende a mão e pega a minha, então a leva até a boca para beijá-la.
"Estou encantado, Princesa Kathy." Ele começa a rir.
George é simplesmente perfeito.
"Obrigada, George, por me salvar na floresta." Eu falo com timidez.
"Você não precisa me agradecer." George responde. "Pelo contrário, eu deveria agradecer. Estou convencido de que, por sua causa, estou em um quarto normal e não mais na prisão."
"É o mínimo que posso fazer por você." Digo, corando ainda mais. Com toda a coragem que tenho, estendo a mão e tiro o cabelo que está em sua testa. Aproveito a oportunidade de acariciar sua bochecha um pouco.
"Estou preso aqui." George diz, olhando sério para mim.
"Por quê?" Eu questiono, perplexa.
"Eu gosto de você, Princesa Kathy."
"Isso é bom." Eu sorrio. "Eu também gosto de você."
"Posso beijar você?" Ele pergunta, mirando meus olhos.
Todo o meu ser clama para que eu me levante e vá embora, mas, ao mesmo tempo, me diz para me jogar em seus braços e beijá-lo até ficar sem ar. Eu nem sei como fazer isso. Eu nunca beijei ninguém.
O que eu faço? Pela Deusa da Lua, eu quero tanto esse beijo!
Miro bem fundo nos olhos dele e não encontro nada de ruim, nada que me faça temer que ele possa me machucar. Então, digo como se fosse totalmente normal: "Por favor, me beije."
*