Capítulo 43
1482palavras
2023-09-11 00:02
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Ponto de Vista do Mickey
Corro para o hospital como se minha vida dependesse disso. E o que digo parece ser verdade, pois minha vida inteira está realmente no fim desta jornada. Lisle está sozinha, dando à luz ao nosso filho agora mesmo.
Assim que chego ao hospital, os médicos me levam até ela.
"Ainda bem que estás aqui, Alfa. Luna Lisle não quer colaborar e insiste que você esteja presente com ela." Uma das enfermeiras me explica.
Minha doce e meiga companheira, é claro que ela quer que eu esteja ao seu lado. Já conversamos sobre isso inúmeras vezes. Não é que ela não possa fazer isso sem mim, mas eu pedi para estar junto quando acontecesse. Quero estar lá quando meu filho nascer. Quero estar com ele desde o primeiro segundo de sua vida.
"Estou aqui, Lisle." Digo a ela ao entrar na sala de parto, enquanto as enfermeiras me ajudam a desinfetar e a me preparar adequadamente para a situação.
"Finalmente!" Lisle exclama, como se um fardo fosse tirado de seus ombros.
"Podemos começar agora, Luna?" Um dos médicos pergunta. "Alfa, ela nem nos deixou examiná-la. Por favor, ajude!"
Assim, imediatamente, os médicos ajudam Lisle a se acalmar.
"Mickey! Minha barriga está doendo muito!" Ela grita.
"Ajudem agora!" Entro em pânico, assim como os médicos, que me encaram com medo.
"Alfa, não há mais nada que possamos fazer. Devemos permitir que o trabalho de parto siga normalmente."
"Vocês têm que fazer alguma coisa!" Grito, nervoso, mas não consigo impedir Lisle de gritar de dor mais uma vez. Ela agarra minha mão e me aperta com tanta força que posso jurar que ouço todos os meus ossos estalando.
"Podemos tentar acelerar o parto." Um médico afirma. "Mas a dor será mais intensa."
"De jeito nenhum!" Eu digo, com raiva.
"Faça isso!" Lisle pede. "Quanto mais cedo acabar, melhor! Eu só quero segurar meu bebê nos braços."
Uma equipe inteira de médicos e enfermeiras cerca Lisle, injetando oxitocina e vários outros remédios nela. Em menos de meia hora, Lisle grita ainda mais de dor. Por que essa mulher nunca me escuta?
"Por favor, façam uma cesariana!" Imploro. "Não suporto vê-la assim!" Mas Lisle quase pula da cama e, quando segura o médico pelo colarinho, grita no meio da dor das contrações:
"Não se atreva!"
Lisle me repreende, dizendo que não é fácil se recuperar de uma cesariana e que esse parto é uma escolha dela, mas como posso aguentar vê-la nesse estado? Pelo amor da Deusa, juro que não vou deixá-la passar por tudo isso de novo! Por favor, não deixe que ela se machuque mais! Por favor! Prometo que vou fazer vasectomia, prometo que não vou mais tocar nela, só para não ver ela sofrer mais.
'Você é louco!' Meu lobo grita. 'Eu quero minha companheira, seu humano idiota! Não prometa o que você não pode cumprir!'
Por favor, Deusa da Lua!
Miro os olhos de Lisle, que já está suando muito e com o rosto vermelho. Ela está prestes a gritar de dor novamente, então eu começo a chorar.
"É tudo culpa minha!" Eu digo, entre lágrimas. "Juro que não vou deixar você ter mais filhos."
Lisle me encara e quer me falar algo. Contudo, assim que abre a boca, começa a gritar de dor.
"Quantas contrações ela tem, doutor?" Pergunto, assustado. "Você contou? São muitas?" Mas o médico olha para mim e precisa se conter para não rir. O que eu disse de errado? É um número fixo de contrações? Não é?
"Que bobagem, Mickey!" Lisle grita comigo. "Eu juro que vou expulsá-lo desta sala se você não calar a boca! Doutor, você pode tirá-lo daqui? Eu mudei de ideia. Quero que as meninas venham e fiquem comigo!" Ela se aborrece, mas logo volta a gritar. Eu seguro a mão dela e acaricio sua testa, enquanto Lisle se contorce de dor e se apoia no meu peito.
"Lisle, por favor, aguente firme. Estou ao seu lado. Por favor, aguente e juro que, quando tudo acabar, vou fazer tudo que você quiser." Se eu soubesse que ela iria sofrer tanto, nunca a teria deixado passar por isso.
"Você quem vai parir o próximo bebê, Mickey!" Lisle resmunga entre dentes enquanto tenta recuperar o fôlego.
"Lisle, não teremos mais nenhum filho." Eu digo ao me aproximar para beijá-la, mas Lisle me pega pela orelha e diz cerrando os dentes:
"Você não desiste muito fácil, meu querido Alfa! Teremos quantos filhos eu quiser porque você me prometeu isso."
"Mais um empurrão, Luna" Ouço o médico dizer. "Mais um empurrão, e seu bebê vai aparecer!"
Lisle olha para mim e sorri em meio às lágrimas de dor e exaustão. Ela faz exatamente o que o médico manda.
"A cabeça apareceu!" Sinto o humor de Lisle mudar imediatamente. De repente, ela parece revigorada ao saber que o fim dessa loucura está próximo. Lisle empurra, respira, empurra e grita a plenos pulmões por de mais dez minutos. Assim, nosso doce filhinho nasce. O choro do nosso bebê parece tímido.
Eu só consigo chorar. Lisle também está chorando. Eu me curvo e a beijo, realmente sinto que me perco em nosso beijo.
"Você ainda me ama depois de tudo que viu aqui hoje?" Lisle ri ao perguntar.
"Como eu poderia amá-la menor depois de ver você ultrapassando todos os seus limites para trazer esse bebezinho ao mundo?"
Um dos médicos logo chega com nosso filho nos braços e o coloca com gentileza sobre o peito de Lisle.
"Muito bem, Luna! Você tem uma linda menininha!" A parteira vem até nós e ajuda Lisle a segurar a pequena no colo.
Olho para Lisle e para nossa filhinha. O amor de Lisle fica evidente em seu rosto.
"Temos uma menininha, Mickey! Temos uma menininha!" Ela diz, chorando. "Ela é tão linda!"
"Você foi ótima, meu amor! Ela é tão bonita! Ela é igual a você!"
"Eu amo você, Mickey!" Ela afirma.
"Eu amo você mais! Você foi incrível meu amor!"
Assim que possível, Lisle é transferida para a enfermaria. Eu simplesmente não consigo me separar dela. Afinal, ela aguentou hoje para ver nosso sonho se realizar. Foram oito horas sentindo dor, abraçados, para ter nossa pequena no colo. Estamos na cama do hospital e apenas admiramos o milagre que entra em nossas vidas.
"Seu desejo foi atendido, Mickie. Temos uma menina." Lisle comenta, limpando os olhos.
"Sim, ela é perfeita!" Eu digo, com lágrimas nos olhos. Eu não consigo acreditar que sou capaz de criar algo tão perfeito quanto essa criança. Ela tem cabelinhos loiros e olhos verdes. Além isso, ela é uma cópia de Lisle. Sua mãozinha está enrolada em meu dedo mínimo e já posso senti-la o segurando com força.
"Como vamos chamá-la?" Lisle questiona, virando-se para mim. Temos um combinado. Se for uma menina, eu escolho o nome; e se for um menino, Lisle escolhe.
"Ela se chamará Deméter, porque, assim como essa época do ano, ela traz para nossas vidas todas as riquezas. Ela é fruto do nosso amor, Lisle."
"Deméter Labels..." Lisle diz. "É simplesmente perfeito!"
"É, sim, meu amor." Respondo, olhando para ela. "Assim como você!"
"Quer que eu deixe você descansar e vá mostrar nossa filha para a família ou prefere que eu os chame para o quarto?" Pergunto a ela, esperando que Lisle me diga que quer descansar, mas ela nunca escolhe o caminho mais fácil para mim.
"Deixe-os entrar." Ela me diz, com um sorriso. "Nós somos uma família."
E, cinco segundos após anunciarmos que eles podem entrar, toda a nossa paz acaba.
Meu pai e minha mãe entram chorando de felicidade. Julia, Raquel, com seus gêmeos, falam sem parar sobre seus planos de se tornarem sogros e nos incentivam a deixar Deméter se casar com Mikael ou Ralph. William está aqui e, surpreendentemente, Artemis também, mesmo que ela seja tímida e retraída. Mas, mais chocante é que Viviana e Rafael não dizem nada. Eles apenas se abraçam e choram, olhando para Lisle com nossa pequena no colo.
"O que foi?" Eu pergunto aos dois.
"Não acredito que sou tio." Rafael comenta.
"Bem, você é um tio!" Digo a ele rindo, então dou um tapinha em seu ombro. "A propósito, não vou deixar você fazer Viviana passar pelo que vi hoje. Então, tome cuidado para não engravidá-la." Acrescento, chocando a todos. Lisle me encara e sei que, se ela pudesse, pularia da cama para me bater pelo que eu disse.
"É tarde demais." Viviana diz, sem olhar para mim.
"Como assim?" Pergunto. Todos no quarto olham para ela.
"Parece que em dois meses outra criança vai fazer parte da alcateia." Viviana afirma, sem tirar os olhos de Deméter.
Olho para Rafael e digo baixinho entre os dentes, tentando não ser ouvido por Lisle, mas a quem quero enganar?
"Você é um homem morto!"
Mas basta ver Lisle me encarando que Rafael começar a rir:
"Acho que não."