Capítulo 4
1181palavras
2023-08-14 16:34
Após doar sangue suficiente para Damon, fico impressionada. Seus pais lançam olhares furtivos para mim. Eles desejam conversar comigo, mas não tem coragem. Assim que o sangue fica pronto, os médicos voltam ao quarto e começam a preparar o Damon para receber a transfusão.
"Você ainda precisa de mim ou posso ir embora?" Pergunto antes de partir.
"Para onde você vai?" Rafael se assusta.

"Vou voltar para o lugar de onde vim. Se minha presença não for mais necessária, vou me retirar." Eu digo e me levanto da cadeira, para sair daqui mais rápido.
Ver Damon à beira da morte não é tão reconfortante quanto eu pensei que seria. M*ldito vínculo de companheiro! Assim que ele se recuperar, vou aceitar a rejeição. Voltarei apenas para quebrar esta última ligação que tenho com a Alcateia Shine Star, que é esse vínculo de companheiro com o futuro Alfa.
"Luna, Alfa Damon ainda precisa de você. A sua mera presença vai ajudar o lobo dele a se recuperar. Você não pode ficar?" O médico pergunta, um pouco confuso.
"Não sou a Luna desta alcateia. Não quero ouvir mais isso ou vou embora agora mesmo! Continuo sendo nada para estar alcateia, como sempre fui!"
"Lisle, acalme-se." Lillian fala atrás de mim.
"Não vou me acalmar, Luna. Se você não precisasse de mim para ajudar o seu filho hoje, eu nem estaria aqui. Eu só quero que você me deixe em paz. Isso é tudo que eu peço." Eu me afasto deles, vou para o outro lado do quarto.

"Lisle, mana..." Rafael me chama suavemente. Como eu sentia falta de ouvi-lo falar comigo com tanta gentileza...
"Não me chama assim... Você não é mais meu irmão. Estou sozinha nesse mundo. Me deixe em paz."
"Anthony..." Lillian diz. "Você acha que é seguro deixá-los sozinhos?"
Eu começo a rir.

"Você pode ficar tranquila, Luna. O seu filho vai ficar seguro. O que você acha que eu vou fazer? Bater nele na frente da alcateia? Humilhá-lo na frente de todos ou est*prá-lo na frente dos amigos? Vá embora e me deixe em paz, ou eu vou sair e você terá que cuidar do Alfa Damon sozinha."
Luna Lillian começa a chorar quando Alfa Anthony sai da sala sem dizer nada.
"Saia daqui, Rafael! Eu não quero nem olhar para você."
Fico sozinha no quarto, então me aproximo da cama na qual Damon está deitado. Ele está tão pálido... Damon, em um dia normal, é como um deus na terra. Ele é um homem lindo. Tem cabelos loiros, olhos azuis, lábios carnudos, duas maravilhosas covinhas no meio das bochechas... Os deuses foram generosos quando o fizeram. Ele é como um Lamont Pitt no mundo dos lobisomens. Tem 2 metros de altura e um porte atlético. Algumas tatuagens enfeitam os seus braços, fazendo-o parecer um viking. Eu olho para ele e sinto que estou ficando louca.
Com uma mão trêmula, toco as tatuagens em seu braço esquerdo. Eu me sinto hipnotizada por elas. São espinhos rodeados de rosas. O desenho sobe do punho até ao ombro, depois desce um pouco pelas costas e peito. É muito bonito. Eu sigo o traçado levemente com meus dedos, sentindo um formigamento ao passar meu dedo sobre a tatuagem. Há algo escrito entre os espinhos e as rosas, perto do coração. Tem um nome: "Minha Eterna Lisle".
Levo a mão à boca e suspiro. O que é isso? Uma piada de mau gosto?
"Ele fez a tatuagem uns dois meses depois que você foi embora." Eu ouço Clay bater na porta.
"Por que ele faria isso?" Pergunto, irritada. "Ele se divertiu no meu aniversário e queria que fosse um dia inesquecível?"
"Isso, você vai ter que perguntar para ele, Lisle, se quiser uma resposta." Clay comenta com timidez.
"E como está o seu nariz?" Eu pergunto, sarcástica. "Vejo que não bati com força o suficiente."
Clay começa a rir. "Você é uma guerreira durona, garota! Foi o pior soco que já tomei, acho que nunca senti outro tão forte."
"Aquilo não foi nada, Clay! Você teve sorte que eu não era tão forte quanto sou agora." Eu digo, quase rindo.
"Sinto muito, Lisle."
Clay e Rafael visitam Damon todos os dias, e eu tenho que aguentar seus olhares entristecidos e envergonhados. Já estou começando a ficar irritada.
Luna Lillian vem conferir seu filho todos os dias também, para ver se eu fiz algo contra ele. Talvez eu deva cortar as partes íntimas de Damon e enfiá-las na garganta dele.
Aposto que assim a Luna teria algo para se lembrar. Alfa Anthony sempre vem e me pergunta se eu preciso de alguma coisa. Não preciso de nada. É o que eu respondo, mas ele parece não me ouvir, pois me traz roupas e comida. Não posso dizer que não fico feliz com isso, mas realmente não preciso de nada.
Fico no hospital com Damon por duas semanas. Felizmente, o quarto dele tem um banheiro particular e um sofá confortável onde eu posso descansar.
Observá-lo todos os dias durante essas duas semanas, observar quem tanto me magoou e me deixou tão desesperada, é um martírio.
"Acorde, Damon!" Eu digo baixinho, em seu ouvido.
"Lisle..." Ele sussurra com a voz rouca. Eu pulo para longe, com medo dele, como se tivesse sido queimada. "Água... por favor."
Imediatamente, pego um copo d'água e o ajudo a engolir alguns goles.
Damon olha chocado para mim.
"Lisle?" Ele me chama, pasmo. "Eu morri e cheguei ao paraíso?"
"Você está bem vivo. Vou chamar o médico." Eu afirmo.
"Lisle... espere..." Ele diz, tentando estender a mão para segurar a minha, mas grita de dor no meio do movimento.
"Fique quietinho aí, o médico logo vem vê-lo." Eu falo e saio do quarto.
Chamo o médico e saio do hospital. Vou deixar para aceitar a rejeição de Damon em outro momento. Eu preciso me afastar daqui. Depois de duas semanas sentada ao lado dele — doando sangue regularmente, cuidando dele quase sem parar —, eu me sinto exausta e perdida. Pelo amor da Deusa! Não posso rejeitá-lo hoje. O meu coração não me permite fazer isso.
Eu quero ir embora deste lugar.
Saio do hospital, ando pela rua sob o olhar atento dos membros da alcateia. Todo mundo sabe o que aconteceu no campo de batalha, com o ataque dos lobos renegados. Alguns sorriem para mim, outros abaixam a cabeça com respeito. Eu ignoro todos. É hora de me livrar desta alcateia e seguir em frente. Caminho por vários minutos até sair do território da alcateia e entrar na floresta.
Eu me transformo em loba, deixo Nancy escolher para onde vamos. Não tenho medo de nada quando estou com ela por perto. Com ela, sei que nada pode me atingir.
Ao chegar na fronteira do território da alcateia, não olho para trás. Apenas digo as palavras que evitei nos últimos quatro meses.
"Eu, Lisle Kennedy, a fêmea Beta da Alcateia Shine Star, quebro todos os laços com esta alcateia e me liberto de qualquer juramento de lealdade já feito. Sou uma loba livre a partir de hoje!"
Que minha nova vida comece!