Capítulo 35
2152palavras
2023-08-29 09:05
Passei dias com aquilo preso na minha garanta, louca para contar a Ale sobre a gravidez e ao mesmo tempo com medo do que ele poderia achar de tudo isso, afinal eu garanti que não podia engravidar, ele podia acabar achando que menti para tentar prendê-lo de alguma forma.
Claro que Luke e Rosa não concordavam comigo, eles insistiam em dizer o quanto Ale ficaria feliz com a notícia e que ser pai era o grande sonho dele, mas eu tinha minhas dúvidas.
Descobri a gravidez no dia depois da nossa briga, Luke comprou os testes e me obrigou a fazer, pra ele não foi novidade o resultado positivo, mas eu fiquei tão chocada que contei a Rosa, ela também não pareceu chocada, já que tinha suas próprias suspeitas, ainda sim eu não me dei por convencida e marquei uma consulta.
Não queria sair por aí anunciando uma gravidez sem ter cem por cento de certeza, ainda mais depois de sempre acreditar que não poderia ter filhos nunca.
Enquanto eu estava casada com Charles e ele jogava na minha cara isso, internamente eu dizia a mim mesmo que era algo bom, era ótimo não ter um filho para ser criado para ser um escroto como Louis, muito menos uma menina para ser moeda de troca para os favores dele.
Mas quando a médica disse que os exames deram positivo tudo mudou. Aquele bebê não era de uma pessoa ruim, não era fruto de um relacionamento forçado e definitivamente não seria tratado como peça em um jogo.
No momento em que não restou mais dúvidas para mim de que eu estava mesmo carregando uma vida dentro de mim, tudo deixou passou para segundo plano, ele seria minha prioridade, diferente de como eu fui criaxa aquele bebê viria em primeiro lugar na vida.
Foi por isso que finalmente deixe que Ale se aproximasse de novo, mas levou dias até ter coragem de contar pra e hoje quando me chamou para sair eu soube que era a hora.
Não ia voltar pra ele, mas ele merecia saber que tinha um filho e aquele bebê precisava de um bom pai.
— Que bom que finalmente vai abrir o jogo, porque eu não aguentava mais segurar esse segredo! — Luke gritou entrando na loja, pegando eu e Rosa de surpresa.
— Nem eu, ia acabar contando mesmo sem querer.
— Vocês dois são péssimos em guardar segredo, me lembre de nunca mais contar nada a vocês. — resmunguei pegando minha bolsa pra ir embora. — Mas já estava na hora, ele tem o direito de participar de tudo, isso se quiser.
— Deixe de bobagem, já falei que ele vai ficar ainda mais doido com essa notícia, se já está atrás de você como um cachorrinho se prepare para tê-lo atrás de você abanando o rabo vinte e quatro horas por dia! — não consegui conter a risada com aquilo e Luke fez o mesmo, explodindo em uma gargalhada ao meu lado.
— Tem certeza que não vai querer uma carona hoje Rosa?
— Sim menino, leva ela embora pra se arrumar porque Ale com certeza vai chegar lá bem cedo. — Rosa falou me fazendo sentir um reboliço no estômago, mas não de uma forma ruim como enjoos, mas sim em ansiedade para vê-lo. — Eu vou esperar Elisa vir me buscar.
— Então já vamos. — murmurei dando um beijo nela e lhe entregando a chave.
— Tenha cuidado minha linda, vocês dois. — Rosa falou com o olhar congelado no meu, a mão sobre a minha barriga e o rosto terrivelmente sério, foi quase como se pressentisse que algo de ruim estava prestes a acontecer e aquilo fez meu sangue gelar.
Saímos de lá e eu me mantive ainda mais atenta as ruas enquanto Luke dirigia, pois a forma como Rosa disse me deixou assustada. Eu não era uma pessoa supersticiosa, não acreditava em energia, visões, premonição, nada disso tinha significado pra mim.
Mas Rosa não era como eu, ela era uma mulher católica devota, que tinha uma fé inabalável e a forma como ela falou realmente mexeu comigo.
Por sorte chegamos em casa em segurança e eu fui logo tomar um banho. Já tinha saído da doceria mais tarde que o normal esperando por Luke, logo Ale estaria batendo na porta e eu ainda não estava pronta.
— Está com pressa gatinha? — ele gritou sorrindo quando me viu correndo para o banheiro.
Precisava tomar um banho urgente, a música ressou pela casa, Luke gostava de escutar música alta enquanto fazia as coisas de casa e era ele quem vinha fazendo, já que eu era pessima em limpar tudo.
— Puta que pariu! — gritei assustada pulamos com a mão no peito quando abri a porta e dei de cara com ele. — Não tem o que fazer não?
— Não, monitorar seu banho é muito melhor. — revirei os olhos e segui para o meu quarto, fechando a porta na cara dele. — Acho que vou sair pra jantar com o pessoal, deixar vocês mais a vontade.
— Está me pedindo permissão? — abri uma fresta colocando a cabeça para fora, porque sabia que se ele entrasse comecariamos a conversar e nos esqueceriamos do tempo, tinha sido assim nos últimos dias, mas agora eu precisava terminar de me arrumar.
— Estou me certificando de que vai sobreviver sem a minha beleza por uma noite. — sorri sem conseguir me conter e o empurrei pelo ombro.
— Você é um ótimo irmão sabia? Está até me fazendo pensar que ter sido filha única foi uma bosta.
— Awnn vem aqui loirinha, eu te adoto como minha irmã. — ele puxou minha cabeça para de baixo do ombro me obrigando a abrir um pouco mais a porta e fez um cafuné irritante bagunçando o cabelo que eu tinha acabado de arrumar.
— Meu cabelo Luke! — agarrei a costela dele fazendo cócegas, sabendo que era o jeito mais rápido dele desistir. —Esquece, já não te quero mais como irmão!
Então o corpo dele todo se edureceu e ele alinhou a postura se virando para o corredor. Toquei seu braço esperando alguma reação, porque tudo o que eu escutava era a música alta.
Luke se virou colocando um dedo sobre os lábios, em um pedido silencioso para que eu ficasse quieta. Então com um toque no celular a música cessou e eu consegui ouvir o barulho de alguém andando em cima da casa.
Meus olhos se arregalaram na mesma medida que meu sangue gelou, puro medo correndo em minhas veias enquanto eu tentava imaginar quem poderia ser.
— Entre no quarto e tranque a porta. — ele sussurrou como uma ordem já me empurrando para dentro do quarto.
— O que vai fazer? Vem comigo? — pedi desesperada, não querendo nem imaginar quantos homens teriam lá fora e se estavam armados ou não.
— Entre e se esconda! Vou chamar a polícia e pegar a arma, já venho.
Arma? Desde quando todos eles tinham armas? Isso só podia ser coisa do Cris, não duvidava nada que depois do ataque de Emily a casa da Rosa ele tenha feito todos andarem com armas.
Aquilo me fez lembrar de Alejandro, logo ele estaria aqui e sabe Deus o que ia encontrar.
Peguei meu celular e fui para o outro lado do quarto, me apoiando na janela tentando ver algo. Foi quando dois homens passaram nos fundos, com armas maiores do que eu poderia imaginar.
No mesmo instante ouvi uma pancada na porta da frente, a lançando contra a parede e os tiros começaram a ser disparados.
Tiros vindo dos dois lados da casa e eu só pude concluir que Luke estava atirando de volta ao invés de ter vindo se abrigar.
— Seu desgraçado! Você vai morrer por ter matado meu irmão! — ouvi um deles gritar e me enfiei de baixo da cama com o celular na mão já ligando para Ale.
— Oi Barbie, estou entrando no carro agora...
— Socorro! — sussurrei interrompendo ele, não sabia quanto tempo mais tinha já que os tiros tinham parado.
— Magie? Magie o que aconteceu? Fala comigo? Me responde Magie? Amor, eu estou aqui fala comigo! — ele gritou e ouvi-lo me chamar de amor fez meu coração doer, só em imaginar que poderia estar morta daqui alguns minutos sem que ele nem sabia sobre o bebê.
— Tem alguém aqui. Eles querem me pegar...
A porta do quarto foi aberta e eu tentei me manter calada.
— Magie se esconde! Se esconde no banheiro ou no closet Barbie! Se esconde em algum lugar, eu estou chegando.
— Não dá mais, eles... — um rosto apareceu no meu campo de visão me deixando muda.
— Achei a vadia! — ele gritou agarrando meus cabelos e me puxando para fora da cama arrastada.
Ele me puxou contra o peito segurando meu cabelo tão forte e apertado que lágrimas pinicavam meus olhos com a dor em meu couro cabeludo.
— Anda, leva para o carro! — outro homem apareceu na porta do quarto.
Eu nunca tinha visto aqueles homens na minha frente, nada neles me dava uma pista de quem poderia estar por trás disso.
Não estavam bem vestidos, usavam roupas velhas e surradas, nem ao menos tinham se dado o trabalho de cobrir os rostos.
— E o que a gente faz com o cara lá na sala?
— Mata! Ele não tem nenhuma serventia. — o homem a minha frente afirmou, claramente ele era o chefe, mas eu não tinha ideia de quem ele era.
— Não! Seu desgraçado! — gritei sabendo que eles estavam falando de Luke e eu não podia deixar que o matassem.
Mas ele me acertou um tapa em meu rostoz fazendo minha cabeça girar para o lado e o gosto de sangue invadir minha boca.
O homem que me segurava com força colocou uma arma na minha cabeça e começou a me arrastar para fora do corredor e eu lembrei que tinha que me comportar para que não matassem meu bebê.
Eu avistei Luke no chão da sala, todo sujo de sangue, provavelmente de tantos socos e chutes.
— Me desculpa, loirinha. — ele sussurrou parecendo desolado.
— Não é culpa sua! — garanti a ele, sabia que era por minha causa que estavam ali. — Não desisti, a gente vai sair dessa! — mas eu recebi uma pancada na cabeça e tudo se escureceu.
Quando acordei meu corpo todo estava dolorido, meus músculos pareciam pesar uma tonelada e minha cabeça latejava a um ponto que era difícil manter os olhos abertos.
Demorou até que eu pudesse focar os olhos e descobrir que estava em uma gaiola, com uma corrente presa ao tornozelo e apenas caixas e mais caixas a minha volta, com o cheiro de mofo preenchendo o lugar.
Tentei respirar fundo e quase vomitei, não sei se foi o mal cheiro que revirou minhas entranhas ou se foi o estresse e a pancada de mais cedo. Então minha mente trouxe de volta Luke, o que tinham feito com ele? O que teria acontecido com meu amigo?
— Acordou bela adormecida! — aquela voz arrepiou o meu corpo, congelando até meus ossos e eu me virei quando os passos soaram. — Achou mesmo que ia se livrar de mim? Você me pertence e tudo que diz respeito a você é a da minha conta, inclusive esse bebê aí dentro.
— O que você quer de mim? Tudo o que fez não foi o suficiente? — gritei inconformada quando ele parou a minha frente.
Como ele já sabia sobre meu filho? E como sabia onde eu morava? Será que eu nunca estaria segura e em paz? Eu nunca teria direito a uma nova vida?
— Eu quero esse filho que tem dentro de você, já está vendido por um milhão de dólares, uma família europeia muito rica o comprou. — aquilo me deu impulso de que eu precisava para me erguer e correr na direção dele querendo arrancar aqueles olhos malditos, mas nem as grades, nem a corrente me deixou ir longe. — E depois eu vou vender você em um leilão!
— Seu desgraçado! Filho da puta! — gritei batendo as correntes contra a grade, mas não surtia efeito nenhum, nada quebraria aquela merda.
Mas antes que eu percebesse a mão dele se enfiou entre as barras e ele agarrou meu cabelo, me puxando contra a grade, cortando meu rosto com a pancada e me deixando ainda mais tonta.
— Você me pertence e vou fazer o que quiser com seu corpo! — então a mão me soltou e eu desabei no chão, me sentindo fraca de mais para ficar em pé. — Agora durma, estamos trabalhando para trazer o pai do bebê, tenho certeza que vai ser um bom incentivo para te manter mansinha até o fim dos nove meses.