Capítulo 25
1565palavras
2023-08-29 08:59
A cada dia que passava eu ficava mais boba com tudo o que estava descobrindo com Alejandro, não só na cama, mas também na vida. Ele era uma ótima pessoa com todo mundo, não importava o que estava acontecendo ele sempre arrumava uma solução, sempre dava um jeito de amenizar todos os problemas, estava dando todo apoio a irmã e não parava de me ajudar com as coisas da loja.
E quanto mais eu pensava nisso e passava um tempo com ele, mais eu sentia que estava me apaixonando por ele. Aquilo era um erro, um completo e enorme erro.
Ale não me queria, só me via como uma amiga com benefícios, ele também queria filhos, uma família grande e eu não poderia dar isso a ele nunca. Observando ele ali dormindo tranquilamente ao meu lado, com o dia raiando do lado de fora e eu prestes a fugir para me esconder em meu quarto antes que qualquer um visse, eu me dava conta disso.
Deslizei meus dedos em seu peito que subia e descia calmo, o coração batia em um ritmo constante enquanto ele ressonava. Como eu queria ter aquele coração, como queria que Alejandro se apaixonasse por mim também.
— Deixe de sonhar, Magie. — murmurei pra mim mesmo e ele se mexeu um pouco na cama abrindo os olhos que faziam meu coração disparar.
— Falando sozinha, Barbie? — ele perguntou com a voz sonolenta fazendo meu coração disparar.
— Apenas me lembrando que tenho que sair antes que sua mãe acorde. — murmurei suspirando e criando forças pra sair da cama.
Droga, era por isso que eu precisava sair daquela casa o mais rápido possível, eu precisava ficar longe dele até enterrar esse sentimento, mas morando com ele era difícil de ignorar aquela beleza, aqueles olhos, o sorriso sedutor e ainda tinha aquele corpo de matar.
— Se continuar me olhando assim vou me esquecer da minha mãe e te jogar nessa cama. — Ale falou se sentando e me dando ainda uma maior visão do seu corpo.
— Não podemos. — murmurei a contra gosto enquanto começava a pegar minhas roupas do chão.
Na semana passada Rosa tinha encontrado uma calcinha minha jogada no quarto e tivemos que inventar a história mais sem sentido, Alejandro jurou que a mãe tinha derrubado ali quando veio buscar as roupas sujas dele.
— São sies horas, não precisa fugir de mim agora, minha mãe não vai acordar tão cedo assim. — ele insistiu me tentando ainda mais.
Mas não podia ceder agora, tinha passado uns bons vinte minutos observando ele dormir como uma maluca apaixonada, e agora que estava fora da cama dele tinha que sair dali, não podia voltar pra lá, seria ainda mais difícil sair depois.
Ou até mesmo dolorido, como sempre sentia meu coração doer quando ele me empurrava para longe, ou me escondia, até mesmo como no outro dia que fui jogada para debaixo da cama quando Rosa apareceu do nada.
— Não se esqueça que vai para o médico hoje tirar esse gesso, então com certeza ela vai acordar mais cedo. — o lembrei usando aquilo como a desculpa perfeita para correr pra longe dele.
Ouvi Ale bufar atrás de mim quando me virei e sai de lá, fechei a porta dele atrás de mim ficando ali no corredor parada, com todas as roupas no braço, fazendo a caminhada da vergonha.
Eu tinha que parar com isso, estava na hora de começar a me valorizar um pouco ao menos.
Então de repente a porta do quarto de Carla se abriu me surpreendendo, eu nem sabia que ela tinha vindo passar a noite em casa. Então as costas másculas e o corpo saíram de fininho do quarto andando na ponta do pé em direção as escadas, até que John parou e olhou para trás dando de cara comigo.
— Temos que dar um jeito nas nossas vidas, não é? — falei e acenei com a cabeça antes de entrar no quarto deixando ele para trás com a própria vergonha.
Como podia ser assim as coisas, não imaginei que estaria assim hoje depois de fugir do desgraçado de Charles, me esconder com medo e agora estar me apaixonando por um homem totalmente inesperado, um homem que nunca imaginei me apaixonar.
Onde eu tinha me metido senhor. Enfiei a cabeça entre as mãos e andei até a janela vendo o céu tingindo em tantas cores no raiar do sol, era uma bagunça entre laranja e amarelo animador e acolhedor e o azul triste e obscuro da noite. Parecia exatamente como eu me sentia por dentro, toda a escuridão que existia em mim estava se dissipando aos poucos, com o calor aconchegante da felicidade.
Mas então meus olhos se desviaram para a rua e eu vi uma figura parada do outro lado da rua, bem em frente a oficina. Não era a hora de abrir ainda, estava cedo de mais para qualquer pessoa estar esperando por Luke.
Então a pessoa se virou, olhando diretamente para a casa de Rosa, virando a cabeça de um lado para o outro parecendo realmente interessado na casa. Quando começou a atravessar a rua eu tentei ver melhor, me aproximando da janela, mas com medo de abrir e ser vista.
O homem era alto e andou com passos largos até o portão, mas os óculos escuros que ele usava e o capuz da blusa impossibilitava de ver qualquer outra coisa.
Peguei a roupa que estava na minha mão e comecei a vestir, não me importava que o vestido estivesse amassado e que fosse o mesmo da noite passada, eu precisava chamar John agora.
O homem chegou ao portão e agarrou a grade, parecendo prestes a pular e eu gritei com medo, poderia ser o marido de Carla atrás de vingança, querendo ferir ela ou qualquer um de sua família.
— John! — gritei saindo do quarto e descendo as escadas com pressa. — John o portão!
Ele já estava na minha frente antes que eu abrisse a porta pronta para enfrentar quem quer que fosse.
— Suba e leve todos para o quarto de Alejandro! — ele ordenou destravando a arma e saindo para fora da casa.
Eu consegui ver o momento em que o homem avistou John com a arma e desceu do portão começando a correr para longe. John estava usando apenas as calças e nada mais, saiu descalço e sem camisa, pulou a grade com uma habilidade impressionante e correu perseguindo o maluco.
— Magie! — o grito de Alejandro me trouxe de volta e eu fechei a porta da sala.
Peguei o taco de beisebol que Rosa tinha escondido ali e me virei para subir as escadas e cumprir as ordens de John. Mas dei de cara com Ale na altura das escadas, ele tinha uma arma nas mãos e se apoiava com a outra na parede para não cair.
De onde tinha saído aquela arma? Porque ele estava de pé forçando a perna? Eram só o começo das minhas perguntas, mas Carla apareceu ao lado dele e eu tratei de subir o resto dos degraus.
— O que aconteceu? Porque você gritou e onde John está? — ela disparou parecendo assustada e eu não podia culpá-la.
— Um homem apareceu na oficina, depois se virou vindo para cá e tentou subir no portão, foi quando eu desci gritando por John. Ele me mandou subir e disse para todos nós ficarmos no quarto com Ale.
— Ele foi atrás do homem? E que homem era esse? — Carla continuou a perguntar já começando a roer as unhas.
Rosa ouvia a tudo da porta do quarto, as mãos no peito olhando de forma apreensiva, mas sem falar nada.
— Vamos fazer o que John mandou, vamos para o quarto. — falei envolvendo o corpo de Alejandro não querendo que ele forçasse mais do que já tinha se forçado, a última coisa que precisávamos era de outro tornozelo torcido.
Ele me deixou andar ao seu lado apenas como um enfeite, com a mão em seu peito eu conseguia sentir o coração descompassado, batendo tão forte e rápido que parecia querer rasgar o peito. Assim que alcançamos a cama ele se sentou e quando me virei para sair ele agarrou meu pulso me parando.
Os olhos dele desceram por meu corpo, como se procurasse por algum machucado ou qualquer coisa fora do lugar e então nossos olhos se encontraram, eu vi ali medo e desespero, eu só queria saber o motivo disso. Ele teve medo que eu me machucasse? Que algo de ruim acontecesse comigo?
— Você conseguiu ver o homem? — Carla perguntou me forçando a virar para ela e quebrar nossa ligação.
— Não, ele estava usando um capuz e óculos escuro, mas parecia saber exatamente onde estava, porque ele olhou primeiro na oficina e se virou para cá observando todos os cantos antes de vim em direção ao portão.
— E se for ele, mãe? Se for ele e John correu atrás do maluco... — ela começou a tagarelar com a mãe, mas a mão de Alejandro deslizando sobre a minha me atraiu de volta para ele.
— Porque você correu? — ele questionou com a voz perigosamente baixa. — Porque correu para John? E porque foi para a maldita porta Magie? — Ale não se alterou enquanto me perguntava, só permanecia atordoado.