Capítulo 21
1623palavras
2023-08-29 08:57
Me joguei na cama sobre os lençóis frios, sentindo imediatamente a falta do calor do corpo dele. Tinha acabado de correr para fora do quarto dele e me tranquei dentro do meu, me escondendo daquele homem que estava bagunçando minha mente, acabando com meu corpo e me deixando completamente confusa.
Alejandro era quente, sexy, um deus do sexo e ainda conseguia ser fofo, dedicado a família e honrava a palavra dele. O pacote completo só servia para me fazer ficar ainda mais encantada com ele, ele era irritante às vezes, mas ver como ele agia comigo, a forma como me trata, me desmonta completamente.
Mas ele me fazia lembrar tudo o que eu não tinha vivido, tudo aquilo que foi negado a mim durante anos, família, cuidado, e até mesmo amor. Eu não sabia como reagir com todas essas coisas estando direcionadas a mim, sem que as pessoas peçam nada em troca, era estranho e foi por isso que fugi.
Quando ele falou que acreditava em mim, no meu sucesso, eu precisei correr para me proteger, proteger meu coração e minha mente, antes que Alejandro acabasse com os dois.
Dessa vez ele não veio atrás de mim e eu agradeci, depois da noite de ontem e da manhã de hoje, eu precisava ficar longe dele por um tempo e respirar longe do perfume dele.
Não sei ao certo quanto tempo demorou para que eu pegasse no sono, mas do mesmo jeito que corri do quarto dele e me joguei na cama, acabei dormindo. Um sono profundo, embalado com a chuva e o que me fez acordar foram as batidas na porta.
Acordei assustada e me levantei apressada imaginando que poderia ser Alejandro com algum problema. Abri a porta ainda sonolenta e me deparei com Carla.
— Oh, acho que você estava esperando outra pessoa. — ela disse segurando o riso e apontando meu corpo.
Só então minha ficha caiu e eu percebi que ainda estava nua.
— Ai que droga! — corri para a cama puxando o lençol e enrolando em meu corpo. — Eu só estava dormindo, pensei que tinha acontecido alguma coisa e me levantei assim.
— Ahh sei. E as marcas vermelhas nos seus seios e no pescoço aconteceram no sonho também? — eu olhei para baixo tentando ver alguma marca e sentindo meu rosto queimar de vergonha. — Mas não foi pra falar da sua vida sexual que vim aqui.
— Eu não...
— Sim, sim. Continue negando depois. — Carla entrou no quarto abanando a mão, mostrando que não se importava com as minhas desculpas esfarrapadas. — Eu vim aqui porque quero alguém para conversar!
Eu paralisei no meio do quarto encarando ela, aquela era nova, não esperava que Carla quisesse me contar algo já que ela tinha amigas. Mas ela se jogou na cama, mostrando que não ia ser um assunto rápido.
— O que aconteceu? É sobre seu marido? — eu imaginava que fosse sobre isso, já que era o único assunto que nós duas tínhamos em comum.
— Não, não é sobre aquele pedaço de merda, mas o motivo de eu ter vindo falar com você é ele, já que não posso mais conversar com as minhas amigas, pois ele conhece todas elas.
— Oh, entendi. — fazia sentido o que ela dizia, especialmente se queria se manter o mais distante dele possível.
O marido dela tinha magicamente desaparecido desde o dia em que ela foi a delegacia, o melhor era se manter fora do radar. Com toda certeza ele estava se roendo de raiva e querendo uma oportunidade de colocar as mãos nela, para se vingar. E disso eu entendia, literalmente na pele.
— Que bom que entende, porque eu preciso urgente conversar com você sobre o John.
— O John? — perguntei surpresa e me sentei ao lado dela. — O que aconteceu entre vocês?
Carla apertou os lábios um contra o outro e desviou o olhar, esquadrinhando o quarto a nossa volta. Pelo jeito que ela estava agindo definitivamente eles tinham transado, eu nem podia acreditar, Rosa estava certa mais uma vez!
— Nós dois ficamos presos no ateliê ontem a noite e... humm como eu posso dizer isso.
— Só fala de uma vez, do jeito que quiser, pode me dar todos os detalhes sórdidos. — nós duas gargalhamos e ela pareceu um tanto menos nervosa. — Não vou te julgar se é disso que está com medo, pode confiar.
Ela sorriu e me empurrou com o ombro, parecendo bem mais confiante agora. E aquilo só me lembrou ainda mais que uma garota assim pra conversar era algo que eu também não tinha tido no passado. Sophie foi o primeiro contato que tive com uma amiga e agora estava começando a sentir que Carla e eu também seríamos boas amigas.
— Nós estávamos sozinhos no ateliê por causa da chuva, a luz acabou e acabamos colocando velas no lugar, tudo ficou...
— Humm, um tanto romântico? — completei a frase quando vi que ela estava tendo dificuldades em encontrar as palavras certas.
— Eu diria sensual, romântico é uma palavra muito forte. — eu tive que rir porque a forma prática com que ela falava era engraçada. — O fato é que nós acabamos nos beijando e a coisa foi esquentando...
— Ei, ei, o que eu disse sobre os detalhes? Tem que alimentar a imaginação de uma mulher garota.
Ela riu ainda mais jogando a cabeça a cabeça para trás, mas eu estava mesmo curiosa para saber o que tinha acontecido entre os dois.
— Tudo bem, mas quando for a sua vez de contar eu não quero nenhum detalhe sórdido, não quero imaginar meu irmão fazendo baixaria. — eu abri a boca para protestar, mas ela decidiu continuar a história. — As coisas foram esquentando, John me colocou em uma bancada, se ajoelhou na minha frente e me deu o melhor oral da minha vida.
Uau, aparentemente a chuva ontem ao invés de esfriar as coisas esquentou tudo entre os casais, botou mesmo fogo e deu um jeito de fazer as coisas acontecerem.
— E isso é uma coisa boa, não é? Porque você parecia preocupada quando entrou aqui e não animada.
— É uma coisa ótima, o problema é o que aconteceu depois. — ela se aproximou mais de mim e diminuiu o tom, quase como se tivesse medo que alguém ouvisse. — Eu tentei tocar no amiguinho dele e fazer o mesmo, antes de transarmos como loucos, mas o cara me afastou, tirou as minhas mãos levando para o peitoral dele.
— O que? E ele não disse nada?
— Ele simplesmente falou que não queria, que estava bem. — eu fiquei confusa e senti um vinco se formar bem no meio da minha testa. — “Outra hora quem sabe”, foi o que ele disse por último, antes de plantar um beijo na minha testa e se virar procurando algo pra gente comer na geladeira.
— Ele não fez isso. Está falando sério? — ela concordou com a cabeça, parecendo tão desacreditada quando eu. — E ele estava excitado? Porque ele pode ter algum problema pra ficar duro, não sei, algo do tipo.
— Não pode ser isso, ele estava duro como pedra e, cá entre nós, é enorme o que ele esconde nas calças, mas nem o zíper o homem me deixou abrir.
Aquilo era estranho, muito estranho, John é jovem, saudável, lindo e com o corpo todo em dia, claramente a queria ou não teria se ajoelhado e lhe dado um boquete, teria parado tudo no beijo.
— Bem, gay já sabemos que ele não é. Mas o que pode ser então?
— E se ele for virgem? — ela perguntou e eu pensei por um segundo. — Se bem que ele me chupou tão bem, sabia exatamente o que estava fazendo para me fazer gozar, então acho que também não é isso.
Ficamos nós duas ali pensando em uma possibilidade, o que teria o feito continuar com uma ereção enorme ao invés de transar com a mulher que ele claramente desejava.
— Porque você não pergunta pra ele? — ela se virou para mim como se eu fosse maluca. — É, porque não só mandar a real, perguntar o que aconteceu é mais fácil do que ficar aqui quebrando a cabeça tentando descobrir o que aconteceu de errado.
— Mas ele vai achar que eu sou maluca.
— Duvido muito, ele só vai achar que você está muito interessada em transar com ele e tenho certeza que isso você já deixou bem claro.
A cara dela me confirmou que eu estava certa. Mas já era de esperar isso, toda a implicância dela com John, dizendo que ele era uma distração, era só uma desculpa para disfarçar toda a atração que ela estava sentindo.
— Então eu vou fazer isso! — ela afirmou e se levantou em um pulo. — Vou perguntar pra ele o que aconteceu. Mas só depois que você me contar o que está rolando entre você e meu irmão.
Carla se virou para mim com os olhos curiosos e um sorrisinho no rosto. Merda, meu acordo com Alejandro incluía nossa discrição, ninguém poderia saber, foi o que combinamos. O que ele iria pensar se eu contasse tudo a irmã dele?
Mas eu também queria colocar tudo para fora, dizer como eu estava me sentindo e ver se assim eu encontrava alguma luz.
— Eu vou contar, mas precisa me prometer que não vai contar nada a ninguém, ou seu irmão vai me odiar.
Carla se jogou na cama no mesmo instante e sorriu como se soubesse de um segredo que eu não tinha ideia. Mas que logo ela iria me contar.