Capítulo 13
1557palavras
2023-07-29 22:34
Eu estava paralisado na minha cama depois das últimas palavras de Magie, ainda não conseguia entender como alguém podia ser tão desgraçado a esse ponto, sendo capaz de fazer isso com ela, vende-la sexualmente em trocas de favores, ele era mais porco do que eu pensei, um verdadeiro maldito.
Nos olhos de Magie eu vi toda tristeza e magoa, a raiva que ela sentia dele. E minha vontade de matá-lo com as minhas próprias mãos só aumentou, como queria que Charles não tivesse sido preso e sim capturado por Cris, só assim poderia torturar o bastardo e fazê-lo sentir um mínimo comparado a tudo o que ele causou.
Demorei a me levantar da cama, mas sai do meu estado de choque quando ouvi os soluços dela ainda mais altos. Era ela quem estava sofrendo, Magie precisava de alguém ao seu lado, coisa que ela não teve durante anos em sua vida, o ódio e pensamentos assassinos que estavam passando em minha mente podiam ficar em segundo plano, ela não.
Por isso me levantei sofrendo com a pulsação do sangue indo direto para a perna que eu mantinha pendurada, enquanto lutava para vestir uma cueca e ir atrás dela.
— Porra! — praguejei quando quase cai no chão.
Talvez fosse melhor colocar uma roupa antes de ir tentar conversar com ela, mas a cueca foi tudo o que eu consegui.
Quando cheguei na porta do quarto dela o choro ficou ainda mais audível e a cena que eu vi assim que abri a porta acabou comigo. Magie estava em posição fetal chorando e soluçando tanto que o corpo todo estremecia. Mas ela pulou rapidamente se virando para mim.
— O que você está fazendo aqui? Não pode andar desse jeito! — gritou tentando me intimidar, mas não ia adiantar.
— Vim conversar...
— Eu não quero conversar, quero ficar sozinha. — ela me interrompeu fungando e fingindo que nada daquilo tinha acabado de acontecer nos últimos minutos.
Foi um tremendo sacrifício deitar na cama e minha perna latejou ainda mais quando eu finalmente a coloquei sobre o colchão. Com toda certeza eu iria precisar de mais analgésicos hoje do que antes.
— Tudo bem, então vamos ficar calados. — era o que ela queria eu faria, mas não tinha a menor chance que eu fosse dar as costas e deixá-la ali sozinha. — Vem aqui.
A puxei pelo braço até estar deitada de frente para mim. Seu rosto ficou contra o meu peito e o perfume dos cabelos dela invadiu meu nariz, envolvi meus braços ao redor dela a apertando ainda mais contra mim, não querendo ver aqueles tremores de novo.
— O que... O que você está fazendo?
— Não conversando, como você quer. Tudo bem se não quiser falar, mas não vou deixar você chorando sozinha, vou ficar aqui e quando estiver pronta pra falar podemos conversar.
Plantei um beijo sobre os cabelos dela e ela estremeceu partindo meu coração ainda mais. Não demorou para que o choro começasse, eu sentia as lágrimas escorrerem por meu peito mesmo que ela estivesse fazendo uma força descomunal para se segurar.
Acabava comigo saber que ela tinha passado por tudo isso e pior, sozinha. Eu sempre tive minha mãe por perto e minhas irmãs, assim como elas tinham a mim, éramos uma família unida e sempre estávamos juntos quando o outro precisava.
Mas nem todos tinham isso na vida, eu achei que Sophie tinha sofrido muito com o tio, mas agora estava descobrindo que o filho da puta era bem pior do que eu pensei.
— Porque não me deixa? É melhor que você saia daqui e me deixe sozinha, não quero lidar com sua pena agora. — ela foi direta mesmo com a voz baixinha e entrecortada pelo choro.
— Em primeiro lugar eu não sinto pena de você, claro que eu sinto muito que isso tenha acontecido, ninguém deveria passar por isso e me enche de vontade de matar o desgraçado. Nunca ache que eu tenho pena de você, eu me importo e por isso eu fico mal. — ela fungou mas não disse mais nada, então eu continuei. — Em segundo lugar porque eu sairia daqui e te deixaria? Não vou sair daqui Barbiezinha, não importa o que disser.
— Agora que sabe o que ele fez não deve querer me tocar, qualquer pessoa em sã consciência iria querer me ver longe. — um tremor passou pelo corpo e eu apertei meus braços ainda mais em torno dela. — Nem eu mesma me suporto quando penso nisso, esse é o motivo de eu evitar de pensar no assunto.
Eu nem ao menos podia imaginar o que era passar por isso, não podia me colocar no lugar e saber o quanto ela sofria. Mas não deixaria que ela se diminuísse pelo que passou, ela era a vítima aqui.
— Não quero te ver longe e estou te tocando bem agora, então pode riscar isso da sua mente. Quanto a pensar sobre o assunto não tem muito o que eu posso fazer, mas não quero vê-la se diminuindo...
— Me diminuindo? — Magie soltou uma risada forçada. — Eu me diminui quando deixei que me forçassem a casar com aquele desgraçado, hoje em dia eu sinto nojo de mim, sinto ânsia por tudo que deixei que ele fizesse comigo.
— Ei ei, nojo de você mesma? Por Deus, não tem que sentir isso. Você foi uma vítima daquele filho da puta e dos seus pais, só fez tudo o que precisou para sobreviver.
— Alejandro você tem ideia de que eu fui para a cama com muitos homens, todos me usando e me tratando como um pedaço de merda, um corpo qualquer sem sentimentos para eles se satisfazerem? Quando você passa por isso várias vezes começa a se sentir assim, passa a ver que é realmente o que eles pensam.
— Não você não é! Ele te prostituiu abusando do casamento de vocês, sabendo que não ia fugir dele, se aproveitando que você não teria para onde ir. — agarrei a nuca dela e ergui seu rosto, por mais que ela não quisesse me olhar eu precisava dizer isso olhando nos olhos dela. — Não se sinta culpada por isso, você foi uma vítima! Você tem que pensar o quanto é brava e guerreira, aguentou tudo nas mãos dele por anos, mas quando finalmente se viu livre dele ao invés de fugir você veio atrás de Sophie para tentar ajudá-la.
— Isso não me faz melhor.
— Muito pelo contrário, isso mostra o quanto você é forte e que tem um coração puro e bom, apesar de tudo o que passou, tudo o que sofreu. Ninguém te julgaria se tivesse agarrado a oportunidade de fugir e ido embora, estava se salvando. Você também podia ter virado uma megera, se aproveitado da situação para ser uma pessoa fria e sem coração, mas aqui está a Barbie determinada a reconstruir a vida com o próprio esforço, ajuda as pessoas, não perdeu a habilidade de sorrir. — o queixo dela tremeu e ela fungou de novo, mas dessa vez não tinha mais lágrimas. — Você não se deixou abater Magie e isso é incrível, você é incrível!
Ela desviou os olhos por um instante e então eu vi um pequeno sorriso surgir nos lábios dela.
— E você é brega. — ela sussurrou sorrindo e me deixando respirar aliviado.
— Cala a boca, Barbie! — a puxei para um abraço e me mantive assim agarrado com ela.
Não sei bem em que momento pegamos no sono, mas foi daquele jeito que dormimos, a loirinha com o rosto contra meu peito e meus braços envoltos ao redor dela, tentando mantê-la segura e lembrar que estava ali por ela.
Infelizmente eu percebi agora que não poderia manter essa relação sexo sem compromisso com ela, não agora depois de saber o quanto ela estava ferida por ser usada por homens. Magie estava com a cabeça fodida por tudo o que Charles e o que todos os outros fizeram, não era a hora dela começar a se envolver com outra pessoa, não queria que sentisse que eu estava me aproveitando dela e muito menos que as coisas se confundissem entre nós.
Eu dormi com isso em mente, mesmo que o pensamento não me agradasse em nada. Mas acordei com as vozes altas da minha mãe muito próxima da porta de Magie.
Não podia ser, não acredito que ela tivesse chegado só agora pela manhã, pior ainda não conseguia acreditar que peguei no sono profundo e dormi a noite toda com a Barbie.
— Onde ele pode ter ido parar? Ele não pode andar Carla, é claro que só pode ter sido sequestrado! — minha mãe gritava parecendo mais nervosa do que eu pensei.
— Mamãe, se acalma ele não foi sequestra... do. — Carla abriu a porta antes que eu pudesse jogar o cobertor para o lado. — É acabamos de achar ele!
— Alejandro! — minha mãe gritou quando colocou a cabeça para dentro do quarto dando de cara comigo apenas de cueca, ao lado de Magie que estava só de sutiã, ao menos aparentemente.
A Barbie acordou com o grito da minha mãe e o espanto dela no rosto com certeza era igual ao meu.
— Meu Deus! O que vamos fazer agora?