Capítulo 71
1438palavras
2024-01-24 10:16
OZ
A nicotina em nada me acalma
Entre o indicador e o dedo do meio, entre a primeira e a segunda junta dos dedos, com a palma da mão para baixo um cigarro é o que seguro para que assim meus pulmões se enchem com a sua toxidade o relaxamento que vem em consumir algo tão prejudicial nem ao menos é sentido quando seus males são inúmeros os prejuízos são grandes mas ainda atormentado com a ideia de que minha antiga guarda costas está desaparecida eu levo o cigarro aos lábios e inalando a fumaça a paciência não existe em minha mente quando Davika está em causa
Atrás da sua mesa preso por vários pares de olhos meu pai se ergue para discutir e rebater medidas que funcionando em conjunto elas formam planos de resgate Davika é importante demais sua segurança é prioridade e temendo por sua integridade física pensar que Sérgio está colocando as suas mãos sobre minha mulher é o que me tem amaldiçoando a minha própria existência por permitir que algo ou alguém a toque
Uma pesada energia percorrer cada parte de mim e com os tentáculos de medo se apoderando de minha existência é a silhueta de pensamentos obscuros tomando forma que mais e mais eu ouço os sussurros que insistem para buscar a minha própria justiça é a sua voz sussurrando insistentemente que busco a clareza como algo primordial a minha origem é a representação de um amor que perdura na morte mas é com a certeza de que minha permanência é puramente para saciar a minha sede pelo bizarro que no presente é a perturbação que Davika me causa que sou como um homem guiado por sua loucura o sentimento é tão contraditório que fico dividido entre o desespero por sua ausência e o temor pelo que farei afinal com um passado perturbado é no presente que a desordem prediz um futuro onde só vejo uma completa anarquia
- Isso não dará certo - declaro irritado com a sugestão em sequestrar Miguel para assim trocar por Davika por que mesmo que soe como um bom plano nós temos que considerar que ninguém de fato sabe o seu paradeiro então fica difícil seguir com esse plano - Não sabemos onde ele está
- Descobrir o seu paradeiro não pode ser tão difícil - com confiança em seu tom um dos homens do meu pai dá um passo a frente - Miguel é uma criatura de hábitos ele certamente deve estar com alguma prostituta as drogas devem estar correndo por seu sistema e por isso não voltou para casa
Hum
Se fosse tão simples assim
- Não seja ingênuo - meu pai o repreende - Se fosse assim Sérgio não estaria tão desesperado por notícias que sequestraria Davika se verdadeiramente estivesse em algum prostibulo nós já teríamos o encontrado
Se Miguel aparecesse ele seria uma boa moeda de troca
Mas infelizmente a sua presença não pode ser sentida
- Alguns de nossos homens já conseguiram alguma informação? - esperança não é perdida em meu tom e mesmo que por fora eu mantenha uma fachada de indiferença é no interior que queimo profundamente com uma fúria tão desmedida que a qualquer movimento eu posso explodir a pressão que vem com o conhecimento de que assim como o seu filho Sérgio também não respeitas as mulheres é o que me tem tão nervoso que em um canto eu fumo para que assim a cólera não ultrapasse a sabedoria
No lado de fora espelhando o meu humor azedo os céus em grande fúria ele chora as nuvens se espalhando elas cobrem boa parte a Lua se escondendo ela não parece querer testemunhar o que farei e com grossas gotas de água molhando tudo onde toca é impossível não ouvir os trovões e ver os raios sem pensar que nesta noite é quando uma história morrerá para que outra tenha início
- Não ainda não conseguimos nada - descontente Oliver Dafoe bate contra a mesa - Isso não está certo Davika nos pertence ela faz parte da família e não permitirei que sofra danos
- Talvez se ligássemos para Sérgio nós possamos rastrear a sua localização - Dante um membro recém ligado a nossa família tenta buscar em sua mente uma solução - Digo nós só precisamos o manter falando para rastreá-lo
Isso não seria uma má ideia
Se não fosse de Sérgio de quem estamos falando
- Esqueça isso - puxando em meus pulmões mais um pouco de fumaça é fumando pacientemente que escondo o meu péssimo espirito - Nós o conhecemos por décadas Sérgio só diria o paradeiro de Davika para nos pegar em uma armadilha certamente se ligarmos para ele Sérgio brincara com as nossas mentes para nos desequilibrar
- Você esta dizendo para que não façamos nada - indignado meu pai eleva o seu tom - A sua mulher foi capturada e você Oz esta nos mandando ficar parados?
Suas sobrancelhas franzidas, seus lábios contorcidos e mãos que se fecham em punhos toda a sua expressão me diz que esta descontente mas nada me faz tão zangado do que não ter Davika ao meu lado e com a sua total descrença em mim meu pai só me trás mais agitado onde antes eu buscava a calma
- O senhor acha que não estou preocupado? - dando um passo a frente e depois outro e mais outro eu o enfrento de perto e colocando as minhas palmas contra a sua mesa eu não fujo de seu olhar reprovador - O senhor deve estar se perguntando onde estão os meus sentimentos? Davika foi sequestrada mas eu não gritei nem amaldiçoei e muito menos descontei em outros a minhas frustrações então não é a situação que o deixa nervoso por que a única pessoa com quem se importa sou eu e por tudo que sei Davika poderia ir embora e nunca voltar que o senhor não sentiria nada por que pai o que o incomoda é a minha calma diante das circunstâncias
- Você realmente gosta dela?
- Sim como nunca gostei de nenhuma outra - respondo com sinceridade
Por muitas vezes as expressões fogem do rosto do meu pai
Mas como o seu herdeiro eu conheço os seus truques
- Oz...
- Não - mantendo a minha voz plana nenhum sentimento pinga em meu tom - Não me venha com Oz
Meu pai nunca de fato me conheceu o homem que me ama além da sua vida não entende quem me transformei meus costumes são questionáveis meus gostos e desgosto são só algo que minha mente transtornada é capaz de sentir uma ponte é só uma ponte para alguém que possui a normalidade mas não para mim por que antes que dê o último passo muitas possibilidades se abriram para meus atos desmedidos
- Vou ligar para Sérgio
- Não faça isso - o ordeno - A partir do momento em que você abrir uma negociação Sérgio não terá motivos para deixar Davika viva ele deseja o seu filho de volta e para isso a minha mulher precisa estar bem mas no segundo em que um acordo seja feito Davika estará morta
Se ligarmos eu terei a prova de que Davika está bem
Mas também corro o risco de nunca mais a ver
Estou nessa vida a muito tempo eu sei como um criminoso pensa e age observar seus atos foi o que fiz em silêncio sorrateiramente testemunhei inúmeras coisas que se dita as autoridades minha sanidade seria contestada meus olhos pegando imagens hediondas nada posso negar quando sonhos atormentavam a noite
O som de um celular tocando é o que chama a atenção de todos e o buscando do bolso traseiro eu levo o objeto ao ouvido não surpreso por quem liga mas alívio é um ótimo sentimento quando a urgência me faz incapaz de imaginar que a paz me incorpore com um espírito pacífico
- Estou ouvindo - sem apresentação sem cordialidade não preciso de identificador de chamadas para saber quem é
- Rua vargas número 555
- Obrigado
- Não me agradeça Oz eu já tomei a minha decisão entenda que minha ajuda é um sinal da minha boa fé em relação a nossa futura colaboração
- Eu não irei esquecer disso Mathias - colocando o celular de volta no bolso eu me viro para Hugo que atento a tudo que digo ele espera o meu comando - Preciso pegar algo ligue para ele nós iremos precisar de sua ajuda
Sem me conter
Sem me reprimir
Eu darei tudo de mim para que minha mulher volte em segurança
E isso é uma promessa