Capítulo 69
1261palavras
2023-09-12 00:03
Faltam dez semanas para que ela não tenha mais nada a ver com Lancelot. Enquanto ela pensava sobre isso, uma dor forte surgiu em seu peito. Roxanne estava confusa: embora ela não quisesse deixá-lo ainda, ela sentia que isso era a melhor coisa que ela poderia fazer.
Roxanne mal podia esperar para que isso acontecesse.
E ela tinha certeza de que Emily estava muito ansiosa para vê-la novamente.

Roxanne soltava um longo e triste suspiro sempre que pensava na sua melhor amiga. Ela sentia muita saudade de Emily.
Sempre que podia, Roxanne ia até a galeria do palácio para admirar as obras de arte super requintadas e famosas dos melhores artistas do mundo.
Sempre que ela ia até lá, e ficava em meio a tantas pinturas e esculturas lindas, ela se sentia como se Emily estivesse ali, enquanto imaginava o que sua amiga teria a dizer sobre o lugar. Embora Roxanne soubesse que Emily teria MUITO a dizer.
Foi por esse mesmo motivo que ela correu para até a galeria assim que chegou a hora do almoço.
Ela tinha duas escolhas: se sentar e esperar Lancelot enquanto ele a ignorava completamente ou ir até a galeria e admirar algumas peças novas.
Por ser época de coroação, a galeria do palácio sofreu algumas remodelações por isso chegaram novas peças escolhidas a dedo pelo primo de Lancelot, Reuben, Roxanne estava morrendo de vontade de dar uma olhada neles.

Quem sabe? Talvez dessa vez os trabalhos de Emily fizessem parte da seleção.
Naquela tarde, Roxanne avisou para Lancelot que estaria na galeria almoçando. Como sempre, ele não disse nada a ela. Ele apenas deu um breve aceno de cabeça e desviou o olhar dela. Roxanne tentou não se importar com ele, ela simplesmente se virou e saiu do quarto dele.
Ela saiu do quarto dele, e se dirigiu imediatamente até a galeria do palácio. Estava vazio quando ela chegou lá — como ficava na maior parte do tempo — e ela ficou extremamente grata por estar tudo tão silencioso. Pelo menos, ela teria um tempo para pensar sobre o que realmente estava acontecendo com ela.
E com Lancelot: seu subconsciente acrescentou. Mas ela simplesmente ignorou isso.

O fato dele estar na sua mente o tempo todo, apesar do tanto que ela tentava tirar ele da sua cabeça, era o que a irritava mais do que tudo.
Ela estava chateada consigo mesma por ser uma idiota que se emociona com tudo.
'Isso é o que o amor faz', seu subconsciente a provocou. Ela se encolheu ao pensar nisso.
Ela realmente estava apaixonada por Lancelot?
Isso não era uma coisa boa, porque ele não a amava. Mas ela não tinha certeza, e não queria tirar conclusões por ele. Mas ele não estava facilitando as coisas para ela.
P*rra. Ela foi até lá para pensar em Emily, não nele. Ainda assim, ele era tudo em que ela conseguia pensar!
Roxanne passou as mãos em seus cabelos enquanto ela gemia de frustração.
"Presumo que você não tenha gostado da nova seleção".
A voz soou em seus ouvidos e ela se engasgou em estado de choque. Ela não tinha percebido que tinha alguém por lá. Ela estava pensando tanto assim nele?
Aparentemente nervosa, ela deu um sorriso falso e se virou para a pessoa desconhecida.
Assim que ela viu seus olhos verdes brilhantes, seu sorriso falso virou um sorriso genuíno imediatamente.
Era o primo de Lancelot, Reuben. O homem que conseguia iluminar o céu noturno apenas com sua risada, o homem cuja voz colocava sorrisos nos rostos das pessoas que estavam ao seu redor. O homem cuja presença iluminava todo o local.
Roxanne balançou a cabeça e riu.
"De jeito nenhum, eles são ótimos!"
As sobrancelhas de Reuben se franziram, ela parecia muito entusiasmada.
Quando ela percebeu isso, Roxanne riu, com as bochechas vermelhas de vergonha.
"Não se preocupe comigo, eu estava gritando por outra coisa", enquanto ela falava, ela o observou se aproximar lentamente dela.
"Tá tudo bem. Às vezes venho gritar aqui também", ele disse, se virando para ela.
Os olhos de Roxanne brilharam.
"Você também faz isso?"
'Ela é tão espontânea', Reuben pensou consigo mesmo. Ver ela sorrir tão casualmente sem se importar com o som da risada o deixou impressionado.
"Não, eu estava brincando".
Quando ela fez uma cara feia, Reuben não pôde deixar de rir.
Houve um breve minuto de silêncio entre eles, antes de Reuben olhar para ela novamente. Reuben sentiu o estranho desejo de conhecer melhor essa humana.
"Você gosta de arte?"
Intrigada com o interesse dele por ela, ela ergueu os olhos para ele.
"Sim, a minha melhor amiga é uma artista".
"Ela faz pinturas ou esculturas?", ele perguntou novamente.
Roxanne não sabia por que ele estava tão interessado em saber dessas coisas, mas era bom ter alguém que quisesse conversar com ela. Além de Peter, ela estava se sentindo muito sozinha ultimamente.
"Um pouco dos dois", ela respondeu.
"Que legal...", ele fez uma pausa, virou a cabeça para a esquerda e deu outro sorriso. "Ela é americana, presumo".
Sua próxima resposta a deixou na defensiva.
Desde que ela chegou ao palácio, todos pareciam ter problemas com os americanos.
"Sim, isso é um problema?", ela deixou escapar.
Reuben percebeu a postura defensiva que ela havia assumido, pelas expressões na testa. Ele riu, o som alegre ecoou por toda a sala.
"Não, pra mim, não é. Passei a maior parte da minha adolescência em Washington. Mas! Para a realeza que nunca teve a chance de jantar com americanos, é inédito que tenham uma sob o teto deles. Você é especial".
Roxanne suspirou fundo. Ela não sentia que era muito especial.
Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, Reuben falou novamente.
"Eu assisti você tocar naquela noite. Você foi incrível".
Roxanne deu um breve sorriso.
"Você não achou que foi muito americano?", ela perguntou, com a sobrancelha esquerda levantada em falsa suspeita enquanto ela sorria.
Reuben riu alto.
"Sério? Bom, eu pensei que era um espírito livre. Você realmente deveria fazer algo com isso. Esse talento é especial demais para ser desperdiçado assim".
Roxanne o ouviu com um grande interesse enquanto ele falava.
"Eu tentei quando era mais jovem", ela falou.
Os olhos de Reuben escureceram.
"O que aconteceu?"
Ela desviou o olhar dele, para a pintura que estava na frente deles.
"Digamos que os estudiosos da música não recebem aqueles que têm talento para espíritos livres".
Reuben se concentrou na mesma pintura em que seus olhos estavam.
"Então eles não têm talento pra a verdadeira arte".
Roxanne se virou e olhou para ele. Naquele momento, ela sentiu algum tipo de conexão com ele.
Mas isso se quebrou antes que ela tivesse a chance de entender alguma coisa.
"O seu horário de almoço acabou, Roxanne".
Ela se virou. Roxanne já sabia quem era o dono daquela voz.
Lancelot estava na entrada da galeria, com os punhos fechados.
"Bom, o dever me chama", Roxanne disse, olhando por cima do ombro para Reuben com um sorriso no rosto.
Ele olhou para o seu primo, os olhos de Lancelot se encontraram com os dele.
"Desculpa, Reuben, ela tem que trabalhar agora", Lancelot falou, mas Reuben percebeu que seu primo estava mais interessado em ir embora do que falar com ele.
Então ele lhe deu uma resposta simples.
"Ah, não se preocupa com isso", seus olhos pousaram em Roxanne. "Espero ver você por aí!", ele gritou para ela.
Era tão fácil conversar com ele que Roxanne não percebeu quando se virou e piscou.
"Você certamente fará isso".
Ela saiu da galeria, e Lancelot começou a segui-lá.
*