Capítulo 55
1178palavras
2023-09-02 00:02
"Você deveria descansar um pouco. Eu vou mandar as empregadas prepararem um chá pra você. Isso vai te ajudar a dormir. Quando você acordar, tenho certeza que você estará bem melhor".
Com isso, Peter abriu a porta do quarto dela e ela entrou. Quando ela entrou, ele saiu e fechou a porta. Ele não disse nada para Arthur enquanto caminhava em direção à saída do corredor.
No entanto, Arthur tinha muito o que falar.
"Peter", ele gritou. O homem mais velho fez uma pausa e se virou para ele. Arthur analisou os olhos de Peter com cuidado, parecia que ambos estavam tendo a mesma preocupação.
"Você está preocupado", Arthur disse, ele iria manter suas observações para si mesmo por enquanto.
"Hum", Peter disse, balançando a cabeça. "Eu me preocupo com ela, ela está em perigo", ele acrescentou, desviando o olhar de Arthur.
"Devíamos estar mais preocupados com a memória dela", Arthur falou. E isso fez com que Peter desse um olhar severo para ele.
Quando o homem mais velho percebeu para quem ele estava olhando, ele limpou a garganta e lutou para manter a compostura.
Ele estava preocupado. O que Arthur estava tentando dizer com isso?
Arthur olhou ao redor do corredor, antes de ir até onde Peter estava.
"Venha comigo", ele ordenou, Peter não reclamou. Ele caminhou ao lado do jovem príncipe, ansioso para ouvir o que ele tinha a dizer.
"Talvez, a memória que eu apaguei seja temporária..."
"Vossa Alteza...", Peter interrompeu, mas Arthur continuou falando.
"Quando eu estudava e praticava meu poder, percebi que existem dois tipos de subconsciente. O primeiro pertence às pessoas que tem uma mente fracas. Quando as memórias dessas pessoas são apagadas, elas são apagadas pra sempre. O segundo pertence as pessoas com mentes fortes, esse conjunto de pessoas tende a ter a capacidade de recordar eventos, se for desencadeado por um sentimento ou situação semelhante a qual ela passou", enquanto Arthur falava, Peter o observava atentamente.
"Você tem medo que ela tenha uma mente forte, Vossa Alteza?", Peter perguntou, enquanto eles ainda estavam andando.
Arthur parou rapidamente.
"Eu não tenho medo de que seja isso. Ela realmente tem uma mente forte. Ela pode sentir a sensação de que algo está faltando dentro dela. Qualquer tipo de estresse pode fazer ela ter flashes, pior ainda, recordar de tudo o que aconteceu", Havia uma seriedade em seus olhos, algo que Peter quase nunca via.
Ele suspirou fundo e se curvou para Arthur.
"Então não há nenhuma razão para se preocupar com isso, Vossa Alteza. Eu cuidarei de tudo, antes que isso aconteça".
Arthur olhou para o assistente pessoal do seu irmão mais velho. Ele apreciava o fato dele ajudar o seu patrão, mas desejava que o homem apenas entendesse que algumas coisas não podiam ser evitadas.
Mas, ele não falou nada sobre isso. Ele olhou para o homem novamente, antes de acenar com a cabeça gentilmente.
"Pelo bem de Lancelot, espero que sim. Devo ir agora, meu professor de espanhol chegará em uma hora".
Peter abaixou a cabeça novamente e disse: "Claro, Vossa Alteza".
Quando levantou a cabeça, Arthur estava à sua frente. Peter suspirou fundo, endireitou o corpo e ajeitou a gola do terno. Ele tinha que conversar com Lancelot, e tinha que fazer isso mediatamente.
Com a cabeça erguida, ele caminhou até os aposentos de Lancelot no último andar do palácio. A porta do quarto dele estava entreaberta. Ele poderia dizer que Lancelot havia esquecido de fechar ela. Havia muitas coisas na mente de Lancelot, então talvez ele tenha esquecido.
Ele bateu na porta suavemente, e a voz alta de Lancelot o chamou para entrar. Com isso, ele abriu a porta e entrou.
Ele viu Lancelot sentado na beirada da cama, segurando uma xícara de chá de canela. Peter lutou contra a vontade de rir amargamente. Ali estava ele, pensando que Lancelot estava andando de um lado para o outro pela sala, preocupado demais. Em vez disso, o homem estava sentado de maneira casual e super tranquilo. Lancelot era muito bom em esconder seus sentimentos, não é mesmo?
Peter se curvou para cumprimentar Lancelot.
"Vossa Alteza".
De onde ele estava sentado, os olhos de Lancelot se ergueram para olhar para a xícara novamente. Ele precisava de alguma distração antes que Peter viesse com notícias de Roxanne, o chá estava perfeito, então ele pediu chá. Agora que Peter estava por lá, ele perdeu o apetite.
Ele colocou a xícara de chá no pires que estava no banquinho ao lado dele e focou no olhos de Peter.
"Peter", Lancelot falou.
Por mais que ele quisesse, não conseguia perguntar nada sobre Roxanne.
Felizmente, Peter pareceu sentir isso. Ele levantou a cabeça para olhar para Lancelot.
"Ela já está no quarto dela. Se eu estiver correto, ela deve estar dormindo nesse exato momento...", ele fez uma pausa quando viu a sobrancelha de Lancelot se erguer em interrogação. "...Eu mandei as empregadas darem algo para ajudar ela a dormir. Ela parecia estar muito estressada".
Lancelot parou de franzir a testa e ele se levantou da cama.
"O que você pretende fazer agora, senhor?"
O rosto de Lancelot endureceu. Ele já tinha feito essa pergunta mais de cinco vezes hoje, e depois de pensar seriamente, ele finalmente tomou uma decisão.
"Só há uma coisa a fazer...", Lancelot falou, se aproximando de Peter.
"Haverá um jantar em família essa noite, eu tenho que apresentá-la a todos. Eu preciso ter certeza de acabar com todos os rumores sobre ela essa noite", ele continuou.
"Você pretende dizer que ela é...?"
"Minha assistente", Lancelot o cortou, "Eu pretendo dizer que ela ficará aqui por um período de três meses onde ela irá me ajudar a cuidar da maior parte das minhas tarefas do dia-a-dia, já que daqui uns dias um novo título será adicionado ao meu nome. Depois, você não será apenas o assistente pessoal de Lancelot Dankworth, será o assistente pessoal do Alfa Lancelot Dankworth. Presumo que esse assunto no palácio será mais do que suficiente".
Peter ficou surpreso por Lancelot ter falado tanto. Era quase como se ele o tivesse usado para falar sobre Roxanne para à sua família essa noite. No entanto, Peter tinha uma pergunta muito importante para fazer.
"Se ela estiver presente no jantar, isso não ajudará ela a se lembrar do que aconteceu na caçada?"
As sobrancelhas de Lancelot franziram com a pergunta de Peter. O que ele quis dizer com ela iria "lembrar" do que aconteceu na caçada? Quando Peter notou a expressão de Lancelot, seus olhos se arregalaram. Ele não deveria ter falado dessa forma.
"Senhor, eu..."
Mas já era tarde demais para explicar, o olhar de Lancelot já havia escurecido sobre ele.
"O que você quer dizer com isso?"
Peter engoliu em seco. Ele odiava ver esse lado de Lancelot: o lado sombrio, feroz e protetor. No entanto, ele já havia começado a falar, agora teria que terminar de contar o resto.
"Vossa Alteza, implorei para Arthur apagar a memória dela da noite que aconteceu a caçada".
Lancelot fez uma cara feia, ele sentiu uma nova sensação de aborrecimento.
"O quê?"