Capítulo 50
1599palavras
2023-08-28 00:03
Lancelot seguiu rapidamente sua mãe. Madeline não estava muito calma, e ele sabia disso.
Lancelot sabia que ela faria um inf*rno na vida de Roxanne. Ele sabia que ela ia fazer birra na frente dele e ele precisava ter certeza de que ela iria falar com ele primeiro antes de conhecer Roxanne. Sua mãe precisou de falar com ele antes, para que ela não descontasse toda sua raiva em Roxanne.
Madeline certamente faria muitas perguntas a Roxanne. Mas antes disso, ele tinha que tranquilizar ela antes de deixar elas conversarem.

No entanto, Madeline chegou ao quarto de Roxanne antes que ele. Lancelot conseguiu chegar a tempo, antes que ela piorasse ainda mais a situação.
Sua mãe era uma mulher extremamente perigosa quando estava irritada. E nesse momento, Madeline estava mais do que irritada, ela estava soltando fumaça pelas narinas, de tanta raiva e decepção.
Lancelot não precisava presenciar aquele drama todo, não agora.
"Mãe", ele a chamou enquanto estava parado na porta. Logo em seguida, ele avistou Arthur e Peter. Sua mandíbula se apertou e seus olhos se estreitaram ao ver seu assistente pessoal.
'O que eles estão fazendo aqui?'
Agora não era um momento para fazer perguntas. Primeiro, Lancelot tinha que resolver outros assuntos mais urgentes.

Ele fez questão de não olhar para Roxanne. Ele não estava pronto para ter algum tipo de comunicação com ela, nem mesmo o contato visual.
Lancelot voltou a olhar para os olhos furiosos de sua mãe. Ela olhou para ele com uma cara feia no rosto.
"Se você quer falar alguma coisa, conversa comigo".
Madeline ficou ainda mais irritada com a audácia de seu filho. Como ele podia ser tão frio com ela, mesmo depois do que havia feito? Ele deveria estar arrependido, tentando a acalmar para que ela pudesse pensar em uma maneira de tirar ele de toda essa sua confusão.

Ainda assim, ele continuava do mesmo jeito. Com as duas mãos dentro do bolso da calça, um olhar frio e indiferente. Ele parecia não se importar com o que ela pensava sobre tudo aquilo, e o tom de sua voz soava mais como uma rejeição do que como um pedido de aprovação.
Mesmo assim, Madeline iria ouvir o que ele tinha para falar. Ele queria que ela dissesse a ele o que ela pensava sobre toda essa história, certo? Muito bem então, ela falaria com ele, até porque ela tinha muito a dizer.
Lancelot observou sua mãe se aproximar dele. Os ombros dela bateram no braço dele rudemente, ele a olhou, antes de se virar e caminhar atrás dela.
Madeline permaneceu quieta enquanto voltava para os seus aposentos. Seu sangue estava fervendo de raiva. mas, apesar de sua raiva, ela ainda estava procurando maneiras de conseguir defender Lancelot para o conselho dos anciãos. Talvez ela não pudesse ter a oportunidade de comparecer à reunião, devido à gravidade da situação, porém ela poderia contar a Edward, para que ele falasse no conselho.
Madeline sempre foi assim, ela falava o que tinha que fazer e Edward apenas o fazia. Foi assim que eles conseguiram adquirir tanto poder e riqueza juntos. A alcateia crescia a todo instante desde que Edward virou Rei Alfa, e isso era tudo que ela queria para Lancelot.
E tudo o que ele fez foi decepcioná-la. Isso a magoou muito.
Pela maneira como ela estava andando, Lancelot percebeu que ela estava com os pensamentos longe. Ele tinha certeza de que ela estava pensando em alguma maneira de como iria dizer as muitas coisas que estavam em sua mente, ou ela estava pensando no que iria dizer aos anciãos do conselho.
Finalmente, quando chegaram aos aposentos da Rainha, Madeline abriu a porta e entrou no quarto. Lancelot a seguiu, fechando a porta, em seguida.
Madeline começou a andar de um lado para o outro pelo quarto. Dessa vez, Lancelot ficou quieto e a observou andar.
Ela estava visivelmente irritada. Seu rosto estava vermelho, e seus olhos claramente demostravam ódio. Ela estava perdendo a paciência.
Finalmente, ela voltou a olhar para ele.
"Você deveria ter vergonha do que fez", seu tom de voz saiu estranhamente calmo. Madeline não estava gritando, mas Lancelot conhecia sua mãe o suficiente para saber que seu tom de voz calmo não significava que ela não estava mais brava. Isso significava que ele tinha que sentir medo.
Então, ele ergueu a cabeça, e não disse nada.
Madeline começou a se aproximar dele lentamente. Ela parou na frente dele.
"O que você ia me dizer mesmo?", ela perguntou novamente. Mas agora, sua voz estava ficando mais alta.
Ainda assim, ele continuou quieto. E seu silêncio estava deixando Madeline ainda mais furiosa.
"Eu tô falando com você, Lancelot! É pra você me responder! O que seu pai e eu não fizemos?!"
'Muitas coisas', Lancelot pensou. No entanto, ele não a respondeu. Ele simplesmente permaneceu quieto, seu olhar estava fixo nas unhas dos pés de sua mãe. Ele estava tentando se distrair com algo mais agradável.
Mas Madeline ainda não havia terminado de falar.
"Fizemos o possível pra que você se tornasse o homem que você precisava ser. Não poupamos despesas pra garantir que você frequentasse as melhores escolas! Desde o ensino fundamental até a faculdade! Nunca faltou nada pra você, tudo o que pedimos a você era que tivesse uma boa disciplina, inteligência e carisma de um Rei Alfa o que você deveria ser!"
Eles estavam bem próximos. Enquanto ela gritava, gotas de saliva tocaram no rosto de Lancelot.
Seus dentes estavam cerrados, sua mandíbula apertada e seus punhos curvados.
'O Rei Alfa que eu deveria ser?', Lancelot lutou contra a vontade de rir amargamente.
Será que já passou pela cabeça dos seus pais que ele não queria ser o Rei Alfa? Já pensaram que ele não queria nada disso? As responsabilidades que foram dirigidas a ele, as expectativas, as inúmeras pessoas que ele lutou diariamente para vencer?
Não. Nenhum dos dois havia parado para se perguntar o que ele queria para si mesmo.
P*rra! Ele nem teve a oportunidade de decidir o que queria. Após o incidente que aconteceu há muito anos, ele foi instruído para se tornar o próximo rei. Ele foi tirado de sua realidade e foi levado para um espaço totalmente diferente.
Quatorze anos já haviam se passado e Lancelot ainda não estava totalmente confortável em seu novo espaço. Como ele poderia estar? Esse não era o destino que ele queria seguir. Ele só continuou porque não teve escolha.
A honra de sua família vinha em primeiro lugar, antes de qualquer outra coisa.
"Você não tem nada pra me dizer, não é? Nem mesmo uma boa desculpa pra você ter cometido um erro tão estúpido como esse, você permitiu que uma humana fraca e imunda conhecesse esse palácio e arruinasse um ritual tão sagrado da nossa família!", Madeline repreendeu, antes de rir amargamente.
Os olhos de Lancelot se ergueram para encontrar os de Madeline. Quando ela parou de rir, ela deu a ele um olhar frio.
"Seu pai e eu deixamos tudo em suas mãos. Mas percebo que cometemos um erro muito grave..."
"Mãe...", Lancelot tentou a interromper, mas Madeline não o deixou.
"Não, você não ouse", ela disse, apontando um dedo para o rosto de Lancelot. Lágrimas se acumularam nos olhos de Madeline enquanto ela falava. Mas não era por dor ou tristeza, era por raiva.
"Seu pai e eu ensinamos a você tudo o que sabemos! Cara! Você não sabe o que está em jogo naquele trono, não é? Todos os nossos inimigos o querem, seu primo, Albert, está de olho no trono! O que você acha que ele e sua mãe pensariam de toda essa situação?!...", ela fez uma pausa e se aproximou ainda mais dele.
"Onde quer que Bran esteja agora, ele ficaria muito envergonhado pelas suas ações e, francamente, eu também".
Essa foi a gota d'água para Lancelot. Ao sua mãe mencionar o nome de seu irmão, ele começou a se lembrar daquela noite que ele tanto queria esquecer. A noite do incidente que mudou a vida de toda a sua família para sempre.
Naquela noite do incidente, ele ainda não havia conseguido escapar da escuridão. Foi a noite em que todo o seu mundo desabou, e um novo ao qual ele não pertencia foi construído para ele. Ou melhor, ele foi levado a esse mundo a força.
Por que? Por que sua mãe decidiu falar de Bran agora? Depois de todos esses anos, Lancelot pensou que ficaria menos magoado com a menção do seu irmão. Mas ao ouvir ela falar dele agora, percebeu que com o tempo, a dor parecia aumentar, em vez de diminuir.
"Se Bran estivesse vivo..."
"Mãe!"
Lancelot não aguentou mais. Sua paciência acabou, ao ouvir o nome de Bran pela segunda vez, Madeline conseguiu deixar ele irritado.
Madeline olhou para o rosto do seu filho. Ela ficou surpresa com a explosão dele. Essa foi a primeira vez que ele demostrou qualquer forma de sentimento. Madeline não sabia se ficava feliz ou triste com isso. Mas, imediatamente ela piscou, a tristeza nos olhos de Lancelot se foi.
Foi como se ela tivesse imaginado ver aquela cena.
Seus olhos voltaram a ter um enorme vazio.
Madeline ia dizer algo, mas foi interrompida ao ouvir uma batida na porta do seu quarto.
Lancelot virou as costas para a mãe e abriu a porta.
Quando a abriu, encontrou sua avó, Lady Marion, parada no pé da porta.
Lancelot fez uma reverência.
"Avó".
Lady Marion olhou para ele com a testa franzida.
"Eu aconselharia você e sua mãe a irem para a sala do trono agora. Há fogo na montanha".