Capítulo 41
1432palavras
2023-08-19 00:02
Embora Roxanne soubesse que não voltaria ao trabalho até a próxima semana — de acordo com o que Peter havia dito — e que os dois dias após sua chegada a Londres seriam livres para ela e seu chefe, ela não esperava ficar sem nada para fazer.
Nada além dos arquivos que Peter compilou para ela, os arquivos deveriam esclarecer toda a agenda de Lancelot, a rotina diária, as diferentes ligações que ela tinha que atender por ele e as que ela dirigia diretamente para ele, seus clientes pessoais, uma lista registrando números de membros do seu conselho de administração, membros da família, seus gostos, desgostos, sua relação de trabalho e o que se esperava dela como sua assistente pessoal interina. Isso, e o cartão preto de Lancelot, deveria ser um passe certo para comprar o que ela quisesse, onde ela quisesse. E por Deus, Roxanne jurou dar o seu melhor nesses dois dias.
Mas primeiro, como era sexta-feira de manhã e ela tinha que estudar os arquivos que Peter havia compilado para ela. Roxanne sabia que ele nem sempre estaria lá para responder às suas inúmeras perguntas, e Lancelot também não era de falar muito. Portanto, ela quis aprender o máximo do conteúdo que tinha no arquivo, antes de começar a trabalhar para Lancelot. Esse trabalho chegou a ela em uma bandeja de prata, ela não podia se dar ao luxo de perder essa oportunidade.

Sentada na cama, com uma xícara de café na mão esquerda, ela leu o arquivo e fez anotações importantes no pequeno diário que estava na sua perna.
Roxanne quase engasgou com o café quando leu os gostos dele.
"Você deve saber que, enquanto estiver trabalhando, o senhor Lancelot gosta das seguintes coisas: chocolate quente. Você deve servir a ele uma xícara disso a cada seis horas. Se você esquecer, ele não a questionará, mas isso vai significar que você está em apuros. Há um pote ao lado do laptop dele, onde ele guarda balas de menta. Esse pote deve estar sempre cheio..."
Roxanne riu. Ela tentou imaginar seu chefe alto e com seu rosto firme segurando uma xícara de chocolate quente nas mãos, ou pegando uma bala de menta de um embrulho bonitinho.
Isso a fez querer rir, mas teve que se conter. Nada disso combinava com ele.
"Você só pode estar brincando comigo! Quem diria que o senhor nariz empinado gosta de coisas assim? Chocolates quentes? Balas de menta? Uau! Toda vez que eu penso que o entendi, ele me surpreende ainda mais", ela disse em voz alta, para si mesma.

Eram 14h em ponto quando ela finalmente decidiu que já tinha lido o suficiente.
Só então, ela ouviu uma batida em sua porta. Ela presumiu que fosse uma das criadas e disse a pessoa para entrar.
Quando a porta se abriu, Peter entrou no seu quarto. Os olhos de Roxanne brilharam ao ver ele, e ele apenas sorriu.
"Você parece ter gostado muito de descobrir coisas sobre o senhor Lancelot", a frase dele tinha dois significados, mas Roxanne não entendeu.

"Você era exatamente a pessoa que eu queria ver!" Roxanne gritou.
O entusiasmo dela fez Peter arquear a sobrancelha direita.
"Eu realmente espero estar seguro aqui".
"Claro que está! Eu só ia te dizer que queria ir passear hoje. Quer dizer, vendo como Lancelot..."
Os olhos de Peter olharam para o papel que estava na frente dela. Roxanne suspirou fundo e se corrigiu. Ela havia aprendido hoje que não poderia chamar ele pelo nome aqui. Tinha que ser 'sua graça' ou 'sua majestade'. Ela ainda não conseguia se acostumar com tudo isso. Ela se sentiu e soou muito estranho em seus ouvidos.
"...O senhor Lancelot não precisará muito da minha ajuda hoje. E eu estou nessa quarto desde ontem, eu mereço sair um pouco, não mereço?", quando ela terminou, ela fez beicinho docemente. Peter não pôde deixar de rir.
Seu chefe certamente teria muito trabalho com essa mulher.
"Tudo bem. Mas eu tô ocupado agora, então não posso te acompanhar. No entanto, eu..."
"Isso é mesmo necessário?"
Peter parou, seu sorriso sumiu. "Como?"
"O acompanhante?"
Peter riu enquanto olhava para ela. "Você quer sair desse palácio?"
"Como diabos eu faço isso!"
Peter se encolheu quando ela praguejou. Essa americana certamente teria problemas com a família de Lancelot se ela continuasse a falar tão... descuidadamente. Mas isso não era problema dele.
Então, ele olhou para ela e sorriu. "Então, você definitivamente precisa de um acompanhante".
Roxanne tentou reclamar, mas Peter não quis saber disso. Finalmente, quando ela concordou em ser acompanhada, Peter a acompanhou até um dos vários carros estacionados na entrada. Ele disse a ela para checar sua bolsa para ver se ela estava com o cartão que Lancelot tinha lhe dado. Quando ele assentiu com a cabeça, ele se virou para o motorista.
"Vá ao parque, o restaurante e um shopping e depois traga ela de volta para casa. O senhor Lancelot a quer de volta antes das seis da tarde. Você estaria em apuros se ela não estiver aqui nesse horário".
Roxanne o observou cuidadosamente. Ela sempre notou como ele era muito peculiar sobre as coisas que tinham a ver com Lancelot. Se havia algo que ela sabia sobre Peter, era que ele era leal ao chefe e isso era raro.
Quando o carro saiu da residência de Dankworth, ela tirou o celular da bolsa e começou a ligar para Emily.
Quando o rosto de sua amiga apareceu na câmera, o coração de Roxanne derreteu.
"Você demorou muito!", Emily gritou, do outro lado da linha. Roxanne riu, fazia horas que ela não via o rosto de Emily.
"Sinto muito. Eu estive estudando um monte de coisas", Roxanne respondeu.
"Como está Londres até agora?", Emily perguntou, com um sorriso no rosto.
Roxanne riu da expressão de sua amiga.
"Eu me sinto uma Cinderela e Rapunzel ao mesmo tempo. Tipo, tem sido um... não, dois grandes contos de fadas! Ele mora em um grande castelo, e eu tenho empregadas e estava trancada no meu quarto e não posso sair sem uma acompanhante..."
"Está vivendo o conto da Bela e a Fera", Emily riu do outro lado da linha.
"Então, quando você vai assumir o sotaque britânico?"
Roxanne fez uma cara feia.
"C*dela, eu só tô aqui há dois dias".
"Mas, não importa..."
Roxanne ouviu uma voz chamar do lado de Emily no celular. Era uma voz masculina, os lábios de Roxanne se abriram em um sorriso fino.
"Então, você já me substituiu por um colega de quarto g*stosão, né?"
Emily revirou os olhos enquanto ria.
"Você tem o seu p*u, agora me deixe pegar o meu".
Os olhos de Roxanne se arregalaram, a vulgaridade de Emily era simplesmente de outro mundo.
"Tchau, amor!", Emily gritou, antes de encerrar a ligação.
"Tchau...", Roxanne murmurou. Uma leve onda de tristeza a invadiu. Fazia apenas um dia, mas ela já estava com saudades de casa.
Ela olhou pela janela do Tesla. Talvez porque ela estivesse dentro de um quarto por horas, ela não tinha dúvidas de que iria se divertir hoje.
Afinal, ela tinha a companhia do cartão preto de Lancelot.
Ela sorriu ao pensar nisso. Hoje, ela iria se esbanjar.
***************
Era amanhã. Um dos dias que ele mais se preparou durante toda a sua vida estava bem próximo, com apenas algumas horas de distância.
Com o haltere nas mãos e as costas apoiadas no banco, seus olhos se desviaram para o relógio digital de parede, já eram 15h. Ele estava naquele lugar desde a manhã.
Ele pendurou o haltere na barra de ferro acima de sua cabeça e se sentou.
"Eu estava começando a pensar que você ficaria lá pelo resto do dia. Não pensei que você estivesse tão nervoso com a caçada", seu instrutor pessoal, Tim, gritou de onde ele estava.
Lancelot deu de ombros.
"Por que eu estaria nervoso?" Os olhos do homem se fixaram em Lancelot. "Albert?", era uma pergunta e um leve aviso.
Lancelot lutou contra a vontade de revirar os olhos. Ele nunca ficaria preocupado com Albert. Albert nunca foi páreo para ele, nunca foi e nunca será.
"Você me insulta demais, Tim", ele disse, se levantando do banco.
O colete preto de Lancelot grudava em seu abdômen cheio de suor. Ele suspirou fundo enquanto se movia em direção aos sacos de pancadas.
"Então, por que você está sendo tão duro consigo mesmo logo hoje?"
Ao ouvir sua pergunta, o rosto dela passou pela sua mente. Lancelot franziu a testa e deu um soco no primeiro saco com força.
"Uma razão totalmente diferente", ele respondeu, dando outro soco no saco.