Capítulo 3
2276palavras
2023-07-21 10:27
Roxanne pegou o primeiro táxi que apareceu e foi para a LexCorp. Ela não se importou que tinha uma mãe e um bebê teimoso chorando dentro do carro. Na verdade, ela gostou do fato de ter um bebê chorando nele, assim, ela conseguia mascarar o som do seu próprio choro.
Ela teria fugido do trabalho de hoje se não fosse tão importante para ela. Além disso, não ia doer receber uma boa notícia depois de ter sido esbofeteada na cara por uma irmã má e traidora.
Então, ela mordeu o lábio inferior e tentou segurar o fio fino em que sua sanidade estava se agarrando. Enquanto tentava pensar em duas boas razões pelas quais ela não deveria enfiar uma bala no coração de Jonah.

Finalmente, quando o táxi parou em frente ao prédio de cinquenta andares da LexCorp, ela saiu do táxi e entrou pelas altas portas de vidro.
Ela ignorou todos os cumprimentos e não disse uma palavra a ninguém, nem mesmo à recepcionista, para quem ela costumava sorrir todas as manhãs; bom, isso não era como todas as outras manhãs.
Roxanne correu para o banheiro no andar térreo e ficou em frente ao espelho. Mesmo estando quarenta e cinco minutos atrasada para o trabalho, ela não estava conseguindo entrar na sala de conferências com o delineador todo borrado e o rímel escorrendo pelo rosto, misturado com as lágrimas.
Ela tirou um lenço de papel da bolsa e enxugou o rosto.
Sim, não faria mal aparecer nua e toda bagunçada, essas eram as palavras mais próximas para definir o que ela estava sentindo agora.
Quando terminou, saiu correndo do banheiro, entrou no saguão do escritório e em seguida correu pra dentro do primeiro elevador que viu aberto.

Seus joelhos estavam tremendo, tudo estava girando, o buraco em seu peito parecia afundar cada vez mais a cada segundo que se passava, mas Roxanne tinha que sair dele.
'Pense na sua promoção', ela fechou os olhos e falou consigo mesma, inspirando e expirando profundamente.
Em três minutos, ela estava no andar 27º, onde ficava o salão de conferências. Ela saiu correndo do elevador, segurando sua bolsa da mesma forma que a dor segurava seu coração, e correu pelo saguão de escritórios até encontrar a porta da sala de conferências.
A porta estava aberta. Roxanne respirou fundo. Ela poderia fazer isso, ela poderia se recompor por apenas trinta minutos. Ela tinha que fazer isso, ela só tinha que fazer isso.

Com esse pensamento, ela abriu a porta e passou correndo para o corredor para que ninguém notasse ela.
Todos que estavam ao redor da mesa redonda olharam para ela imediatamente.
Incluindo o seu CEO, Alexander. Ela deu um sorriso falso enquanto se espremia em uma cadeira perto da porta.
O velho não tirou os olhos dela, em vez disso, ele franziu a testa.
"Legal da sua parte se juntar a nós com quase uma hora de atraso, Srta. Harvey".
Oh não. Ela estava ferrada, o que ela diria a ele? Roxanne pensou em abrir a boca para dizer alguma coisa.
"Me desculpe senhor, eu estava...", Roxanne estava prestes a dizer alguma coisa.
"Não há necessidade de se desculpar, estávamos quase terminando. Você pode conhecer seus novos colegas...", ele interrompeu, fez uma pausa e soltou um longo suspiro.
"Ou melhor seus ex-colegas..."
Roxanne piscou duas vezes. A última coisa que ela o ouviu dizer foi 'ex-colegas' antes de ela paralisar completamente.
O que ele quis dizer com ex-colegas? Ela balançou a cabeça violentamente. Isso tinha que ser um sonho, cada parte dele tinha que ser um pesadelo muito assustador.
Talvez se ela balançasse a cabeça com força suficiente, ela acordasse.
"A empresa precisou demitir algumas pessoas devido à alguns erros recentes. Você é uma delas, você está demitida, Roxanne Harvey".
Mesmo enquanto lutava para entender o que tinha acabado de ouvir, ela ficou sentada entre seus colegas com uma expressão de choque.
Seus olhos chocados continuaram a olhar ao redor da mesa redonda. Ela estava achando difícil acreditar no que tinha escutado.
O que ele quis dizer com "você está demitida"? Por que di*bos ela estava sendo demitida? Não! Tinha que haver um erro.
Ela não percebeu que se levantou e bateu na mesa com as palmas das mãos.
"O quê?!"
Não isso, não hoje. Todas essas coisas não poderiam estar acontecendo com ela hoje. Seu mundo não poderia estar desmoronando em apenas um dia!
Alexander, o CEO da LexCorp e a empresa pela qual ela deu sete anos do seu sangue, suor e lágrimas, desviou o olhar do papel em suas mãos e olhou para ela, ordenando que ela se sentasse.
Roxanne não se mexeu. Ela admirava e respeitava o homem, mas esse erro precisava ser corrigido imediatamente.
"Com todo o respeito, senhor Lex, deve haver algum tipo de engano..."
"Você tá me dizendo que o Thomas não analisou sua eficiência corretamente?", ele a interrompeu, visivelmente irritado.
Os olhos de Roxanne se fixaram em Thomas Hardy, o qual estava atrás de Alexander, com um sorriso espalhado em seu rosto.
Seus olhos circularam ao redor do seu rosto. Como se dissesse, "Eu ganhei, c*dela".
Thomas era e ainda é o pior pesadelo de Roxanne.
O chefe de gestão humana da LexCorp, Thomas, sempre esteve de olho em Roxanne.
Ele tentou colocar Roxanne quatro vezes, em sua cama ou melhor, na mesa do seu escritório, quatro vezes. E as quatro vezes, ela o recusou descaradamente.
Thomas não achou aquilo provável. Depois de atender suas inúmeras perguntas, ele finalmente decidiu ameaçar ela com sua permanência na LexCorp.
"Se você continuar assim, seus dias nessa corporação estão contados", suas palavras ecoaram em seus ouvidos como um trovão.
"Droga, você é um desgr*çado.
Ela xingou ele baixinho.
Desesperada, ela voltou seu foco para o CEO da empresa.
"Senhor, por favor, eu dei minha vida a essa empresa. Você tem que entender que eu..."
'Que esse trabalho é a única coisa que me mantém sã. Até porque hoje eu perdi meu noivo, cortei todos os laços com a minha família e isso é tudo que me resta...', ela quis acrescentar, com a respiração trêmula. Felizmente, ela foi interrompida pelo último homem que ela queria olhar agora, bom, depois de Jonah.
"Você pode me ver depois dessa reunião se tiver alguma reclamação, senhorita Harvey. Por enquanto, por favor, se sente e fique quieta", Thomas ordenou, seus olhos assustadores brincaram com os furiosos olhos violeta dela.
Derrotada, Roxanne se encostou para trás em sua cadeira, tentando acalmar seu corpo e seus lábios trêmulos.
O resto da reunião passou como um borrão. Nos dez minutos restantes, Roxanne só conseguiu se concentrar em uma coisa; dez maneiras de como castrar Thomas assim que a reunião terminar e aproveitar e castrar o Jonah também.
Enquanto Alexander se levantava para deixar a sala da diretoria, Roxanne se pôs de pé, seguindo ele.
"Senhor, por favor, me dê uma outra chance de..."
"Você ouviu o senhor Hardy, se precisar de alguma coisa, não deixe de encontrar ele", Alexander disse, sem dar nenhum outro olhar.
Roxanne cambaleou para trás, isso não podia estar acontecendo, tinha que ser um pesadelo, do qual ela realmente precisava acordar.
Lentamente, ela se virou para Thomas, dando a ele um olhar de pedra enquanto se aproximava dele.
"Eu vou matar você", seu tom foi baixo, a raiva a tornava quase inaudível.
Os olhos de Thomas pousaram sobre ela, percorrendo seu rosto enquanto ele zombava.
"Não fique tão surpresa. Você certamente sabia que isso iria acontecer", ele zombou, olhando por cima do ombro dela.
"Tudo isso porque eu não deixei você me f*der?"
As palavras saíram antes que ela pudesse retirar elas, mas ela lutou contra a vontade de chorar. Ela nunca daria a Thomas o prazer de ver ela perturbada e vulnerável.
Ele começou a rir, batendo no ombro dela para se apoiar.
Roxanne desejou poder esfaquear as mãos dele, mas uma acusação de agressão não lhe serviria de nada.
"Não se iluda, senhorita Harvey, eu consigo uma boa f*da em qualquer outro lugar".
Ele se inclinou para ela e sussurrou contra sua orelha esquerda.
"Isso é porque você pensou que era diferente das outras. Eu apenas te lembrei de que você é como qualquer outra mulher americana por aí. Agora, você é como todas as mulheres desempregadas por aí".
A maneira como ele enfatizou a palavra 'desempregada' fez Roxanne encolher sob seu olhar.
Não importava como ela olhasse para isso, ele tinha uma vantagem.
Thomas endireitou seu corpo e balançou a cabeça, antes de se virar e deixar ela com uma visão chorosa das suas costas.
"Você tem apenas dez minutos pra sair desse prédio, senhorita Harper. Faça valer a pena".
Ela ouviu a voz de Hardy novamente.
Paralisada, ela o observou sair da sala de costas para ela. Suas pálpebras estavam ardendo com as lágrimas que ameaçavam inundar suas bochechas, mesmo quando seus joelhos dobraram sob suas coxas.
Cinco anos de dedicação foram jogados pela janela. Tudo pelo que ela sempre trabalhou duro, saiu da sala com Hardy.
Gotas de suor escorreram por todo o seu rosto. Isso ainda não estava fazendo nenhum sentido. Como a LexCorp pôde desperdiçar sete anos de trabalho árduo e dedicação? Seus incontáveis ​​sacrifícios que ela fez por essa empresa não significaram nada para eles?
Nada do que ela fez importava para eles?
A Família dela! Jonah! E agora a LexCorp!
Sete anos dando à LexCorp tudo o que ela tinha. Sete anos de dedicação sem fim chegaram a um final trágico em um piscar de olhos.
E Jonah? Roxanne se viu engasgando com as lágrimas quando lembrou do rosto dele.
Ela esteve com ele por mais da metade da sua vida, passando de amigos a amantes. Ele não pensou duas vezes antes de agarrar a maior oportunidade de partir o coração dela em pedaços.
De repente, ela se lembrou das palavras da sua melhor amiga essa manhã.
"Sua modéstia me insulta, Roxy. Você sabe que esse trabalho é seu. Garota, você deu a essa empresa todas as suas noites de sono, eles vão ficar loucos se não te darem essa promoção".
As palavras de Emily garantiram que ela conseguiria a promoção.
Emily era a única pessoa com quem ela deveria falar agora. Sua melhor amiga e colega de apartamento era a única pessoa que ela precisava ver, era a única pessoa que poderia acalmar ela agora.
Com esse pensamento, Roxanne pegou sua bolsa e o que restava da sua dignidade e saiu correndo da sala de conferências, correndo para fora do prédio sem olhar para trás.
****************
Os trinta dias seguintes passaram como se nada mais valesse a pena. Ela procura empregos online e passa a maior parte do tempo na padaria da sua irmã, Roxanne perdeu a noção do tempo.
Isabelle, sua irmã mais velha e melhor amiga, tinha sido maravilhosa com ela. Além de Emily, ela era a pessoa mais próxima a quem Roxanne sabia que poderia recorrer se precisasse de alguma coisa, mesmo que fosse apenas um ouvido atento.
Afinal, Isabelle entendia mais do que ninguém o que significava ser surpreendida pela família.
Depois que Isabelle revelou ser lésbica para os Harveys, o resto da família encontrou maneiras de se isolar dela e de seus casos.
Isabelle não poderia ter ficado mais feliz com isso. Isso permitiu a ela a liberdade de se casar com Carrie e ser feliz.
Foi em uma das visitas à confeitaria de Isabelle que Roxanne foi convencida a comparecer ao casamento da irmã e do ex-noivo.
Isabelle foi tão dura com a 'família' que ela não podia acreditar que era a mesma Isabelle que sua mãe tinha praticamente expulsado.
Roxanne encontrou esperança em Isabelle. Se ela puder comparecer ao casamento e olhar para os pais sem desmoronar, então Roxanne também poderia comparecer ao casamento.
Mas Isabelle não era a pessoa que estava prestes a ver seu ex-noivo se casar com sua irmã gêmea.
Mas Isabelle fez Roxanne prometer que compareceria. Quem diz não para sua irmã favorita?
Jonah tentou falar com ela. As chamadas iam direto para a caixa de mensagens e os e-mails permaneciam na lixeira do Gmail. Na noite em que ele ousou aparecer na casa dela, Emily reuniu toda a moral que pôde para não espancar ele.
O casamento estava a apenas algumas horas de distância. Emily e Isabelle assumiram a responsabilidade de ser sua estilista pessoal e maquiadora.
Agora, tudo o que ela precisa é de um homem.
"De jeito nenhum vamos deixar você pisar naquela catedral sem um homem", a voz de Emily ainda trovejava em sua cabeça enquanto ela passava o dedo pelo aplicativo do Tinder.
Nenhum dos homens aparentemente decentes que ela encontrou se interessou pelo seu perfil. Ela se lembrou de Emily dizendo que era por causa da foto que ela estava usando, mas Roxanne não viu nada de errado na foto e por isso não concordou em trocar de foto.
Quando a última opção dela recusou o encontro, Roxanne suspirou e desligou o laptop.
"Os homens de hoje em dia são muito estúpidos", ela disse, fazendo com que Emily, que estava ocupada tricotando um cachecol no sofá em frente à televisão, sorrisse.
"Amanhã é o casamento, tem certeza que você não quer se esforçar mais um pouco?"
"F*da-se. Vou pra cama. Vou sobreviver amanhã sozinha, sem um homem ao meu lado".
Roxanne subiu as escadas em passos lentos.
No fundo, ela queria acreditar que era verdade.
Talvez, apenas talvez, se ela dissesse isso para si mesma no espelho uma e outra vez, ela seria capaz de acreditar em si mesma.
Ela pôde ser capaz de sobreviver ao casamento de amanhã sem puxar o gatilho de nenhum deles: Rayla ou Jonah.
Ou ambos?