Capítulo 12
1546palavras
2023-08-02 03:09
Theodora
Eu já havia me sentido assim com alguém em qualquer momento na vida? Com uma urgência não resolvida, uma fome nunca saciada?
Quando Robert capturou minha boca num beijo intenso e gostoso eu não pude resistir, pois meu corpo todo implorava por isso.

E pensar que horas atrás eu estava à mercê de um abusador que me fez ter nojo de mim mesma, a ideia de ser violada por um ser tão asqueroso era tenebroso e graças a Deus que Robert havia aparecido. Eu olhava para ele como se fosse reluzente como ouro e minha gratidão não cabia no peito. Então eu entendi que queria ser dele, mesmo que fosse uma única vez.
Diferente de Ector, meu ex namorado, eu me sentia segura comigo mesma e pronta para avançar.
— Tessy...
Ele me chamar pelo apelido só fez minha certeza se intensificar. Correspondi ao beijo dele, passando minhas mãos pelos braços bem torneados.
Então ele me levantou e me colocou sentada sobre a mesa em que antes tomávamos nosso café. Uma xícara caiu no chão, ele apenas observou o líquido se esparramando no piso branco e então voltou-se para mim com um sorriso mais malicioso.
— Você não sabe o quanto eu tenho desejado isso. — Ele beijou meu pescoço de maneira deliciosa — Era angustiante a força que eu tinha que fazer para não avançar sobre você.

— Pois agora estou aqui, sem nada que te impeça.
— Você diz essas coisas sem ter noção do que sou capaz. — Mordeu meu ombro e a dorzinha foi surpreendente — Quero devorar cada centímetro desse seu corpo gostoso.
Eu não deixei mais que ele falasse e o beijei com desespero. Eu não queria minha boca longe dele, queria que nossas línguas se enroscassem sem nenhum pudor. Minhas mãos tinham vida própria, passando pelas costas largas, o pescoço forte e pairando sobre os cabelos claros. Meu ponto mais íntimo começou a latejar e eu nunca tinha sentido aquilo, meu coração batia descompassado como um trem descarrilhado.
— Você é tão cheirosa!

Eu sorri. Robert se afastou alguns centímetros, o suficiente para se livrar da camisa e revelar o tórax bem moldado, ele parecia ter sido forjado pelos deuses.
Minha vida amorosa havia sido limitada apenas ao Ector e paqueras bobas na adolescência. Nenhum homem em quem pudesse colocar minhas mãos se comparava à beleza com o homem diante de mim. Nenhum também conseguiu minha rendição com tal facilidade.
— Gosta do que vê? — ele me perguntou, ao perceber meu olhar insistente sobre o corpo dele.
— Muito. — Foi a única coisa que eu consegui dizer antes de passar a língua sobre o tórax dele, ansiosa para saber qual era o seu sabor, pronta para cravar os dentes naquela pele deliciosa.
— Minha vez de ver você — ele disse, eu dei total acesso ao meu vestido.
Ele deslizou os dedos pela alça da roupa e o puxou levemente para baixo, enrolando-o até a altura da minha cintura, revelando o biquíni amarelo que eu usava por baixo.
— Ah, esse biquíni é tentador demais. — Ele parecia satisfeito — Você não sabe quantas vezes eu me imaginei desfazendo o nó dele. — O dedo indicador passeou pela marca dos seios, como se decidisse o que fazer a seguir.
— Então tire-o de mim — implorei.
Ele me abraçou passando as mãos por baixo dos meus braços para acessar o nó do meu biquíni e então a peça caiu no meu colo e meus seios ficaram à mostra. Robert olhou para eles e suspirou longamente.
— Você tem seios maravilhosos. — E caiu de boca sobre mim.
Eu sempre tive vergonha dos meus seios pequenos, e muitas vezes usava sutiã com enchimento para disfarçá-los, entretanto eu fiquei muito feliz por eles agora. Entendi que eram suficientes e ver como eles satisfaziam Robert, me fez feliz com meu próprio corpo.
A boca dele no meu mamilo, sugando—me, era bom demais. Doía um pouco com a intensidade que ele usava, mas eu não queria que ele parasse, quanto mais ele se deliciava com meus seios, mais descontrolada eu ficava. Me senti em total transe e seria capaz de ceder a qualquer coisa que ele me pedisse.
— Ah, que bom que é com você — eu confessei.
Minhas palavras pareceram dar um choque nele que parou de me beijar, sorriu, descolando de mim e então segurou minhas mãos, me observando por um tempo.
— Não está certo — ele disse, ainda sorrindo.
— Rob.. — O desespero começou a bater em mim pois eu queria que ele continuasse.
— Não quero que fique comigo por gratidão ou porque sou um destino melhor que o Ferraz.
— Não é nada disso. — Tentei corrigir. Não queria que ele pensasse que eu estava aliviada por não ser o velho tarado.
— Não estou te acusando. — Ele levantou as alças do meu vestido, cobrindo minha nudez — Só acho que você pode estar incentivada pelas emoções erradas.
— Eu sei bem o que eu quero. — Comecei a ficar chateada.
— Se eu dormir com você duas horas depois de quase ter sido violentada, vou sentir que me aproveitei do seu momento de fragilidade.
— Não é assim — eu insisti, sem ter a mesma firmeza de antes.
Droga! Desejei que ele fosse um safado egoísta que não se importasse com isso. Eu estava mais do que pronta para ele, infelizmente jamais imaginaria que ele tinha um senso ético daqueles.
Ele pegou a camisa do chão e a vestiu novamente. Será que ele estava arrependido? Ele havia feito uma cena na casa da família dele por minha causa e talvez tivesse problemas graves em consequência disso.
— Era só me dizer que se arrependeu de me trazer aqui...
— Caramba, Tessy.
— Eu sou capaz de entender que...
— Não é nada disso! — Me abraçou, carinhosamente — Se soubesse o quanto a quero! Se eu pudesse te carregaria até minha cama agora e me afundaria em você com força.
— Eu sinto tanta vontade de ter você. — Meu corpo estava latejando e me deixar naquele estado era muita sacanagem. Os motivos poderiam ser nobres, todavia, era desapontador. Como ele conseguiu se controlar? Será que ele também estava ardendo como eu?
— Você pode ter certeza agora, mas daqui um tempo vai perceber que seria errado. Eu deixei chegar nesse ponto porque te quero demais.
Ficamos em silêncio.
— Aliás, não falamos sobre o que aconteceu no terraço dos meus pais.
— O que há pra contar, além do que você já viu? — Eu não queria recordar — Depois do sermão que sua mãe me deu, só tentei ficar longe da sua vista e fui para longe. Aí aquele homem apareceu, eu tentei voltar, mas aí ele me fez uma proposta bem indecente. Fiquei ofendida e o xinguei e então ele disse que ontem a noite ele estava no terraço e de lá tinha uma visão privilegiada do jardim...
— Então ele nos viu?
— Infelizmente, sim. Então falou um monte de besteiras sobre eu ser uma qualquer e o resto você já sabe…
— Sinto muito, Theodora.
— Rob, eu não quero ficar falando disso ou lembrando.
— Quer saber? Vou pegar uma bebida para nós, o café não foi suficiente.
Eu recusei a bebida e fui para o sofá onde me reclinei, ainda frustrada. Tanta coisa tinha acontecido em um pequeno espaço de tempo. Há poucos dias eu estava na minha rotina pacata de sempre e agora estou no flat de um homem que parecia ter saído de um comercial da Kevin Claim. Era uma guinada na minha história que eu jamais poderia prever.
Eu devia estar cansada pois acabei cochilando. Acordei ainda no sofá, mas tinha um travesseiro sob minha cabeça e um lençol fino cobria meu corpo. As cortinas da sala estavam fechadas, fazendo o local ficar escuro e aconchegante. Olhei ao redor procurando Robert, no entanto não o vi. Levantei com cuidado e ouvi o barulho do chuveiro ligado. Ele estava se banhando.
Fiquei um pouco em pé, pensando no que fazer. Mordi o lábio com força e uma tristeza tomou conta de mim. Peguei um bloquinho parado sobre o balcão da cozinha e escrevi um bilhete:
"Robert, obrigado por tudo. Você pode até negar, mas para mim é um homem muito nobre. Espero que seja muito feliz. Me desculpe por qualquer confusão. Com carinho, Theodora".
Meu coração estava muito apertado quando coloquei o bilhete na geladeira. Achei que era melhor sair de fininho enquanto ele estava no banheiro, então peguei os sapatos na mão e sai na ponta dos pés, fechando a porta com cuidado.
Desci até o saguão do hotel e a recepcionista me cumprimentou e perguntou se eu queria que chamassem um táxi. Eu aceitei e agradeci pois estava sem minha bolsa.
Quando o táxi chegou eu saí do hotel e antes de entrar no veículo dei uma olhada para trás. Vi Robert na recepção, evidentemente me procurando. Nosso olhar se cruzou por um instante, porém eu não me deixei vacilar. Sentei no banco do carro.
— Vamos rápido, por favor.
Então o motorista arrancou com o veículo e eu vi Robert ficando para trás junto com o meu coração.