Capítulo 6
1929palavras
2023-06-28 13:41
(POV’SMABEL BIEBER)
2 meses depois…
— Sou inocente!— declaro em alto e bom perante o júri. Minha autodefesa acaba causando burburinho no tribunal, e o juiz bate o martelo pedindo "ordem".— Eu não matei ninguém.— alego, na plena consciência da vericidade dos fatos que ocorreram naquela noite.
Sento-me ao lado do meu advogado, super apreensiva para a fase instrutoria das outivas de testemunhas. Aguardo ansiosamente esperando rever a minha mãe, já faz dois meses, desde daquele dia. Me sinto envergonhada em estar na posição de réu, eu não queria causar todo o constrangimento para a minha família e nem manchar a imagem do FBI. Devo está sendo pintada como um monstro por toda à repercussão nacional que esse caso está gerando.
Suspiro bem fundo, saindo do transe e não contendo as lágrimas que sinto em revê-la. Minha mãe é orientada em sentar no assento das testemunhas diante do juiz, para ser interrogada pelo promotor.
— Prometo falar somente a verdade, apenas a verdade.— coloca a mão em cima do livro do juramento, como pena de falso testemunho se vier a mentir.
— Você é a mãe da réu?— inicia a fase das perguntas. Antes de responder, os olhos escuros olham para o meu rosto abatido e depois desvia, com o tom baixo dizendo:
— Infelizmente sim.
Sua conduta em haver um desprezo, pega todos do tribunal de surpresa ficando alarmados com a revelação. Inclusive a mim. Por que ela está brava? Achei que estivesse tudo bem entre nós duas.
— Por que infelizmente?— rebate o questionamento.
— Meritíssimo contesto, acusação está querendo induzir o júri!— o meu advogado se põe de pé, em minha defesa.
— Protesto negado.— o mais velho de meia idade bate duas vezes o martelinho.— Continue.— pede para que a minha mãe Selena explique o motivo.
— Não estão vendo o óbvio? — faz menção ao público que acompanha o julgamento. — Como eu posso ter orgulho de uma filha que é acusada de assassinar a presidente da república? É até um pouco inacreditável, visto que uma presidente anda sempre com tantos seguranças. É um pouco confuso e eu como agente do FBI coloco em pauta essa incógnita: seria mesmo um assassinato por motivo fútil, ou algo articulado que os próprios membros da comitiva estejam envolvidos? Vale ressaltar que estamos em ano de eleição para presidência e acredito que a minha filha está sendo usada como isca, para ocultar os verdadeiros culpados.
— Protesto, excelência! A mãe da réu está querendo criar fatos que não contam nos autos do processo.— o promotor se manifesta, pedindo que a opinião dela não seja levada em consideração pelo júri.
— Protesto, concedido. — aceita ser retirado. Entreolho para minha mãe que faz uma careta como se quisesse falar "eu sinto muito" por ter tentado me ajudar.— Minha senhora diga somente o que sabe. Não alegue fatos, sem provas concretas. Pode dar continuidade, promotor.
— Então a senhora considera a sua filha inocente?
— Inocente não, manipulada.— novamente a sua fala causa um burburinho de espaculações. E o juiz pede silêncio, devido os cochichos no tribunal.
— Acha que uma mulher de 23 anos pode ser facilmente manipulada?
Quando o meu advogado vai se levantar, pedindo "protesto", eu o seguro lhe impedindo de interver. Já percebi que a minha mãe está jogando tanto com o público, como também com o júri e o promotor. Ela sempre foi ótima nisso e pode ser que talvez...
— Não acho não, eu tenho certeza. Eu conheço a minha filha e sei como ela é. Mabel acredita muito na bondade das pessoas, é por isso que está agora sendo réu. O filho da vítima a garantiu que ela seria absolvida. Cadê ele agora? Disse que ia a proteger, mas a deixou aí... sozinha... sendo praticamente banalizada pelos americanos. Estão fazendo a minha filha de judas.
Logo me comovo com as palavras lembrando que fui ingênua demais por ter confiado no Richard. Quis dar um "voto de confiança" para testar se realmente seria capaz de se sacrificar e permanecer do meu lado. Porém, ele me abandonou pela segunda vez.
— Sem mais perguntas, excelência.— o promotor encerra a vez. E agora fica ao critério da parte da defesa.
Meu advogado se levanta e recebe oportunidade para se contrapor.
— Senhora Selena, na noite do crime, onde a sua filha estava?
— Na casa do namorado com ele.
— Esse local seria onde a vítima foi encontrada?
— Protesto, excelência!— acusação interrompe, alegando que o advogado está querendo trazer um outro suspeito pro caso.
— Protesto, negado. Prossiga.— o juiz dá permissão, ciente de que isso pode ser uma evidência nova pro processo. Respiro fundo, um pouco aliviada, além de estar com aquele frio no estômago.
— Sim, ela estava no apartamento com o Richard. Ele saiu para comprar comida japonesa para os dois, foi isso que a minha filha me contou, quando ela me ligou chorando desesperada pedindo ajuda. A primeira coisa que sugeri foi: temos que chamar a polícia com urgência. A viatura foi, temos até o registro da ocorrência daquela noite. Está nos autos do processo.— na verdade quem chamou foi o Richard, mas a minha mãe está mentindo tão bem ao ponto de ser convincente. Oh meu Deus, ela acabará ferrando comigo!
— Sem mais perguntas, meritíssimo.—o advogado finaliza, deixando o júri refletir.
Minha mãe é retirada e vem a próxima testemunha... que é o meu pai. Fico bastante emotiva quando o vejo, avistando o quanto está afetado psicologicamente. Pela reação é notável o quanto está desconfortável em está em um tribunal vendo a sua filha algemada, com o uniforme laranja de presidiria e que possivelmente poderá voltar para cadeia dependendo do resultado do veredito.
Meu pai está muito triste, dá para ver em seu semblante. Sou enchida de qualidade com o seu depoimento emocionante. O que leva até emocionar aqueles que estão em volta, presenciando um pai amoroso discursando em prol da filha.
Chega a vez do Richard testemunhar, mas o próprio se encontra ausente no tribunal. Ou ele não veio, ou ele se recusou testemunhar contra mim. Nem crio esperança de que a segunda opção seja real. Mas por um lado, sinto um alívio. Porque querendo ou não, o depoimento dele é o mais importante para o caso.
O juiz pede para o promotor e o advogado fazerem suas alegações finais;
"Como querem absolver uma mulher que quis ocultar o corpo com substâncias químicas, usando o método mais frio. Não houve compaixão da réu."- promotor
" Minha cliente estava com medo da grande repercussão, agiu por pura emoção e em legítima defesa,"- advogado.
" A frieza da réu é indiscutível, não houve legítima defesa, caros júris. A defesa de forma equivoca está querendo criar uma narrativa inexistente." - promotor
" Está mais do que claro que a minha cliente é inocente. O laudo médico do nomeado legista Dr Louise Liiw comprova que foi um suicídio."
" Não sejam ingênuos, jurados, em absolver uma assassina fria como Mabel Bieber. Até porque essa mulher...— aponta para mim, meus olhos estão cheio de lágrimas em ouvirem ambos argumentarem para decidirem o futuro da minha liberdade.— " Sabe como enganar a ciência. Está agindo de má-fé, usando técnicas que aprendeu como agente do FBI para se auto beneficiar.
— É mentira!— mesmo não podendo me manifestar, levanto-me da cadeira, pois é tão injusto ouvir essas inúmeras inverdades ao meu respeito. — Eu não sou uma assassina!
—Não mesmo.— ouço o tom rouco soar surpreendendo a todos. Minhas pernas ficam bambas, com a porta do tribunal sendo escancarada.
— Richard?— meu coração acelera-se, criando uma euforia assim que inclino a cabeça para trás, o vendo parado na entrada. Lhe olho, havendo uma tensão grande.
— Falta o meu depoimento, vossa excelência.— invade, recebendo os olhares daqueles que acompanham o julgamento.
— Protesto! — de imediato à acusação quer proibir, mas logo é cortado:
— Protesto negado. — sou incapaz de segurar o nervosismo, porque tudo vai depender do Richard agora. Será que ele vai fuder mais com a minha vida?.— Silêncio! Ordem!— o juiz pede, quando as vozes indignadas surgem tudo ao mesmo tempo. — Ordem no tribunal!— exigi, com a sua autoridade sendo contrariada pelo falatório.
O JUIZ FAZ UMA PAUSA, POR 2 HORAS.
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DEPOIMENTO
— Como se sente em saber que sua namorada matou a sua mãe?— de cabeça baixa, não tenho nem coragem para encara-ló. É uma pergunta tão insensível para ele ter que responder, já que era filho da presidente.
— Namorada, não.— nega qualquer envolvimento comigo. Desânimo, sem esperança... — Ela é a minha mulher. — subo o olhar atentamente, imensamente surpresa. Por acaso, Richard enlouqueceu?— E diante da pergunta, não sinto raiva, ódio e coisa nenhuma. Até porque eu sei da inocência da minha princesa.— o promotor ri.— Trouxe vídeos de segurança do meu apartamento. Como todo agente eficiente, costumo precaver e tenho câmeras espalhadas por toda a parte. Peço autorização para as filmagens serem concedidas.
O juiz antes de dá o veredito, chama para próximo o advogado e o promotor para ficarem cientes da decisão. Espero ansiosa para ouvir e quando é aceito pelas partes, sorrio fraco sabendo que posso ser inocentada. Mas há também uma preocupação, porque os meus pais podem serem condenados por ocultação de cadáver.
Richard sabe que eu jamais o perdoaria se ele prejudicasse alguém da minha família, então ele exclui esse momento. A sequência é correspondente a tudo que aleguei. Não restando mais dúvidas que às imagens provam a minha inocência, o juiz encerra o julgamento com outra pausa e dessa vez quando retornar haverá à sentença.
Para o momento do veredito me levanto para ouvir, enquanto autoridade maior discursa as palavras usando a analogia e os princípios. O nosso sistema não é apegado a letra da lei, seguimos mais os costumes de cada estado. É por isso que alguns estados têm pena de morte, prisão perpétua, porque os valores são muito empregados nos Estados Unidos.
— Absolvo a réu pelo crime de homicídio em primeiro grau.— ler o resultado da sentença. Comemoro sorrindo e respirando aliviada. Entreolho para Richard, sussurrando baixinho "obrigada". Se não fosse por ele, talvez eu estivesse sendo condenada.— Pela ocultação e tentativa de fuga, condeno a réu... — gelo, sabendo que de alguma forma permanecerei presa. — Há 12 anos, com o direito a condicional, que poderá ser revertido com 2/3 da pena.— encerra o julgamento, batendo o martelinho com o veredito final.
E não aguento a pressão, ficando tonta com a realidade. Com os sentidos distantes, ouço no fundo a minha mãe gritar dizendo que eu não tive culpa e que foi ela, mas isso não é levado em consideração. Mesmo que ela afirme, esperneei colocando a culpa em si, continuarei sendo perante à justiça aquela que articulou.
Terei que passar anos da minha vida presa.
Prestes a deixar o tribunal, escoltadas por duas guardas, sou interrompida:
—Eu vou te esperar, princesa. —ele limpa as lágrimas dos meus olhos. Seus olhos azuis encaram-me intensamente, com aquele brilho forte:— Pode passar o tempo que for, estarei te esperando aqui fora.— garante e o imploro para que cuide da minha filha, enquanto eu estiver fora. — Eu te amo!— num ato voluntário, cela os nossos lábios em um beijo calmo. Permito, correspondendo o seu amor.
— Promete que me espera?— abro finalmente o meu coração, expondo os meus sentimentos. Montei um escudo para afastá-lo, mas não dá mais para esconder, eu ainda o amo. E é uma pena que eu tenha enxergado isso tarde demais.
— Prometo.