Capítulo 50
1511palavras
2023-07-11 00:02
PONTO DE VISTA DE YUNIFER
Suspirei enquanto sorria para ele acariciava seus cabelos bagunçados.
“Está tudo bem, estou bem. Eu disse para você não ia me machucar ou ser sequestrada por alguém que queria me torturar como aconteceu antes.” Eu o confortou suavemente, olhando com sinceridade, no fundo dos olhos dele, para que ele visse que eu estava falando sério.
Asher ao ouvir isso, riu e estalou a língua enquanto olhava para mim.
“Você não se machucou? Pelo que me falaram, alguém atacou você e suas bochechas ficaram ensanguentadas. É isso que você chama de não se machucar!?” Ele perguntou suavemente me encarando, então com os lábios contraídos, lancei um olhar para Lawrence e Ishid, que provavelmente eram a razão para Asher saber tantos detalhes.
Vendo que eu não lhe respondia, ele acrescentou: “Ou você está tirando vantagem do fato de ser uma loba e suas feridas cicatrizarem por conta própria. Além disso, você nasceu com uma condição única, por isso se cura melhor do que os outros, até mesmo melhor que um Alfa.”
Suas palavras me deixaram um pouco balançada, atingiram em cheio o meu coração. Às vezes eu pensava que ele podia ler meus pensamentos e tudo o que se passava na minha mente.
Desviei o olhar me sentindo culpada e suspirei profundamente antes de admitir que menti. “Desculpe, eu me descuidei.”
Então, Asher sacudiu a cabeça e falou: “Não precisa se desculpar. Você não foi descuidada, mas desta vez o inimigo parece muito mais perigoso e poderoso. Além disso, você não tem uma pista sobre quem é esse homem, além de ser seu inimigo, o que mais ele quer e por que só apareceu depois de todo esse tempo? Até parece que vocês estão suspeitando que ele seja um bruxo, pois se for, as coisas ficarão mais problemáticas.”
Não contive o riso quando o vi falar com tanta seriedade, pouco depois estendi minha mão e belisquei suas bochechas macias em meio a um sorriso tímido.
“Como meu irmãozinho é inteligente. Você analisou a situação muito bem.” Eu o elogiei, ainda apertando suas bochechas, pois Asher havia permitido.
Mas, embora ele não gostasse que eu beliscasse suas bochechas, ele não tinha outra escolha a não ser me deixar fazer isso.
Asher suspirou impotente e olhou para Drake. “Por favor, ajude a identificar quem tentou atacar a minha irmã e certifique-se de que ele não escapará. O alvo deles não são vocês, mas sim Yunifer. Quem sabe se aquele homem não tem um chefe ou seguidores que também tem essa habilidade de se passar por outra pessoa, não é? Pode ser perigoso para minha irmã.”
Drake notou a preocupação no meio das palavras de Asher, então ele naturalmente acenou com a cabeça e lhe respondeu.
“Eu farei isso, afinal, sua irmã é minha companheira e todos nós a amamos. Não queremos que algo aconteça com ela, por isso já estamos investigando. Não se preocupe, não vamos descansar enquanto não descobrirmos quem é o culpado.” Drake falou em tom de promessa, enquanto olhava para Asher.
Lawrence e Ishid também concordaram com a cabeça após ouvirem o que Drake disseram. Assim, eles transmitiram certa confiança para Asher, cujos olhos lentamente se tranquilizaram depois de ouvir a promessa de Drake.
“Não se preocupe, nós faremos tudo ao nosso alcance. Não podemos deixar que algo aconteça com nossa companheira.” Então, depois de dizerem isso, eles olharam carinhosamente para Yunifer.
Um esboço de sorriso brotou em meus lábios e minhas bochechas coraram levemente. Ao mesmo tempo, pude sentir um calor aquecer meu coração.
Olhando para Asher soltei uma risada descontraída e disse: “Você se preocupa demais. Se eles disseram que farão qualquer coisa para descobrir quem me atacou, significa que é verdade. Só peço que você pare de se preocupar tanto, estou fazendo o possível para me proteger e não sofrer como antes.”
Quando meu irmão escutou o que eu tinha para lhe dizer, um sorriso genuíno apareceu em seus lábios enquanto ele erguia a cabeça para me encarar com seus olhos reluzentes.
“Isso mesmo. Minha irmã é a pessoa mais poderosa do mundo. Ninguém pode vencer minha irmã.” Ele disse suavemente ao me elogiar.
Ao ouvir isso, não pude mais conter o riso assim como os outros que riam diante tanta fofura. Asher era muito adorável quando agia daquela maneira.
“Isso mesmo, sou sua irmã valentona.” Eu disse concordando enquanto tentava conter o sorriso.
Contudo, não demorou muito e ele voltou a me questionar. “Irmã, você vai continuar a competir nas lutas clandestinas?”
Neste momento, até meus companheiros me observavam, aguardando curiosos pela minha decisão.
Mesmo que já tivesse passado certo tempo, eu ainda competia em arenas situadas em becos escuros.
Eu amava o boxe.
O boxe ajudou a me transformar uma lutadora, na época em que eu era apenas uma criança envolta por uma família tóxica e abusiva.
Sempre tive o desejo de ser forte.
Principalmente depois que eu comecei a recuperar as minhas memórias há muito tempo perdidas.
Afinal, eu não queria me sentir indefesa como quando eu era criança. Não queria mais me sentir da mesma maneira que me sentia no passado.
Impotente, eu olhei para Asher antes de fazer um breve aceno e disse: “É verdade, mas eu decidi continuar competindo.”
“Mas, já não temos muito dinheiro? Por que você precisa continuar competindo?” Asher indagou com as sobrancelhas franzidas, encarando-me com curiosidade.
Com um riso esfreguei seu cabelo bagunçado. “Você tem razão, agora já temos bastante dinheiro e não nos falta mais como antes. Mas, eu continuo competindo porque isso me ajuda a melhorar minhas habilidade e a ficar mais forte.”
“Entendeu? Sua irmã quer ficar mais forte para poder proteger vocês e se proteger de quem vier me atacar. Você entende isso, certo?” Eu acrescentei olhando para Asher.
Porém, Asher ficou um pouco relutante em me deixar participar das lutas, pois tinha medo de que eu me machucasse de novo. Ele já vira os hematomas pelo meu corpo quando voltei para casa depois de uma luta, mas apesar dos roxos pelo corpo, eu venci.
Mas, isso não mudava o fato de que ele não se incomodava ao me ver ferida por causa da arena, onde todos podiam participar das lutas e ganhar os prêmios, aliás, esse era a razão pela qual me inscrevi nas lutas.
Eu sabia que Asher já desejava há muito tempo que eu saísse da arena, pois temia que eu me machucasse como da última vez, na qual ainda era humana e minha alma não estava completa. Naquela época, minhas feridas demoravam para cicatrizarem, o que deixava Asher preocupado, bem como meus companheiros, que contrataram três médicos profissionais para se certificarem de que eu estava bem. Afinal, eles também desconheciam o motivo para minhas feridas demorarem para se fechar.
Daquela vez, me colocaram para lutar contra um homem robusto, mais forte e mais alto do que eu. Seus golpes eram avassaladores e cheios de uma aura poderosa. Se eu não desviasse dos ataques no tempo certo, com certeza haveria muitos estragos dentro do meu corpo. No entanto, mesmo sendo capaz de desviar de alguns golpes poderosos, isso não muda o fato de que ele me acertou.
Inclusive essa luta durou cera de duas horas, algo surpreendente e foi considerado um recorde mundial.
No fim, eu ganhei por pura sorte.
Se meu oponente não tivesse tropeçado no próprio pé, teríamos continuado a lutar até a morte ou por muitas e muitas horas, ou ainda piora, até que anunciassem um empate.
Por isso, quando voltei para casa após pegar o prêmio, não consegui esconder as feridas, pois eram muitas e várias delas estavam em lugares visíveis, mas ainda bem que várias outras a roupa escondeu.
Quando meus companheiros viram o meu estado, eles quase correram no mesmo instante para arena, querendo pô-la abaixo, mas ainda bem que eu os impedi. Passei a noite inteira persuadindo-os e na manhã seguinte a Asher que também estava pouco satisfeito com a situação.
Mesmo assim, fiz da luta a minha profissão, apesar de ser perigoso. Além do mais, era um pé no saco, pois sempre haveria a possibilidade de correr riscos ou sentir dor.
No entanto, eu ainda sim escolhi continuar lutando boxe.
Talvez porque o boxe me fez perceber que no fim, só quem é mais forte pode ser o vencedor. Ou talvez porque minha infância foi marcada com isso.
Se a infância de outras crianças foi sobre ter amigos, amor, família ou brinquedos... eu tive o boxe.
Comecei a aprender boxe desde que Asher nasceu, por causa disso, atribuí tanta importância a este esporte.
Então, fiquei em silêncio por um minuto, o que fez Asher, Lawrence, Ishid e Drake suspirem antes de acenarem com a cabeça.
Eu reparei como eles se sentiram impotentes, pois não importava o que fizessem, eu ainda queria participar do boxe. Mas, eu sabia que iriam me apoiar, independentemente da escolha que eu fizesse.
“Nós entendemos. Apenas faça o que você sabe fazer de melhor. Se o boxe te faz feliz, continue a praticar. Ficamos contentes por vê-la feliz.” Ishid disse com um sorriso nos lábios.