PONTO DE VISTA DE YUNIFER
Depois que Asher acordou, nós decidimos ir embora do hospital enquanto os trigêmeos pagavam a conta, embora eu tenha insistido em pagar os gastos médicos. Assim, resolvemos voltar para casa e continuar a repousar no nosso lar.
Afinal, nossa casa era muito mais confortável do que o hospital. A princípio, os trigêmeos recusou minha ideia, mas no fim eles não tiveram escolha a não ser concordar comigo. Embora eles tenham insistido para que eu ficasse mais alguns dias no hospital, pois estavam com medo de que eu estivesse fingindo estar bem.
Mas de fato eu não sentia mais dor. Era como se não houvesse mais a ferida na minhas costas, como se ela nunca tivesse existido, era surpreendente.
Apesar de já ter notado antes que meus ferimentos cicatrizavam com mais facilidade, nunca me preocupei em investigar isso mais a fundo. Se eu não estava mais com dor, porque eu deveria ir atrás de uma explicação.
Além disso, eu não era próxima de ninguém e trabalhava meio período. Ainda tinha o fato de Kilda sempre estar me observando cada um dos meus passos, impedindo que eu interagisse ou pedisse ajuda para os outros. Naquela época, qualquer amizade que eu fizesse, com certeza seria usada contra mim por Kilda ou ela se livraria da suposta amizade.
Por isso, eu sempre pensei que todos os humanos eram como eu, também se curavam rápido. Mas é claro, minha habilidade era bem menor do que a dos lobos.
Então, olhei para Asher que segurava minha mão com força enquanto caminhávamos até o nosso apartamento.
“Nós vamos tirar uma folga amanhã?” Eu perguntei acariciando sua cabeça. 
Quando ouviu a minha pergunta, Asher levantou a cabeça e olhou para mim com surpresa. “Você quer dizer que não vamos para a aula amanhã?”
Ao ver seus olhos brilhando e seu rosto foi tomado pela felicidade, não contive o sorriso enquanto acenava com a cabeça.
“Sim, eu decidi faltar às aulas amanhã e, quem sabe, não podemos ir ao parque e às lojas que você tanto quer. Além disso, você pode jogar o quanto quiser.” Eu falei com um sorriso de orelha a orelha.
Ele pulou de alegria com meu anúncio e repetiu com entusiasmo minhas palavras: “Posso jogar o quando eu quiser amanhã?!”
Pacientemente acenei com a cabeça confirmando. “Sim, você pode. Mas só se você me prometer que vai ficar comigo o tempo todo.”
“Mana, você tem medo que aconteça tudo de novo?” Ele perguntou baixinho e ao perceber o meu silêncio, então ele acrescentou. “Eu sei que você está preocupada com a possibilidade de eu ficar traumatizado com o que aconteceu. Sei que você está fazendo isso para me animar e afastar as lembranças ruins. Eu te agradeço muito, mas não precisa se preocupar, eu já estou bem. Sempre soube que no momento em que nossa mãe começasse a nos violentar, não haveria mais volta. Apesar de ser nossa mãe, sangue do nosso sangue, não gostei do que ela fez com a gente.”
Ele me deu uma explicação em um tom e expressão bastante solene, o que me fez rir e estendi para beliscar suas bochechas.
“Eu sei. Quase me esqueci que meu irmãozinho é um detetive inteligente, percebe tudo ao seu redor.” Eu disse suavemente.
Asher soltou uma risada sincera e me deixou beliscar um pouco mais suas bochechas.
“De qualquer maneira, você já prometeu que vai me levar amanhã para jogar, então não pode mais voltar atrás, mesmo que você mude de ideia.” Asher declarou, soltando a minha mão e correndo para seu quarto, como se ele não quisesse escutar minha resposta.
Vê-lo animado trouxe uma sensação de paz e eu sorri. Estava contente que ele começava a recuperar o ânimo. Antes ele parecei um pouco deprimido, por isso sugeri sairmos amanhã e jogar o quanto quiser.
Por mais inteligente, sensato e que pense como um adulto, ele ainda era uma criança, fruto do ambiente em que viveu. Vê-lo assim, agindo como se fosse mais velho, me enchia de angústia. Eu queria que ele brincasse, fosse mimado e tivesse boas memórias de sua juventude, mas as coisas que aconteceram viraram tudo de cabeça para baixo.
Balancei a cabeça a fim de tirar esses pensamentos negativos da mente, isso estava me deixou ligeiramente deprimida.
Mas, agora as coisas estavam melhorando, então por que ainda pensei no passado? Não pude mais me prender naquilo que já passou.
Depois disso, fui para a cozinha preparar um café manhã para nós, algo simples. Contudo, a porta que estava trancada se abriu e os três rapazes apareceram instantaneamente na minha frente, com uma expressão magoada.
“Você nos deixou.”
“Por que você nos deixou?”
“Você se esqueceu da gente.”
Um por um eles reclamaram com uma expressão decepcionada.
De fato eu tinha me esquecido deles, até porque eu só conseguia pensar em Asher, que não estava de bom humor.
No entanto, como eles abriram a porta?
Então, olhei para eles com desconfiança e questionei: “Como vocês vieram parar aqui e como abriram a porta?!”
“Bom, nós sabemos alguns truques...” Lawrence disse vagamente, eu ainda os encarava com desconfiança e esperava por uma explicação, mas eles apenas deram um sorriso amarelo.
Então, Ishid se pronunciou: “Não importa como nós entramos sem as chaves. Ainda estou chateado por você ter nos deixado no hospital e ter saído sozinha. Agora, você precisa nos consolar.”
Suspirei impotente e os fitei com uma sobrancelha arqueada. “Como você quer que eu o console?”
A princípio, Ishid hesitou em falar e suas bochechas coraram e ele ficou inquieto. Considerando a maneira como ele parecia envergonhado, até pude adivinhar o que ele queria, mas tinha vergonha demais para dizer em voz alta.
No fim, quem falou foi Lawrence: “Apenas nos beije e permita que durmamos com você esta noite.”
Ao ouvir seus pedidos, eu imediatamente neguei com a cabeça, sem hesitar.
“Sem chance!” Eu falei e Lawrence fez uma expressão dolorosa.
“Por quê?” Ele perguntou com a voz rouca me encarando, enquanto esperando uma explicação.
Assim, expliquei apressadamente antes que eles me entendessem mal.
“Se eu deixar vocês dormirem comigo esta noite, tenho certeza de que iriam drenar toda minha energia e não me deixariam dormir! Amanhã eu preciso levar o meu irmão ao parque de diversões, precisamos desse tempo depois de tudo o que passamos.”
Enquanto eu me explicava para eles, escutei uma risada. Minhas bochechas queimaram e me senti envergonhada por eles rirem. Os três tinham a mesma expressão provocante estampada em seus olhos, se esforçando para conter o riso.
“Pff...”
Eu não aguentava mais ser motivo de riso e exclamei irritada: “Do que vocês estão rindo?!”
Lawrence, que antes estava ofendido, estava com o canto da boca franzido e seus olhos faiscaram.
“Nunca pensei que você fosse pensar desta maneira.” Lawrence disse rindo, o que aumentou minha frustração por não conseguir entender o motivo de eles estarem rindo!
Lancei um olhar com um beicinho para eles. Então, Drake que me observava de lado, falou com bom humor e divertindo-se.
“Rence não quis dizer isso. O que ele quis dizer no sentido literal de dormir. Afinal, não somos bestas, não iriamos fazer amor com você logo depois de receber alta do hospital... A menos que você nos seduzisse, é claro, também estamos dispostos a dar nosso corpo de graça.”
A resposta dele fez todo meu sangue correr para as minhas bochechas, meu rosto parecia em chamas. Naquele momento, desejei quem um buraco se abrisse no chão e me engolisse...
Aquilo foi muito embaraçoso! Mas, não era minha culpa que eles tinham sido vagos, sem explicar melhor os detalhes! Afinal, os três pareciam feras no cio toda vez que olhavam para mim, quem podia saber o que se passava na mente deles!
De repente, suas risadas encheram a sala e tive vontade de me esconder. Então lancei um olhar furioso, desejando poder derrubá-los.
Se eu batesse neles usando uma frigideira, será que esqueceriam o que eu disse?
Depois de algum tempo, eles perceberam a intenção maliciosa e imediatamente pararam de rir, mas ainda mantinham o sorriso zombeteiro.
“Então, podemos pedir a nossa compensação querida? Um beijo e DORMIRMOS JUNTOS.”
Eles ainda enfatizaram ‘dormirmos juntos’, o que me fez encará-los.
“Eu não vou mais beijar e dormir com vocês! Para o inferno com sua compensação! Se vocês estão tristes ou magoados, continuem assim!” Eu exclamei enrubescida, então quando ia me virar, eles correram até mim.
Lawrence me abraçou por trás, enquanto Ishid e Drake estavam do meu lado, me impedido de fugir.
“Desculpa por rirmos. Já esquecemos o que aconteceu. Por favor, nos beije e nos deixe dormir com você esta noite.” Eles pediram humildemente, mas ainda mantendo o sorriso malicioso enquanto me abraçavam.
“Argh! Saiam de cima de mim, não consigo respirar! Pronto, faço! Eu vou beijá-los e permitir que vocês durmam comigo hoje, então calem a boca e saiam de cima de mim!” Eu falei impotente olhando para eles, então beijaram meu queixo alegremente e me acalmaram.
Eu olhei para eles e beijei Lawrence primeiro. Depois de beijá-lo eu me afastei brevemente, mas de súbito ele me agarrou pela cintura, trazendo-me para mais perto de seu corpo. Ele envolveu meu pescoço e me beijou ferozmente, fazendo meus olhos se arregalarem.
Senti sua língua vagar dentro da minha boca enquanto me beijava com ferocidade, então enfim pude respirar.
De repente, ouvi alguém falar comigo do meu lado esquerdo e se enroscar no meu pescoço, mordendo o meu lábio inferior e me fazendo soltar um gemido. Drake se aproveitou disso e deslizou a língua para dentro da minha boca. Assim eu consegui respirar pelo nariz depois de tanto desespero.
Esses três!
Então, depois de desse beijo, Ishid assumiu e me beijou. Ele primeiro mordiscou meus lábios até ficar satisfeito e os mordeu levemente, em seguida veio a sua língua.
Que beijo... até senti meus lábios inchados!
Eu ofegava tentando recuperar o fôlego após o beijo longo. Achei que ia morrer ou desmaiar por falta de ar!
Ainda estava brava com eles. Mas os três se inclinaram e deram um beijo na minha bochecha, depois na testa e na bochecha de novo, como se estivessem tentando me acalmar.
Eu bufei de raiva e revirei os olhos. Mas, não importava o quão zangada eu estivesse por fora, pois no fundo eu me sentia satisfeita e feliz, isso era algo que não poderia mudar.
No fim, nós quatro dormimos juntos, espremidos no meu quarto e como da última vez, os três estavam jogando jokenpô para decidir quem dormiria do meu lado.
Quanta infantilidade!