Na manhã seguinte, Kaira novamente acorda sem a presença dele ao seu lado, Levi está em seu escritório com Adolph, eles ficaram em reunião por boa parte da manhã.
– Você decidiu o que fazer? – Questiona Adolph curioso.
– O certo, falar abertamente sobre tudo, não tem outro jeito.
– Entendo, será bem complicado. Vamos tomar um café? Estou cansado hoje, daí discutimos melhor sobre isso. – Diz Adolph. – Levi, sabe o que estou pensando você pode me arrumar um encontro com a irmã da Kaira, que tal um jantar na casa da Sra. Keller, a irmã dela está ficando lá, não é?
– Sei lá, eu não vi ela, desde que cheguei de viagem. Mas se você quiser, posso providenciar, antes dela começar a me odiar. – Ambos estão aguardando o elevador, para irem a uma cafeteria que eles gostam, perto do escritório.
– Aquela mulher está acabando comigo Levi, ela é tão sexy e meiga, eu acho que já está virando obsessão! – Diz ele rindo.
– Normal Adolph, você sempre fica assim, quando conhece uma mulher bonita.
Ao chegarem na cafeteria, Levi começa a prestar a atenção nos murmurinhos, as pessoas naquele lugar, só sabem falar o quanto a Sra. Keller é promíscua, que está sempre recebendo homens diferentes na sua casa, enquanto seu pobre marido deformado se esconde na casa de campo.
– Adolph, me diz que essa fofoca começou agora que eu voltei? – Diz Levi observando todos ao redor.
– Gostaria de dizer isso, mas não. Essa fofoca está rolando desde a sua viagem. – Adolph observa a cara de raiva de Levi. – Tem outra coisa, no dia da festa da irmã dela, ela estava acompanhada.
– Acompanhada? – Questiona ele surpreso. – Você está brincando comigo?
– Levi, eu disse que você estava indo pelo caminho errado, você não quis me ouvir, você já sabia o tipo de mulher que ela é, mesmo assim você ignorou tudo para ficar transando com ela por aí.
– Adolph, não começa com sermão! Apenas me diga com quem ela estava?
– Um tal de Flinn Bennett, eu pesquisei sobre ele, é advogado em Londres, diariamente eles estão juntos no estacionamento da faculdade. – Levi coloca a mão no queixo, batendo seu indicador na bochecha, é visível a sua irritação.
– Deixe-me adivinhar, é um loiro com uma cara de idiota? – Questiona ele contendo sua raiva.
– Sim! – Levi começa a rir e naquele momento ele não consegue definir se seu riso é de desespero, de raiva ou simplesmente por estar se sentindo um palhaço, Adolph não consegue entendê-lo. – Está tudo bem? – Questiona Adolph, confuso.
– Tudo perfeitamente bem. Vamos lá, os sinais estavam todos ali, eu não quis enxergá-los, eu ignorei todas as minhas convicções e ainda me preocupei em não machucar ninguém, para agora estar sentado aqui, imaginando o que você não está me dizendo, mas está pensando, o quanto eu sou um idiota! E o pior, é que eu não tenho como discordar. – Diz ele rindo, aquele comportamento de Levi, deixa Adolph extremamente preocupado.
– Levi, por favor não surte agora, resolva da forma que você planejou. Não seja esse idiota que você acha que estou pensando que você é! Melhore e resolva isso com inteligência.
– É um bom dia para se ter um bom advogado, me prove que você é o melhor. – Diz ele olhando o horário.
– Levi, para com essa merda, eu prefiro ver você surtando, do que com essa passividade que me assusta!
– Está tudo bem, em minutos você me terá de volta. – Diz ele levantando-se. – Hoje com certeza não será um bom dia, Adolph use todo o teu talento, porque com certeza hoje eu serei preso. – Diz ele saindo da cafeteria, Adolph tira umas notas da carteira, joga na mesa e sai apressado atrás de Levi, que está indo para o estacionamento da sua empresa.
– Levi, que porra você vai fazer?
– Deixar o Keller viúvo. – Diz ele rindo. – Isso é insano, chega a ser engraçado falar uma coisa dessas. Eu não tenho certeza Adolph, se eu vou ser preso ou se eu vou para um sanatório, suba para o seu escritório e comece a trabalhar na minha defesa. – Diz ele entrando no carro.
– Porra! Que inferno, eu avisei a esse idiota que era para ele se afastar. – Resmunga Adolph irritado.
Levi dirige em silêncio com um turbilhão de sentimentos, seus pensamentos estão todos bagunçados e ele nem mesmo tem certeza do que está fazendo, ele não quer acreditar que ele foi facilmente enganado por ela.
– Fique calmo Levi, terá uma explicação, fique calmo. – Resmunga ele apertando o volante do carro enquanto aguarda o semáforo abrir.
Adolph começa a fazer uma ligação atrás da outra para ele que ignora e no meio de tantas ligações ele vê uma de Kaira e atende.
– O que você quer? – Questiona ele de forma rude ao atender, ela fica em silêncio. – E então?
– Desculpa, eu não queria incomodar, eu vou sair daqui a alguns minutos da faculdade e ia te convidar para almoçar, mas já percebi que não é um bom momento.
– Realmente não é!
– Eu vou almoçar com minhas amigas então.
– Você não vai almoçar com ninguém, vá direto para casa, quero você lá! – Diz ele irritado e ela fica sem entender aquele posicionamento.
– O que está acontecendo com você? Não ouse falar assim comigo, eu já te disse Levi, você não me dá ordens!
– Você tem razão, eu não dou, você não é boa em cumprir regras e ser uma mulher decente! – Ele desliga sem deixar ela responder e dá um soco no volante descontando sua raiva. – Porra! Você vai se arrepender, por brincar comigo!
Ele dirige por mais uns minutos e estaciona seu carro do outro lado da rua, observando o carro dela no estacionamento da faculdade, ele vê o homem loiro se aproximar e se encostar no carro dela, ele aperta o volante com força, se controlando para não descer e matar aquele homem! Ele avista Kaira entrar no estacionamento e pode jurar que ela sorriu ao avistar o homem, ele fica observando cheio de raiva aquele momento.
– Flinn, está ficando cansativo isso, eu já falei que não quero ficar com você. – Diz ela de uma forma calma, tentando não descontar a raiva que está sentindo de Levi em Flinn, ela está completamente insegura de tudo naquele momento.
– Eu não vou desistir Kaira, eu quero muito você, não resiste a nós, por um homem qualquer. Eu sei que ele está dificultando o seu divórcio, eu estou tentando resolver, coisa que o teu advogado não está fazendo.
– Tanto faz! – Diz ela sem animação. – Volte para Londres Flinn, não vai acontecer nós.
Ela abre a porta do carro, antes que ela possa entrar, Flinn puxa-a para um beijo, o olhar de Levi se enche de raiva ele sai do seu carro, quando ele começa a caminhar, ele sente alguém agarrar o seu braço, fazendo ele desviar o seu olhar.
– Não vai lá, resolva isso em privado. – Diz Adolph segurando-o.
– Adolph, solte o meu braço. – Ele olha em direção da Kaira e eles não estão mais se beijando. – Solte o meu braço!
– Não, entre no carro. – Diz Adolph o empurrando, ele fica parado olhando na direção dela.
– Você é um idiota Flinn, eu não vou ficar com você, entenda. Eu estou apaixonado por outra pessoa. – Diz ela entrando no carro e batendo a porta, deixando Flinn sem reação.
Levi está tomado pela raiva, Adolph consegue fazer ele entrar no carro, ele fica vários minutos segurando o volante do carro com força, ele vê o carro de Kaira desaparecer naquela esquina, enquanto observa Flinn caminhar até um carro estacionado ali perto. Adolph segue de pé ao lado da porta do motorista do carro do Levi, observando tudo, ele bate na janela e Levi baixa o vidro.
– Levi, faça o que tem que fazer, mas não deixe o teu ciúmes te dominar, use a cabeça.
– Só se for para meter um tiro bem no meio dela, não tem mais como usar a cabeça. – Diz ele acelerando e saindo dali.