Capítulo 100
1289palavras
2023-05-18 20:25
Ponto de vista da Sara.
Assim que o Damian saiu pela porta com aquela louca um sentimento ruim preencheu meu peito, algo muito ruim estava prestes a acontecer.
- Sara me solta! – Olhei pra Maria que ainda estava no chão amarrada, e foi só então que eu notei que eu tinha congelado no lugar ainda apontando a arma para o nada.

- Tá! – Respondi saindo do meu transe. Me abaixei rápido e comecei a desamarrar os pulsos dela.
- Nossa! – Ela passou uma mão sobre um pulso, ele estava muito, muito ferido. – Isso dói.
- Desculpa por isso. – Falei de forma sincera enquanto desamarrava os pés dela. Ela colocou uma mão sobre a minha e me olhei de forma doce e agradecida.
- Não me peça desculpas! Você ajudou a salvar minha vida! E eu espero de coração que um dia possamos nos entender.
- Eu não sabia nada sobre a morte dos seus pais. – Senti as lagrimas escorrem pelo meu rosto. – Eu juro que nunca faria algo assim e eu, eu sinto muito por tudo isso, me perdoa? – Senti como se um enorme peso estivesse saindo do meu peito.
- Eu acredito em você Sara! Agora vamos? Vamos atrás deles, eu não posso deixar aquela puta machucar o Damian. Não posso deixar ela machucar ele.

- Maria! Acho melhor ficar aqui! Eu sei que ele vai ficar bem, é melhor confiar nele não acha? – Ela se levantou sem dizer nada e caminhou lenta e desastrosamente até o corpo do Luan caído no chão, a pele dele estava muito pálida, os olhos abertos e sem brilho. Ela parou ao lado dele e se virou para mim.
- Eu confio nele, o problema é que eu não confio nela! – Ela seguiu até a porta e eu fui atrás dela e assim que chegamos na porta, ela já com a mão na maçaneta nós ouvimos o Carlos gritando “ Que porra é essa Damian? ” Nos duas nós olhamos apavoradas, vi a pele dela perder a cor e seus olhos se encherem de lagrimas. – Damian? – Ela falou quase em um sussurro, depois ela se voltou para a porta e abriu de uma vez. – Damian? – Tudo foi rápido demais e eu mal consegui acompanhar o que acontecia ao meu redor. O Damian olhou da Maria pra Patrícia e eu acompanhei seu olhar, ele estava apavorado e ao ver o sorriso da patrícia, e seu olhar de ódio pude entender o desespero dele.
- Mas você eu posso! – Ouvi a Patrícia dizer a ele em voz alta, ela apontou para Maria tão rápido que eu não tive tempo de raciocinar, a única coisa que pensei que o Damian não merecia perder o amor dele, ele mais que ninguém nesse mundo merecia um felizes para sempre. Agi rápido, eu estava do lado da Maria, então a única coisa que eu fiz foi rodar meu corpo e parar na frente dela. De repente sinto um impacto forte me forçando a cair para trás. Senti a Maria tentando me segurar, mas ela estava tão fraca que cai com tudo, senti quando minhas costas atingiram o chão frio.
Sinto uma dor insuportável queimar o meu peito, na minha boca sinto o gosto amargo de sangue e meus olhos começam a queimar. Pelo canto do olho vejo a Maria, ele está me sacudindo desesperada, tento pedir para ela parar, mas a minha voz não sai, e os meus olhos estão cada vez mais pesados. Sinto o ar ficar preso na minha garganta e a dor aumenta cada vez mais, me esforço para respirar, mas é cada vez mais doloroso.

É engraçado, sempre me disseram que a vida passa diante dos nossos olhos, mas, eu não vejo isso, eu não vejo nada, talvez seja o fato da minha vida toda em si ter sido dedicada ao trabalho. Um sorriso se abre nos meus lábios ensanguentados ao pensar que eu não tive uma vida fora do escritório, eu não tenho família ou amigos para chorar no meu velório, e isso de certa forma é reconfortante, o fato de não fazer ninguém sofrer com a minha morte.
Sinto uma pressão muito forte no meu peito, com muita dificuldade reconheço o médico pressionando meu peito com as duas mãos, ele está gritando alguma coisa pra mim parecida com “ fique acordada, não feche os olhos” mas eu não sei ao certo se é isso mesmo que ele diz, meus olhos estão cada vez mais pesados, eu tento sorrir pra ele, não tinha notado como ele é bonito, parece um anjo, mas, eu sinto que a vida dele será tão triste quanto a minha foi por amar alguém cujo o coração já pertence a outra pessoa. Fecho os meus olhos por alguns instantes e com muita dificuldade me lembro de como eu vim parar aqui, me lembro de como esse medico veio até mim, ele me contou todo o plano maluco dele, e foi então que eu notei que ele também tinha sentimentos pela Maria. Ele me pareceu uma boa pessoa, e mesmo desesperado para salvar a mulher que ele gosta ele me deixou livre para escolher ajudar ou não! Ele me contou todos os riscos e me deixou ciente de tudo que poderia acontecer, eu confesso que até cogitei em negar, mas na hora que ia dizer não eu me lembrei do que falei para o Damian quando fui o visitar no hospital.
“SOU CAPAZ DE FAZER QUALQUER COISA PARA QUE ME PERDOE. ”
Então eu aceitei, e foi essa decisão que me trouxe até aqui, até esse momento.
Quando volto a abrir meus olhos vejo o Damian ao meu lado, ele está segurando a minha mão e o calor da pele dele faz a minha já muito fria queimar. Tento com dificuldade levantar a minha outra mão para tocar o rosto dele, mas ela cai no meio do caminho, me sinto cada vez mais fraca e o frio faz o meu corpo todo tremer. O Damian está chorando tanto, o que é estranho, afinal, eu só o vi chorar por duas pessoas nessa vida, o Cris e a Maria. Eu confesso que nunca imaginei que ele choraria por mim, mas, não posso negar que por alguns segundos isso me deixou um pouco feliz, feliz por saber que em algum momento eu o fiz feliz, feliz por saber que ele vai sentir a minha falta.
A Maria está do meu outro lado e com carinho ela passa a mão pelo meu rosto, olho os olhos cheios de lagrimas dela e vejo ela sussurrando um “ Obrigado” em meio as lagrimas, eu lanço um sorriso fraco em resposta para ela e tento dizer um “SEJA FELIZ” que eu espero que ela tenha entendido.
A dor que eu sentia antes já não existe mais, é como se todo o meu corpo estivesse dormente. É estranho não sentir nada!
Olho para o teto daquele lugar sujo e tento imaginar o céu, queria ver o sol, queria sentir o calor dele pela minha pele agora gelada, aos poucos os meus olhos vão pesando cada vez mais, e a escuridão vem ficando cada vez maior.
Tento sorrir, mas já não consigo mais, agora tudo é frio e escuro. Queria ainda poder dizer “ADEUS”, mas já não tenho voz. Agora eu já não sinto dor. Agora eu já não vejo nada. Agora eu já não sinto nada. Agora eu já não existo mais. Agora eu já não tenho mais vida! Minha decisão, o meu amor pelo Damian e a minha culpa me trouxeram aqui, e eu, eu não me arrependo! Se eu tivesse a chance eu faria tudo de novo, se eu tivesse...