Capítulo 84
1123palavras
2023-05-18 20:00
Ponto de vista do Carlos.
- Acha que ela já chegou? - Eu perguntei pra Ana, nós dois estávamos sentados no sofá tomando café enquanto as meninas brincavam no cercadinho.
- Pelo fuso horário acho que sim. - Ela tomou um pouco do café. - Posso te fazer uma pergunta? - Ela parecia ter receio de me perguntar.

- Claro.
- Por que você pediu pra ela ir atrás dele? - Boa pergunta. - Não tem medo de perder ela?
- Bom, tecnicamente ela nunca foi minha Ana - Respirei fundo antes de continuar, eu ainda não estava entendendo ao certo o'que eu estava sentindo. - Ela nunca esqueceu ele, ela tentou eu sei, mas ela nunca conseguiu. Eu sempre soube que ela ainda o amava, mesmo quando ela " me deu uma chance", era sempre ele que ocupava o coração dela, sempre foi ele.
- Nossa, eu não sei se eu teria a mesma maturidade que você. - Nem eu acredito que eu tive.
- Eu vou ser feliz se ela for feliz. Pra mim isso é o bastante.
- Eu te admiro muito Carlos, todo esse tempo você foi bom pra ela, e no fim, você deixou ela livre pra escolher quem ela quiser.

- Bom, vou mentir se eu não disser que está me doendo, mas, eu acho que vou superar, mais hora ou menos hora. - A Ana estava sem saber como responder, eu não a culpo, na verdade nem eu sei exatamente como reagir.
- Bom, aceita mais café? - Ela achou uma saída pro assunto, uma ótima saída pra ser sincero.
- Eu aceito. - O celular dela começou a tocar em cima da mesa, ela mais que depressa atendeu.
- Maria? Já chegou? tá tudo bem? - Ouvi uma voz falando do outro lado mas pela cara da Ana não era a Maria, e com certeza também não era uma boa notícia.

- Quem é? - Perguntei aflito, ela levantou a mão na minha direção pedindo pra eu aguardar.
- Como isso aconteceu? Quem? - A pessoa do outro lado da linha respondia ela, ela estava cada vez mais pálida, então eu vi que ela estava chorando. - OK, estou indo, por favor ajude a achar ela, por favor. - Dito isso ela desligou a chamada, depois ela jogou o celular no sofá e então desabou a chorar.
- Ana oque aconteceu? - Ela me olhou com os olhos cheios de lágrimas, ela estava visivelmente abalada. - Aconteceu alguma coisa com a Mari? Fala Ana pelo amor de Deus.
- Ela, ela, ela desapareceu. - O chão pareceu desaparecer debaixo dos meus pés, me senti tonto de repente, nada pode ter acontecido com ela, nada.
- Como assim?
- Parece que o carro que eles estavam bateu em um outro carro, a batida foi feia, mas eles não acharam ela, ela desapareceu, eles ainda estão fazendo buscas para ver se acham o corpo dela, meu Deus.
- Como assim o corpo dela? - Não, eu me recuso a acreditar que ela tenha morrido assim.
- Ela estava com o Damian, não sei exatamente, mas parece que acharam o celular dela no carro, mas ela não estava lá.
- O Damian não sabe de nada dela?
- Ele está em coma, meu Deus! O Damian está em coma e ela está desaparecida. - Nessa hora me deu um estalo. Ela precisa de mim, eles dois precisam de mim,eu vou ajudar ele e vou achar a Mari, mesmo que essa seja a última coisa que eu faça na minha vida.
- VAMOS! - Falei firme pra Ana.
- Vamos onde Carlos? - Ela estava perdida.
- Arruma as malas das meninas e a sua também, vou comprar as passagens e arrumar minha mala, precisamos ir até ele, ele precisa acordar pra falar oque aconteceu com a Mari, agora, eles precisam da gente por perto.
Ponto de vista da Ana.
Já tem horas que estou sentada aqui na sala de espera, olho pro copo de café morno que está na minha mão e fico pensando em como o café do hospital é ruim. Parece que foi ontem que eu recebi aquela chamada avisando que a Maria estava desaparecida, mas, já se passaram duas semanas. Duas semanas inteiras que ela desapareceu, e duas semanas inteiras que o Damian está em coma. Agora olhando pro meu café ruim eu fico pensando, onde será que ela está? Será que alguém a encontrou e está a ajudando? Será que um dia ao menos vamos conseguir encontrar ela? O pensamento de nunca mais conseguir ver ela, nunca mais conversar com ela me dói o peito, sinto as lágrimas queimando os meus olhos, já faz duas semanas, como pode depois de todo esse tempo não acharem nem um vestígio dela?
- Eii, - Levanto a cabeça e vejo o Carlos parado na minha frente, depois daquela ligação ele pediu transferência para esse hospital por um tempo, ele está ajudando a cuidar do Damian, e ainda por cima ele sai em busca da Mari no tempo de folga dele, olhando pra ele agora vejo como ele está abatido e cansado, ele deve ter perdido alguns quilos pois está visivelmente mais magro. Ele pôs a mão no meu ombro e me deu um sorriso fraco. - Ele acordou.
- O Damian? Ele acordou? Ele está bem? Ele falou oque aconteceu? Me fala pelo amor de Deus.
- Calma, respira, ele acabou de acordar, pedir alguns exames mas por hora ele parece estar bem. - O Carlos parecia estar um pouco aliviado, ele tem se dedicado ao máximo em ajudar o Damian.
- Ele falou o que aconteceu? Ele sabe onde está a Maria?
- Não! Ele ainda não se lembra do que aconteceu. - O rosto dele ficou abatido de novo. - Ele ainda não se lembra nem quem estava com ele. - Ele veio e sentou no banco ao meu lado.
- Como assim não se lembra?
- É normal, ele passou por um trauma, ele vai lembrar, os exames neurológicos dele estão normais, ele só. - Ele deu um longo suspiro. - Ele só não se lembra ainda.
- Boa Noite, Poderia me informar sobre um paciente? O nome dele é Damian. - Eu e o Carlos olhamos pra mulher que estava pedindo a informação pra uma enfermeira que por sua vez apontou na direção do Carlos.
- Sabe quem é? - O Carlos me perguntou baixinho enquanto observamos a mulher que vinha a passos largos em nossa direção.
- Não sei o nome, mas eu tenho certeza que já vi a cara dessa vadia. - O Carlos me olhou com os olhos arregalados. - Essa é com certeza a vadia das fotos com Damian.