Capítulo 69
1534palavras
2023-05-18 18:50
Ponto de vista da Carmem.
O dia de hoje foi extremamente cansativo, quase no fim da tarde um pouco antes de encerrar meu turno eu e meu parceiro Mike recebemos um chamado para resolver uma briga doméstica.
- Ótimo! - O Maike disse, ele é um homem de uns cinquenta anos careca e com uma barriga bem grande ( culpa de todos os Donuts que ele come todos os dias), ele é casado e tem uma família linda, como ele é meu parceiro desde quando eu entrei na delegacia nos dois acabamos nus tornando amigos. Eu vou varias quase todo fim de semana na casa dele pra almoçar com a família dele e tomar umas cervejas.
- É, acho que a Linda vai brigar com você de novo por chegar tarde em casa. - Linda é a esposa dele, eles são casados há vinte anos e tem três filhas, a Laura de cinco anos, a Mikaella de dez anos e a Cécilia de dezoito anos. Eu amo cada uma delas, apesar da Cecilia ter um temperamento bem forte.
- O problema nem é esse. Hoje um mané vai lá em casa pedir pra namorar com a minha filha, acredita? Vê se eu tenho cara de sogro de alguém? - Ele apontou pro próprio rosto me fazendo rir da cara dele, estávamos indo em direção ao endereço.
- Vai ser um ótimo sogro, logo vai encontrar o cara andando de cueca pela sua casa! - Eu não podia deixar de debochar da cara dele.
- Vai rindo! Um dia você também vai ser a sogra de alguém. - Ele começou a rir. - Mas agora falando sério, por que você não vai jantar lá em casa hoje? a Linda deve ter feito um banquete. E além do mais, vai ser bom o cara ver que além de mim tem mais gente armada frequentando a casa! Ele vai ficar apavorado!
- Hoje não Maike, mas valeu pelo convite que eu sei que foi feito com a melhor das intenções. - Ele estava rindo alto mas sem tirar a atenção da estrada.
- O que vai fazer hoje? - Ele perguntou depois de controlar a risada.
- Sei lá, vou naquele Pub que tem perto do meu apartamento. Vou tomar umas cervejas e só. - Falei já sabendo que ele não iria acreditar.
- Hum, deixa eu adivinhar, vai tentar encontrar alguém? - Mesmo com ele olhando pra frente eu conseguia ver o deboche estampado na cara dele.
- Sabe como é né? Eu to ficando velha Maike, se eu não encontrar ninguém logo vou acabar sem netinhos! KKK - Ele sabia que não era essa minha intenção. Já vou fazer trinta e dois anos e nunca encontrei alguém pra ter uma vida junto, os homens costumam ter medo de mim, não por eu ser policial e andar armada, ( Lógico que isso ajuda), mas a verdade é que homens costumam ter medo de mulheres independentes, livres e decididas, e só pra ajudar eu sou o tipo de mulher "durona".
- Eu me preocupo com você Carmem, eu sei que vc já desistiu de encontrar o tal do "príncipe encantado", mas sair por aí flertando com qualquer um, e pior transando com pessoas que vc não conhece é perigoso, e pra vc que é policial é ainda pior. - O Maike era tipo protetor comigo, eu cresci sozinha, fui abandonada ainda adolecente pela minha mãe, ela me deixou com um tio pervertido e foi embora com um cara que ela tinha conhecido, e por isso eu precisei me tornar forte. O meu pai eu nunca conheci, só sei que era um drogado por que o tarado do meu tio me contou. O Maike acabou se tornando uma figura paterna na minha vida. - Você sabe quantos babacas por aí você já prendeu? Eu tenho medo de algum dia alguém tentar se vingar de vc Carmem.
- Ei, relaxa tá, sabe que sou boa com rostos, eu nunca vou me envolver com um desses caras por que eu me lembro de cada um deles, e além do mais, eu ando armada esqueceu? - Ele desviou o olhar da estrada por alguns instantes e depois voltou a atenção pro volante de novo.
- Só promete que vai se cuidar pode ser?
- Eu prometo! - Levantei uma mão pra mostrar o sinal de promessa mesmo sabendo que ele não estava vendo.
- Ok, então preparada pra mais uma? Chegamos! - Ele falou respirando fundo e desligando o carro.
- Vamos lá. - Nós dois descemos do carro juntos, e assim que descemos escutamos barulho de coisas quebrando e gritos de mulher. - Essa vai ser difícil. - Falei olhando pro Maike, nós dois começamos então a correr pra casa.
A ocorrência demorou horas, um cara bêbado chegou em casa quebrando tudo e começou a bater na mulher que estava fazendo o jantar, pelo relato da mulher ele ficou zangado por ela estar fazendo espaguete ao invés de bife acebolado pra ele, os vizinhos ouviram os gritos e chamaram a polícia. Eu amo o meu trabalho, eu quis ser policial desde nova pra prender pessoas ruins como o meu tio, esse sempre foi o meu sonho e eu fico feliz por ter conseguido, mas, em dias como esse eu odeio a minha profissão! O cara chegou bêbado em casa, quebrou várias coisas e ainda por cima bateu na esposa, e no fim das contas ela nem quis abrir queixa contra ele, na versão dela ele não é um cara ruim ele só estava "chateado" AFF! No fim das contas eu sei que em breve vou ter que voltar pra ajudar ela de novo porque pessoas assim nunca mudam!
Cheguei em casa quase três horas depois do previsto, tirei meu uniforme e entrei pro chuveiro pra tomar um banho muito demorado. Vesti um vestido justo, deixei meu cabelo que vai ate a cintura solto em ondas, fiz uma maquiagem leve destacando os meus olhos castanhos e por fim coloquei um salto alto.
- Arrasei! - Eu falei pra mim mesma de frente ao espelho.
Em pouco tempo cheguei ao Pub que era próximo a minha casa, assim que entrei chamei bastante atenção, porém ainda não tinha achado ninguém que despertasse o meu interesse. Me sentei em uma mesa mais distante e chamei o garçom.
- Boa noite, como posso ajudar a senhora?
- Senhorita por favor, boa noite, me traz uma taça de vinho por gentileza.
- A Senhorita está acompanhada?
- Por hora não, é só isso por enquanto.
- Com licença.
- Obrigado!
O garçom saiu, notei um homem vindo em minha direção, dei um sorriso de lado.
- Vai começar - Falei pra mim mesma.
- Olá! - Ele é até bem bonito, mas ainda quero avaliar as opções.
- Oi. Como posso ajudar? - Falei meio seca.
- Eu queria perguntar uma coisa, o que uma mulher tão linda como você tá fazendo sozinha? - Ele deu um sorriso forçado pra mim e eu não gostei muito.
- Nada de mais. - Olhei pra ele com cara de ironia. - Estou apenas esperando pra ver quantos idiotas vão me dar essa mesma cantada idiota. - Eu dei um sorriso amarelo pra ele que engoliu em seco e saiu sem falar nada.
A noite seguiu dessa forma, alguns caras eram até interessantes mas no fim das contas nenhum deles me atraiu, eu sei que estou sendo até muito exigente pra quem só tá querendo uma transa casual mas eu gosto do jogo de atração, e aqui? Bom, até agora não tive atração nenhuma por ninguém. Olho no meu celular e vejo algumas mensagens, algumas são do Mike me perguntando se estou bem, tem umas da Linda e algumas de caras com quem converso às vezes, decido escolher um deles para passar a noite já que até agora não arrumei nada.
- Mais uma! Eu quero mais uma dose de whisky! - Ouço alguém gritando no balcão, deve ser algum bêbado, imagino eu.
- Senhor, é melhor o senhor se acalmar. - O barman estava tentando acalmá-lo. Droga! Não é possível que vai ter confusão agora né? Decido ir pra minha casa, é melhor, porque o meu primeiro instinto é interferir e tentar resolver sempre que aparece uma briga ou confusão próximo a mim, e hoje não to afim de estragar a minha noite. Me levanto, pego minha bolsa e vou em direção a porta, quando passo pelo balcão resolvo olhar pra ver quem é o responsável pelo barulho. Olho pro indivíduo que está de costas, ele é loiro, forte e aparentemente bonito. Alguma coisa nele me chama a atenção, não sei porque mas a minha reação foi me aproximar. Vou até o balcão e me sento ao lado dele.
- Por favor, uma taça de vinho. - O barman me dá um sinal positivo com a cabeça e se vira pra pegar minha bebida. - Noite difícil? - Pergunto ao estranho enquanto coloco minha bolsa no balcão de frente pra mim. Ele se vira pra responder e nessa hora eu tenho uma agradável surpresa.
- Difícil é pouco! - Ele me respondeu meio enrolado. Isso vai ser divertido!