Capítulo 57
1027palavras
2023-05-13 19:47
Ponto de vista da Maria.
Estava sozinha com o Dr Carlos na cozinha agora, a Ana foi se arrumar, enquanto coloco meu sobretudo penso comigo mesma se é a hora ideal pra conversar com ele.
- Quer um café? A Ana deve demorar um pouco pra voltar. - Ele sempre resolve tudo com café, essa é uma das coisas que eu gosto nele, eu sinto que temos muito em comum.
- Um café seria ótimo. Dr Carlos posso te fazer uma pergunta? - Essa é a hora certa.
- Claro, mas se você me chamar de doutor mais uma vez eu paro de conversar com você! - O olhar de intimação que ele me lança é engraçado, também acho que não faz mais sentido chamar ele de Doutor no fim das contas.
- Tudo bem Carlos, nós estamos atrapalhando você? Tá arrependido de ter nos ajudado? Você está chateado comigo? - Ele espera alguns instantes para responder.
- Calma aí, primeiro foram três perguntas e segundo de onde você tirou isso? - Eu não tinha comentado antes, mas sinto ele distante de mim, eu vejo o relacionamento dele com a Ana e ficou com um pouco de inveja ou ciúmes, eu não sei. Mas eu queria que ele se desse tão bem comigo como ele se dá com a Ana.
- Depois de vir morar com você, sei lá, parece que você meio que anda me evitando, olha, eu não quero ser um peso pra você e se eu estiver te incomodando, pode me dizer. Eu realmente não quero te atrapalhar e …
Ele não estava me ouvindo, ele me encarava, encarava minha boca, eu estava começando a ficar sem jeito com a intensidade que ele me encarava, ele tinha paixão nos olhos, minha garganta estava seca, minhas pernas começaram a ficar meio tremulas, que porra é essa que tá acontecendo comigo? Ele me olhou nos olhos, meu Deus! Os olhos dele eram incríveis, eu fiquei sustentando o olhar dele por alguns instantes, eu estava congelada, não conseguia me mover. Ele desviou os olhos dos meus e voltou a encarar minha boca, senti meus lábios secos e passei a língua por eles pra umedecer e ele acompanhou meu movimento, de repente ele começou a caminhar lentamente em minha direção, parecia um predador encuralando a sua presa, e nesse momento eu era a presa dele, minha mente mandava eu me afastar, mandava eu sair dali e correr pra longe dele mas o meu corpo não estava me obedecendo então eu fiquei parada esperando por ele e observando cada movimento que ele fazia, ele já estava tão perto que eu conseguia sentir o calor que irradiava do corpo dele, tentei dar alguns passos pra trás mas tinha algo me bloqueando, ele passou as maos nos meus braços e fechei meus olhos, eu não sei o porque mas o meu corpo estava implorando pelo toque dele, o calor das maos dele me causaram arrepios e eu estava estremecendo, minha respiração estava tao pessada que estava doendo respirar, a cozinha estava em silencio e só se ouvia nossa respiração, ele passou o polegar no meu labio e eu por instinto mordi meu labio inferior, o cheiro de homem dele estava me deixando ainda mais perdida, o perfume amadeirado dele estava me enlouquecendo, eu o queria, o meu corpo queria ele, eu não sei explicar mas eu estava pronta pra receber sua boca, queria ele! Sei que depois eu teria que lidar com minha consciência, com meu coração e com as minhas consequências, mas… agora a única coisa que eu queria era ele!
- Como eu estou? - A Ana entrou na cozinha do nada, eu sei que depois eu vou agradecer a ela eternamente, mas, agora eu queria matá-la! - ÉE melhor eu voltar depois né? Fuii!
Quando ela saiu da cozinha eu pensei em não me mover, eu não queria que ele saísse de perto de mim, meu corpo ainda queria sentir o corpo dele, eu não conseguia entender o que estava acontecendo comigo. Minha sanidade foi voltando aos poucos então eu me mexi pra tentar me desprender dele, ele notou porque se afastou rapidamente.
- Eu, eu, então, eu acho que ela tá pronta né? - Falei me encostando na mesa, na verdade minhas pernas estavam um pouco trêmulas.
- Mari, me desculpa, eu não queria te… - Ele estava sem graça, ele estava com as mão nos bolsos e todo vermelho, ele estava com vergonha de mim?
- Tá tudo bem Carlos, de verdade. - Ele estava tão sem graça, e eu também, porque eu não evitei essa situação, na verdade eu acho que eu queria tanto quanto ele.
- Obrigado!
- Por?
- Por não ficar chateada comigo, eu não quero me afastar de você, eu só tenho medo de não me controlar, de te pressionar, eu tenho medo de você se chatear comigo, eu sei que você ainda ama o tal Dan…
- Não quero falar dele! - A simples menção no nome dele me deixou destruída, que merda! Ele está certo, eu amo o Damian, eu o amo muito, mas eu preciso aceitar que eu to sozinha agora, ele me traiu, me abandonou, eu vivi um verdadeiro inferno sem ele, e hoje pela primeira vez em muito tempo eu estava me sentindo bem, mas ouvir o nome dele fez eu me sentir culpada. Não estava preparada para tocar no nome dele, não ainda, não agora! Olhei pro Carlos, e eu tinha vontade de dizer pra ele que o Damian, o Homem que eu Amo me quebrou, que ele me deixou em pedaços, sem um único motivo ele me destruiu, queria dizer ao Carlos que quero me reconstruir, que quero renascer e ser uma mulher forte, uma mulher que um dia vai ser o melhor exemplo pra pessoa que carrego na minha barriga, mas olhando os olhos dele agora percebo que não é hora pra essa conversa, porque no fim das contas, eu estaria usando ele pra esquecer o Damian, e isso seria uma puta injustiça, ele não merece isso.
- Entendo! ANAA VAMOS? - Assim que ela apareceu, nós saímos sem dizer uma única palavra.